Buscar

Roteiro Luciola rtf

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Lucíola – José de Alencar
Personagens:
Lúcia
Paulo
Dr. Sá
Couto
Cunha
Rochinha
Nina
Laura
Jesuína
Médico
Ana
Padre
Narrador [introdução]- A história que vocês vão assistir agora, é mais do que apenas um
romance qualquer. É uma história de amor, claro, porém repleta de obstáculos e desafios, os
quais toda menina estaria sujeita a passar, caso tentasse romper com os costumes machistas da
época. Onde a mulher era vista como símbolo de pureza, e suas opiniões e vontades não
deveriam se mostrar presentes. Fique agora com Lucíola, apresentada por todos nós do 2ºC!
[Aplausos]
Narrador - Tudo começou em 1855, quando Paulo um jovem ingênuo foi ao Rio de Janeiro pela
primeira vez.
[Paulo entra pelo fundo da capela com malas, senta em um banco lá na frente da capela]
[passa Lúcia ao som de garota de Ipanema com duas amigas conversando e ela deixa cair o leque
, Paulo pega o leque e entrega pra ela , os dois trocam sorriso]
Paulo- Donzela, você deixou cair o seu leque.
Lúcia - ó obrigada, você é muito gentil.
Dr Sá - Olá Paulo, o que aconteceu? Algo chamou sua atenção?
Paulo - O que? Não, não foi nada, mas e aí, como vai meu velho amigo?
[Paulo e Sá vão caminhando para o fundo da capela]
Narrador - No dia de sua chegada um grande amigo de infância Dr. Sá, um homem rico o levou à
festa da Glória , lá , ele ficou apenas a observar a beleza de uma linda moça. 
[luzes de festa, música baixa de fundo, “casais” dançando , Lúcia sozinha de canto ]
Dr Sá - Eai meu grande amigo, o que achou do Rio de Janeiro ? Veio só de passagem?
Paulo - Lugar incrível , não , eu vim em busca de um conforto melhor, pretendo ficar. Mas ...pelo
jeito vou me acostumar fácil , ótimo lugar .
Dr Sá - E as mulheres ? Oque estas achando ? 
Paulo - todas lindas , mas ... a qual eu me encantei foi aquela ali, moça muito bela ...
Dr Sá - Quer conhecer-la ? 
Dr Sá- Lúcia venha cá. Paulo essa é Lúcia , Lúcia esse é Paulo .
[Paulo cumprimenta Lúcia com um beijo na mão os dois se olham com troca de sorriso]
Paulo - Vieste só? 
Lúcia - Em corpo e alma.
Paulo- E tem companhia para a volta?
Lúcia- Não
Paulo- Neste caso te ofereço a minha, ou melhor ...a nossa.
Lúcia - se fosse outra ocasião aceitaria com muito prazer, mas...não vim para divertimento. 
Paulo- Já notei que não está falando a verdade.
Lúcia- não acredita?... Se eu viesse por diversão, o que teria de errado?
Paulo- E qual é o outro motivo que te traria até aqui? 
Dr Sá - Lúcia veio para se prostituir 
Paulo- Se prostituir?
Dr Sá- A Lúcia é uma safada! Só não percebe quem a não conhece!
Lúcia- só Um dia no ano? não tem problema! Nada de mais ...(Risadas maliciosas)
Paulo- Sempre tem uma desculpa...
Dr. Sá- Deixa disso Lúcia, vem se divertir com nós que é só sucesso! 
Lúcia- O senhor sabe que não é preciso me chamar, quando se trata de diversão(risadinhas
maliciosas), amanhã, qualquer outro dia estaria disponível para satisfazer os senhores... Mas
hoje? não estou disposta.
Paulo- É óbvio que estas esperando por alguém. 
Lúcia- Ora! E por acaso faço mistério disso? 
Dr. Sá- Realmente...Não é de teu costume fazer mistério.
Lúcia- Portanto, exijo que acreditem em mim. As aparências enganam tantas vezes! Não é
verdade?(disse olhando para Paulo com um sorriso) Bom... Vamos encerrar a conversa por aqui,
Paulo , amanhã , aparece para comer lá em casa. 
Paulo- Vou sim, apareço lá ao por do sol.
Narrador- Mesmo sem dizer, era nítida a expressão que entregava o sentimento de Paulo. Mal
conhecia a moça e já se via perdidamente encantado com sua beleza mas ao mesmo tempo se
via intrigado com o fato dela ser uma cortesã. 
Paulo- Que linda moça, me encantei por ela, parece ser pura a alma que mora naquele rosto
angelical. (falar pausadamente)
Dr. Sá- Mas olha a vida que ela leva, essa moça não é feliz Paulo! (tom grotesco)
Paulo- Disso já não sei, mas o homem que ela amar será o mais sortudo deste mundo.
Dr. Sá- Já que Lúcia foi embora, vamos aproveitar a festa.
[A Valsa começa]
Narrador- No dia seguinte, ao final da tarde, Paulo comparece à casa de Lúcia.
(os dois se cumprimenta)
Lúcia-(Lúcia serve o café) Há muito tempo está no Rio de Janeiro? 
Paulo- Cheguei ontem, no dia da festa Glória.
Lúcia- Não se recorda de mim? A moça que deixou cair o leque.
Paulo- Era você? Seu rosto não me é estranho... Achei que tínhamos nos conhecido na festa de
ontem.
Lúcia- Pensei que não se esqueceria de mim, já que deixei propositalmente o leque cair para
chamar sua atenção.
Paulo- Sinto muito, estava distraído com a minha mudança para o Rio de Janeiro.
Lúcia- Veio para passear?
Paulo- Vim ver a corte, depois decidi ficar.
Lúcia- Vai ficar de uma vez mesmo?
Paulo- Se eu achar um meio de me estabelecer... Sim. Sou pobre, preciso fazer uma carreira, e a
corte me oferece outros recursos que não encontro em Pernambuco.
Lúcia- Ah, você é pernambucano? Que bonita cidade que é o Recife.
Paulo- Já esteve no Recife! Em que época?
Lúcia- Faz dois anos.
Paulo- Em 1853? Devo tê-la visto alguma vez! Neste tempo eu era estudante e conhecia todas as
moças bonitas na cidade.
Lúcia- Então já vê que não podia me conhecer! Alias, estive apenas uma tarde. 
Paulo- De onde vinha?
Lúcia- Da Europa, apenas desembarquei, aproveitei e fui passear de carro. No passeio avistei
uma casinha simples, onde moravam duas velhinhas que viviam felizes desfrutando seu sossego
e naquele momento percebi que era aquilo que eu queria para minha vida, quem sabe um dia
eu consiga alcançar a paz e morar em um lugar assim.
Paulo- Nossa, a Senhora me fez lembrar e ter saudades da minha terra. Lembrei-me de minha
casa e as tardes em que passeava assim por aqueles sítio com minha mãe e minha irmã.
Lúcia- O senhor tem irmã e mãe? como deve ser feliz! 
Paulo- E quem é que não tem irmã e mãe? (risos) E minha mãe ainda era muito jovem quando
morreu.
Lúcia- Perdi minha mãe muito cedo, fiquei sozinha no mundo, por isso tenho inveja da felicidade
de quem tem família. Como é bom a gente se sentir amado sem interesse.
Paulo- Bom ... Acho que já vou embora (pega o chapéu) 
Lúcia- Já vai? 
Paulo- Não posso demorar muito mas se minha visita não te incomodar, voltarei outro dia.
Lúcia- Deu-me tanto prazer, vem amanhã ?
Paulo- Sim. Foi um prazer estar contigo(Paulo dá um beijo na mão de Lúcia)
Narrador- Logo depois que Paulo se despediu de Lúcia, foi se encontrar com Dr. Sá.
Paulo- Tem visto a Lúcia? 
Dr. Sá- Não, Há muito tempo que não a vejo. 
Paulo- Tu a conheces bem? 
Dr. Sá- Ora! Intimamente.
Paulo- Tem certeza que ela é aquilo que você me disse durante a festa? 
Dr. Sá- Claro que sim, você dúvida? 
Paulo- Talvez ela seja só uma moça fácil a quem é preciso prestar favores por algum tempo. 
Dr. Sá- O tempo de abrir a carteira. Anda no mundo da lua, Paulo. Quer saber como faz os
favores de Lúcia?... Dê a ela uma pulseira de brilhante. 
Paulo- Não é sem razão que te pergunto isso, encontrei ela há dias, e a sua conversa e os seus
modos pareceram-me tão sérios! 
Dr. Sá- Por que falou nesse tom? Naturalmente a tratou por senhora como da primeira vez. A
Lúcia é a mais alegre companheira que pode haver para uma noite ou mesmo alguns dias de
extravagância se é que me entende. 
[Terminaram de jantar e não tocaram mais no assunto]
Dr. Sá- Vai fazer alguma coisa sábado depois do teatro? 
Paulo-Nada, senão dormir.
Dr. Sá- Então saia comigo. Pode dormir durante o dia. Te garanto que não perderás o teu tempo.
Paulo- Bom... Até sábado, então.
Narrador- Paulo ao sair do restaurante depois do jantar com Dr. Sá, teve uma vaga desconfiança,
pelo tom do convite, de que Lúcia iria à casa de Sá. No dia seguinte à mesma hora Paulo voltou à
casa de Lúcia, e encontrou a moça ao piano.
Paulo- O que estava tocando?
Lúcia- Nem sei!... Uma valsa que aprendi de ouvido.
Paulo- Por favor...Continue!
Lúcia- Não sei tocar, não! Estava brincando, não tinha o que fazer. Mas me diga, como passou de
ontem? 
Paulo- Bem, obrigado. Já viu que minha segunda visita não demorou muito.
Lúcia- Aindaassim não compensa a demora da primeira. 
Paulo- Sentiu essa demora? 
Lúcia- Tanto como na festa. Ainda que se tivessem passado anos, creio que em qualquer parte
onde me encontrasse com o senhor, o reconheceria. 
Paulo- Por que motivo então fingiu ontem não se lembrar de mim, logo que entrei?
Lúcia- Por que?... Aah eu queria ver uma coisa.
Paulo- E não se pode saber o que era? 
Lúcia- Não é preciso! 
Paulo- Então me diga!
[Paulo pega na mão de Lúcia]
Lúcia- Pois bem, eu lhe digo. Queria ver se ainda se lembrava do nosso primeiro encontro.
Paulo- Duvidava?... Não tinha razão, talvez fosse eu o que melhor guardasse essa lembrança.
Lúcia- Que vestido levava eu naquela tarde? Nem se recorda!
Paulo- Quando admiro uma mulher, a impressão que ela produz em mim não me deixa ver mais
que a sua beleza. É um defeito meu. Não reparo na roupa das moças bonitas pela mesma razão
que não se repara na moldura de um belo quadro. 
Lúcia- Que desculpa!... E eu reparei na sua roupa, na cor do seu sobrecasaco, em tudo. Até no
seu chapéu? aliás não é esse, o outro era mais bonito. Está vendo que me lembro perfeitamente.
Paulo- Ah! É este o vestido?
Lúcia- O vestido, as jóias, o penteado, o leque, aquele que o senhor apanhou. Nem desse se
lembrava! 
Paulo- Agora me lembro! Estou te vendo como a vi da primeira vez! 
Lúcia- Como daquela vez não me verá mais nunca! 
Paulo- O que lhe falta?
Lúcia- Falta o que o senhor pensava e não tornará a pensar! 
Paulo- Mas eu não entendo. Ah! Já sei! O que eu pensava?... Bom eu ainda penso, você é tão
bonita ou mais do que naquela tarde. 
Lúcia- Não é isto!
Paulo- O que é então? me diga.
[Paulo pega na cintura de Lúcia e abraça ela por trás, acaricia seus cabelo e seus braços, logo
depois Paulo se afasta de Lúcia, Lúcia brava se senta]
Lúcia- Não se aborreça comigo! 
Paulo- Pare com isso, Lúcia. Sabe o que me traz à tua casa: se te desagrado por qualquer motivo,
me diz, que eu saio e não te aborreço mais. Se pensa que valho tanto como os outros, não perca
seu tempo fingindo o que não é. Essa comédia de amor pode divertir mocinhos de 18 anos e os
velhos de 50, mas posso te garantir que não vejo a menor graça.
Lúcia- Não seja injusto. Em que pareço fingida? Já me perguntou alguma coisa que eu lhe
negasse? Ja recusei algum pedido seu? 
Paulo- Eu te ofereci apenas um simples carinho.
Lúcia- Não me ofendi, e a prova é que não dei sinal de desagrado, nem conservo o menor
ressentimento. Você não me conhece!... Sei o que valho, e não sou capaz de iludir ninguém,
muito menos o senhor.(diz chorando)
Paulo- Por que estas chorando? 
Lúcia- Ah, não se incomode! Sofro do coração, as vezes sobe-me o sangue à cabeça, fico muito
pálida, e sinto uma dor aguda que me arranca lágrimas dos olhos!... Mas não é nada, passa logo,
aliás já passou.
Paulo- É diferente, desculpa. Me incomoda essa ideia de pensares que estava disposto a fazer-te
a corte. Seria ridículo para ambos.
Lúcia- Decerto!
Paulo- Agora venha, esqueça isso tudo... Eu posso te dar todo o carinho que merece...
[ Paulo abraça Lúcia se beijam , saiam pelos fundos da capela ]
Narrador- Após a longa noite , ao amanhecer ,Paulo se despede de Lúcia: 
[Paulo coloca o paletó, tirando dinheiro do bolso]
Paulo- Aqui está Lúcia ! Você foi incrível!
Lúcia- Não. Eu não posso aceitar!
Paulo- Como não? Diga-me o porquê?
Lúcia- Simplesmente não posso, já disse!
Paulo- Bom... Não vou insistir, até mais Lúcia. 
[Paulo se despede de Lúcia com um beijo na mão]
Narrador- No dia seguinte voltando do teatro Dr.Sá e Paulo encontram Cunha, um conhecido de
Dr. Sá e Lúcia
Cunha- Olá rapazes. 
Dr. Sá- Cunha, há quanto tempo meu amigo! Por onde andou esse tempo todo? 
Cunha- Dei uma viajada pelo Brasil, esfriar um pouco a cabeça sabe... Quem é esse? Me
desculpa a pergunta(risadas)
Dr. Sá- Ah me esqueci de te apresentar, esse é Paulo, amigo de Lúcia. Aliás lembra de Lúcia? 
Cunha- Lúcia? como poderia me esquecer. Vi ela sentada na frente do camarote no teatro hoje
mais cedo, bem vestida. Uma mulher linda.
Paulo- É realmente muito bonita! 
Cunha- A mais bonita mulher do Rio de Janeiro e também a mais caprichosa e excêntrica.
Paulo- Não a conheço muito, mas posso dizer que é uma boa moça, muito amável...
Cunha- Oh! Posso falar a este respeito. Fui amante dela por quatro meses. 
Paulo- E por que a deixou? Não gostou?
Cunha- Não a deixei. Era do costume dela , de repente , sem causa, declara a um homem que as
suas relações estão acabadas; e não há nada oque fazer. Pode oferecer mais dinheiro, jóias,
viagens mas é tempo perdido.
Paulo- Todas as mulheres são assim, com pouca diferença.
Cunha- Nem tanto. Há mulheres, que, por interesse, ou mesmo por amizade se inquietam com a
ideia de que seu amante as abandone. A Lúcia não admite que ninguém adquira direitos sobre
ela. Façam-lhe as propostas mais brilhantes. Na ocasião em que o senhor a toma por amante, ela
tem a plena liberdade de fazer o que quiser e de deixa-lo quando lhe der na telha, sem
explicações, sabe porquê? Nunca lhe faltam amantes, eu deixaria de lado grandes fortunas no
Rio de Janeiro, caso ela ainda me quisesse...
Paulo- Ah! Então suas relações estão cortadas? 
Cunha- Inteiramente! São águas passadas! 
Paulo- Como? Não disse que não ela se deixava levar pelo interesse? Não compreendo.
Cunha- Ora! Não faltam mulheres bonitas. Mas esse desinteresse de Lúcia é um cálculo e um
cálculo muito fino. Uma mulher que pede, marca o preço de sua gratidão ou do seu amor; a
mulher que não pede é um abismo que nunca se enche! Tenho experiência nessas coisas meu
amigo.
Paulo- Em todo caso, ainda que ela fosse isso, as jóias não se gastam com o uso.
Cunha- Ela se vende Paulo! Entenda isso!
Paulo- Não pode ser possível!
Cunha- Acredite se quiser! Bom... acho que acabamos por aqui. Até mais Dr. Sá foi um prazer
revelo, e Paulo, foi um prazer conhecê-lo.
Narrador- Mas tarde na casa de Dr. Sá. Paulo chegou e lá estava Lúcia com mais três belas
mulheres que eram cortesãs assim como Lúcia, mas Paulo conhecia apenas de vista, um senhor
vestido com um terno preto, tinha uma aparência de europeu, seu nome era Sr. Couto. O sexto
convidado era um moço de 17 anos, o Sr. Rochinha, era um bêbado e se orgulhava do vício, de
tão bêbado, deitou-se no sofá e por ali ficou.
Dr. Sá- Estávamos esperando por você! Aonde se meteu? 
Paulo- Estive andando pela cidade, conhecendo um pouco do Rio.
Dr. Sá- Ah que bom! Espero que esteja gostando da cidade maravilhosa. Mas venha já é
meia-noite vamos comer.
(Ao som de uma música lenta, eles jantam)
Narrador- No jantar não tinha nada que assustasse os convidados . Exceto algumas piadas de Sr.
Couto. Depois de uma sopa, Dr. Sá ergueu o seu copo cheio de vinho e saudou os seus
hóspedes: 
Dr. Sá- Estão feitos os cumprimentos, meus senhores, vamos beber e comer até duas horas, caso
alguém reclame, vamos aumentar esse tempo (risadas)
Cortesã Nina- A não ser o Sr. Couto. Oh homem frouxo! (risadas)
Rochinha- Velho Frouxo, Acabado.
Sr. Couto- Frouxo não, sou mais resistente que uma pedra ! Nina, comer e beber são uma das
coisas boas desse mundo, porém não é a melhor. 
Cortesã Laura- Demais, e ninguém erra a boca mesmo no escuro! 
Sr. Couto- Ora! Isso de comer sem limites? Nunca me aconteceu. 
Cortesã Laura- Tadinho, o senhor já tem sessenta anos e não se lembra...
Sr. Couto- Quarenta e cinco, e aqui eu aguento tudo! minha joia... 
Rochinha- Do segundo tempo só se for! (Voz sonolenta)
Dr. Sá- Bem, vamos mudar de assunto... Nina você bebe muito?
Nina- Lógico, em um minuto acabo com todas essas bebidas.
Sr. Couto- Duvido que você aguenta. Você é muito jovem para isso.
Dr. Sá- Vamos beber durante meia hora então?
Sr. Rochinha- (se levanta, meio tonto) Para mim é indiferente, já se foi o tempo em que me
embriagava com essas caipirinhas. Sou um bom apreciador meu caro, só curto rum.
Dr. Sá- Mandei preparar para você uma gengibrada.
Sr. Rochinha- Que Diabo é esse? (Sentando no sofá novamente e se deita)
Dr. Sá- Gengibre fervido misturadocom uma garrafa de Pitu. 
Lúcia- Bebida deliciosa! Acabo com tudo... (Lúcia da risada) 
Dr. Sá- Pare de falar bobagens Lúcia. Finalmente meus caros, as duas horas em ponto, está
pronta a bebida, puro álcool! 
Laura, Nina e Lúcia- ai sim ! (gritaram) 
Paulo- Aceito só para saciar a sede! 
Sr. Couto- Vou recusar dessa vez! 
Rochinha- Já chega de tanta falação vocês estão atrapalhando meu ronco. (falando deitado de
olhos fechados)
Narrador- Durante todo esse tempo, que os convidados bebiam, Lúcia e Paulo trocaram olhares
diversas vezes. 
Lúcia- Ah se eu bebesse tudo!...
Paulo- Você morreria Lúcia! Sei que Não aguenta.
Lúcia- Eu?...Deixa disso Paulo, aguento de tudo.
Dr. Sá- Recomendo esse Wisky! Está uma belezura. 
Sr. Couto- Obrigado,mas é muito forte para mim (risadas) 
Sr. Rochinha- Ah deixe de frescura Couto! Passe-me para cá! (se levanta meio tonto)
( rochinha deita com a garrafa na boca)
Lúcia- Por favor, Sr. Couto (rindo) Já que é o mais velho aqui, dê um jeito nesse rochinha, ele está
me importunando.
Sr. Couto- Ele não tem mais jeito não! Só internando esse alcoólatra.
Nina- Proponho que a partir dessa noite, a gente pare de chamar o Sr. Couto assim, vamos
chamá-lo de Coutozinho e o Rochinha de Rocha, só para ver se ele amadurece. 
(Todos riem) ( rochinha se levanta)
Rochinha- Como trata-se de nomes, eu também proponho uma mudança, no lugar de Lúcia
vamos chamá-la de Lúcifer. 
Lúcia- Seu Bêbado! Você não deveria nem estar aqui! Quem é que não sabe que eu sou anjo de
luz? Eu desci do céu ao inferno? (risadas) Ai gente por favor né! vamos nos divertir esta noite. 
Paulo- Eu preferia estar apenas com você, todo o prazer de sua amável companhia, todo o brilho
de teu espírito que como diamante, faísca. 
Rochinha- Rapaz! Deixe de iludido...
Lúcia- Ora! Há tanta mulher bonita! Qualquer uma vale mais do que eu, acredite! 
Paulo- Não fales assim, Lúcia! Mudemos de conversa, este tom de ironia me incomoda. Me dê
uma hora de prazer, que eu não esquecerei jamais. 
Lúcia- Que mal faz? Por que não compra a noite toda de prazer? Custa-lhe tão pouco.
Paulo- Não seria a mesma coisa pagar para me deitar com você! Prefiro que seja algo natural, de
seu desejo! 
Lúcia- Ah então quer dizer que você não sabe que eu sou uma cortesã? 
Paulo- Sei de tudo, mas não quero admitir para mim mesmo, e muito menos ouvir isso da sua
boca! Sei que para você sou só mais um, não mereço nada, mas deixe essa ilusão sobre meus
olhos, eu te peço! Sinto-me feliz assim. 
Lúcia- E por acaso você se importaria de ver-me a passar dos seus braços aos de qualquer
homem? Daquele velho por exemplo, sem nem me importar contigo? 
Paulo- Seria capaz de fazer isso Lúcia? 
Lúcia- É o que eu tenho feito a minha vida inteira! Agora ou depois, é questão de tempo!
Paulo- Não fala sério! É impossível! 
Lúcia- Não gosto de se passar pelo que não sou! É ridículo isso, prefiro ser eu mesma!
Couto- Esta tão calada hoje Lúcia! 
Dr. Sá- É porque o Paulo está aqui! 
Couto- E por isso Lúcifer desapareceu! 
Lúcia- Lúcifer? Ele te espera no reino das trevas! Paulo está me enchendo à paciência! 
Paulo- Se te ofendi, perdoa-me!
Dr. Sá- Mudemos de assunto, meus senhores, confesso que como amador de artes, minha
vaidade, está um tanto humilhada! Ainda não disseram uma palavra sobre meus quadros! 
Couto- Maravilhosos, não tinha reparado! 
Rochinha- Oh coisa boa. (sentado no sofá, olhando para o quadro)
Narrador- Dr. Sá sabendo que Paulo amava Lúcia, para provocar e dar uma pitada de diversão na
noite resolveu propor um desafio. 
Dr. Sá- Lúcia, venha cá! 
(Lúcia se levanta em direção ao Sá)
Lúcia- O que o senhor deseja? 
Dr. Sá- Proponho que você tire a roupa! 
Rochinha – Se quiser eu posso fazer isso, tenho experiência...(se levanta)
Dr.Sá- Volte a dormir que você ganha mais, Seu bêbado! (Empurra ele no sofá)
Lúcia-Bom... Seu pedido é uma ordem!
(música, Lúcia começa a dançar,tirando a roupa)
(enquanto Lúcia tira o vestido, Paulo vai para o jardim )
Rochinha- Vish...O corno não vai voltar! (risadas)
(Lúcia interrompe a dança)
Lúcia- Licença senhores, vou me retirar! 
Narrador- Lúcia vai ao encontro de Paulo no jardim, e percebe que ele está chateado com o que
aconteceu.
(Rochinha vai escondido até o jardim)
Lúcia- Que ideia triste você deve ter de mim! 
Paulo- Para que você faz estas coisas? 
Lúcia- O que eu sou?
Paulo- Não tem nem um pouco de dignidade. 
Lúcia- Dignidade de quem se despreza a si mesma! 
Rochinha- Licença só um pouquinho! Vai uma skolzinha ai?
Paulo- Saia daqui seu Bêbado!
Rochinha- Eita Molestra! Pra que tanto estresse homem? A vida com bebida é muito melhor!
Paulo- Saia daqui!
(rochinha sai)
Paulo- Bom... Voltando ao assunto, Por que você fez aquilo? 
Lúcia- Tinha eu o direito de recusar? Não foi para isso que se deu este jantar! 
Paulo- Não quero saber Lúcia, você não deveria ter feito o que fez, sabendo sobre os meus
sentimentos por você!
Lúcia- Me desculpe, eu não podia recusar! 
Paulo- Por que faz essas coisas comigo? 
Lúcia- Este é meu trabalho! Sou a atração principal desses tipos de eventos..
Paulo- Não me incomodo tanto, mas você passa dos limites!
Lúcia- Ora! Então pra que veio? 
Paulo- Não sabia o que iria acontecer, jamais pensei que homens tão educados achassem prazer
em obrigar uma pobre mulher a tamanha degradação! 
Lúcia- Se não tivessem me desafiado não teria feito coisa semelhante de jeito algum! 
Paulo- Me prometa que jamais fará isso novamente! 
Lúcia- Eu te juro! A partir de agora o senhor vai me julgar como indignada? Vai me desprezar? 
Paulo- Não te desprezo, eu tenho é dó de você! (Lúcia tenta beijar Paulo e Paulo a empurra
recusando o seu beijo) Esse beijo submisso, só me faria mal!
Lúcia- Ah! Se eu não tivesse aceitado o desafio, Paulo! Você não fugiria do meu beijo, e olharia
para mim como na primeira vez que nos vimos, ao menos poderia te fazer feliz! 
Paulo- E porque não pensou nisso antes de aceitar esse desafio e começar a tirar a roupa? Olha
como você está! Quase nua! 
Lúcia- Agora não adianta mais falar nada! Já aconteceu, quem vive de passado é museu! 
Paulo- Cale a sua boca mulher! Você parece uma criança! 
Lúcia- Você me perdoaria? Ainda me quer? 
Paulo- Apesar de tudo, meu coração pertence somente a ti e você sabe que decepção alguma
mudaria meu sentimento por você! Quero-te pra sempre, quero que seja minha para sempre! 
Lúcia- Sim, esqueça de tudo, vamos fazer do agora o nosso recomeço como se fosse a primeira
vez os beijos que lhe guardei não posso mais segurar, ninguém nunca os teve, e acredite eles são
puros! 
(Paulo e Lúcia se beijam) (apaga a luz da capela)
(acende a luz Paulo abraçado com ela, abotoando a camisa.)
Paulo- Já está tarde, gostaria de companhia para a volta? 
Lúcia- Não, obrigada, minhas amigas estão me esperando! Vou embora com elas. 
Paulo- Sem problemas! Nos vemos amanhã? 
Lúcia- Claro, apareça ao anoitecer, vamos jantar! 
(todo mundo sai, capela fica escura) 
Narrador- No dia seguinte, como o combinado, Paulo aparece na casa de Lúcia, para jantar. 
(Lúcia entra e senta no sofá) (som de batida na porta) 
Lúcia- Entre! 
Paulo- Olá, como você está? (Paulo beija a mão de Lúcia)
Lúcia- Estou bem! Estava ansiosa para sua chegada! Mas e você como você está?
Paulo- vamos conversar, já que você tocou no assunto agora vou te falar, não é tão fácil assim,
como eu pensei que seria, porque eu lembro de você, toda hora todo dia, eu luto contra o meu
próprio sentimento, sinto que parei no tempo, sei lá, é difícil de falar, eu tenho tudo o que quero
e mesmo assim tem algo fora do lugar (Música do Ei, tudo bem) 
Lúcia- Ah! Não tem problema se sentir confuso sobre seus sentimentos quanto a mim! Quer
saber a verdade? Com ou sem você, minha vida continua! 
Paulo- Não estou te entendendo Lúcia! Venho até aqui, me declaro apesar de tudo que tem
feito,e você me despreza? 
Lúcia- Até onde eu sei, você veio aqui para jantar, não para se declarar! Você confunde muito as
coisas Paulo, e isso vai te machucaralgum dia! 
Paulo- Você não percebe Lúcia? Que meu amor por você é verdadeiro? nunca amei uma pessoa
como eu amo você, e toda vez que você me maltrata eu sinto meu coração se partindo. E cada
vez que você alimenta minha ilusão de que um dia seremos um casal, mais eu me machuco.
Você não tem coração Lúcia?
Lúcia- Olha Paulo, Você diz que ama a chuva, mas você abre seu guarda-chuva quando chove.
Você diz que ama o sol, mas você procura um ponto de sombra quando o sol brilha. Você diz que
ama o vento, mas você fecha as janelas quando o vento sopra. É por isso que eu tenho medo.
Você também diz que me ama, porém tem medo de me amar.
Paulo- Como não teria medo de amar uma pessoa assim? Tão instável.
Lúcia- Já que sente tanto medo de me amar? Não vejo mais motivos para continuarmos juntos.
Após a janta, pode ir embora! 
Paulo- Perdi até a fome! Licença, vou embora! 
Narrador- Depois da discussão, Paulo estava indo embora , quando se encontra com Dr. Sá
Dr. Sá- O que aconteceu depois que você saiu para o Jardim? Não te vi mais desde então! 
Paulo- Ah! Voltei para minha casa!
Dr. Sá- Com Lúcia? 
Paulo- Sim! 
Dr. Sá- Você ficou chateado com o que aconteceu na festa? 
Paulo- Sim! Confesso que fiquei!
Dr. Sá- Não sofra Paulo! Tem tantas mulheres bonitas e você está sofrendo pela pessoa errada! 
Paulo- Não escolho por quem me apaixonar meu amigo! Só partilho amor com a mulher que
meu coração escolher! 
Dr. Sá- Cada um com seus gostos, mas fique sabendo quem é a Lúcia de verdade! 
Paulo- Ela já me contou tudo isso, sei quem é ela de verdade, e mesmo assim prefiro correr o
risco! 
Dr. Sá- Pare de ser tolo! Lúcia é uma mulher que só pode ser apreciada de copão na mão e
charuto na boca! 
Paulo- Eu compreendo perfeitamente, ela é uma mulher gasta para os prazeres, ela é jovem de
corpo, porém velha de alma! 
Dr. Sá- Você sabe como é terrível ser uma cortesã, então por que continua com ela? Para de ser
trouxa, assim como um dia eu fui!
Paulo- Mas o que tem a ver este sermão? As minhas relações com Lúcia, não tem nada que se
pareça com o sua relação. 
Dr. Sá- É mas quando o assunto é Lúcia até o diabo se esconde! 
Paulo- Ela não parece ser tão perigosa assim! 
Dr. Sá- Porque você vai se acostumando! Só conheci uma criatura assim, e ela nem era cortesã! 
Paulo- E você não resistiu aos encantos dela? 
Dr. Sá- Com muito esforço! 
Paulo- Mas se Lúcia for mesmo essa mulher esquisita irei ama-la da mesma forma. 
Dr. Sá- Mas e se eu te falar que essa bipolaridade dela a torna mais atraente? Lúcia bem que
poderia se apaixonar por você! 
Paulo- Você acha? Lúcia é tão fria duvido que se apaixone por mim! 
Dr. Sá- Ué Paulo, eu já a conhecia antes de você! 
Paulo- Ah! Mas eu já fui na casa algumas vezes!
Dr. Sá- Bom... Paulo já cumpri meu dever de amigo, agora cumpra o seu de homem sensato!
Adeus! 
Narrador- No outro dia, Paulo saiu para rua e se esconde ao encontrar Lúcia e Couto
conversando em um banco na praça. 
(Paulo entra e vai para o canto da capela, depois entao entra Lucia e couto, e Paulo os observa) 
Lucia- E então Couto, está satisfeito? 
Couto- Pode-se dizer que sim Lucia, estou muito satisfeito.
Lúcia- Qualquer dúvida, me procure! 
Couto- Aonde posso encontrá-la? 
Lúcia- Na minha casa, as portas estarão sempre abertas para você! 
Couto- Obrigado, você sempre muito gentil! 
Lucia- Que bom, até logo! 
(Lúcia e Couto saem, Paulo sai do esconderijo e senta no banco)
(Paulo entra e pensativo toca a música amor pq você me trata assim) 
Paulo- Ah Lúcia! Parabéns pelo seu novo amante! 
Lúcia- Quem não tem o direito de escolher, pega o primeiro que aparece! 
Paulo- Por ventura, está tão bonita para ele?
Lúcia- Acha que estou bonita?
Paulo- Não mude de assunto! Te peguei em amassos com outro, acha que tudo vai ficar bem
como dá última vez? Já te perdoei muitas vezes, estou cansado, de ser tratado como um farrapo.
Lúcia- Estou cansada de te pedir perdão como das outras vezes, você já conhece a minha vida,
sabe como eu a levo, eu jamais abandonaria ela por causa de amorzinho. 
Paulo- Ah Lúcia! Faça-me o favor, você é tão mesquinha que me dá ânsia. Você pensa que é essa
a primeira vez que te pego me traindo? Já é a segunda vez, e eu não aguento mais essa vida de
corno! 
Lúcia- Sério? Jurava que você não sabia de nada. 
Paulo- Pensa que eu não lembro? Vi você recebendo o pagando de um senhor semana passada!
Me torturei por noites imaginando vocês dois! 
Lúcia- Ah você está falando do Jacinto? Sério Paulo?
Paulo- Ele mesmo, aquele infortunado! 
Lúcia- Mas Paulo, o Jacinto era sim um cliente meu...
Paulo- Eu sabia!!!!!
Lúcia- Não me interrompa homem, ele era um cliente, mas não do tipo que você está pensando.
Paulo- Me explica então Lúcia!
Lúcia- Eu tinha um imóvel em meu nome, e precisava vendê-lo. Jacinto apareceu como um anjo
em minha vida, e comprou a casa. O pagamento era pela casa, Paulo!
Paulo- Como sou estúpido, passei noites sem dormir por causa disso, e não era nada!
Lúcia- Esqueça disso Paulo, vamos seguir em frente...
Paulo- Claro meu amor. Mas espere um pouco, E o Couto? 
Couto- Acho que já vou indo pessoal, vou deixar vocês a sós,afinal, vocês tem muito o que
conversar, obrigado por tudo Lúcia, você é sensacional!
Lúcia- Ah, obrigada Couto!
Paulo- Couto não me provoque, saia daqui antes que eu quebre sua cara! 
(Couto sai rindo fazendo sinal de corno)
Paulo- Vai Lúcia! Me explique o seu lance com o Couto? 
Lúcia- Ora! Pensei que você tivesse aceitado a minha profissão? Mas pelo o que estou vendo,
acho que não! 
Paulo- Nunca vou aceitar por completo, mas pelo visto vou ter que aprender a viver com isso! Eu
já cansei dessa conversa, vou embora, não vamos chegar a lugar nenhum! 
Lúcia- Eu te acompanho até a porta! 
Narrador- Alguns dias depois...
(Lucia entra com Jesuína, Laura e Nina)
Lucia- Amigas, faz tempo que não conversamos, não temos um tempinho para a gente. Jesuína
me conta como está sendo lidar com os pacientes?(TOM IRÔNICO) 
Jesuína - Menina é cansativo viu? Tive que me desdobrar para poder estar aqui com você! Ser
“enfermeira” não é fácil (risos) 
 (Todas riem e sentam) 
Jesuína- Mas amigas são assim mesmo, se unem quando estão bem, e quando estão mal se
unem mais ainda não é mesmo? (Risos)
Lúcia - É isso mesmo (risos)o que seria de mim sem vocês?
Nina- Não seria nadinha.
Laura - Só você mesmo Lucia, para fazer a Jesuina de enfermeira só para fugir do Paulo.
Nina- Como é Laura? Disso ainda não sabia.
Laura- A Lúcia nos chamou até aqui simplesmente porque não quer ficar sozinha com o Paulo,
caso ele apareça. Ela é tão doida meninas, que até uma “enfermeira” conseguiu! (Risos)
Lúcia - O Paulo me deixa maluco gente, uma hora ele te trata bem, ai do nada já está bravo de
novo. Vai entender esses homens! Eu que não quero ficar sozinha com ele.
Jesuína- Se ele aparecer a gente fala que você está muito doente, e precisa de tratamento.
Lúcia- Sim, por favor.
Paulo- (grita) Lucia!!
Lucia- Ah não ele ta aqui, meninas se preparem. Pode entrar Paulo! (Grita a última parte)
(Paulo entra, e Lucia se cobre com uma coberta e finge estar doente)
Paulo- Lucia, querida, o que você tem?
Lúcia- Esses termos médicos me confundem, explica para ele enfermeira. 
Jesuína- Bom ela está com muita dor de cabeça, tem se sentido enjoada e com tonturas, achei
melhor que ela ficasse de repouso. 
Nina- Ela está muito mal mesmo, então eu e a Laura viemos visitá-la. 
Lucia - (tosse forçado)
Laura- Bebe água amiga (da água para Lucia)
Paulo- Nossa, mas porque será que você ficou mal assim? Foi do nada? 
Lúcia- Naquele dia quando você veio aqui em casa, assim que você saiu, senti uma enorme
tontura, e desde então passo mal. Chamei a Jesuína para cuidar de mim, para ver se eu fico
melhor.
Paulo- Ah entendi, mas que pena Lucia, espero que você fique bem logo.
Lúcia- também espero.
Paulo- Quer que eu fique aqui com você?
Lúcia- Pode até se sentar, mas minhas amigas não vão embora.
Paulo- Ah, se não for para ficar a sós contigo, prefiroir embora! Passar bem, Lucia.
Lucia- Adeus, obrigada pela visita.
(Paulo sai)
Jesuína- Está vendo Lúcia? Foi só falar que vocês não poderiam ficar a sós, que o Paulo foi
embora. Está mais do que claro as intenções dele com você. 
Nina- Abre o olho Lúcia, ele não passa de um aproveitador.
Laura- Esses homens são todos iguais.
Lúcia- Meninas deixem disso, em terra de ilusão eu dou aula. Não se esqueçam que essa mentira
toda, quem inventou fui eu, e as traições, todas foram da minha parte. 
Jesuína- Vocês dois se merecem pelo visto.
Lúcia- Talvez sim. Um dia ele disse ter enxergado em meus olhos, pureza e bondade. Quem sabe
no fundo eu seja essa pessoa.
Laura- Verdade, todos no fundo possuem um pouco de sensibilidade. Afinal, somos todos seres
humanos não é mesmo?
Lucia- Verdade. Obrigada por terem vindo aqui meninas, por hoje é só isso mesmo, acredito que
Paulo não voltará por um bom tempo, podem ir embora já. 
Nina- Você tem certeza?
Lúcia- Sim gente, obrigada!
Jesuína- qualquer coisa só chamar!
(Jesuína, Nina, Laura e Lucia saem)
(Lucia entra sem a coberta)
Narrador- No outro dia, Paulo decide ir visitar a Lucia, e a encontra no meio da sala dançando,
aparentemente nada doente. 
(Lucia dança no meio da sala)
(Paulo entra)
Paulo- Lucia!!! Lucia? 
Lúcia- Ah, oi Paulo! Não sabia que você viria. 
Paulo- Não estou entendendo nada. Aonde está a enfermeira? E você? Não estava doente, de
repouso?
Lúcia- Engraçado como as pessoas melhoram rápido, não é? Ouvi falar que dançar fazia bem
para o corpo.
Paulo- Lúcia, não minta para mim! Me explica o que está acontecendo. 
Lúcia- realmente um dia desses tive uma ligeira indisposição, mas passou. 
Paulo- E donde saiu à ideia de chamar uma enfermeira? 
Lúcia- Chamei esta mulher para junto de mim, porque tinha medo de estar só com o senhor. 
Paulo- Ah! 
Lucia- Ela que inventou a mentira toda, de que eu estava doente, mas eu não tive coragem de
desmentir. 
Paulo- E porque não quer ficar a sós comigo Lucia?
Lucia- Porque não quero mais me entregar ao senhor, e satisfazer suas vontades... Não posso
mais! Sofro muito.
Paulo- Então quer dizer que te incomodo quando venho aqui? 
Lúcia- Ao contrário, meu Deus! É a única alegria que tenho neste mundo. Me dê esta alegria e
venha apenas conversar comigo, todos os dias! 
Paulo- Tenho mais o que fazer Lúcia, do que só conversar. Estou tentando me estabelecer na
cidade. A tua conversa é muito boa, porém me falta tempo.
Lúcia - mas e se for somente aos domingos?
Paulo- Ora Lucia, sejamos honestos, melhor você confessar logo que eu te incomodo. Não me
seria nenhuma novidade.
Lúcia- você é que deve se incomodar de vir aqui. Se te incomoda, eu é que irei vê-lo. 
Paulo- E para que? Só para conversar? Se for pra isso, nem se incomode em tentar. Porque te ver,
e não poder te tocar, será difícil demais para mim, e talvez não conseguirei me controlar. 
Lúcia- É justo! Servi apenas para matar um desejo, e hoje nem pra isso sirvo mais. 
Paulo- Sim, concordo.
Lucia- Se não tem mais nada para me dizer, já pode ir embora, estou com pressa.
Paulo- Por acaso estas esperando alguma pessoa ?
Lúcia- Não, ninguém mais me visita, os meus antigos amantes se afastaram de mim.
Paulo- Virão outros com certeza! Já já eles se apresentam. Veja, encontrei isso na porta da sua
casa, um vaso com um bilhete dentro.
(Paulo entrega o vaso de flores para Lucia)
Lúcia- Mas o que é isso?
Paulo- Abra o bilhete, deve ser um presente de algum amante seu.
(Lucia abre o bilhete) 
Lucia- Que lindas flores, uma pena que foi o Cunha que me enviou ( risos) 
(Lucia põe o vaso no chão, seria legal quebrar mas não podemos quebrar um vaso) 
Paulo- O que tem de mais Lucia? Ele é seu amante não é? 
Lúcia- Ele era meu amante, era. Até que em uma noite, o vi saindo com a mulher dele. Era
indescritível o brilho no olhar dela, enquanto admirava seu marido Cunha. Mal sabia a
pobrezinha que ele a traía comigo. Fiquei com tanta pena dela, que não tive mais coragem de
sair com ele, só sentia nojo daquele homem.
Paulo- Nossa, Lúcia! Realmente não sabia de nada disso. Mas mudando de assunto, e nós, como
ficamos? Você não quer mesmo mais saber de mim?
Lúcia- Eu quero muito que você continue vindo me ver! 
Paulo- Mas não poderei fazer nada contigo?
Lúcia- Você não! Mas eu posso.
(Lucia da um beijo na bochecha de Paulo) 
Paulo- Então agora beijos valem?
Lúcia- Só da minha parte! (Risos)
Paulo- Se você quer assim... Tudo bem 
Lúcia- Sei tão pouco sobre você ainda... Me conte Paulo, quem foi a primeira mulher que você
gostou? 
Paulo- Foi uma menina, não uma mulher (risos). 
Lúcia- Sério? E quantos anos ela tinha?
Paulo- 12, e eu tinha 16. Foi tudo bem cedo mesmo. 
Lúcia- Entendi. Ela foi o seu primeiro amor? 
Paulo- Foi sim, ela foi o meu primeiro amor, mas pretendo que você me seja o último, por qual
amarei a vida toda.
Lúcia- Ah que lindo! 
(Lucia sorri, olha pra Paulo e o abraça) 
Lúcia- Ah Paulo, acho que eu ainda não te disse, mas minha irmãzinha Ana está vindo morar
comigo
Paulo- Você tem uma irmã?
Lúcia- Nossa eu jurava que já havia te contado, mas sim, e eu quero me aproximar dela
novamente, vou largar essa vida de cortesã e viver ao lado dela
Paulo- Isso é ótimo Lúcia! Mas então agora com a sua irmã aqui, eu não devo mais vir ve-la?
Lúcia-Não é isso! É claro que eu quero que você venha me ver, estou apenas te avisando
Paulo- Tudo bem então, já vou indo, mas volto em breve, estou ansioso para conhecer sua irmã
(Luzes se apagam, Lucia e Paulo saem)
Narrador- Após alguns dias, Paulo vai visitar Lúcia
(Lucia e Ana entram) 
(Paulo entra)
Paulo- Olá, e ai como vocês estão indo com a mudança?
Ana- Oi, você deve ser o Paulo certo? Acho que vou deixar os dois a sós (Ana sai de cena) 
Lúcia- Estamos bem, na verdade eu preciso te contar uma coisa Paulo. Nesses dias tenho me
sentido mal, com fortes enjoos...
Paulo- Nossa, não seria melhor então chamar um médico? Para saber de vez o que você tem? 
Lúcia- Você não está entendendo Paulo, eu acho que estou esperando um filho. Um filho seu. 
Paulo- Como é que é? Estas falando sério Lúcia?
Lúcia- Quem dera eu estar brincando. Quando me lembro que um filho pode gerar dentro de
mim, tenho horror de mim mesma!
Paulo- Não fale isso, Lúcia! Que mulher não deseja o sentimento da maternidade?
Lúcia- Ora, eu! Já disse que não quero, mas pensando melhor...Se for para ver a sua felicidade,
nada mais justo que ter esse bebe!
(Lucia e Paulo saem, e Lúcia volta com barriga de gravida)
Narrador- Alguns meses se passam e Lúcia já está com 3 meses de gravidez. Como de costume
um médico da região foi fazer os exames de rotina.
Lúcia- E ai Dr. Como está o bebe?
Médico- Está ótimo, se desenvolvendo bem, nada de errado pelo visto, parabéns pela criança!
Bem saudável.
Paulo- Oh Dr. Tem certeza?
Médico- Lógico que tenho, algum problema?
Paulo- Eu? nunca, é só para saber.
Médico- Que ótimo, agora deixe-me trabalhar em paz.
Lúcia- Para de atrapalhar Paulo, vai fazer alguma coisa e deixa o Dr. trabalhar!
Médico- Obrigada. Bom... Está tudo bem com o bebe e com você, mês que vem venho fazer
outra visita para ver como ele está. Se cuidem!
Lúcia- Obrigada Dr.! Até mês que vem!
(médico sai, Lúcia e Paulo continuam)
Narrador- Mais um mês se passou, e com ele problemas...
Lúcia- Está tudo bem? Por que essa cara Dr.?
Médico- Olha Lúcia, dessa vez não tenho boas notícias, o seu bebe não esta mais respirando, o
ritmo cardíaco dele está 0, sinto lhes informar, mas ele faleceu, infelizmente não sei o motivo,
mas o problema deve ser em você. Não consigo dar o diagnostico agora, mas creio que está
com uma doença fatal.
Paulo- Como assim? Não estou entendendo, mês passado estava tudo certo, isso do nada
aconteceu?
(Lúcia chora desesperada)
Médico- Essas doenças geralmente são incuráveis, não temos acesso a tratamentos.
Paulo- (Paulo fica bravo) Como não tem acesso? Estou te pagando! Vou levá-la para a Europa,
para retirar o bebe e fazer os devidos tratamentos.
Médico- Não adianta,Paulo! Já disse que é incurável, ela vai falecer antes que vocês cheguem
lá, apenas aproveitem o tempo que vocês tem juntos! O que posso fazer, é retirar o bebe.
Lúcia- Não retire Dr.! Morrerei junto com ele! Se ele se foi, eu vou também, deixe ele dentro de
mim e eu morrerei com ele.
Paulo- Dr. nos deixe a sós.
MÉDICO- Bom.. como eu havia dito,isso é arriscado, mas conforme oque pediram vou me
retirar, vocês sabem o que fazem.
(médico sai)
Paulo- Lúcia, por favor, eu te peço não me deixe!
Lúcia- Paulo, agora posso te confessar, sem nenhum receio. Eu te amei desde o momento em
que te vi! Eu te amei por todos os dias que passamos juntos. Agora que minha vida se conta por
instantes, amo-te em cada momento por uma existência inteira. Vou te amar por toda a
eternidade.
Paulo- Você nunca disse que me amava, mas eu sempre soube!
Lúcia- Pois agora, eu disse. Eu te amo meu amor, agora Receba-me Paulo, de corpo e alma!
(Capela fica escura, Paulo e Lúcia sai, Ana entra, depois Paulo também entra)
Narrador- Nós todos vamos morrer. Nós não temos muito a dizer sobre como ou quando. Mas
nós começamos a decidir como vamos viver. É esta a vida que você quer viver? É esta a pessoa
que você quer amar? Este é o melhor que você pode ser? Você pode ser mais forte? Mais gentil?
Mais compassivo? Decida. Inspire. Expire e decida. Independente do que você quer fazer, faça
agora. Porque o depois pode não existir.
Ana- Paulo, tenho uma coisa para você! Lúcia sabia que morreria sem conseguir te contar a
verdade sobre o passado dela, por isso ela escreveu essa carta, para que você soubesse a
verdadeira história da vida dela. E pudesse entender melhor os motivos que a levaram a tomar
suas decisões.
Paulo- Oh, meu Deus! O que será que tem aí, obrigada Ana!
(Paulo vai para o tanque do batismo e começa a ler a carta)
(Camila vai gravar essa cena, em áudio)
- Oi, é a Lúcia, ou melhor Lucíola, acomode-se. Contarei a história da minha vida. Mais
precisamente, por que minha vida teve esse rumo. Eu nasci no dia 15 de agosto de 1836, meu
nome? Maria da Glória, mais tarde eu explico o porque desse nome, mas só por curiosidade foi
minha madrinha que me deu. Bom, tudo começou em 1850 quando a febre amarela estava
castigando a população e principalmente minha família, foi um ano terrível, meu pai, minha
mãe, meus irmãos todos ficaram doentes, com minha exceção. Ninguém veio nos fazer
companhia, o nosso dinheiro mal dava para comprar remédio e comida, o médico que nos trazia
esmola, caiu de cavalo e estava muito mal.Fiquei só! Uma menina de 14 anos para cuidar de
quatro doentes, e ainda achar recursos onde não havia. Não sei como não enlouqueci. Eu já não
dormia, sobrevivia com uma xicara de café. Sentava na porta de casa e pedia ajuda aos que
passavam e ninguém queria me ajudar. Meu pai estava enfermo, minha mãe já estava quase
morrendo. Em uma tarde perdi as esperanças, meu irmão estava agoniando e minha mãe se
despediu de mim, e Ana, minha irmãzinha, que eu tinha criado e amado como filha, já estava
delirando. Até que passou um vizinho, contei a minha situação para ele, e ele me consolou e
disse que o acompanhasse á sua casa. E a inocência e a dor me cegavam e eu o acompanhei.
Esse homem, era Couto... Ele tirou da bolsa moedas de ouro e pedi de joelhos para ele que
desse mais para salvar minha mãe; mas senti os seus lábios que me tocavam e então fugi. Não
posso te contar que lata foi a minha: três vezes corri espavorida até a casa e diante daquela
agonia sentia renascer a coragem e voltava. Não sabia o que queria esse homem, mas ignorava
então o que é a honra e a virtude da mulher. O dinheiro ganho com a minha vergonha salvou a
vida de meu pai e me trouxe esperança. Quase não me lembrava do que se tinha passado entre
mim e aquele homem, a consciência de me ter sacrificado por aqueles que eu amava, fazia-me
forte. Meu irmão acabou falecendo, minha mãe também, só quem se salvou foi Ana e papai,
meu pai descobriu que tinha me vendido com apenas 14 anos para salvar a vida deles e me
expulsou de casa, a única que me entendeu foi Ana. Sai de casa sozinha, sem rumo ,sendo
julgada com palavras horríveis por minhas vizinhas que só sabiam me olhar com desprezo. Até
que sentei-me na calçada, e já era tarde, quando uma mulher passou e perguntou o que eu fazia
ali aquela hora, respondi:- Perdi meu pai e minha mãe, não tenho para onde ir. Jesuína... Era
ela... levou-me consigo, mas não esqueci jamais de Ana e de meu pai. Jesuína mandava
constantemente remédios, médicos, para que assim em troca eu prestasse favores aos homens
que ela me apresentava. Nisto uma moça quase de minha idade, veio morar comigo, a
semelhança de nossos destinos fez-nos amigas, o nome dela era Lúcia, quando ela morreu e um
médico veio passar o atestado, troquei os nossos nomes, e passei a usar o nome dela, me
chamando de Lúcia e ela Maria da Glória. Meu pai leu no jornal que eu havia supostamente
morrido e muitas vezes eu o encontrei junto dessa sepultura onde ele ia rezar por mim. Morri
para o mundo e para minha família, foi então que decidi ir para a Europa, um ano de ausência
devia quebrar os últimos laços que me prendiam. Meu pai chorava por sua filha morta, mas já
não se envergonhava da sua filha prostituta que se vendeu aos 14 anos para salvar sua vida. Ele
enfim tinha me perdoado. Quando voltei, só restava Ana, meu pai havia falecido, e essa é a
minha história. Agora você sabe toda a verdade sobre mim, quero que prometa para mim que se
casará com Ana. Cuide dela por mim, e lembre-se que te amo eternamente Paulo!
Narrador- Naquele momento Paulo surpreso com o que acabava de escutar apenas corre para
contar a Ana, tudo o que tinha escutado.
Paulo- Ana, eu não sabia de nada disso, não sei nem o que falar.
Ana- Paulo, Lúcia te amava. Espero que não a julgue pelo que fez.
Paulo- Você ouviu?
Ana- Não cheguei a ouvir, mas já sabia do que se tratava.
Paulo- Ela pediu para que eu me casasse com você. (falar triste)
Ana- Falas sério? Bom, já que era da vontade de Lúcia, tudo bem.(Feliz)
(Paulo olha triste para Ana)
(Os dois saem, depois vão para o começo da capela e entram pelas portas, ao som da marcha
nupcial)
Narrador- Após meses de preparação, chegou o dia do casamento de Ana e Paulo.
(entram pela capela, padre entra)
Padre- Estamos aqui hoje reunidos em alegria, para testemunhar e celebrar a união da noiva e
do noivo em matrimónio. Ah, o amor é uma das maiores alegrias da vida, é uma verdadeira
proeza, um dom inestimável. Noivos, a vossa tarefa agora é ser feliz, não sozinhos, mas serem
felizes a dois. Entendam esta responsabilidade e prometam dar o seu melhor a cada dia. E
agora, diante da igreja, vou interroga-los sobre vossas disposições. Ana é de livre e espontânea
vontade que você aceita o Paulo como seu esposo?
Ana- Sim!
Padre- Paulo é de livre e espontânea vontade que você aceita Ana como sua esposa?
(Demora para responder, Paulo olha para a cara deles)
Padre- Paulo?
Paulo- Não! Eu não posso aceitar! Desculpa Ana eu não consigo!
Padre- Vish...
Ana- Mas você prometeu a Lúcia que se casaria comigo.
Padre- Prometeu rapaz, sacanagem fazer isso com a moça...
Paulo- Eu sei Ana, eu sei. Mas terei que quebrar essa promessa. Ela me deixou, mas eu recebi a
sua alma, que me acompanhará para sempre. Não importa onde ela esteja, eu sempre vou
honestamente, verdadeiramente, completamente amar Lúcia. Sempre foi ela e continuará sendo
ela, a minha escolha, o meu grande amor.
Ana- Pensando bem realmente seria um erro se nós nos casássemos, bom... e agora?
Paulo- Quer saber eu tenho um pretendente perfeito pra você. Eu eu vou cuidar de você Ana,
sempre, mas como se fosse minha filha.
(Paulo beija testa de Ana)
Padre- Em todos esses anos de padre cerimonialista, essa é a primeira vez que isso me
acontece!
Ana- Paulo o que vamos fazer com esse tanto de convidados? Gastamos muito dinheiro, não
podemos mandar esse povo simplesmente ir embora assim!
Paulo- Não seja boba Ana, já que estamos todos aqui, com casamento ou não, a festa vai rolarsim! Venha, vamos aproveitar!
Entra todos
( em som baixo, voz de Paulo gravada)
(som aumenta ao término da voz dele do trecho gravado e fim)
FIM...

Outros materiais