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PlanoDeAula_53703 10 SEMANA

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Título 
Psicologia Aplicada ao Direito 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
10 
Tema 
As Práticas Psicológicas e suas Aplicações no Contexto Jurídico. Área Cível: Família 
Objetivos 
Estrutura do Conteúdo 
Aplicação Prática Teórica 
1. No contexto da atuação do psicólogo junto às varas de família, considere as afirmações abaixo. 
  
I. O laudo pericial decorrente de um psicodiagnóstico visa fornecer subsídios para que o juiz enuncie uma sentença; 
II. O laudo pericial pode ser elaborado a partir de quaisquer técnicas da Psicologia; 
III. O papel do psicólogo-perito na vara de família pode ser, também, o de um "mediador", transformando a perícia numa relação de ajuda às famílias. 
  
É CORRETO o que se afirma em: 
(a) I,IIe III; 
(b)Ie II, apenas; 
(c)Ie III, apenas; 
(d)IIe III, apenas; 
(e)III, apenas. 
(PROVÃO 2002) 
2. Situação: casal recém-divorciado não consegue entrar em acordo com relação à guarda dos filhos, um menino de 5 anos e uma menina de 3 anos. A mãe quer permanecer com os dois 
filhos com visitas e fins de semana alternados com o pai, mas este quer a guarda das crianças, com o mesmo sistema de visitas e fins de semana alternados, pois julga a mãe negligente com 
relação às crianças. Esta acredita que isto se deva ao ressentimento dele por ela ter solicitado a separação. Várias conversas foram tentadas e não foi possível chegar a um acordo. O juiz 
solicita a intervenção de um psicólogo. O psicodiagnóstico que incluísse entrevistas e métodos projetivos poderia ser mais útil, neste caso, para: 
  
(a) traçar um perfil de personalidade da mãe das crianças que permitisse confirmar ou descartar sua negligência; 
(b) avaliar a capacidade dos pais de lidar com fatores de sobrecarga emocional; 
(c) traçar um perfil de personalidade do pai mostrando a possibilidade ou o impedimento para cuidar de crianças; 
(d) definir presença de transtornos depressivos, associados aos comportamentos descritos; 
(e) relacionar a influência de distúrbios do pensamento sobre a percepção da realidade. 
(ENADE 2006) 
  
3. Lídia Rosalina Folgueira Castro, em seu livro ?Disputa de guarda e visitas: no interesse dos pais ou dos filhos??, menciona o fato de que os estudos atuais sobre a problemática afetiva 
dos ex-casais em disputa atribuem-lhe como causa o ex-casal não ter conseguido elaborar a separação. Refutando esta ideia a partir do que encontrou nos casos que analisou, procurou 
compreender porque a ideia é tão generalizada. Acredita ser importante que se compreenda que a separação, embora seja um momento sempre muito difícil, não se dá da mesma forma e 
pelas mesmas razões para todos os indivíduos. Podemos ter algumas separações que trazem consequências desastrosas para o desenvolvimento das crianças. Descreva uma destas 
situações. 
(ADAPTAÇÃO ANALISTA JUDICIÁRIO-PSICÓLOGO-PE/2007) 
  
4. Tendo em vista pesquisas e debates atuais acerca da atuação do Psicólogo nas Varas de Família, principalmente no sentido de auxiliar na indicação de qual genitor deve, em caso de 
disputa entre os cônjuges, exercer o papel de guardião dos filhos, quais fatores o Psicólogo Jurídico deve tomar como base para sua análise? 
(ADAPTAÇÃO - SEAD/SEJUDH - PSICÓLOGO/2007) 
 
 ATIVIDADE EXTRACLASSE OBRIGATÓRIA 
 
Plano de Aula: Psicologia Aplicada ao Direito
PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO
Ao final da aula, o  aluno será capaz de:  
·   Reconhecer  o trabalho realizado pelo  psicólogo na área Cível, 
especificamente, nas Varas de Família; 
·   Explicar os tipos de processos que são atendidos na área de família e a 
importância da presença do psicólogo na equipe técnica destas Varas; 
·   Definir algumas situações atendidas em Varas de família que requerem a 
atuação do psicólogo. 
O professor deverá apresentar ao aluno o que é uma Vara de Família 
e o tipo de atendimento que realiza à população. É importante 
ressaltar para o aluno a subjetividade das questões tratadas, que 
influenciarão diretamente na necessidade do trabalho realizado pelo 
psicólogo, em alguns processos.  
O professor definirá algumas situações atendidas pelo psicólogo em 
Varas de Família, especialmente: guarda ( incluindo guarda 
compartilhada) e síndrome de alienação parental. É importante definir 
os tipos de guarda e enfatizar os benefícios da guarda compartilhada 
para o desenvolvimento dos filhos. A síndrome de alienação parental 
deverá ser demonstrada para o aluno através de teoria e exemplos, 
além da exibição de um vídeo sobre o tema. 
  
NOME DA DISCIPLINA:  PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO 
                    
CÓDIGO: CCJ0004 
TÍTULO DA ATIVIDADE  
Psicologia aplicada ao Direito de Família 
OBJETIVO: 
  
Compreender as limitações da Justiça e reconhecer o trabalho do psicólogo no Judiciário 
COMPETÊNCIAS/HABILIDADES:  
Estabelecer diferenças entre os diferentes trabalhos do psicólogo em Varas de Família 
DESENVOLVIMENTO: 
Leitura e resenha do texto: 
Psicologia Aplicada ao Direito de Família 
  
Jones Figueirêdo Alves 
Desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambuco, assessor jurídico da Comissão Especial de Reforma do 
Código Civil. 
O Direito de Família, com o advento da Constituição Federal de 1988, adquiriu, pela sua própria constitucionalização 
e ante a sua maior abrangência, abrigando novas entidades familiares, maiores atenções e exigências de uma 
abordagem multidisciplinar. 
Os novos direitos de família estão a exigir, em benefício de suas próprias noções fundamentais e do efetivo 
exercício que eles reclamam, a atuação interprofissional daqueles que direta ou indiretamente participam das 
questões familiares, de forma preponderante no âmbito judicial. 
Posta assim a imperatividade de uma abordagem multidisciplinar no moderno Direito de Família, reconhecida a sua 
complexidade no trato de temas conflituosos e a interdisciplinariedade dos ramos de ciência para o estudo e 
solução dos casos, postos ao julgamento judicial, emerge, em primeiro lugar, por convocação urgente e pioneira, a 
figura do psicólogo clínico-jurídico ou psicólogo jurídico. 
Não há como negar a extrema importância do auxílio e da intervenção desse profissional, a consolidar, na maioria 
das vezes, o caráter de obrigatoriedade no Juízo de Família, a que tanto  essa atuação tem sido institucionalizada na 
estrutura judiciária, mediante a instalação de serviços psicossociais forenses, como serventias de quadros 
próprios, aparelhados para as suas atribuições específicas. 
Fundamenta-se essa intervenção na realidade psicossocial dos processos judiciais de família. 
A prática tem revelado o quanto significativo se apresenta o desfecho judicial sob a moldura da intervenção do 
psicólogo jurídico, que enriquece o processo com a avaliação técnica do caso. 
Esse contributo está a merecer, inclusive, a consolidação de uma base de dados, banco de estudos de casos, onde 
depositados fiquem os laudos periciais e as avaliações clínicas dos personagens em conflito ou das crianças, 
terceiros diretamente interessados. 
O âmbito de intervenção da psicologia jurídica, em face do direito de família, tem sido reconhecido, proclamado e 
expandido, eis que predominante o caráter multidisciplinar das demandas perante o juízo de família, não mais 
restringida a atuação do psicólogo apenas às situações de disputa de posse, guarda e visitação de filhos. 
O entrelace de questões jurídicas e psicológicas, solicita a intervenção especializada, a fornecer instrumentos de 
avaliação de pesquisa do caso, para a melhor solução do litígio, em todos os processos judiciais atinentes às 
relações de família. 
A importância de uma equipe técnica profissional e interprofissional nas Varas de Família, diante da sua revelada 
magnitude, reclama, destarte, tratamento próprio e adequado em termos da estrutura de serviços judiciários, não 
devendo, ademais, descuidar a lei a respeito, que deve cogitar da necessária intervenção dos profissionais da área 
psicossocial em tais processos. 
É certo, como antes afirmado,que a intervenção do psicólogo jurídico não mais se limita ao subsídio de 
informações que timbram aparelhar as definições finais de guarda de filhos. Amplo espaço de atuação apresenta-
se, a demonstrar as intervenções imperativas, em todos as demandas relacionadas ao Direito de Família. 
É significativo, apontar, portanto, no propósito desse trabalho, dentre muitas questões, as seguintes: 
  
01. A busca e apreensão de filhos tem a sua aplicação como procedimento inerente aos incidentes dos institutos da 
guarda judicial ou da visitação, e resulta como medida de tutela de urgência diante das circunstâncias do caso 
concreto, sem que, necessariamente, diga respeito às hipóteses em que a criança buscada esteja em situação de 
risco (físico ou psicológico). 
  
O cumprimento da medida tem se verificado, comumente, quando o filho menor se acha em disputa de posse ou de 
guarda pelos pais em conflito conjugal ou convivencial, não se levando em conta, todavia, as repercussões 
negativas que o procedimento venha a produzir, originado que se apresente por razões ditadas e unicamente 
vinculadas aos interesses mútuos de retaliação entre os pais em desavença. 
  
Empregada "sem maiores considerações pelas consequências de sua aplicação sobre o psiquismo infantil", 
lembra, a propósito, Maria Antonieta Pisano Motta, que a busca e apreensão do filho, sem justificativa razoável, 
submete a criança a um risco psicológico sério por se constituir, muitas vezes, em medida violenta, sempre 
agressiva em sua execução, porquanto gerada em situação de violência e desentendimentos dos pais. 
  
Adverte a psicóloga e psicanalista, ex-presidente do Instituto Brasileiro de Estudos Interdisciplinares de Direito de 
Família, "dependendo do que a motiva e da maneira como é conduzida a medida", poder constituir -se a busca num 
abuso contra a criança, "quer seja com o significado de mau uso, utilização excessiva ou transgressão que violenta 
e traumatiza". Acolhe Maria Antonieta, nessa linha, o exemplo da medida de busca e apreensão, fundada na 
finalidade de obtenção da guarda, "estratégia destinada a atender às necessidades de genitor que não tem 
segurança quanto aos resultados de uma ação ordinária de modificação de guarda e que se utiliza desse meio para 
forçar o resultado desejado". 
  
Evidencia-se nesse tipo de disputa de posse e guarda o manifesto risco de dano psicológico à criança, a 
demonstrar uma severa necessidade, em casos judiciais que tais, da intervenção do psicólogo jurídico, tudo a 
confirmar a conveniência da medida, diante da própria natureza instrumental ou provisória de que pode se revestir, 
impedindo, com efeito, a abusividade ou a agressividade de sua aplicação. 
  
02. Novas concepções para a abrangência das indenizações por dano moral, causado por uma conduta lesiva de 
um cônjuge (ou convivente) ao outro, levantadas pela doutrina e pela jurisprudência, reclamam a intervenção do 
psicólogo, na compreensão e detecção do problema. 
  
A abrangência e extensão do dano moral puro, consagrado em pergaminho constitucional (art. 5º, incisos V e X), 
embora ainda limitadas em sede do direito de família, podem ser alcançadas na consideração do ato lesivo 
diretamente associado às consequências do sofrimento psicológico dele resultante, instigando o psicólogo jurídico 
a definir, pelas particularidades da causa, o elmo protetor do instituto. 
  
"O dano moral pressupõe dor física ou moral, e se configura sempre que alguém aflige outrem injustamente, sem 
com isso causar prejuízo patrimonial..." ( RT 683/79) 
Exemplos fundamentais dizem respeito ao dano moral provocado por injúrias, sevícias e agressões físicas 
praticadas pelo cônjuge ou convivente contra o outro, caracterizadoras da insuportabilidade da vida em comum, ou 
ainda pela infidelidade, quando a quebra desse dever pode gerar o dever de indenizar, observadas as 
circunstâncias do caso. Nessa última hipótese, tenha -se presente, o entendimento de o dever de "fidelidade 
recíproca" para os cônjuges guardar similitude ao dever "respeito e consideração mútuos" exigido aos conviventes. 
  
A possibilidade de indenização entre os cônjuges por dano moral, em face de ofensas capazes de afetação aos 
direitos de personalidade do outro, ou mais precisamente por dano à honra, decorre da teoria da responsabilidade 
civil em direito de família defendida em nosso país, com maestria, pela jurista Regina Beatriz Tavares da Silva. Sua 
inovadora obra "Reparação Civil na Separação e no Divórcio" ( Editora Saraiva, 1999 ) demonstra a aplicabilidade 
dos preceitos da responsabilidade civil no casamento ( ou na própria união estável ) e em sua dissolução, "diante 
do princípio de que, havendo ação lesiva, praticada por um dos cônjuges (ou conviventes) contra o outro, com a 
ocorrência de danos morais ou materiais, surge o direito do ofendido à reparação, tal como ocorre nas demais 
relações familiares. 
No mesmo sentir, admitindo a ideia da responsabilidade conjugal (ou convivencial), comunguei pela desenvoltura 
de tal doutrina, acentuando, aliás, em divergência dos que tratam a responsabilidade civil como um dano 
meramente privado, enquanto a responsabilidade penal como um dano social, a repercussão social provocada 
pelos danos cometidos no âmbito das entidades familiares, pois, na verdade, os entrechoques de paixões, as 
vicissitudes dos casais que chegam ao extremo da violência, representam um incentivo à ideia de impunidade às 
transgressões conjugais, mormente quando diante da hiposuficiência da mulher frente ao marido ou companheiro 
não são respondidas, seja pela reparação civil, seja pela penal e, nessa consequência, configurados resultam os 
danos sociais a saber rompida a pacificação social a partir da família ("Responsabilidade Civil no Direito de 
Família", in "Responsabilidade Civil – Temas Atuais", - Anais do I Encontro Nacional de Responsabilidade Civil 
( Recife, PE ) - Escola de Advocacia do Recife, Ed. Bagaço, 2000, pg. 23/38). 
  
Assim, quando o casal tem o tecido afetivo rompido por razões inúmeras, subjetivas, a verdade do litígio judicial não 
tem, a rigor, uma precisão absoluta. Existem versões que se tornam aversões, porque o fato determinante dessa 
ruptura está em função das versões que se apresentam, e, muitas vezes, não se poderá saber se aquela causa que 
é apresentada como a que provocou a separação será, a rigor, a sua própria consequência. E nessa sensação de 
perda, os próprios cônjuges (ou conviventes) não sabem responder as causas que os levaram a esse rompimento 
da sociedade conjugal (ou da união estável). Talvez os filhos saibam responder melhor, mas não o farão, porque as 
grandes dores são mudas, e o juiz se coloca numa situação difícil de saber superar essa perplexidade, para definir 
se aquela ruptura do casamento (ou da união estável) decorreu de situações pelas quais os próprios cônjuges (ou 
conviventes) não contribuíram de forma deliberada. 
  
É esse cenário de perdas e culpas, de danos e responsabilidades indigitadas, o território de investigação do 
psicólogo jurídico, quando se busca restabelecer o reequilíbrio moral e emocional dos contendores, ou mais 
objetivamente precisar o direito do ofendido para uma restituição integral do dano perpetrado, segundo o princípio 
da reparação plena ("restitutio in integrum"), com o estabelecimento dos reflexos danos cometidos pelo ato ilícito na 
relação conjugal ou de união estável. 
  
Diversas questões podem ser tratadas na avaliação do conflito, defrontada a realidade da ruptura da união com as 
suas consequências, vingando o exemplo das perdas, como a de frustração de êxito profissional, quando a mulher 
abandona o trabalho e a carreira em favor da sociedade conjugal ou da convivência duradoura, no pressuposto 
dessa durabilidade marcada por garantias determinantes de definitividade da afeição marital, gerando, inclusive, 
danos psicológicos. 
  
De outra banda, tem-se a figura do cônjuge manipulador, sempre expedito a promoverassédio moral, ao extremo de 
provocar completa submissão do outro cônjuge, anulando ou bloqueando reações afirmativas de individualidade, e 
comprometendo, destarte, a própria qualidade de sobrevivência do outro, no "período pós -separação". As sequelas 
dessa dependência, a influência negativa de tal comportamento na realidade vivencial do outro, são passíveis de 
configuração de ato ilícito, exortando o necessário emprego da psicologia jurídica em abordagem do problema para 
o desate da lide indenizatória em casos da espécie. 
  
Também é certo, ainda em direito de família, a responsabilização civil entre pais e filhos, quando aspectos 
singulares norteiam a relevância do tema nas relações familiares. O abandono material dos pais em face dos filhos, 
a partir da clássica falta de provimento alimentar, ausente justo impedimento, ou a atitude do pai que se recusa ao 
reconhecimento voluntário do filho, quer por deliberada omissão, quer por resistência ao processo investigatório da 
paternidade, constituem, induvidosamente, situações que desafiam uma aferição de dano moral, provocando o 
contributo do psicólogo jurídico. 
  
Rolf Madaleno, abordando o tema, bem situa a questão : 
"A indenização civil admitida como passível de reparação pelo gravame moral impingido ao investigante haverá de 
decorrer daquela atitude claramente postergatória do reconhecimento parental, onde o investigado se vale de todos 
os subterfúgios processuais para dissimular a verdade biológica, fugando -se com esparramadas desculpas ao 
exame pericial genético, ou mesmo, esquivando-se da perícia, com notórios sintomas de indisfarçável rejeição ao 
vínculo de parentesco com o filho, do qual tem sobradas razões para haver como seu descendente.”  ("Direito de 
Família – Aspectos Polêmicos", Livraria do Advogado Editora, 1998, p. 145) 
  
E, acrescenta, percuciente : 
"Como ascendente sujeito ao reparo moral, situa -se também aquele que, mesmo depois de apresentado laudo 
judicial e científico, de incontestável paternidade, ainda assim, prossegue negando guarida ao espírito humano de 
seu filho investigante, que busca, agudamente, o direito da declaração de sua paternidade, mas que segue seu 
genitor a privá-lo da identidade familiar, tão essencial e, condição de seu crescimento e desenvolvimento psíquico, 
estes, isentos de sobressaltos e fissuras na hígida personalidade psicológica." 
  
É justamente o comprometimento da personalidade do ofendido incapaz, visualizado pelo ato ilícito da falta de 
reconhecimento da paternidade, quando afastada qualquer dúvida, ou quando do próprio desinteresse manifesto de 
afastá-la, que gera o dano moral, ao ter negado ao filho o direito à sua verdade biológica, que serve de interesse 
maior à formação da personalidade. Haverá de ser visto pelo psicológico jurídico "o ânimo e a potencialidade de 
agressão do ofensor", e a extensão do dano sofrido, inclusive para efeito de sua quantificação econômica, 
independentemente dos níveis de percepção da ofensa pelo incapaz, certo que o interesse dominante é o do 
resguardo da integridade moral da criança, tutelado por lei e pela dignidade humana. 
  
Desse modo, as indicadas situações danosas para a incidência indenizatória em direito de família, estão a exigir, 
cada vez mais, o trabalho da psicologia jurídica, principalmente para estabelecer a identificação da causa 
determinante ensejadora da reparação civil, definindo a etiologia do evento, com a fixação da relação de 
causalidade. 
  
03. Outra prática de intervenção tem, por certo, reconhecer um novo modelo de responsabilidade parental que se 
apresenta no instituto da guarda compartilhada. 
  
Ele é defendido por atualizados estudiosos do Direito de Família, atentos à valorização do efetivo convívio da criança 
com ambos os pais, assim verificado pelo exercício comum da autoridade do poder familiar, praticada esta de forma 
costumeira e não apenas episódica. 
  
O precursor do instituto, Sérgio Gischkow Pereira (hoje Desembargador do Tribunal de Justiça do Rio Grande do 
Sul), ao defender a guarda compartilhada em estudo publicado em 1986( "Revista Ajuris n º 36" ), não deixou de 
enfatizar o novo modelo sob o enfoque psicológico, e nesse passo, tem sido entendido que a mera regulamentação 
de visita obsta o fortalecimento das relações afetivas que devem existir entre pais e filhos (Revista Forense 228/95), 
uma vez que a sua restringência, em verdade, contribui para o desfazimento gradual das referidas relações, 
preponderando daí a conveniência do compartilhamento da guarda. 
  
Nessa perspectiva, é fácil constatar a importância do psicólogo jurídico, com intervenção capaz de realçar e 
privilegiar a oportunidade do instituto, pontificando que a convivência conjunta (e não alternada) com os pais faz -se 
oportuna sobre o integral desenvolvimento da criança. 
  
Estou certo que o alinhamento desse instituto no moderno Direito de família, sob a primazia do interesse do filho, 
dependerá, em muito, da contribuição a ser fornecida pela Psicologia Jurídica em observação das deficiências ou 
limitações que a guarda uniparental apresenta ao proveito de melhor formação de vida da criança. 
  
04. De igual importância tem lugar a intervenção profissional em apoio psicológico aos filhos de casais em 
processo de separação da sociedade conjugal ou da união estável. 
  
No desenrolar dessas demandas, os filhos são, induvidosamente, os mais vulneráveis e os que melhor precisam 
ser amparados, durante a litigiosidade judicial dos pais. 
  
Certo que são, em verdade, paradigmas essenciais das decisões judiciárias em matéria familiar, os seus 
interesses devem ser protegidos dentro do processo e fora dele. 
Segue-se, daí, a relevância do atendimento psicológico, como medida metajurídica do processo, na medida em que 
o litígio pendente produz, por certo, sérias lesões aos interesses dos filhos, espectadores desprotegidos das 
quizilas maternais/paternais. 
  
É ponderável registrar que a noção fundamental de "interesse da criança", constante do art. 3 º da Convenção 
Internacional dos Direitos da Criança, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (26.01.1990), é havida 
como consideração primordial em todas as decisões que lhe concerne, inclusive pelos tribunais, o que leva à 
inarredável conclusão da imperativa avaliação psicológica dos impactos que o processo litigioso de separação dos 
pais tem em face dos filhos, a tanto que se defende, ademais, a necessária ouvida destes últimos em tais 
processos que, reconhecidamente, lhe interessam. 
  
05. A averiguação oficiosa de paternidade prevista na Lei nº 8.560, de 29 de dezembro de 1992, sob procedimento 
plenamente cabível e oportuno nos Juizados Informais de Família, cujo modelo pioneiro teve criação e 
funcionamento no Poder Judiciário do Estado de Pernambuco ( Resolução nº 150/2001, do TJPE, de nossa 
iniciativa ), deve contar, para o êxito do reconhecimento espontâneo de filho, com a intervenção do psicólogo jurídico. 
  
Não é demais admitir que a atuação do psicólogo servirá para enaltecer a importância da manifestação espontânea 
do suposto pai, quando este, sem qualquer dúvida, vem a colocar-se consciente do papel afetivo que lhe cabe, e da 
significação de sua qualidade de pai, para efeito do relacionamento com o filho reconhecido. 
  
Não é, em casos que tais, como sucede, igualmente, nos processos de investigação judicial da paternidade, 
suficiente o reconhecimento espontâneo com a somente consequência dos efeitos da admissão da paternidade, 
qual seja a do lançamento do nome do genitor em registro de nascimento, assegurada a paternidade em indicação, 
averiguada ou investigada. É ditame lógico, próprio à dignidade da hipótese, que o reconhecimento do filho envolva 
o compromisso de assunção plena da paternidade, com a prática dos deveres materiais e afetivos inerentes à 
própria relação parental existente e admitida como tal. 
  
Nesse desiderato, a intervenção do psicólogo tem suaoportunidade marcante, no efeito de não apenas viabilizar, 
com maior facilitação, o reconhecimento espontâneo do filho, no procedimento da averiguação oficiosa da 
paternidade, ou mesmo em sede de ação judicial investigatória, mas de assegurar todas as condições do exercício 
de uma paternidade responsável, após o ato de reconhecimento, voluntário ou declarado judicialmente. 
  
Alinhadas essas intervenções, forçoso é reconhecer que uma moderna visão jurídico -social do Direito de Família, 
ante as suas multifacetadas questões, exige o prestigiamento do setor técnico, através de uma necessária atuação 
multidisciplinar, em que pontifica o psicólogo jurídico com a elaboração de perícias psicológicas. 
  
E mais do que isso, aponta -se para uma desenvoltura profissional transcendente ao próprio momento do litígio, 
certo que o concurso do psicólogo jurídico em área de mediação e de prevenção litigiosa revela -se, por identidade 
de razões, mais urgente e oportuno. 
Os profissionais da área psicossocial em Direito de Família estão oportunizando uma visão jurídica mais avançada 
e reconstrutiva do próprio Direito familiar, na medida em que desvendam a alma humana, objeto maior do desate 
jurisdicional. 
Em juízo de família, não se resolvem apenas os litígios; resolvem -se pessoas.  
  
Sobre o texto: 
Texto publicado na obra "Psicologia, Serviço Social e Direito: Uma Interface Produtiva", coord. por Helena Maria 
Ribeiro Fernandes, diretora do Centro de Apoio Psicossocial do Tribunal de Justiça de Pernambuco, Ed. 
Universitária – UFPE, Recife, 2002. 
Texto inserido no Jus Navigandi nº 55 (03.2002). 
Elaborado em 01.2002. 
Informações bibliográficas: 
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado 
em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: 
ALVES, Jones Figueirêdo. Psicologia aplicada ao Direito de Família . Jus Navigandi, Teresina, ano 6, n. 55, mar. 
2002. Disponível em Texto : 
A Psicologia aplicada ao Direito de Família – Disponível em : http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2740 
 Acesso em: 16 jun. 2009. 
  
PRODUTO/RESULTADO: 
Resenha e debate do texto 
Estácio de Sá Página 1 / 7
Título 
Psicologia Aplicada ao Direito 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
10 
Tema 
As Práticas Psicológicas e suas Aplicações no Contexto Jurídico. Área Cível: Família 
Objetivos 
Estrutura do Conteúdo 
Aplicação Prática Teórica 
1. No contexto da atuação do psicólogo junto às varas de família, considere as afirmações abaixo. 
  
I. O laudo pericial decorrente de um psicodiagnóstico visa fornecer subsídios para que o juiz enuncie uma sentença; 
II. O laudo pericial pode ser elaborado a partir de quaisquer técnicas da Psicologia; 
III. O papel do psicólogo-perito na vara de família pode ser, também, o de um "mediador", transformando a perícia numa relação de ajuda às famílias. 
  
É CORRETO o que se afirma em: 
(a) I,IIe III; 
(b)Ie II, apenas; 
(c)Ie III, apenas; 
(d)IIe III, apenas; 
(e)III, apenas. 
(PROVÃO 2002) 
2. Situação: casal recém-divorciado não consegue entrar em acordo com relação à guarda dos filhos, um menino de 5 anos e uma menina de 3 anos. A mãe quer permanecer com os dois 
filhos com visitas e fins de semana alternados com o pai, mas este quer a guarda das crianças, com o mesmo sistema de visitas e fins de semana alternados, pois julga a mãe negligente com 
relação às crianças. Esta acredita que isto se deva ao ressentimento dele por ela ter solicitado a separação. Várias conversas foram tentadas e não foi possível chegar a um acordo. O juiz 
solicita a intervenção de um psicólogo. O psicodiagnóstico que incluísse entrevistas e métodos projetivos poderia ser mais útil, neste caso, para: 
  
(a) traçar um perfil de personalidade da mãe das crianças que permitisse confirmar ou descartar sua negligência; 
(b) avaliar a capacidade dos pais de lidar com fatores de sobrecarga emocional; 
(c) traçar um perfil de personalidade do pai mostrando a possibilidade ou o impedimento para cuidar de crianças; 
(d) definir presença de transtornos depressivos, associados aos comportamentos descritos; 
(e) relacionar a influência de distúrbios do pensamento sobre a percepção da realidade. 
(ENADE 2006) 
  
3. Lídia Rosalina Folgueira Castro, em seu livro ?Disputa de guarda e visitas: no interesse dos pais ou dos filhos??, menciona o fato de que os estudos atuais sobre a problemática afetiva 
dos ex-casais em disputa atribuem-lhe como causa o ex-casal não ter conseguido elaborar a separação. Refutando esta ideia a partir do que encontrou nos casos que analisou, procurou 
compreender porque a ideia é tão generalizada. Acredita ser importante que se compreenda que a separação, embora seja um momento sempre muito difícil, não se dá da mesma forma e 
pelas mesmas razões para todos os indivíduos. Podemos ter algumas separações que trazem consequências desastrosas para o desenvolvimento das crianças. Descreva uma destas 
situações. 
(ADAPTAÇÃO ANALISTA JUDICIÁRIO-PSICÓLOGO-PE/2007) 
  
4. Tendo em vista pesquisas e debates atuais acerca da atuação do Psicólogo nas Varas de Família, principalmente no sentido de auxiliar na indicação de qual genitor deve, em caso de 
disputa entre os cônjuges, exercer o papel de guardião dos filhos, quais fatores o Psicólogo Jurídico deve tomar como base para sua análise? 
(ADAPTAÇÃO - SEAD/SEJUDH - PSICÓLOGO/2007) 
 
 ATIVIDADE EXTRACLASSE OBRIGATÓRIA 
 
Plano de Aula: Psicologia Aplicada ao Direito
PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO
Ao final da aula, o  aluno será capaz de:  
·   Reconhecer  o trabalho realizado pelo  psicólogo na área Cível, 
especificamente, nas Varas de Família; 
·   Explicar os tipos de processos que são atendidos na área de família e a 
importância da presença do psicólogo na equipe técnica destas Varas; 
·   Definir algumas situações atendidas em Varas de família que requerem a 
atuação do psicólogo. 
O professor deverá apresentar ao aluno o que é uma Vara de Família 
e o tipo de atendimento que realiza à população. É importante 
ressaltar para o aluno a subjetividade das questões tratadas, que 
influenciarão diretamente na necessidade do trabalho realizado pelo 
psicólogo, em alguns processos.  
O professor definirá algumas situações atendidas pelo psicólogo em 
Varas de Família, especialmente: guarda ( incluindo guarda 
compartilhada) e síndrome de alienação parental. É importante definir 
os tipos de guarda e enfatizar os benefícios da guarda compartilhada 
para o desenvolvimento dos filhos. A síndrome de alienação parental 
deverá ser demonstrada para o aluno através de teoria e exemplos, 
além da exibição de um vídeo sobre o tema. 
  
NOME DA DISCIPLINA:  PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO 
                    
CÓDIGO: CCJ0004 
TÍTULO DA ATIVIDADE  
Psicologia aplicada ao Direito de Família 
OBJETIVO: 
  
Compreender as limitações da Justiça e reconhecer o trabalho do psicólogo no Judiciário 
COMPETÊNCIAS/HABILIDADES:  
Estabelecer diferenças entre os diferentes trabalhos do psicólogo em Varas de Família 
DESENVOLVIMENTO: 
Leitura e resenha do texto: 
Psicologia Aplicada ao Direito de Família 
  
Jones Figueirêdo Alves 
Desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambuco, assessor jurídico da Comissão Especial de Reforma do 
Código Civil. 
O Direito de Família, com o advento da Constituição Federal de 1988, adquiriu, pela sua própria constitucionalização 
e ante a sua maior abrangência, abrigando novas entidades familiares, maiores atenções e exigências de uma 
abordagem multidisciplinar. 
Os novos direitos de família estão a exigir, em benefício de suas próprias noções fundamentais e do efetivo 
exercício que eles reclamam, a atuação interprofissional daqueles que direta ou indiretamente participam das 
questões familiares, de forma preponderante no âmbito judicial. 
Posta assim a imperatividade de uma abordagem multidisciplinar no moderno Direito de Família, reconhecida a suacomplexidade no trato de temas conflituosos e a interdisciplinariedade dos ramos de ciência para o estudo e 
solução dos casos, postos ao julgamento judicial, emerge, em primeiro lugar, por convocação urgente e pioneira, a 
figura do psicólogo clínico-jurídico ou psicólogo jurídico. 
Não há como negar a extrema importância do auxílio e da intervenção desse profissional, a consolidar, na maioria 
das vezes, o caráter de obrigatoriedade no Juízo de Família, a que tanto  essa atuação tem sido institucionalizada na 
estrutura judiciária, mediante a instalação de serviços psicossociais forenses, como serventias de quadros 
próprios, aparelhados para as suas atribuições específicas. 
Fundamenta-se essa intervenção na realidade psicossocial dos processos judiciais de família. 
A prática tem revelado o quanto significativo se apresenta o desfecho judicial sob a moldura da intervenção do 
psicólogo jurídico, que enriquece o processo com a avaliação técnica do caso. 
Esse contributo está a merecer, inclusive, a consolidação de uma base de dados, banco de estudos de casos, onde 
depositados fiquem os laudos periciais e as avaliações clínicas dos personagens em conflito ou das crianças, 
terceiros diretamente interessados. 
O âmbito de intervenção da psicologia jurídica, em face do direito de família, tem sido reconhecido, proclamado e 
expandido, eis que predominante o caráter multidisciplinar das demandas perante o juízo de família, não mais 
restringida a atuação do psicólogo apenas às situações de disputa de posse, guarda e visitação de filhos. 
O entrelace de questões jurídicas e psicológicas, solicita a intervenção especializada, a fornecer instrumentos de 
avaliação de pesquisa do caso, para a melhor solução do litígio, em todos os processos judiciais atinentes às 
relações de família. 
A importância de uma equipe técnica profissional e interprofissional nas Varas de Família, diante da sua revelada 
magnitude, reclama, destarte, tratamento próprio e adequado em termos da estrutura de serviços judiciários, não 
devendo, ademais, descuidar a lei a respeito, que deve cogitar da necessária intervenção dos profissionais da área 
psicossocial em tais processos. 
É certo, como antes afirmado, que a intervenção do psicólogo jurídico não mais se limita ao subsídio de 
informações que timbram aparelhar as definições finais de guarda de filhos. Amplo espaço de atuação apresenta-
se, a demonstrar as intervenções imperativas, em todos as demandas relacionadas ao Direito de Família. 
É significativo, apontar, portanto, no propósito desse trabalho, dentre muitas questões, as seguintes: 
  
01. A busca e apreensão de filhos tem a sua aplicação como procedimento inerente aos incidentes dos institutos da 
guarda judicial ou da visitação, e resulta como medida de tutela de urgência diante das circunstâncias do caso 
concreto, sem que, necessariamente, diga respeito às hipóteses em que a criança buscada esteja em situação de 
risco (físico ou psicológico). 
  
O cumprimento da medida tem se verificado, comumente, quando o filho menor se acha em disputa de posse ou de 
guarda pelos pais em conflito conjugal ou convivencial, não se levando em conta, todavia, as repercussões 
negativas que o procedimento venha a produzir, originado que se apresente por razões ditadas e unicamente 
vinculadas aos interesses mútuos de retaliação entre os pais em desavença. 
  
Empregada "sem maiores considerações pelas consequências de sua aplicação sobre o psiquismo infantil", 
lembra, a propósito, Maria Antonieta Pisano Motta, que a busca e apreensão do filho, sem justificativa razoável, 
submete a criança a um risco psicológico sério por se constituir, muitas vezes, em medida violenta, sempre 
agressiva em sua execução, porquanto gerada em situação de violência e desentendimentos dos pais. 
  
Adverte a psicóloga e psicanalista, ex-presidente do Instituto Brasileiro de Estudos Interdisciplinares de Direito de 
Família, "dependendo do que a motiva e da maneira como é conduzida a medida", poder constituir -se a busca num 
abuso contra a criança, "quer seja com o significado de mau uso, utilização excessiva ou transgressão que violenta 
e traumatiza". Acolhe Maria Antonieta, nessa linha, o exemplo da medida de busca e apreensão, fundada na 
finalidade de obtenção da guarda, "estratégia destinada a atender às necessidades de genitor que não tem 
segurança quanto aos resultados de uma ação ordinária de modificação de guarda e que se utiliza desse meio para 
forçar o resultado desejado". 
  
Evidencia-se nesse tipo de disputa de posse e guarda o manifesto risco de dano psicológico à criança, a 
demonstrar uma severa necessidade, em casos judiciais que tais, da intervenção do psicólogo jurídico, tudo a 
confirmar a conveniência da medida, diante da própria natureza instrumental ou provisória de que pode se revestir, 
impedindo, com efeito, a abusividade ou a agressividade de sua aplicação. 
  
02. Novas concepções para a abrangência das indenizações por dano moral, causado por uma conduta lesiva de 
um cônjuge (ou convivente) ao outro, levantadas pela doutrina e pela jurisprudência, reclamam a intervenção do 
psicólogo, na compreensão e detecção do problema. 
  
A abrangência e extensão do dano moral puro, consagrado em pergaminho constitucional (art. 5º, incisos V e X), 
embora ainda limitadas em sede do direito de família, podem ser alcançadas na consideração do ato lesivo 
diretamente associado às consequências do sofrimento psicológico dele resultante, instigando o psicólogo jurídico 
a definir, pelas particularidades da causa, o elmo protetor do instituto. 
  
"O dano moral pressupõe dor física ou moral, e se configura sempre que alguém aflige outrem injustamente, sem 
com isso causar prejuízo patrimonial..." ( RT 683/79) 
Exemplos fundamentais dizem respeito ao dano moral provocado por injúrias, sevícias e agressões físicas 
praticadas pelo cônjuge ou convivente contra o outro, caracterizadoras da insuportabilidade da vida em comum, ou 
ainda pela infidelidade, quando a quebra desse dever pode gerar o dever de indenizar, observadas as 
circunstâncias do caso. Nessa última hipótese, tenha -se presente, o entendimento de o dever de "fidelidade 
recíproca" para os cônjuges guardar similitude ao dever "respeito e consideração mútuos" exigido aos conviventes. 
  
A possibilidade de indenização entre os cônjuges por dano moral, em face de ofensas capazes de afetação aos 
direitos de personalidade do outro, ou mais precisamente por dano à honra, decorre da teoria da responsabilidade 
civil em direito de família defendida em nosso país, com maestria, pela jurista Regina Beatriz Tavares da Silva. Sua 
inovadora obra "Reparação Civil na Separação e no Divórcio" ( Editora Saraiva, 1999 ) demonstra a aplicabilidade 
dos preceitos da responsabilidade civil no casamento ( ou na própria união estável ) e em sua dissolução, "diante 
do princípio de que, havendo ação lesiva, praticada por um dos cônjuges (ou conviventes) contra o outro, com a 
ocorrência de danos morais ou materiais, surge o direito do ofendido à reparação, tal como ocorre nas demais 
relações familiares. 
No mesmo sentir, admitindo a ideia da responsabilidade conjugal (ou convivencial), comunguei pela desenvoltura 
de tal doutrina, acentuando, aliás, em divergência dos que tratam a responsabilidade civil como um dano 
meramente privado, enquanto a responsabilidade penal como um dano social, a repercussão social provocada 
pelos danos cometidos no âmbito das entidades familiares, pois, na verdade, os entrechoques de paixões, as 
vicissitudes dos casais que chegam ao extremo da violência, representam um incentivo à ideia de impunidade às 
transgressões conjugais, mormente quando diante da hiposuficiência da mulher frente ao marido ou companheiro 
não são respondidas, seja pela reparação civil, seja pela penal e, nessa consequência, configurados resultam os 
danos sociais a saber rompida a pacificação social a partir da família ("ResponsabilidadeCivil no Direito de 
Família", in "Responsabilidade Civil – Temas Atuais", - Anais do I Encontro Nacional de Responsabilidade Civil 
( Recife, PE ) - Escola de Advocacia do Recife, Ed. Bagaço, 2000, pg. 23/38). 
  
Assim, quando o casal tem o tecido afetivo rompido por razões inúmeras, subjetivas, a verdade do litígio judicial não 
tem, a rigor, uma precisão absoluta. Existem versões que se tornam aversões, porque o fato determinante dessa 
ruptura está em função das versões que se apresentam, e, muitas vezes, não se poderá saber se aquela causa que 
é apresentada como a que provocou a separação será, a rigor, a sua própria consequência. E nessa sensação de 
perda, os próprios cônjuges (ou conviventes) não sabem responder as causas que os levaram a esse rompimento 
da sociedade conjugal (ou da união estável). Talvez os filhos saibam responder melhor, mas não o farão, porque as 
grandes dores são mudas, e o juiz se coloca numa situação difícil de saber superar essa perplexidade, para definir 
se aquela ruptura do casamento (ou da união estável) decorreu de situações pelas quais os próprios cônjuges (ou 
conviventes) não contribuíram de forma deliberada. 
  
É esse cenário de perdas e culpas, de danos e responsabilidades indigitadas, o território de investigação do 
psicólogo jurídico, quando se busca restabelecer o reequilíbrio moral e emocional dos contendores, ou mais 
objetivamente precisar o direito do ofendido para uma restituição integral do dano perpetrado, segundo o princípio 
da reparação plena ("restitutio in integrum"), com o estabelecimento dos reflexos danos cometidos pelo ato ilícito na 
relação conjugal ou de união estável. 
  
Diversas questões podem ser tratadas na avaliação do conflito, defrontada a realidade da ruptura da união com as 
suas consequências, vingando o exemplo das perdas, como a de frustração de êxito profissional, quando a mulher 
abandona o trabalho e a carreira em favor da sociedade conjugal ou da convivência duradoura, no pressuposto 
dessa durabilidade marcada por garantias determinantes de definitividade da afeição marital, gerando, inclusive, 
danos psicológicos. 
  
De outra banda, tem-se a figura do cônjuge manipulador, sempre expedito a promover assédio moral, ao extremo de 
provocar completa submissão do outro cônjuge, anulando ou bloqueando reações afirmativas de individualidade, e 
comprometendo, destarte, a própria qualidade de sobrevivência do outro, no "período pós -separação". As sequelas 
dessa dependência, a influência negativa de tal comportamento na realidade vivencial do outro, são passíveis de 
configuração de ato ilícito, exortando o necessário emprego da psicologia jurídica em abordagem do problema para 
o desate da lide indenizatória em casos da espécie. 
  
Também é certo, ainda em direito de família, a responsabilização civil entre pais e filhos, quando aspectos 
singulares norteiam a relevância do tema nas relações familiares. O abandono material dos pais em face dos filhos, 
a partir da clássica falta de provimento alimentar, ausente justo impedimento, ou a atitude do pai que se recusa ao 
reconhecimento voluntário do filho, quer por deliberada omissão, quer por resistência ao processo investigatório da 
paternidade, constituem, induvidosamente, situações que desafiam uma aferição de dano moral, provocando o 
contributo do psicólogo jurídico. 
  
Rolf Madaleno, abordando o tema, bem situa a questão : 
"A indenização civil admitida como passível de reparação pelo gravame moral impingido ao investigante haverá de 
decorrer daquela atitude claramente postergatória do reconhecimento parental, onde o investigado se vale de todos 
os subterfúgios processuais para dissimular a verdade biológica, fugando -se com esparramadas desculpas ao 
exame pericial genético, ou mesmo, esquivando-se da perícia, com notórios sintomas de indisfarçável rejeição ao 
vínculo de parentesco com o filho, do qual tem sobradas razões para haver como seu descendente.”  ("Direito de 
Família – Aspectos Polêmicos", Livraria do Advogado Editora, 1998, p. 145) 
  
E, acrescenta, percuciente : 
"Como ascendente sujeito ao reparo moral, situa -se também aquele que, mesmo depois de apresentado laudo 
judicial e científico, de incontestável paternidade, ainda assim, prossegue negando guarida ao espírito humano de 
seu filho investigante, que busca, agudamente, o direito da declaração de sua paternidade, mas que segue seu 
genitor a privá-lo da identidade familiar, tão essencial e, condição de seu crescimento e desenvolvimento psíquico, 
estes, isentos de sobressaltos e fissuras na hígida personalidade psicológica." 
  
É justamente o comprometimento da personalidade do ofendido incapaz, visualizado pelo ato ilícito da falta de 
reconhecimento da paternidade, quando afastada qualquer dúvida, ou quando do próprio desinteresse manifesto de 
afastá-la, que gera o dano moral, ao ter negado ao filho o direito à sua verdade biológica, que serve de interesse 
maior à formação da personalidade. Haverá de ser visto pelo psicológico jurídico "o ânimo e a potencialidade de 
agressão do ofensor", e a extensão do dano sofrido, inclusive para efeito de sua quantificação econômica, 
independentemente dos níveis de percepção da ofensa pelo incapaz, certo que o interesse dominante é o do 
resguardo da integridade moral da criança, tutelado por lei e pela dignidade humana. 
  
Desse modo, as indicadas situações danosas para a incidência indenizatória em direito de família, estão a exigir, 
cada vez mais, o trabalho da psicologia jurídica, principalmente para estabelecer a identificação da causa 
determinante ensejadora da reparação civil, definindo a etiologia do evento, com a fixação da relação de 
causalidade. 
  
03. Outra prática de intervenção tem, por certo, reconhecer um novo modelo de responsabilidade parental que se 
apresenta no instituto da guarda compartilhada. 
  
Ele é defendido por atualizados estudiosos do Direito de Família, atentos à valorização do efetivo convívio da criança 
com ambos os pais, assim verificado pelo exercício comum da autoridade do poder familiar, praticada esta de forma 
costumeira e não apenas episódica. 
  
O precursor do instituto, Sérgio Gischkow Pereira (hoje Desembargador do Tribunal de Justiça do Rio Grande do 
Sul), ao defender a guarda compartilhada em estudo publicado em 1986( "Revista Ajuris n º 36" ), não deixou de 
enfatizar o novo modelo sob o enfoque psicológico, e nesse passo, tem sido entendido que a mera regulamentação 
de visita obsta o fortalecimento das relações afetivas que devem existir entre pais e filhos (Revista Forense 228/95), 
uma vez que a sua restringência, em verdade, contribui para o desfazimento gradual das referidas relações, 
preponderando daí a conveniência do compartilhamento da guarda. 
  
Nessa perspectiva, é fácil constatar a importância do psicólogo jurídico, com intervenção capaz de realçar e 
privilegiar a oportunidade do instituto, pontificando que a convivência conjunta (e não alternada) com os pais faz -se 
oportuna sobre o integral desenvolvimento da criança. 
  
Estou certo que o alinhamento desse instituto no moderno Direito de família, sob a primazia do interesse do filho, 
dependerá, em muito, da contribuição a ser fornecida pela Psicologia Jurídica em observação das deficiências ou 
limitações que a guarda uniparental apresenta ao proveito de melhor formação de vida da criança. 
  
04. De igual importância tem lugar a intervenção profissional em apoio psicológico aos filhos de casais em 
processo de separação da sociedade conjugal ou da união estável. 
  
No desenrolar dessas demandas, os filhos são, induvidosamente, os mais vulneráveis e os que melhor precisam 
ser amparados, durante a litigiosidade judicial dos pais. 
  
Certo que são, em verdade, paradigmas essenciais das decisões judiciárias em matéria familiar, os seus 
interesses devem ser protegidos dentro do processo e fora dele. 
Segue-se, daí, a relevância do atendimento psicológico, como medidametajurídica do processo, na medida em que 
o litígio pendente produz, por certo, sérias lesões aos interesses dos filhos, espectadores desprotegidos das 
quizilas maternais/paternais. 
  
É ponderável registrar que a noção fundamental de "interesse da criança", constante do art. 3 º da Convenção 
Internacional dos Direitos da Criança, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (26.01.1990), é havida 
como consideração primordial em todas as decisões que lhe concerne, inclusive pelos tribunais, o que leva à 
inarredável conclusão da imperativa avaliação psicológica dos impactos que o processo litigioso de separação dos 
pais tem em face dos filhos, a tanto que se defende, ademais, a necessária ouvida destes últimos em tais 
processos que, reconhecidamente, lhe interessam. 
  
05. A averiguação oficiosa de paternidade prevista na Lei nº 8.560, de 29 de dezembro de 1992, sob procedimento 
plenamente cabível e oportuno nos Juizados Informais de Família, cujo modelo pioneiro teve criação e 
funcionamento no Poder Judiciário do Estado de Pernambuco ( Resolução nº 150/2001, do TJPE, de nossa 
iniciativa ), deve contar, para o êxito do reconhecimento espontâneo de filho, com a intervenção do psicólogo jurídico. 
  
Não é demais admitir que a atuação do psicólogo servirá para enaltecer a importância da manifestação espontânea 
do suposto pai, quando este, sem qualquer dúvida, vem a colocar-se consciente do papel afetivo que lhe cabe, e da 
significação de sua qualidade de pai, para efeito do relacionamento com o filho reconhecido. 
  
Não é, em casos que tais, como sucede, igualmente, nos processos de investigação judicial da paternidade, 
suficiente o reconhecimento espontâneo com a somente consequência dos efeitos da admissão da paternidade, 
qual seja a do lançamento do nome do genitor em registro de nascimento, assegurada a paternidade em indicação, 
averiguada ou investigada. É ditame lógico, próprio à dignidade da hipótese, que o reconhecimento do filho envolva 
o compromisso de assunção plena da paternidade, com a prática dos deveres materiais e afetivos inerentes à 
própria relação parental existente e admitida como tal. 
  
Nesse desiderato, a intervenção do psicólogo tem sua oportunidade marcante, no efeito de não apenas viabilizar, 
com maior facilitação, o reconhecimento espontâneo do filho, no procedimento da averiguação oficiosa da 
paternidade, ou mesmo em sede de ação judicial investigatória, mas de assegurar todas as condições do exercício 
de uma paternidade responsável, após o ato de reconhecimento, voluntário ou declarado judicialmente. 
  
Alinhadas essas intervenções, forçoso é reconhecer que uma moderna visão jurídico -social do Direito de Família, 
ante as suas multifacetadas questões, exige o prestigiamento do setor técnico, através de uma necessária atuação 
multidisciplinar, em que pontifica o psicólogo jurídico com a elaboração de perícias psicológicas. 
  
E mais do que isso, aponta -se para uma desenvoltura profissional transcendente ao próprio momento do litígio, 
certo que o concurso do psicólogo jurídico em área de mediação e de prevenção litigiosa revela -se, por identidade 
de razões, mais urgente e oportuno. 
Os profissionais da área psicossocial em Direito de Família estão oportunizando uma visão jurídica mais avançada 
e reconstrutiva do próprio Direito familiar, na medida em que desvendam a alma humana, objeto maior do desate 
jurisdicional. 
Em juízo de família, não se resolvem apenas os litígios; resolvem -se pessoas.  
  
Sobre o texto: 
Texto publicado na obra "Psicologia, Serviço Social e Direito: Uma Interface Produtiva", coord. por Helena Maria 
Ribeiro Fernandes, diretora do Centro de Apoio Psicossocial do Tribunal de Justiça de Pernambuco, Ed. 
Universitária – UFPE, Recife, 2002. 
Texto inserido no Jus Navigandi nº 55 (03.2002). 
Elaborado em 01.2002. 
Informações bibliográficas: 
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado 
em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: 
ALVES, Jones Figueirêdo. Psicologia aplicada ao Direito de Família . Jus Navigandi, Teresina, ano 6, n. 55, mar. 
2002. Disponível em Texto : 
A Psicologia aplicada ao Direito de Família – Disponível em : http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2740 
 Acesso em: 16 jun. 2009. 
  
PRODUTO/RESULTADO: 
Resenha e debate do texto 
Estácio de Sá Página 2 / 7
Título 
Psicologia Aplicada ao Direito 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
10 
Tema 
As Práticas Psicológicas e suas Aplicações no Contexto Jurídico. Área Cível: Família 
Objetivos 
Estrutura do Conteúdo 
Aplicação Prática Teórica 
1. No contexto da atuação do psicólogo junto às varas de família, considere as afirmações abaixo. 
  
I. O laudo pericial decorrente de um psicodiagnóstico visa fornecer subsídios para que o juiz enuncie uma sentença; 
II. O laudo pericial pode ser elaborado a partir de quaisquer técnicas da Psicologia; 
III. O papel do psicólogo-perito na vara de família pode ser, também, o de um "mediador", transformando a perícia numa relação de ajuda às famílias. 
  
É CORRETO o que se afirma em: 
(a) I,IIe III; 
(b)Ie II, apenas; 
(c)Ie III, apenas; 
(d)IIe III, apenas; 
(e)III, apenas. 
(PROVÃO 2002) 
2. Situação: casal recém-divorciado não consegue entrar em acordo com relação à guarda dos filhos, um menino de 5 anos e uma menina de 3 anos. A mãe quer permanecer com os dois 
filhos com visitas e fins de semana alternados com o pai, mas este quer a guarda das crianças, com o mesmo sistema de visitas e fins de semana alternados, pois julga a mãe negligente com 
relação às crianças. Esta acredita que isto se deva ao ressentimento dele por ela ter solicitado a separação. Várias conversas foram tentadas e não foi possível chegar a um acordo. O juiz 
solicita a intervenção de um psicólogo. O psicodiagnóstico que incluísse entrevistas e métodos projetivos poderia ser mais útil, neste caso, para: 
  
(a) traçar um perfil de personalidade da mãe das crianças que permitisse confirmar ou descartar sua negligência; 
(b) avaliar a capacidade dos pais de lidar com fatores de sobrecarga emocional; 
(c) traçar um perfil de personalidade do pai mostrando a possibilidade ou o impedimento para cuidar de crianças; 
(d) definir presença de transtornos depressivos, associados aos comportamentos descritos; 
(e) relacionar a influência de distúrbios do pensamento sobre a percepção da realidade. 
(ENADE 2006) 
  
3. Lídia Rosalina Folgueira Castro, em seu livro ?Disputa de guarda e visitas: no interesse dos pais ou dos filhos??, menciona o fato de que os estudos atuais sobre a problemática afetiva 
dos ex-casais em disputa atribuem-lhe como causa o ex-casal não ter conseguido elaborar a separação. Refutando esta ideia a partir do que encontrou nos casos que analisou, procurou 
compreender porque a ideia é tão generalizada. Acredita ser importante que se compreenda que a separação, embora seja um momento sempre muito difícil, não se dá da mesma forma e 
pelas mesmas razões para todos os indivíduos. Podemos ter algumas separações que trazem consequências desastrosas para o desenvolvimento das crianças. Descreva uma destas 
situações. 
(ADAPTAÇÃO ANALISTA JUDICIÁRIO-PSICÓLOGO-PE/2007) 
  
4. Tendo em vista pesquisas e debates atuais acerca da atuação do Psicólogo nas Varas de Família, principalmente no sentido de auxiliar na indicação de qual genitor deve, em caso de 
disputa entre os cônjuges, exercer o papel de guardião dos filhos, quais fatores o Psicólogo Jurídico deve tomar como base para sua análise? 
(ADAPTAÇÃO - SEAD/SEJUDH - PSICÓLOGO/2007) 
 
 ATIVIDADE EXTRACLASSE OBRIGATÓRIA 
 
Plano de Aula: Psicologia Aplicada ao Direito
PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO
Ao final da aula, o  aluno será capaz de:  
·   Reconhecer  o trabalho realizado pelo  psicólogo na área Cível, 
especificamente, nas Varas de Família; 
·   Explicar os tipos de processos que são atendidos na áreade família e a 
importância da presença do psicólogo na equipe técnica destas Varas; 
·   Definir algumas situações atendidas em Varas de família que requerem a 
atuação do psicólogo. 
O professor deverá apresentar ao aluno o que é uma Vara de Família 
e o tipo de atendimento que realiza à população. É importante 
ressaltar para o aluno a subjetividade das questões tratadas, que 
influenciarão diretamente na necessidade do trabalho realizado pelo 
psicólogo, em alguns processos.  
O professor definirá algumas situações atendidas pelo psicólogo em 
Varas de Família, especialmente: guarda ( incluindo guarda 
compartilhada) e síndrome de alienação parental. É importante definir 
os tipos de guarda e enfatizar os benefícios da guarda compartilhada 
para o desenvolvimento dos filhos. A síndrome de alienação parental 
deverá ser demonstrada para o aluno através de teoria e exemplos, 
além da exibição de um vídeo sobre o tema. 
  
NOME DA DISCIPLINA:  PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO 
                    
CÓDIGO: CCJ0004 
TÍTULO DA ATIVIDADE  
Psicologia aplicada ao Direito de Família 
OBJETIVO: 
  
Compreender as limitações da Justiça e reconhecer o trabalho do psicólogo no Judiciário 
COMPETÊNCIAS/HABILIDADES:  
Estabelecer diferenças entre os diferentes trabalhos do psicólogo em Varas de Família 
DESENVOLVIMENTO: 
Leitura e resenha do texto: 
Psicologia Aplicada ao Direito de Família 
  
Jones Figueirêdo Alves 
Desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambuco, assessor jurídico da Comissão Especial de Reforma do 
Código Civil. 
O Direito de Família, com o advento da Constituição Federal de 1988, adquiriu, pela sua própria constitucionalização 
e ante a sua maior abrangência, abrigando novas entidades familiares, maiores atenções e exigências de uma 
abordagem multidisciplinar. 
Os novos direitos de família estão a exigir, em benefício de suas próprias noções fundamentais e do efetivo 
exercício que eles reclamam, a atuação interprofissional daqueles que direta ou indiretamente participam das 
questões familiares, de forma preponderante no âmbito judicial. 
Posta assim a imperatividade de uma abordagem multidisciplinar no moderno Direito de Família, reconhecida a sua 
complexidade no trato de temas conflituosos e a interdisciplinariedade dos ramos de ciência para o estudo e 
solução dos casos, postos ao julgamento judicial, emerge, em primeiro lugar, por convocação urgente e pioneira, a 
figura do psicólogo clínico-jurídico ou psicólogo jurídico. 
Não há como negar a extrema importância do auxílio e da intervenção desse profissional, a consolidar, na maioria 
das vezes, o caráter de obrigatoriedade no Juízo de Família, a que tanto  essa atuação tem sido institucionalizada na 
estrutura judiciária, mediante a instalação de serviços psicossociais forenses, como serventias de quadros 
próprios, aparelhados para as suas atribuições específicas. 
Fundamenta-se essa intervenção na realidade psicossocial dos processos judiciais de família. 
A prática tem revelado o quanto significativo se apresenta o desfecho judicial sob a moldura da intervenção do 
psicólogo jurídico, que enriquece o processo com a avaliação técnica do caso. 
Esse contributo está a merecer, inclusive, a consolidação de uma base de dados, banco de estudos de casos, onde 
depositados fiquem os laudos periciais e as avaliações clínicas dos personagens em conflito ou das crianças, 
terceiros diretamente interessados. 
O âmbito de intervenção da psicologia jurídica, em face do direito de família, tem sido reconhecido, proclamado e 
expandido, eis que predominante o caráter multidisciplinar das demandas perante o juízo de família, não mais 
restringida a atuação do psicólogo apenas às situações de disputa de posse, guarda e visitação de filhos. 
O entrelace de questões jurídicas e psicológicas, solicita a intervenção especializada, a fornecer instrumentos de 
avaliação de pesquisa do caso, para a melhor solução do litígio, em todos os processos judiciais atinentes às 
relações de família. 
A importância de uma equipe técnica profissional e interprofissional nas Varas de Família, diante da sua revelada 
magnitude, reclama, destarte, tratamento próprio e adequado em termos da estrutura de serviços judiciários, não 
devendo, ademais, descuidar a lei a respeito, que deve cogitar da necessária intervenção dos profissionais da área 
psicossocial em tais processos. 
É certo, como antes afirmado, que a intervenção do psicólogo jurídico não mais se limita ao subsídio de 
informações que timbram aparelhar as definições finais de guarda de filhos. Amplo espaço de atuação apresenta-
se, a demonstrar as intervenções imperativas, em todos as demandas relacionadas ao Direito de Família. 
É significativo, apontar, portanto, no propósito desse trabalho, dentre muitas questões, as seguintes: 
  
01. A busca e apreensão de filhos tem a sua aplicação como procedimento inerente aos incidentes dos institutos da 
guarda judicial ou da visitação, e resulta como medida de tutela de urgência diante das circunstâncias do caso 
concreto, sem que, necessariamente, diga respeito às hipóteses em que a criança buscada esteja em situação de 
risco (físico ou psicológico). 
  
O cumprimento da medida tem se verificado, comumente, quando o filho menor se acha em disputa de posse ou de 
guarda pelos pais em conflito conjugal ou convivencial, não se levando em conta, todavia, as repercussões 
negativas que o procedimento venha a produzir, originado que se apresente por razões ditadas e unicamente 
vinculadas aos interesses mútuos de retaliação entre os pais em desavença. 
  
Empregada "sem maiores considerações pelas consequências de sua aplicação sobre o psiquismo infantil", 
lembra, a propósito, Maria Antonieta Pisano Motta, que a busca e apreensão do filho, sem justificativa razoável, 
submete a criança a um risco psicológico sério por se constituir, muitas vezes, em medida violenta, sempre 
agressiva em sua execução, porquanto gerada em situação de violência e desentendimentos dos pais. 
  
Adverte a psicóloga e psicanalista, ex-presidente do Instituto Brasileiro de Estudos Interdisciplinares de Direito de 
Família, "dependendo do que a motiva e da maneira como é conduzida a medida", poder constituir -se a busca num 
abuso contra a criança, "quer seja com o significado de mau uso, utilização excessiva ou transgressão que violenta 
e traumatiza". Acolhe Maria Antonieta, nessa linha, o exemplo da medida de busca e apreensão, fundada na 
finalidade de obtenção da guarda, "estratégia destinada a atender às necessidades de genitor que não tem 
segurança quanto aos resultados de uma ação ordinária de modificação de guarda e que se utiliza desse meio para 
forçar o resultado desejado". 
  
Evidencia-se nesse tipo de disputa de posse e guarda o manifesto risco de dano psicológico à criança, a 
demonstrar uma severa necessidade, em casos judiciais que tais, da intervenção do psicólogo jurídico, tudo a 
confirmar a conveniência da medida, diante da própria natureza instrumental ou provisória de que pode se revestir, 
impedindo, com efeito, a abusividade ou a agressividade de sua aplicação. 
  
02. Novas concepções para a abrangência das indenizações por dano moral, causado por uma conduta lesiva de 
um cônjuge (ou convivente) ao outro, levantadas pela doutrina e pela jurisprudência, reclamam a intervenção do 
psicólogo, na compreensão e detecção do problema. 
  
A abrangência e extensão do dano moral puro, consagrado em pergaminho constitucional (art. 5º, incisos V e X), 
embora ainda limitadas em sede do direito de família, podem ser alcançadas na consideração do ato lesivo 
diretamente associado às consequências do sofrimento psicológico dele resultante, instigando o psicólogo jurídico 
a definir, pelas particularidades da causa, o elmo protetor do instituto. 
  
"O dano moral pressupõe dor física ou moral, e se configura sempre que alguém aflige outrem injustamente, sem 
com isso causar prejuízo patrimonial..."( RT 683/79) 
Exemplos fundamentais dizem respeito ao dano moral provocado por injúrias, sevícias e agressões físicas 
praticadas pelo cônjuge ou convivente contra o outro, caracterizadoras da insuportabilidade da vida em comum, ou 
ainda pela infidelidade, quando a quebra desse dever pode gerar o dever de indenizar, observadas as 
circunstâncias do caso. Nessa última hipótese, tenha -se presente, o entendimento de o dever de "fidelidade 
recíproca" para os cônjuges guardar similitude ao dever "respeito e consideração mútuos" exigido aos conviventes. 
  
A possibilidade de indenização entre os cônjuges por dano moral, em face de ofensas capazes de afetação aos 
direitos de personalidade do outro, ou mais precisamente por dano à honra, decorre da teoria da responsabilidade 
civil em direito de família defendida em nosso país, com maestria, pela jurista Regina Beatriz Tavares da Silva. Sua 
inovadora obra "Reparação Civil na Separação e no Divórcio" ( Editora Saraiva, 1999 ) demonstra a aplicabilidade 
dos preceitos da responsabilidade civil no casamento ( ou na própria união estável ) e em sua dissolução, "diante 
do princípio de que, havendo ação lesiva, praticada por um dos cônjuges (ou conviventes) contra o outro, com a 
ocorrência de danos morais ou materiais, surge o direito do ofendido à reparação, tal como ocorre nas demais 
relações familiares. 
No mesmo sentir, admitindo a ideia da responsabilidade conjugal (ou convivencial), comunguei pela desenvoltura 
de tal doutrina, acentuando, aliás, em divergência dos que tratam a responsabilidade civil como um dano 
meramente privado, enquanto a responsabilidade penal como um dano social, a repercussão social provocada 
pelos danos cometidos no âmbito das entidades familiares, pois, na verdade, os entrechoques de paixões, as 
vicissitudes dos casais que chegam ao extremo da violência, representam um incentivo à ideia de impunidade às 
transgressões conjugais, mormente quando diante da hiposuficiência da mulher frente ao marido ou companheiro 
não são respondidas, seja pela reparação civil, seja pela penal e, nessa consequência, configurados resultam os 
danos sociais a saber rompida a pacificação social a partir da família ("Responsabilidade Civil no Direito de 
Família", in "Responsabilidade Civil – Temas Atuais", - Anais do I Encontro Nacional de Responsabilidade Civil 
( Recife, PE ) - Escola de Advocacia do Recife, Ed. Bagaço, 2000, pg. 23/38). 
  
Assim, quando o casal tem o tecido afetivo rompido por razões inúmeras, subjetivas, a verdade do litígio judicial não 
tem, a rigor, uma precisão absoluta. Existem versões que se tornam aversões, porque o fato determinante dessa 
ruptura está em função das versões que se apresentam, e, muitas vezes, não se poderá saber se aquela causa que 
é apresentada como a que provocou a separação será, a rigor, a sua própria consequência. E nessa sensação de 
perda, os próprios cônjuges (ou conviventes) não sabem responder as causas que os levaram a esse rompimento 
da sociedade conjugal (ou da união estável). Talvez os filhos saibam responder melhor, mas não o farão, porque as 
grandes dores são mudas, e o juiz se coloca numa situação difícil de saber superar essa perplexidade, para definir 
se aquela ruptura do casamento (ou da união estável) decorreu de situações pelas quais os próprios cônjuges (ou 
conviventes) não contribuíram de forma deliberada. 
  
É esse cenário de perdas e culpas, de danos e responsabilidades indigitadas, o território de investigação do 
psicólogo jurídico, quando se busca restabelecer o reequilíbrio moral e emocional dos contendores, ou mais 
objetivamente precisar o direito do ofendido para uma restituição integral do dano perpetrado, segundo o princípio 
da reparação plena ("restitutio in integrum"), com o estabelecimento dos reflexos danos cometidos pelo ato ilícito na 
relação conjugal ou de união estável. 
  
Diversas questões podem ser tratadas na avaliação do conflito, defrontada a realidade da ruptura da união com as 
suas consequências, vingando o exemplo das perdas, como a de frustração de êxito profissional, quando a mulher 
abandona o trabalho e a carreira em favor da sociedade conjugal ou da convivência duradoura, no pressuposto 
dessa durabilidade marcada por garantias determinantes de definitividade da afeição marital, gerando, inclusive, 
danos psicológicos. 
  
De outra banda, tem-se a figura do cônjuge manipulador, sempre expedito a promover assédio moral, ao extremo de 
provocar completa submissão do outro cônjuge, anulando ou bloqueando reações afirmativas de individualidade, e 
comprometendo, destarte, a própria qualidade de sobrevivência do outro, no "período pós -separação". As sequelas 
dessa dependência, a influência negativa de tal comportamento na realidade vivencial do outro, são passíveis de 
configuração de ato ilícito, exortando o necessário emprego da psicologia jurídica em abordagem do problema para 
o desate da lide indenizatória em casos da espécie. 
  
Também é certo, ainda em direito de família, a responsabilização civil entre pais e filhos, quando aspectos 
singulares norteiam a relevância do tema nas relações familiares. O abandono material dos pais em face dos filhos, 
a partir da clássica falta de provimento alimentar, ausente justo impedimento, ou a atitude do pai que se recusa ao 
reconhecimento voluntário do filho, quer por deliberada omissão, quer por resistência ao processo investigatório da 
paternidade, constituem, induvidosamente, situações que desafiam uma aferição de dano moral, provocando o 
contributo do psicólogo jurídico. 
  
Rolf Madaleno, abordando o tema, bem situa a questão : 
"A indenização civil admitida como passível de reparação pelo gravame moral impingido ao investigante haverá de 
decorrer daquela atitude claramente postergatória do reconhecimento parental, onde o investigado se vale de todos 
os subterfúgios processuais para dissimular a verdade biológica, fugando -se com esparramadas desculpas ao 
exame pericial genético, ou mesmo, esquivando-se da perícia, com notórios sintomas de indisfarçável rejeição ao 
vínculo de parentesco com o filho, do qual tem sobradas razões para haver como seu descendente.”  ("Direito de 
Família – Aspectos Polêmicos", Livraria do Advogado Editora, 1998, p. 145) 
  
E, acrescenta, percuciente : 
"Como ascendente sujeito ao reparo moral, situa -se também aquele que, mesmo depois de apresentado laudo 
judicial e científico, de incontestável paternidade, ainda assim, prossegue negando guarida ao espírito humano de 
seu filho investigante, que busca, agudamente, o direito da declaração de sua paternidade, mas que segue seu 
genitor a privá-lo da identidade familiar, tão essencial e, condição de seu crescimento e desenvolvimento psíquico, 
estes, isentos de sobressaltos e fissuras na hígida personalidade psicológica." 
  
É justamente o comprometimento da personalidade do ofendido incapaz, visualizado pelo ato ilícito da falta de 
reconhecimento da paternidade, quando afastada qualquer dúvida, ou quando do próprio desinteresse manifesto de 
afastá-la, que gera o dano moral, ao ter negado ao filho o direito à sua verdade biológica, que serve de interesse 
maior à formação da personalidade. Haverá de ser visto pelo psicológico jurídico "o ânimo e a potencialidade de 
agressão do ofensor", e a extensão do dano sofrido, inclusive para efeito de sua quantificação econômica, 
independentemente dos níveis de percepção da ofensa pelo incapaz, certo que o interesse dominante é o do 
resguardo da integridade moral da criança, tutelado por lei e pela dignidade humana. 
  
Desse modo, as indicadas situações danosas para a incidência indenizatória em direito de família, estão a exigir, 
cada vez mais, o trabalho da psicologia jurídica, principalmente para estabelecer a identificação da causa 
determinante ensejadora da reparação civil, definindo a etiologia do evento, com a fixação da relação de 
causalidade. 
  
03. Outra prática de intervenção tem, por certo, reconhecerum novo modelo de responsabilidade parental que se 
apresenta no instituto da guarda compartilhada. 
  
Ele é defendido por atualizados estudiosos do Direito de Família, atentos à valorização do efetivo convívio da criança 
com ambos os pais, assim verificado pelo exercício comum da autoridade do poder familiar, praticada esta de forma 
costumeira e não apenas episódica. 
  
O precursor do instituto, Sérgio Gischkow Pereira (hoje Desembargador do Tribunal de Justiça do Rio Grande do 
Sul), ao defender a guarda compartilhada em estudo publicado em 1986( "Revista Ajuris n º 36" ), não deixou de 
enfatizar o novo modelo sob o enfoque psicológico, e nesse passo, tem sido entendido que a mera regulamentação 
de visita obsta o fortalecimento das relações afetivas que devem existir entre pais e filhos (Revista Forense 228/95), 
uma vez que a sua restringência, em verdade, contribui para o desfazimento gradual das referidas relações, 
preponderando daí a conveniência do compartilhamento da guarda. 
  
Nessa perspectiva, é fácil constatar a importância do psicólogo jurídico, com intervenção capaz de realçar e 
privilegiar a oportunidade do instituto, pontificando que a convivência conjunta (e não alternada) com os pais faz -se 
oportuna sobre o integral desenvolvimento da criança. 
  
Estou certo que o alinhamento desse instituto no moderno Direito de família, sob a primazia do interesse do filho, 
dependerá, em muito, da contribuição a ser fornecida pela Psicologia Jurídica em observação das deficiências ou 
limitações que a guarda uniparental apresenta ao proveito de melhor formação de vida da criança. 
  
04. De igual importância tem lugar a intervenção profissional em apoio psicológico aos filhos de casais em 
processo de separação da sociedade conjugal ou da união estável. 
  
No desenrolar dessas demandas, os filhos são, induvidosamente, os mais vulneráveis e os que melhor precisam 
ser amparados, durante a litigiosidade judicial dos pais. 
  
Certo que são, em verdade, paradigmas essenciais das decisões judiciárias em matéria familiar, os seus 
interesses devem ser protegidos dentro do processo e fora dele. 
Segue-se, daí, a relevância do atendimento psicológico, como medida metajurídica do processo, na medida em que 
o litígio pendente produz, por certo, sérias lesões aos interesses dos filhos, espectadores desprotegidos das 
quizilas maternais/paternais. 
  
É ponderável registrar que a noção fundamental de "interesse da criança", constante do art. 3 º da Convenção 
Internacional dos Direitos da Criança, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (26.01.1990), é havida 
como consideração primordial em todas as decisões que lhe concerne, inclusive pelos tribunais, o que leva à 
inarredável conclusão da imperativa avaliação psicológica dos impactos que o processo litigioso de separação dos 
pais tem em face dos filhos, a tanto que se defende, ademais, a necessária ouvida destes últimos em tais 
processos que, reconhecidamente, lhe interessam. 
  
05. A averiguação oficiosa de paternidade prevista na Lei nº 8.560, de 29 de dezembro de 1992, sob procedimento 
plenamente cabível e oportuno nos Juizados Informais de Família, cujo modelo pioneiro teve criação e 
funcionamento no Poder Judiciário do Estado de Pernambuco ( Resolução nº 150/2001, do TJPE, de nossa 
iniciativa ), deve contar, para o êxito do reconhecimento espontâneo de filho, com a intervenção do psicólogo jurídico. 
  
Não é demais admitir que a atuação do psicólogo servirá para enaltecer a importância da manifestação espontânea 
do suposto pai, quando este, sem qualquer dúvida, vem a colocar-se consciente do papel afetivo que lhe cabe, e da 
significação de sua qualidade de pai, para efeito do relacionamento com o filho reconhecido. 
  
Não é, em casos que tais, como sucede, igualmente, nos processos de investigação judicial da paternidade, 
suficiente o reconhecimento espontâneo com a somente consequência dos efeitos da admissão da paternidade, 
qual seja a do lançamento do nome do genitor em registro de nascimento, assegurada a paternidade em indicação, 
averiguada ou investigada. É ditame lógico, próprio à dignidade da hipótese, que o reconhecimento do filho envolva 
o compromisso de assunção plena da paternidade, com a prática dos deveres materiais e afetivos inerentes à 
própria relação parental existente e admitida como tal. 
  
Nesse desiderato, a intervenção do psicólogo tem sua oportunidade marcante, no efeito de não apenas viabilizar, 
com maior facilitação, o reconhecimento espontâneo do filho, no procedimento da averiguação oficiosa da 
paternidade, ou mesmo em sede de ação judicial investigatória, mas de assegurar todas as condições do exercício 
de uma paternidade responsável, após o ato de reconhecimento, voluntário ou declarado judicialmente. 
  
Alinhadas essas intervenções, forçoso é reconhecer que uma moderna visão jurídico -social do Direito de Família, 
ante as suas multifacetadas questões, exige o prestigiamento do setor técnico, através de uma necessária atuação 
multidisciplinar, em que pontifica o psicólogo jurídico com a elaboração de perícias psicológicas. 
  
E mais do que isso, aponta -se para uma desenvoltura profissional transcendente ao próprio momento do litígio, 
certo que o concurso do psicólogo jurídico em área de mediação e de prevenção litigiosa revela -se, por identidade 
de razões, mais urgente e oportuno. 
Os profissionais da área psicossocial em Direito de Família estão oportunizando uma visão jurídica mais avançada 
e reconstrutiva do próprio Direito familiar, na medida em que desvendam a alma humana, objeto maior do desate 
jurisdicional. 
Em juízo de família, não se resolvem apenas os litígios; resolvem -se pessoas.  
  
Sobre o texto: 
Texto publicado na obra "Psicologia, Serviço Social e Direito: Uma Interface Produtiva", coord. por Helena Maria 
Ribeiro Fernandes, diretora do Centro de Apoio Psicossocial do Tribunal de Justiça de Pernambuco, Ed. 
Universitária – UFPE, Recife, 2002. 
Texto inserido no Jus Navigandi nº 55 (03.2002). 
Elaborado em 01.2002. 
Informações bibliográficas: 
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado 
em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: 
ALVES, Jones Figueirêdo. Psicologia aplicada ao Direito de Família . Jus Navigandi, Teresina, ano 6, n. 55, mar. 
2002. Disponível em Texto : 
A Psicologia aplicada ao Direito de Família – Disponível em : http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2740 
 Acesso em: 16 jun. 2009. 
  
PRODUTO/RESULTADO: 
Resenha e debate do texto 
Estácio de Sá Página 3 / 7
Título 
Psicologia Aplicada ao Direito 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
10 
Tema 
As Práticas Psicológicas e suas Aplicações no Contexto Jurídico. Área Cível: Família 
Objetivos 
Estrutura do Conteúdo 
Aplicação Prática Teórica 
1. No contexto da atuação do psicólogo junto às varas de família, considere as afirmações abaixo. 
  
I. O laudo pericial decorrente de um psicodiagnóstico visa fornecer subsídios para que o juiz enuncie uma sentença; 
II. O laudo pericial pode ser elaborado a partir de quaisquer técnicas da Psicologia; 
III. O papel do psicólogo-perito na vara de família pode ser, também, o de um "mediador", transformando a perícia numa relação de ajuda às famílias. 
  
É CORRETO o que se afirma em: 
(a) I,IIe III; 
(b)Ie II, apenas; 
(c)Ie III, apenas; 
(d)IIe III, apenas; 
(e)III, apenas. 
(PROVÃO 2002) 
2. Situação: casal recém-divorciado não consegue entrar em acordo com relação à guarda dos filhos, um menino de 5 anos e uma menina de 3 anos. A mãe quer permanecer com os dois 
filhos com visitas e fins de semana alternados com o pai, mas este quer a guarda das crianças, com o mesmo sistema de visitas e fins de semana alternados, pois julga a mãe negligente com 
relação às crianças. Esta acredita que isto se deva ao ressentimento dele por ela ter solicitado a separação. Várias

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