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12-1 RESPONSABILIDADE

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PREPARATÓRIO PARA OAB
Professora: Dra. Renata Aguiar
DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO
CAPÍTULO 12 AULA 1
RESPONSABILIDADE 
EXTRACONTRATUAL DO ESTADO
Coordenação: Dr. Carlos Toledo
01
Responsabilidade Extracontratual do Estado
"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A 
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).”
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O tema da responsabilidade extracontratual do Estado é um dos mais instigantes no Direito Administrativo e 
trata da responsabilidade da Administração Pública por atos que seus agentes causarem aos particulares.
No decorrer do tempo, houve várias teorias a respeito do assunto, a saber:
- Teoria da irresponsabilidade do Estado;
- Teoria da responsabilidade subjetiva do Estado;
- Teoria da responsabilidade objetiva do Estado.
A teoria da responsabilidade objetiva é a adotada no direito brasileiro, sendo que a Constituição Federal a 
agasalhou, no seu art. 37, § 6º.
Nos dizeres de Celso Antonio Bandeira de Mello, a responsabilidade objetiva "é a obrigação de indenizar 
que incumbe a alguém em razão de um procedimento lícito ou ilícito que produziu uma lesão na esfera 
juridicamente protegida de outrem." 
Assim, para que seja configurada, não se fala em dolo ou culpa, mas apenas em relação de causalidade 
entre o comportamento e o dano.
A partir do conceito formulado, bem como também da regra exposta no art. 37, § 6º, da CF, podemos extrair 
os seguintes traços da responsabilidade objetiva, como esclarece Maria Sylvia Zanella Di Pietro:
1) Para que haja a responsabilidade objetiva do Estado, deve estar envolvida pessoa jurídica de direito 
público ou de direito privado prestadora de serviços públicos. 
2) Essas entidades devem prestar serviços públicos. 
3) É necessário haver um dano a terceiro. 
4) O dano tem que ser causado por agente público. 
5) Que esse dano seja causado por agente, no exercício de suas funções. 
Aula 1
02
Há, contudo, causas que excluem ou que atenuam a responsabilidade. 
São elas: A Força Maior e a Culpa da Vítima.
Vale ressaltar que há de se fazer uma distinção no caso de Força Maior: se, aliado ao acontecimento 
imprevisto e inevitável, ocorrer omissão do Poder Público na realização de um serviço, aí sim poderemos 
estar diante da responsabilidade objetiva. 
E isso se justifica porque, se o Estado não agiu, não pode ser ele o autor do dano, como aponta Celso 
Antonio Bandeira de Mello, porque só caberia responsabilizá-lo à medida em que descumprisse dever legal 
que lhe impunha impedir o evento danoso.
No que se refere à reparação dos danos, pode ser feita através da via administrativa ou da via judicial. Será 
efetuada na via administrativa quando a Administração reconhecer desde logo a sua responsabilidade e 
concordar com o valor a ser pago a título de indenização. No entanto, não havendo essa composição, o 
lesado terá que se valer do Poder Judiciário para se ressarcir do prejuízo por ela suportado.
E contra quem o particular propõe a ação, isto é, quem vai figurar no pólo passivo? 
Em relação à outra excludente da responsabilidade, isto é, a Culpa da Vítima, há duas situações diferentes. A 
primeira é a que se refere à culpa exclusiva da vítima, e, portanto, não há que se falar em responsabilidade 
do Estado, ou seja, o Estado não responde pelo dano do particular.
Diferente é a situação em que se comprovasse que ambos, agente e particular, estivessem errados. Nessa 
segunda situação, há, claramente, responsabilidade tanto do agente quanto do particular. Por isso, a 
responsabilidade do Estado é atenuada, porque se reparte com a da vítima.
No tocante ao dano suportado pela vítima, pode ser causado através de ação ou de omissão do Estado. 
Nos primeiro caso, o Estado é quem gera o dano, é quem o produz. Aqui sem dúvida há de ser aplicada a 
responsabilidade objetiva. O Estado tem a força coativa, aquela que impõe aos administrados a 
observância de seus atos, independentemente de suas próprias vontades e, se vier a causar prejuízo a um ou 
a alguns dos membros da coletividade, não se pode aqui cogitar de dolo, culpa ou qualquer traço 
relacionado com a responsabilidade subjetiva.
O fundamento que se utiliza é o de que, pelo princípio da isonomia, se a coletividade, inserida juridicamente 
no Estado, tem seus proveitos advindos da atuação estatal, deverá também arcar com os ônus que atingiram 
alguns para o benefício de todos.
Por outro lado, no que se refere aos danos por omissão do Estado, tem-se, nessa hipótese, que o serviço não 
funcionou, funcionou mal ou tardiamente. Nesses casos, o Estado responde subjetivamente.
"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A 
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).”
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É o Estado, ou seja, é a pessoa jurídica causadora do dano, que há de ser demandada; este, por sua vez, terá 
depois direito de regresso contra o seu agente, se ficar comprovado o dolo ou a culpa deste. 
Portanto, em relação às leis inconstitucionais, há autores que defendem a tese da responsabilidade do Poder 
Legislativo, invocando o princípio do Estado de Direito, com o argumento de que toda a atividade estatal é 
submetida à atividade do Estado, ficando, portanto, abaixo deste.
Poderia o particular ingressar com ação perante o Estado e o particular ao mesmo tempo? Pelo que se 
verifica do teor do art. 37, § 6º, da Constituição Federal, não se pode afirmar que houve qualquer restrição 
quanto à possibilidade da vítima acionar quem lhe causou o dano. Antes de mais nada, esse artigo visa a 
proteger o próprio administrado, pois oferece-lhe um patrimônio solvente, que é o do Estado. Por isso tem-se 
entendido que o terceiro lesado pode propor ação de indenização contra o agente, contra o Estado, ou 
contra ambos, como responsáveis solidários, constituindo um litisconsórcio facultativo, nos casos de dolo ou 
culpa.
É cabível a denunciação da lide? A doutrina e a jurisprudência muito têm discutido sobre o assunto. No 
entanto, a posição majoritária é a de que não é cabível a denunciação da lide.
Finalmente, em matéria de responsabilidade do Estado, temos que mencionar aquela decorrente de atos 
legislativos e a advinda de atos jurisdicionais.
Será que o Poder Legislativo pode ser responsabilizado por editar normas inconstitucionais que venham a 
prejudicar a coletividade? 
Quanto à responsabilidade do Estado por atos emanados pelo Poder Legislativo, como bem esclarece Maria 
Sylvia Zanella Di Pietro, a regra que prevalece é a da irresponsabilidade, em razão de vários argumentos, 
mas sobretudo porque o Poder Legislativo, como atua no exercício da soberania, pode alterar, revogar, criar 
ou extinguir situações, dentro dos limites fixados pela Constituição Federal. Além disso, o Legislativo edita 
normas gerais e abstratas, que valem para toda a sociedade e, se estas leis trouxerem alguma lesão à 
coletividade, os ônus dela decorrentes são iguais para todos os que se encontram na mesma situação, 
respeitando o princípio da igualdade de todos frente aos ônus e encargos sociais. Finalmente, há ainda 
quem sustente que os cidadãos não podem responsabilizar o Estado por atos de parlamentares que eles 
próprios elegeram.
De qualquer modo, esses três argumentos são rebatidos pela autora, no sentido de que o Estado, 
representado pelo Poder Legislativo, tem a obrigação de editar normas constitucionais, justamente porque 
está submetidoà Constituição Federal, além do fato de que pode haver normas que não sejam de efeitos 
gerais e abstratos, de forma que deve o Poder Público responder por danos causados por leis que atinjam 
pessoas determinadas.
"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A 
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
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Ainda de acordo com o entendimento de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, no que se refere aos atos normativos 
editados pelo Poder Executivo, que são os regulamentos, as resoluções e as portarias, vale a mesma regra, 
quer dizer, se reconhecida a sua inconstitucionalidade ou mesmo a sua ilegalidade, poderá ensejar a 
responsabilidade do Estado, justamente porque o dano é causado por ato emitido contra a lei, o que é 
inadmissível, ainda mais levando-se em consideração que toda a atividade administrativa é infra-legal.
No que se tange aos atos praticados pelo Poder Judiciário no exercício de sua função típica a doutrina 
também diverge, entendendo, alguns, que seria possível falar-se em responsabilidade objetiva, e, outros, 
que não há essa hipótese.
 
Bibliografia
. Meirelles, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 22ª edição. Editora RT, São Paulo, 1997.
. Mello, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 17ª edição. São Paulo, Malheiros, 
2004.
. Pietro, Maria Sylvia Zanella di. Direito Administrativo. 18ª edição. São Paulo, Atlas, 2005.
"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A 
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