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Análise do filme O Corte

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Análise do Filme “O Corte” com base no texto “Abordagem histórica da reestruturação produtiva no Brasil” da autora Marilia Salles Falci Medeiros.
	O filme trata da história de Bruno, um funcionário de muitos anos de uma empresa, que perdeu seu emprego e passa a fazer parte do grande exército de reserva existente no momento de crise do capital. Após muita procura por emprego, Bruno perde a lucidez e em atos de desespero pela competição, passa a matar seus concorrentes.
	A perda do emprego de Bruno muda as relações afetivas e familiares na casa dele. A objetivação dessas mudanças ocorre quando sua mulher, devido ao afastamento do marido, passa a ter uma relação extraconjugal, e seu filho comete um furto. Além, das relações subjetivas que se alteram ao longo do filme.
	Apesar de toda a trama do filme, nesta análise será abordada a reestruturação produtiva e seus impactos na vida da personagem Bruno. Segundo o artigo, esta nova reestruturação produtiva tem como ideal o toyotismo, que “é um sistema de organização da produção e do trabalho criado pela Toyota. O toyotismo tem tido um impacto extraordinário, enquanto processo ágil e lucrativo de produção de mercadorias.” (ANTUNES, 1995, p.27 apud MEDEIROS, 2009, p.63). 
	O principal intento e diferencial deste sistema é “promover a direção moral-intelectual do capital na produção, articulando o consentimento operário e o controle do trabalho, capaz de realizar a subjetividade operária à lógica do capital” (ALVES, 2000, p.159 apud MEDEIROS, 2009, p.67).
	Dentro desta perspectiva, exige-se um profissional multifuncional e que esteja em consonância com as novas tecnologias. Essa exigência permite a empresa contratar menos pessoas, já que apenas um funcionário é capaz de realizar diversas atividades. Além disso, o manuseio de novas tecnologias remete a uma questão temporal, já que a possibilidade de conhecimento dessas tecnologias é maior dentre os funcionários mais jovens. Essas questões aliadas à crise do capital fazem com que a procura por emprego feita por Bruno se torne mais difícil, pois já são dois anos de desemprego.
	Além disso, como demonstra nas diversas entrevistas de emprego que Bruno faz, há uma competição exacerbada entre os possíveis contratados. Isso é consequência da nova reestruturação produtiva que impõe nas relações pessoas, a competição. No caso de Bruno, a competição tomou níveis desregrados que culminou nos homicídios de diversos concorrentes.
	Pode-se perceber também no filme, como a identidade de Bruno estava ligada ao emprego. O indivíduo no mundo capitalista é aquele que possui emprego, o exército de reserva permanece à margem da sociedade e são mal vistos. Uma vez que perde o emprego, Bruno fica desorientado, sentimento natural após anos trabalhando no mesmo local, e se utiliza de todas as artimanhas para conseguir um emprego novamente. 
	Por fim, pode-se concluir como as nuances da sociedade capitalista interferem negativamente na vida das pessoas. Características como estas citadas, o espírito de competição, as exigências profissionais e a imposição da identidade ligada ao trabalho, afetam o indivíduo de forma que ele sinta que nunca será suficiente para o mundo do trabalho, e como contrapartida, no filme, Bruno afeta a sociedade, cometendo homicídios.

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