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Resumo A nova fábrica de consensos ensaios sobre a reestruturação empresarial, o trabalho e as demandas do serviço social

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MOTA, Ana Elisabte (Org.). A nova fábrica de consensos: ensaios sobre a reestruturação empresarial, o trabalho e as demandas do serviço social. 3.ed. São Paulo: Cortez. 2006.
	Com a finalidade de introduzir a temática abordada no livro, a Professora Titular da Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Nobuco Kameyama escreve as “Notas introdutórias para a discussão sobre a reestruturação produtiva e Serviço Social”. 
	Segundo a autora, o livro se concentra na temática “da reestruturação produtiva e suas inflexões no mundo do trabalho, que configuram os cenários de atuação do Serviço Social” (p.8). Esses estudos sobre a nova lógica que encontra-se nas empresas começa a surgir no Serviço Social a partir da década de 1990. Esses estudos que começam a surgir podem sinalizar mudanças ocorridas na produção de conhecimento do Serviço Social, que a partir de estudos de casos passam a apreender sobre a reestruturação produtiva na perspectiva da totalidade. 
	Nobuco aponta que, de fato, ocorreram mudanças significativas a partir da década de 1990, superando a fase de crise das duas décadas anteriores. Essas transformações impactaram profundamente a produção, sinalizando um novo paradigma denominado “globalização”. 
	Vários são os fatores que impulsionam estas mudanças e o novo paradigma, seja no campo das inovações tecnológicas, seja no campo das relações de produção e competição. Entretanto, o aspecto fundamental, segundo a autora, é “a revolução em curso na organização dos processos de trabalho, substituindo os processos de automação fragmentada [...] em direção a um processo que a força de trabalho interage de forma ativa com o sistema de automação flexível.” (p.9). 
	Neste sentido, os trabalhadores deverão ser mais especializados, mais capacitados para a polivalência e a multifuncionalidade. Além da gestão, que deverá ser compreender a estratégia da empresa e envolver os membros desta para o objetivo, ademais a diminuição das relações hierárquicas. Assim, é possível observar traços dessas mudanças sinalizando transformações nas estratégias e na cultura da empresa. 
	Dentro deste contexto, se torna um item essencial o convencimento e o consentimento dos trabalhadores, para que estes estejam envolvidos e participem da organização do trabalho. Assim, as empresas desenvolvem diversas estratégias para obter esse consentimento, utilizando sistemas de concessões.
	A autora utiliza Gramsci para apontar questões como a hegemonia, que para o autor italiano, “é uma sociedade capitalista na qual os capitalistas exploram com o consentimento dos explorados” (p.10). Segundo a autora, “a reprodução do consentimento requer que parte do lucro seja transformada ao logo do tempo em melhoria das condições materiais dos assalariados;” (p.10-11). Assim, em momentos de crise, onde os lucros não são repassados, os trabalhadores passam deixar de consentir. 
	Na luta dos trabalhadores dentro do neoliberalismo, os sindicatos, passam a interagir e negociar dentro dessa nova gestão, segundo Jácome Rodrigues, “os sindicatos têm mudado seu comportamento, de consentimento passivo para consentimento ativo ou ‘cooperação conflitiva’” (p.11). As comissões de fábrica também tem mostrado seu potencial na luta a favor de melhorias. Além destes, as câmaras setoriais se mostram ativas “na luta pela manutenção dos postos de trabalho, contra o desemprego, flexibilização da jornada de trabalho” (p.11). 
	Essas novas negociações podem ser associadas as novas formas de organização do trabalho, que podem acarretar no surgimento ou desaparecimento de funções, subempregos, desemprego e a clara precarização das relações de trabalho.
	No Brasil, segundo a autora, a ênfase tem-se dado nas questões organizacionais, assim é possível encontrar na empresa tanto velhas e como novas formas de utilizar a força de trabalho. Também ocorre o surgimento de novos fenômenos, como a emergência de uma nova “questão social”, que por possuir características distintas dentro de um mesmo processo de exclusão, não pode ser comparada com a anterior. 
	Todas essas questões afetam profundamente o exercício de trabalho do Assistente Social, tanto alterando suas demandas como sua própria condição de trabalhador assalariado. 
	A autora Nobuco aponta que o primeiro ensaio no livro é o de Ana Elisabete Mota juntamente com Angela Santana do Amaral, onde tem como hipótese a ideia de que as mudanças na reprodução do capital afetam as práticas de reprodução da força de trabalho, que por sua vez, impacta na experiência profissional do Assistente Social. 
	Assim, surgem desafios aos assistentes sociais que referem-se ao “mundo do trabalho”, refletindo em demandas e necessidades sociais. Segundo a autora, o entendimento sobre estas duas ideias é fundamentada de forma original em Karl Marx e A. Heller. Dessa forma, a tarefa central do Serviço Social é
a de identificar o conjunto das necessidades (políticas, sociais, materiais e culturais) do capital e do trabalho, que estão subjacentes ás exigências de refuncionalização dos procedimentos operacionais, determinando, também, um rearranjo de competências técnicas e políticas que, no contexto da divisão socio-técnica do trabalho, assumem estatuto de demandas à profissão. (p.13)
	Após, as autoras trazem a ideia de Dias para conceituarem o processo de reestruturação produtiva para apontarem as modificações ocorridas com a globalização.
	O ensaio seguinte é o de Graça Druck, intitulado “A cultura da qualidade dos anos 90: a flexibilização do trabalho na indústria petroquímica da Bahia”. Trata de questões como a gestão e a organização da força de trabalho, trazendo como exemplo as práticas japonesas à gestão de trabalho no Brasil. Essa incorporação, segundo Druck é dividida em três momentos distintos. 
	A autora problematiza a implantação do modelo japonês no Brasil, onde estudos podem ser divididos em duas linhas: a real implantação do modelo japonês no Brasil; e, a continuidade do modelo taylorista-fordista. A autora problematiza também em relação as diferenças culturais dos dois países citados, os programas de qualidade implantados, terceirização e flexibilização do trabalho.

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