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FISIOLOGIA DIGESTÓRIA LUIZA LOPES CARVALHO Mastigacao, Degluticao e Salivacao Mastigação: Esse processo reduz o alimento a partículas menores e o mistura com o muco secretado pelas glândulas salivares (início da hidrólise de carboidratos pela ação da amilase salivar), garantindo a consistência adequada para seu transporte pelo trato gastrointestinal. Além disso, vale ressaltar que a ação de trituração e mistura permite o contato do alimento com as papilas gustatórias que são quimiorreceptores (Amargo, Azedo, Salgado, Doce e o quinto sabor: associado ao glutamato monossódico), assim como os mecanorreceptores de tato e pressão. A presença do alimento na cavidade oral estimula quimio e mecanorreceptores, como mencionado anteriormente. Estes desencadeiam reflexos que são conduzidos ao SNC e que coordenam os Músculos Mastigatórios (M. Temporal, Articulação temporo- mandibular, Mm.pterigóideos e M. Masseter), tornando a mastigação um ato reflexo, entretanto, ainda pode ser voluntário – ato reflexo. Assim como desencadeiam secreções salivar, gástrica e pancreática. Regulação: A mastigação é um processo voluntário, mas envolve mecanismos reflexos determinados pelo sistema nervoso central. Neurônios superiores, inclusive o córtex cerebral, estimulam os ‘’centros’’ da mastigação, deglutição e salivação no tronco encefálico... Funções da mastigação e salivação: -Solubilização para o paladar apuração do sabor e tomada de decisão (deglutir ou não) -Limpeza da cavidade oral e ação antibacteriana (lisozima e imunoglobulinas) -Início da digestão de carboidratos (amido amilase salivar) e dos lipídios (lipase lingual) -Produção de estímulo intraluminal para o estômago -Neutralização do refluxo das secreções gástricas no esôfago -Crescimento da mucosa e proteção do restante do trato GI -Facilitação da fala Deglutição: Esse processo é simplesmente a passagem do bolo alimentar da boca para o estômago, através do esôfago. Trata-se de um ato parcialmente voluntário e parcialmente reflexo, que ocorre em frações de segundos. É dividido em fases: -FASE ORAL É voluntária e se inicia com a ingestão do alimento. O bolo alimentar é pressionado pela língua contra o palato duro e ele é propelido em direção à Orofaringe contra o palato mole. -FASE FARÍNGEA É totalmente reflexa/involuntária. O alimento força contra a orofaringe, a qual apresenta receptores táteis que disparam o reflexo de deglutição; Fechamento das pregas vocais e epiglote. Força a abertura do esfíncter esofágico superior. Respiração interrompida por alguns segundos para evitar a broncoaspiração do alimento e sua ida a traqueia. (O centro da deglutição inibe especificamente o centro respiratório da medula). Por fim, o alimento é propelido ao longo da faringe por ondas peristálticas iniciada nos Mm. Constritores superiores que se propaga para os médios e inferiores. -FASE ESOFÁGICA Continuidade da onda peristáltica que começa logo após a abertura do esfíncter esofágico superior. Simultaneamente ao relaxamento do Esfíncter esofágico inferior, a porção proximal do estômago (fundo) também relaxa, permitindo que o bolo alimentar adentre ao estômago. A regulação neural da deglutição é efetuada pelo centro de deglutição no tronco cerebral e depende da sua integridade do SNE do esôfago. OBS: A distensão da parede estimula o sistema nervoso entérico a provocar contração da parede de 2 a 3 cm atrás deste ponto, originando um anel contrátil que inicia um movimento peristáltico. A peristalse exige a presença de um Plexo Mioentérico ativo. FISIOLOGIA DIGESTÓRIA LUIZA LOPES CARVALHO OBS: Correlação clínica ACALASIA Comprometimento da motilidade esofágica por um prejuízo do plexo mioentérico – Aumento do tônus do Esfíncter esofágico inferior ou de falha no seu relaxamento. Um possível tratamento - Substâncias que sejam capazes de atuar diretamente nas células musculares lisas. Salivação: A saliva contém água, íons, muco e proteínas, como enzimas e imunoglobulinas. As glândulas salivares são glândulas exócrinas, com o epitélio secretor disposto em grupamentos de células chamados de Ácinos, o qual cada são circundados por Ductos. -Secreção serosa (glândulas parótidas, sublinguais, submandibulares): Alfa-amilase. -Secreção mucosa (glândulas submandibulares e sublinguais): Mucina Propriedade adesiva – Ajuda a transformar o alimento que foi triturado em uma massa uniforme. Evitar escoriações da parede do tubo digestório. OBS: Glândulas submandibulares e sublinguais = Glândulas mistas SECREÇÃO SALIVAR: -Inicialmente a saliva produzida pelas células acinares se assemelha ao líquido extracelular em sua composição iônica, ou seja, são considerados isotônicos. -Essa secreção primária é liberada para o lúmen do ducto secretor. Conforme este fluido passa através do ducto, as células epiteliais reabsorvem e eliminam íons Tornando a saliva Hipotônica (Na+ e Cl- < plasma; K+ saliva > plasma) em relação ao líquido extracelular e sendo direcionada a cavidade própria da boca. -Durante essas modificações na passagem pelos ductos ocorre: *Reabsorção de sódio e, consequentemente, reabsorção de íons cloreto - reabsorção passiva Primeiramente ocorre o influxo de sódio através de canais trocadores de Sódio-Hidrogênio. Após, para a reabsorção de íons sódio, há a ação da bomba de Na+/K+ localizada na membrana basolateral, o qual será encaminhado para o sangue. *Secreção de íons K+ Ocorre o influxo de potássio pela bomba de Na+/K+ localizada na membrana basolateral e, em seguida, esse potássio é secretado para o lúmen do ducto a partir da ação de canais trocadores de Hidrogênio-Potássio (Mas o K+ não é captado na mesma proporção de que o Na+ é absorvido, gerando um déficit de cargas positivas na membrana voltada para a luz). *Secreção de íon Bicarbonato Dentro da célula ocorre a reação: CO2 +H2O ⇌ H2CO3 ⇌ H+ + HCO3- O hidrogênio será tamponado pelo líquido intracelular e o Bicarbonato pode ser secretado na saliva. OBS: Saliva isotônica Velocidades de fluxos de salivas elevadas, podendo impedir o contato do íon com o seu transportador, ou seja, dificilmente o sódio será reabsorvido, assim como o cloreto, e menos bicarbonato será adicionado. OBS: pH da saliva varia de acordo com a atividade (repouso – levemente ácido; secreção ativa – alcalino). REGULAÇÃO NEURAL DA SECREÇÃO SALIVAR: -A salivação está sob controle autonômico e pode ser desencadeado por múltiplos estímulos, incluindo visão, cheiro, contato e até mesmo o pensamento no alimento. FISIOLOGIA DIGESTÓRIA LUIZA LOPES CARVALHO -Influência direta do Gânglio cervical superior (Simpático), Núcleos salivatórios, centro salivatório, Núcleo do trato solitário e Nervos facial e glossofaríngeo (Parassimpático). *Gânglio cervical superior Noradrenalina liberada por sua estimulação. Também estimula a secreção de amilase e mucina, a partir da atuação direta na célula acinar, porém menos abundante. Promove a constrição dos vasos sanguíneos (restringe a chegada de nutrientes nas glândulas salivares) e contração das células mioepiteliais ao redor dos ácinos. *Núcleo do trato solitário: Recebe inúmeras aferências da periferia, principalmente da cavidade oral quando o alimento chega à boca (ácido, azedo...), intensidade de saliva diferenciada. De acordo com a atividade do núcleo desse trato, o centro salivatóriovai entender que é necessário produzir uma secreção mais abundante ou menor volume, quem vai efetivar essa ação é o SN simpático ou parassimpático. *Nervo facial e nervo glossofaríngeo Saliva muito mais volumosa em comparação com a produzida sob influência do Simpático. Uma vez que, além de elevar a síntese e secreção de amilase salivar e mucina, promove também o aumento da eficiência do transporte de eletrólitos pelo ducto, eleva o fluxo sanguíneo para a região (promove dilatação dos vasos sanguíneos que levam sangue para as glândulas salivares). -Influência da Noradrenalina e Acetilcolina: *Receptor beta adrenérgico ao se ligar a Noradrenalina estimula a Proteína GS que ativa a Adenilil ciclase e produz AMPc, o qual estimula uma proteína cinase dependente de AMPc, permitindo a movimentação de vesículas contendo Amilase e Muco. *Receptor muscarínico ao se ligar a Acetilcolina estimula a Proteína GQ que ativa a fosfolipase C, que degrada fosfolipídios de membrana gerando IP3 + DAG. O IP3 libera cálcio presente no Retículo, aumentando sua concentração nas células acinares, o que promove a liberação de amilase e mucina, influenciando assim a movimentação de eletrólitos, fazendo com que haja a elevação da secreção de proteínas sob influência do SN Parassimpático e aumento do volume de líquido liberado.
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