Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
BIOQUÍMICA LUIZA LOPES CARVALHO Glicolise Na Glicólise, uma molécula de Glicose é degradada, no citosol, em uma série de reações catalisadas por enzimas para liberar duas moléculas do composto Piruvato, contendo cada uma delas três átomos de carbono. Durante as reações sequenciais (10 etapas) da Glicólise, parte da energia livre liberada da glicose é conservada na forma de ATP e NADH (carreadores ativados). Para cada molécula de Glicose que entra na via Glicolítica, duas moléculas de ATP são inicialmente consumidas para fornecer a energia necessária para preparar o açúcar a ser dividido- ‘’Fase de preparação’’- até a quinta etapa. Esse investimento de energia é mais do que recuperado nas etapas subsequentes da glicólise, quando quatro moléculas de ATP são produzidas. A energia é também capturada nesta ‘’Fase de pagamento’’- sexta à décima etapa - na forma de NADH (energia armazenada em elétrons). Transporte de glicose: A glicose entra na célula via GLUT's - Uma proteína de membrana que garante a difusão facilitada da Glicose. (A favor do gradiente - Transporte passivo). GLUT 2 Presente nas membranas de hepatócitos (remoção do excesso de glicose no sangue) e células beta do pâncreas (Regulação de insulina). GLUT 4 Presente nas membranas das vesículas secretoras, células musculares e adiposas. Insulinodependente. Etapas: Etapa 1A Glicose é fosforilada pelo ATP para formar um açúcar fosfatado- Glicose-6-fosfato. A carga negativa do fosfato impede a passagem do açúcar fosfatado através da membrana plasmática, prendendo a glicose dentro da célula. Esta reação, que é irreversível (Reação alostérica) sob as condições intracelulares, é catalisada pela Hexoquinase (Encontrada na maior parte dos tecidos) ou Glicocinase (Encontrada no fígado e nas células betas do pâncreas). A Hexoquinase apresenta alta afinidade (Baixo Km) pela glicose e baixa Vmáx e é inibida pela Glicose-6-fosfato. Etapa 2 A enzima Fosfoglicose Isomerase catalisa a isomerização reversível (não é uma reação alostérica) de uma aldose, a Glicose-6-fosfato, em uma cetose, a Frutose-6-fosfato (Move o oxigênio do carbono 1 para o carbono 2). Etapa 3 A Fosfofrutoquinase-1 (PFK-1) catalisa a transferência de um grupo fosfato do ATP para a Frutose- 6-fosfato para liberar Frutose-1,6-bifosfato. A atividade da PFK-1 é aumentada sempre que o suprimento de ATP da célula se torna baixo ou quando existe um excesso de produtos da hidrólise do ATP, ADP e AMP. Essa enzima é inibida sempre que a célula tem amplo suprimento de ATP e quando ela está bem suprida de outros combustíveis como os ácidos graxos. Etapa 4 A Frutose-1,6-bifosfato é clivada (catálise da Aldolase) para liberar duas trioses fosfato diferentes, o Gliceraldeído-3-fosfato, uma aldose, e a Diiddroxiacetona fosfato, uma cetose (Não é uma reação alostérica, mas é importante). Etapa 5 Apenas uma das trioses fosfato formada pela Aldolase – Gliceraldeído-3-fosfato – pode ser diretamente degradada nos passos subsequentes da Glicólise. Entretanto, o outro produto, a Diidroxiacetona fosfato, é rápida e reversivelmente convertido/isomerado em Gliceraldeído-3-fosfato pela quinta enzima da sequência glicolítica, a Triose Fosfato Isomerase. Essa reação finaliza a etapa preparatória da Glicólise. OBS: Lembre-se de que uma molécula de Glicose libera duas moléculas de Gliceraldeído-3-fosfato. Etapa 6 (Endergônica) O primeiro passo da Fase de Pagamento da Glicólise é a conversão do Gliceraldeído-3- fosfato em 1,3-bifosfoglicerato, catalisado pela Gliceraldeído-3-fosfato Desidrogenase. O grupo aldeído do Gliceraldeído-3-fosfato é desidrogenado. O receptor de Hidrogênio nessa reação é a Coenzima NAD+ (oxidado), o qual é reduzido pela transferência enzimática do íon hidreto para o NAD+ e, é liberado como NADH (reduzida). BIOQUÍMICA LUIZA LOPES CARVALHO Etapa 7 (Exergônica) A enzima Fosfoglicerato quinase transfere o grupo fosfato de alta energia do grupo carboxila do 1,3-bifosfoglicerato para o ADP, formando o ATP e 3-fosfoglicerato. Essa enzima recebeu seu nome pela reação inversa. Como todas as enzimas, ela catalisa a reação em ambas as direções. Etapa 8 O éster fosfato remanescente no 3- fosfoglicerato que tem baixa energia livre de hidrólise, é movido do carbono 3 para o carbono 2 formando o 2- fosfoglicerato. Reação catalisada pela enzima Fosfoglicerato mutase. (Potencial de transferência não muito alto). Etapa 9 A enzima Enolase promove a remoção reversível de uma molécula de água do 2-fosfoglicerato para liberar Fosfoenolpiruvato (Ligação enol fosfato de alta energia sintetizada). Aumento do potencial de transferência. Etapa 10 O último passo da Glicólise é a transferência do grupamento fosfato de alta energia para o ADP formando o ATP, catalisada pela Piruvato quinase que requer K+ e Mg2+. Nesta reação, o produto Piruvato aparece primeiro na sua forma enol. Entretanto, a partir da tautomerização, libera a forma cetônica. SALDO FINAL: -Glicose + 2 NAD+ + 2 Pi 2 Piruvatos + 2 H+ + 2 ATP + 2 H2O -SALDO ENERGÉTICO: 2 ATP + 2 NADH Regulação da Glicólise: Os necessários ajustes na velocidade da Glicólise são conseguidos pela regulação de duas enzimas dessa via: a Hexoquinase, Fosfofrutoquinase-1 e a Piruvato quinase. Essas três enzimas são reguladas alostericamente. HEXOQUINASE: É inibida alostericamente por Glicose-6-fosfato. Porém, nos hepatócitos essa inibição não ocorre, uma vez que apresenta uma isoforma da Hexoquinase- a Glicoquinase-, a qual não é modulada pelo excesso de Glicose-6-fosfato. Apresenta alta afinidade por glicose, trabalha praticamente em Vmáx quando há disponibilidade de glicose. Já a Glicoquinase, apresenta baixa afinidade por glicose, ou seja, continua trabalhando mesmo quando há grande quantidade de glicose. A Glicoquinase sofre ação de uma proteína reguladora quando há baixa disponibilidade de glicose. Existe no núcleo um inibidor proteico que se liga a ela e a mantém ‘’sequestrada’’ no núcleo quando a frutose-6-fosfato no hepatócito está em alta. A Glicoquinase só é liberada para o citosol quando a concentração de glicose está alta. FOSFOFRUTOQUINASE-1: O ATP inibe a PFK-1 ligando-se a um sítio alostérico e diminuindo a afinidade da enzima pelo seu outro substrato, a Frutose-6-fosfato. Quando o consumo de ATP ultrapassa a sua produção, o ADP e o AMP aumentam de concentração e agem alostericamente para diminuir essa inibição pelo ATP. Esses efeitos se combinam para produzir atividades maiores da enzima quando a Frutose-6-fosfato, ADP ou AMP aumentam de concentração e para baixar a atividade quando o ATP se acumula. Concentrações altas de citrato aumentam o efeito inibidor do ATP, reduzindo ainda mais o fluxo da glicose por meio da glicólise. O regulador alostérico positivo mais significativo da PFK- 1 é a Frutose-2,6-bifosfato. -PFK-2: Glicose-6-fosfato --> Frutose-2,6-bifosfato -A frutose-2,6-bifosfatase converte a Frutose-2,6- bifosfato em Glicose-6-fosfato. -Fosforilação da PFK-2-- Inativa a PFK2 e ativa a frutose- 2,6-bifosfatase -GLUCAGON (estado de hipoglicemia) Estimula a fosforilação da PFK-2, a inativa, logo, diminui a quantidade de frutose-2,6-bifosfato, logo diminui a ativação da PFK-1 e trava a via glicolítica. -INSULINA Desfosforilação da PFK-2. PIRUVATO QUINASE: Altas concentrações de ATP inibem a Piruvato quinase alostericamente, diminuindo a afinidade da enzima por seu substrato,o Fosfoenolpiruvato. Também é inibida pelo Acetil-CoA e por ácidos graxos de cadeia longa. BIOQUÍMICA LUIZA LOPES CARVALHO Destinos do piruvato: As duas moléculas de piruvato formadas a partir da glicólise de uma molécula de glicose pode seguir diferentes caminhos a depender da célula e de suas necessidades. Em condições aeróbias, o piruvato origina Acetil-CoA que segue para o Ciclo de Ácido Cítrico e é oxidado até CO2 e H2O. neste processo, graças a presença de O2, o NADH formado pela desidrogenação do gliceroaldeído-3- fosfato é reoxidado a NAD+. No entanto, sob condições de hipóxia como durante a prática de exercício físico, a ausência de oxigênio impede a regeneração do NAD+. Neste caso, a regeneração do NAD+ dá-se pela formação do lactato a partir do piruvato que é reduzido pela ação da enzima lactato desidrogenase, recebendo os elétrons captados pelo NADH. O mesmo processo, chamado fermentação lática, ocorre nos eritrócitos já que estes não dispõem de mitocôndria. Também ocorre em células cartilaginosas e adiposas. Outra via que pode ser seguida pelo piruvato é a da reação catalisada pela piruvato descarboxilase que vai gerar aldeído acético. Este, ao receber os elétrons captados pelo NADH, reduz-se e forma o etanol. Assim, ao ser oxidado, o NAD+ pode voltar à via glicolítica garantindo sua continuidade. Esse processo é chamado de fermentação alcóolica e não ocorre no organismo humano.
Compartilhar