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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIENCIAS DA SAUDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO DISCIPLINA: DIETOTERAPIA 1 PROFESSORA: Dr. GILMARA PÉRES RODRIGUES GABRIELLA MAGALHÃES SILVA CASO CLÍNICO: DESNUTRIÇÃO TERESINA 2021 GABRIELLA MAGALHÃES SILVA CASO CLÍNICO: DESNUTRIÇÃO Professora: Gilmara Péres Rodrigues Monitora: Lyandra Dias TERESINA 2021 1 INTRODUÇÃO Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a desnutrição ou a má nutrição é o estado nutricional do indivíduo caracterizado pela ingestão insuficiente de energia e nutrientes (AMARO, CORREIA, PEREIRA, 2016). As causas da desnutrição são multifatoriais e resultam da interação de fatores biológicos, sociais, comportamentais e culturais, demonstrando associação entre o estado nutricional e fatores sócio demográficos (PIMENTA et al., 2020). Além de estar relacionada com a alteração do equilíbrio entre ingestão e gasto do indivíduo, a desnutrição também pode ser decorrente de alterações da digestão, absorção e/ou utilização dos nutrientes. As razões que levam à desnutrição são múltiplas, como a ingestão oral prejudicada, o apetite alterado, a caquexia, os transtornos metabólicos e os efeitos adversos da terapêutica, secundário as doenças associadas (HENRICHSEN, SILVA, COLETTI, 2017). A desnutrição desencadeia uma série de respostas adaptativas com alterações no metabolismo. A diminuição do peso é uma das respostas iniciais à carência protéico-energética. Seguem-se a desaceleração do crescimento, as alterações hormonais, enzimáticas e da resposta imunológica (GOULART, VIANA, 2008). A desnutrição constitui um problema nutricional encontrado em países em desenvolvimento, e leva ao comprometimento da saúde e diminuição da atividade física e intelectual, implicando em danos à ordem econômica, política e social, aumentando o risco de doenças e elevados custos e investimentos por parte do sistema de saúde (BATISTA, 2015). O diagnóstico de desnutrição é geralmente realizado por medidas antropométricas, exames laboratoriais, aspectos clínicos, alimentares, isolados ou associados e envolve pelo menos a existência de dois parâmetros nutricionais comprometidos e a abordagem do paciente com desnutrição vai englobar diferentes faixas etárias, crianças, adolescentes e adultos (CAVALEIRO, 2010). Uma alimentação adequada é capaz de precipitar a retomada do crescimento e da maturação sexual. O tratamento ambulatorial visa identificar e erradicar os fatores de risco atribuídos à desnutrição. Cabe ao médico orientar uma dieta balanceada, conforme a faixa etária e as deficiências individuais (ALBUQUERQUE, 2018). A desnutrição que ocorre em adolescentes e adultos se dá como uma alteração primária de extrema privação e fome. As mudanças fisiológicas e os princípios de tratamento para adolescentes e adultos são os mesmos que para crianças. No entanto, existem diferenças na quantidade de alimento necessário e nas doses de suplementos. Quando possível adolescentes e adultos devem receber as fórmulas com vitaminas e minerais adicionados. O objetivo inicial do tratamento é prevenir que o doente diminua mais o peso (CAVALEIRO, 2010). Assim, o presente trabalho tem como objetivo a avaliação do estado nutricional e diagnóstico adequado do paciente, e a elaboração de um plano alimentar qualitativo e quantitativo de acordo com suas necessidades nutricionais. 2 IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE Paciente do sexo feminino, 19 anos. Foi encaminhada ao pronto atendimento do hospital geral pelo médico da família, por quadro de bradicardia (diminuição da frequência cardíaca). 3 QUEIXA PRINCIPAL A paciente referiu tontura e apresenta bradicardia. 4 HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL Paciente de 19 anos, admitida no pronto socorro com quadro de bradicardia, tontura, sem dor torácica ou dispneia. 5 HISTÓRIA FAMILIAR Não há dados familiares. 6 HISTÓRIA PATOLÓGICA PREGRESSA A paciente relata ter uma preocupação crescente com sua autoimagem corporal, há quatro anos; acha-se gorda. Refletindo assim um distúrbio de autoimagem. 7 HISTÓRIA SOCIOECONÔMICA Não há dados socioeconômicos. 8 HISTÓRIA ALIMENTAR A paciente relatou que, por orientação do médico da família, aumentou o consumo de alimentos e de sal e diminuiu a ingestão de água. Informa não comer alimentos proteicos, carboidratos e gorduras, e preferir verduras, chás e sucos. 9 HÁBITOS DE VIDA A paciente relatou não fazer uso de álcool e fumo e pratica atividade física de 3 a 4 vezes por semana (musculação e caminhadas) durante duas horas. 10 EXAME FÍSICO/CLÍNICO - Mulher jovem, com magreza grave e aparente, apresentou pele lisa, sem edema, mucosa oral descorada, perda de massa muscular e magreza visível, com ruídos abdominais presentes. - Temperatura corpórea: 36,1ºC - Frequência cardíaca: 42 bpm - Pressão sanguínea: 97/40 mmHg - Peso corporal atual: 45,7 Kg - Altura: 181 cm - Percentual de perda de peso corpóreo: 23% em 9 meses. Houve perda de 13,6 kg no período, com 9 Kg perdidos em 4 meses. - IMC: 13,94 kg/m2 11 MEDICAMENTOS UTILIZADOS A paciente utiliza a medicação sertralina (antidepressivo) e complexo polivitamínico diariamente. 11.1 INTERAÇÕES DROGAS E NUTRIENTES Considera-se interação entre alimentos e medicamentos quando um alimento ou um nutriente altera a eficácia de um medicamento, ou quando há interferência sobre o estado nutricional do indivíduo. Portanto, não só os fármacos podem interferir sobre a absorção e o aproveitamento dos nutrientes, como alguns alimentos e nutrientes também podem interferir sobre a ação destes (DANTAS, 2015). A interação medicamento-nutriente é definida como uma alteração da cinética ou da dinâmica de um medicamento ou nutriente, ou ainda, o comprometimento do estado nutricional como resultado da administração de um medicamento. As possíveis interações dos medicamentos com a alimentação dos pacientes podem levar ao prejuízo da ação do medicamento e/ou alimento, podendo causar um aumento da necessidade de utilização dos fármacos em tratamentos crônicos ou desnutrição (LOPES et al., 2010). Portanto, faz-se necessário a identificação dessas interações, a fim de identificar possíveis riscos causados pela interação fármaco x nutriente/nutriente x fármaco. A paciente relatou fazer uso de Sertralina e Complexo Polivitaminico diariamente. Cloridrato de Sertralina: é indicado no tratamento de sintomas de depressão, incluindo depressão acompanhada por sintomas de ansiedade, em pacientes com ou sem história de mania. O cloridrato de sertralina age sobre uma substância encontrada no cérebro, chamada de serotonina, aumentando sua disponibilidade e com isso aliviando os sintomas depressivos e ansiosos, típicos dos transtornos para os quais é indicado. Após resposta satisfatória, a continuidade do tratamento com Cloridrato de Sertralina é eficaz tanto na prevenção de recaída dos sintomas do episódio inicial de depressão, assim como na recorrência de outros episódios depressivos. Pode ser administrado com ou sem a presença de alimentos, em dose única pela manha ou à noite (MATHIAS, 2021). Complexo polivitamínico: é um suplemento alimentar constituído por diversas vitaminas e que tem como objetivo evitar a falta de vitaminas que não conseguem ser obtidas por meio da alimentação. A utilização de polivitamínico é necessária quando não se consegue obter todas as vitaminas necessárias ao organismo através da alimentação como, por exemplo, quando se pratica um esporte, quando se tem doenças ou se toma medicação que dificultam a absorção de vitaminas ou em certas fases da https://minutosaudavel.com.br/depressao/ https://consultaremedios.com.br/sistema-nervoso-central/ansiedade/cvida como a gestação ou amamentação O polivitamínico é indicado pelo médico ou nutricionista quando a pessoa não consegue obter todas as vitaminas através da alimentação. No entanto o uso desses suplementos alimentares não deve substituir uma alimentação equilibrada. Alguns nutrientes interagem podendo prejudicar a absorção entre si, por exemplo, o cálcio diminui a absorção do ferro e se forem consumidos em simultâneo o organismo não consegue absorver nenhum destes minerais por isso é importante se aconselhar com o médico ou nutricionista antes de se iniciar qualquer suplementação para que ela seja eficiente e não prejudique a saúde (TUA SAÚDE, 2019). 12 Avaliação do estado nutricional do paciente: 12.1 Avaliação antropométrica Quadro 1. Avaliação Antropométrica PARÂMETROS Valor Encontrado Adequação (%) Classificação Peso Atual (Kg) 45,7 75,41 Desnutrição Moderada Peso Ideal (Kg) 60,6 - - Perda de Peso (Kg) / Período (meses) 13,6 / 9 (23%*) - Perda Grave de Peso Altura (cm) 181 - - IMC (Kg/m2) 13,94 75,45 Magreza Grau III Fonte: Blackburn, 1977; OMS, 1995; WHO, 2000. *Porcentagem de perda de peso. Legenda: IMC: índice de massa corpórea; Peso Ideal = IMC x Altura2 Peso Ideal = 18,5 (eutrófico) x 1,812 Peso Ideal = 18,5 x 3,2761 Peso Ideal = 60,6 kg % Adequação = Peso Atual/Peso ideal x 100 % Adequação = 45,7/60,6 x 100 % Adequação = 0,7541 % Adeq = 75,41% Peso Ajustado = (PI - PA) X 0,25 + PA Peso Ajustado = (60,6 – 45,7) x 0,25 + 45,7 Peso Ajustado = 49,42 kg De acordo com o cálculo da adequação, uma porcentagem entre 70,1 – 80 classificam-se como Desnutrição Moderada. De acordo com Blackburn e Bistrian (1977) uma porcentagem acima de 10%, considera-se uma perda de peso grave. 12.2 Avaliação bioquímica Quadro 2. Resultados dos exames laboratoriais EXAMES Valor (mg/dL) Valor de Referencia (md/dL) Classificação Glicose 89 70 - 140 Normal Proteína Total 6,0* 6 – 8,5* Normal Albumina 4,7* 3,9 – 5,0* Normal Hemoglobina 10,2* 12 – 16* Anemia leve Hematócrito 32,0** 36 – 50** Baixo Ureia 4,0 7 - 21 Baixo Creatina 0,2 0,7 – 1,4 Baixo Fósforo 3,0 3,5 – 5,0 Baixo Potássio 3,2 3,8 – 5,0 Hipocalemia Sódio 121 135 - 145 Hiponatremia, *Valores em g/dL. **Valores em %. 12.3 Avaliação dietética (com base na dieta habitual); A paciente relata não consumir alimentos proteicos, carboidratos e gorduras. Prefere verduras, chás e suco, não faz uso de álcool e fumo. Sua relação com a comida se dá dessa maneira por causa do distúrbio de autoimagem corporal relatada pela paciente, ela se acha gorda. A paciente relatou que, por orientação do médico da família, aumentou o consumo de alimentos e de sal e diminuiu a ingestão de água, por causa do seu estado de bradicardia (diminuição da frequência cardíaca). 12.4 Diagnóstico nutricional conclusivo. Paciente apresenta risco nutricional, com desnutrição energético proteica moderada relacionado com aumento do gasto energético em razão do estado catabólico evidenciado por uma ingestão deficiente de macronutrientes e percentual de perda de peso de 23% nos últimos 9 meses. 13 Tratamento Dietético proposto para a alta hospitalar: 13.1 Objetivos da Dieta; ● Reabilitação nutricional para um balanço positivo de energia; ● Ganho de peso inicial; ● Recuperação do estado nutricional e atender as necessidades orgânicas para evitar a perda de peso; ● Prevenir o agravamento de deficiências nutricionais; ● Reduzir o risco de complicações; ● Favorecer a aceitação da dieta e melhorar o aproveitamento dos nutrientes. 13.2 Prescrição Dietoterápica (com justificativas); A dieta prescrita será via oral, consistência normal, normocalórica, normoglicídica, normoprotéica, normolipídica e normossódica. ● Dieta oral: Paciente com trato gastrointestinal funcionante e boas condições de mastigação e deglutição. ● Normossódica: paciente estava consumindo mais sal que o habitual por orientação médica, devido ao seu estado de bradicardia. Mas recomenda-se normalizar a dieta, pois o sódio também está presente nos alimentos, e a paciente não estava consumindo macronutrientes, apenas uso de suplemento vitamínico, e consumindo chás e sucos, podendo contribuir para alteração do balanço eletrolítico. Realizando uma alimentação adequada e balanceada, é possível corrigir as deficiências de vitaminas e minerais. ● Normocalórica: Ganho de peso inicial. ● Normoglicídica (VET: 55%): Os carboidratos constituem um importante substrato energético para o corpo e permite poupar as proteínas. Prioriza-se fontes de carboidratos complexos e ingestão de fibras insolúveis para aliviar a constipação que pode ser observada frequentemente. ● Normoprotéica (VET: 15%): Visando atender às necessidades fisiológicas, sendo recomendado fontes de alto valor biológico. ● Normolipídica (VET: 30%): estimular pequenos aumentos no consumo de gordura e fontes de ácidos graxos essenciais. 13.3 Cardápio prescrito pelo estagiário (análise por alimentos, de calorias, macronutrientes, micronutrientes de interesse para a patologia/paciente em estudo, fibras e demais componentes nutricionais importantes) Para o cálculo do Valor Energético Total (VET) utilizou-se a Fórmula de Bolso, utilizando-se o peso atual e 35 kcal/kg de peso, pois a paciente obteve uma severa perda de peso que condicinou a um grau de desnutrição moderada, estando assim com elevado risco nutricional, mas é importante que a ingestão de energia seja feita de forma gradual, facilitando a adesão da paciente à dieta, enquanto o gasto energético é minimizado. Para definição do percentual de macronutrientes utilizou-se como referência a distribuição proposta pelo Institute of Medicine (IOM, 2002), 10 a 35% de proteína, 20 a 35% de lipídios e 45 a 65% de carboidratos. 13.3.1 PLANO ALIMENTAR PRESCRITO (qualitativo e quantitativo) Refeições/Horário Preparações Medidas Caseiras Café da Manhã (8:00) Mamão Café Açúcar Leite em pó integral Tapioca Carne de sol desfiada 1 fatia média 1 xicara 1 colher de sobremesa cheia 2 colheres de sopa 1 Unidade 2 colheres de sopa Almoço (11:30) Arroz integral cozido Feijão Carioca cozido (grãos) Omelete de queijo Salada cozida Cenoura cozida Beterraba cozida Batata inglesa cozida Banana prata 3 escumadeiras médias rasas 1 Concha média 1 unidade 1 Col. Sopa cheia 1 Col. Sopa cheia 1 Col. Sopa cheia 1 unidade média Lanche da Tarde (15:30) Iogurte com sabor a morango Pão com queijo - Pão de forma, integral - Queijo minas, frescal Uva 1 unidade 2 fatias 1 Pedaço médio 10 Unidades Jantar (19:00) Sopa de ervilha - Ervilha - Cebola - Carne moída cozida - Salsinha - Sal e Pimenta à gosto Suco de laranja 1 Porção 4 Col sopa ½ unidade pequena 3 colheres de sopa cheias 1 raminho 1 Copo Ceia (21:30) Mingau de aveia Aveia em flocos Leite Integral 3 Col. sopa 1 Copo Fonte: Dados do autor. 13.3.2 ANÁLISE DO TEOR DE NUTRIENTES E ADEQUAÇÃO DA DIETA PRESCRITA Café da manhã Alimento Quant. (g/ml) Energia (kcal) HC (g) Ptn (g) Gorduras totais(g) Fibra (g) Sódio (mg) Leite em pó integral 16 79,46 6,27 4,07 4,30 0,0 51,71 Café, infusão 10% 100 9,07 1,48 0,71 0,07 0,0 1,03 Açúcar cristal 9 34,82 8,96 0,03 0,0 0,0 0,0 Tapioca 50 173,91 31,8 0,04 5,45 0,0 78,76 Queijo ricota 35 48,91 1,32 4,41 2,83 0,0 98,90 Mamão 170 68,27 17,75 0,78 0,21 1,77 2,77 Total VET 426,22 Total (g/mg) 67,58 10,04 12,86 1,77 233,17 Total (Kcal) 270,32 40,16 115,74 ------- --------- Fonte: TACO, 2011. Almoço Alimento Quant. (g/ml) Energia (kcal) HC (g) Ptn (g) Gorduras totais(g) Fibra(g) Sódio (mg) Arroz integral cozido 93 114,89 24,00 2,41 0,93 2,56 1,16 Feijão carioca cozido 30 22,93 4,08 1,43 0,16 2,55 0,53 Omelete de queijo65 174,20 0,28 10,12 14,30 0,0 140,43 Cenoura cozida 25 7,46 1,67 0,21 0,05 0,66 1,97 Beterraba cozida 20 6,43 1,45 0,26 0,02 0,38 4,55 Batata inglesa cozida 25 12,9 2,98 0,29 0,0 0,34 0,57 Banana prata 65 63,86 16,87 0,82 0,04 1,33 0,00 Total VET --------- 496,03 ------ ------- ------- ------- -------- Total (g/mg) 51,33 15,54 15,5 7,82 149,21 Total (Kcal) 205,32 62,16 139,5 ------- --------- Fonte: TCNA, IBGE, 2011; TACO, 2011. Lanche da Tarde Alimento Quant. (g/ml) Energia (kcal) HC (g) Ptn (g) Gorduras totais(g) Fibra(g) Sódio (mg) Iogurte com sabor a morango 140 97,39 13,57 3,79 3,26 0,30 52,73 Pão de forma, integral 50 126,6 24,97 4,71 1,83 3,44 253,05 Queijo minas, frescal 30 79,28 5,22 0,97 6,05 0,0 9,37 Uva, Itália, crua 80 42,30 10,86 0,60 0,16 0,74 0,00 Total VET --------- 360,46 ------ ------- ------- ------- -------- Total (g/mg) 54,62 10,07 11,3 4,48 315,15 Total (Kcal) 218,48 40,28 101,7 ------- --------- Fonte: TACO, 2011. Jantar Alimento Quant. (g/ml) Energia (kcal) HC (g) Ptn (g) Gorduras totais(g) Fibra(g) Sódio (mg) Ervilha 84 62,03 11,29 3,86 0,32 4,27 312,57 Cebola 15 5,91 1,33 0,26 0,01 0,33 0,09 Carne moída cozida 75 160,5 0,0 19,96 8,32 0,0 45,75 Salsinha 10 3,6 0,63 0,30 0,08 0,33 5,6 Suco de laranja 165 53,97 12,46 1,22 0,12 0,0 0,0 Total VET --------- 284,96 ------ ------- ------- ------- -------- Total (g/mg) 25,71 25,60 8,86 4,93 364,01 Total (Kcal) 102,9 102,42 79,70 ------- --------- Fonte: TACO,2011. Ceia Alimento Quant. (g/ml) Energia (kcal) HC (g) Ptn (g) Gorduras totais(g) Fibra(g) Sódio (mg) Leite de vaca integral 165 99,05 7,458 5,31 5,36 0,0 66,03 Aveia em flocos 45 177,22 29,99 6,26 3,82 4,11 2,082 Total VET --------- 278,69 ------ ------- ------- ------- -------- Total (g/mg) 37,45 11,57 9,18 4,11 68,11 Total (Kcal) 149,79 46,28 82,62 ------- --------- Fonte: TACO, 2011. Ficha contribuição dos macronutrientes na refeição MACRONUTRIENTE QUANTIDADES (g) VALOR ENERGÉTICO (kcal) % VET Ofertado Carboidratos 236,69 946,76 53,87 Proteínas 72,82 291,28 16,57 Gorduras totais 57,7 519,3 29,55 Fonte: Dados do autor. Ficha % adequação oferta x previsão MACRONUTRIENTE % DO VET OFERTADO % DO VET PREVISTO % ADEQUAÇÃO Carboidratos 53,87 55 97,95 Proteínas 16,57 15 110,5 Gorduras totais 29,55 30 98,50 VET TOTAL (kcal) 1757,34 1599,5 109,8 Fonte: Dados do autor. 13.4 RECOMENDAÇÕES GERAIS ● Seguir o plano alimentar proposto pela nutricionista; ● Alcançar o balanço energético e o peso saudável; ● Respeitar o fracionamento, volume e horários das refeições; ● Ingerir líquidos frequentemente; ● Praticar exercício físico de forma leve a moderada. 13.5 ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS ● Fracionar as refeições (5 a 7 por dia); ● Comer devagar e mastigar bem os alimentos; ● Ingerir principalmente carboidratos complexos; ● Consumir líquidos frequentemente (2,5 L por dia); ● Manter o consumo de sal normal; ● Evite o uso de temperos industrializados; produtos ultra processados, enlatados, embutidos (linguiça, salsicha, mortadela, salame); ● Consumir leite e derivados; ● Consumir frutas (com casca de preferência); ● Consumir frutas, legumes e verduras diariamente. 14. Discussão A paciente atendida no pronto atendimento apresenta distúrbio de autoimagem há quatro anos, apresenta uma extrema preocupação com seu corpo e mesmo assim se vê gorda, apesar de perder bastante peso nos últimos 9 meses. Com isso, tem uma ingestão alimentar muita baixa, praticamente não consome macronutrientes, se alimentando de sucos, chás, e verduras e aliado a isso pratica atividade física de forma intensa, ocasionando um gasto energético superior ao consumido diariamente. Tudo isso contribuiu para a grave perda de peso, agravando seu estado nutricional, pois a paciente apresentou déficit de alguns micronutrientes importantes para o balanço eletrolítico e ainda um quadro anêmico. Na avaliação antropométrica identificou-se que a perda de peso nos últimos meses foi grave e paciente se encontra com o peso muito abaixo do seu peso ideal. Assim, de acordo com o comportamento da paciente e seus dados antropométricos, sugere-se que a mesma apresente um quadro de distúrbio alimentar associada a distorção da imagem corporal. A distorção da imagem corporal é um distúrbio significativo na percepção da forma ou do tamanho corporal. Os transtornos alimentares são a terceira doença crônica mais comum em adolescentes do sexo feminino, com incidência de até 5%. A incidência aumentou dramaticamente nas últimas três décadas. Embora sejam muito mais comuns em meninas adolescentes, os meninos também podem desenvolver transtornos alimentares, especialmente aqueles que praticam esportes que exigem baixo peso corporal (MAHAN, ESCOTT-STUMP, 2005). A anorexia nervosa (AN) é uma doença psiquiátrica caracterizada por um transtorno alimentar potencialmente fatal, causado por intensa perda de peso em resposta às restrições alimentares autoimposta pelo paciente e negação da gravidade de seu estado nutricional. Apresenta alta taxa de morbidade e mortalidade entre todos os transtornos mentais e afeta principalmente adolescentes de 15 a 19 anos, mas há incidência de AN precoce em crianças com idades entre 5 a 13 anos. Além disso, é a terceira doença crônica mais comum em adolescentes (SILVA, 2018). É possível que a anemia presente na paciente seja proveniente da sua alimentação inadequada. Atualmente considera-se por anemia a constatação clínica e laboratorial de uma pessoa com valor de hemoglobina (Hb) abaixo do esperado para sua faixa etária. Para mulheres acima de 14 anos é recomendado uma Hb (g/dL) entre 12 e 16 (NAOUM, 2015). A anemia que resulta da ingestão insuficiente de ferro, proteínas e certas vitaminas (vitamina B12, ácido fólico, piridoxina e ácido ascórbico), cobre e outros metais pesados são frequentemente chamados de anemias nutricionais. Casos de anemia severa e profunda podem ser observados em algumas situações de desnutrição extrema com peso corporal muito baixo e/ou perda de peso muito rápida. O mecanismo envolvido é a degeneração gelatinosa da medula óssea, que geralmente afeta três linhagens celulares, com risco de falência de múltiplos órgãos que é fatal em curto prazo (BLANCHET-COLLET et al., 2016). Devido à restrição da ingestão calórica em relação às necessidades energéticas devido ao comportamento alimentar restritivo, levando a um peso corporal significativamente baixo em termos de idade, sexo, trajetória de desenvolvimento e saúde física, muitos pacientes com TA são mais propensos a desenvolver anemia nutricional (APA, 2014). Os pacientes com AN geralmente requerem hospitalização para iniciar o processo de realimentação. A meta de reabilitação nutricional é o balanço positivo de energia que resulta em ganho de peso. Para se realizar isso, a ingestão de energia deve ser gradualmente aumentada enquanto o gasto de energia é minimizado. Para melhorar a colaboração, podem-se negociar "privilégios" tais como sair da cama, usar o telefone ou receber visitas. As prescrições iniciais de calorias estão geralmente na faixa de 1.000 a 1.600kcal por dia ou 30 a 40kcal por quilograma de peso corporal por dia. Daí em diante os aumentos de 100 a 200 calorias a cada 2 a 3 dias irão promover o ganho de peso controlado. A taxa desejada de ganho de peso varia entre os programas de tratamento e os locais. A realimentação de pacientes desnutridos com AN pode ser associada a hipofosfatemia, arritmia cardíaca e delírio com risco de vida. Os pacientes que pesam menos de 70% do peso corporal ideal estão em particular risco. As prescrições calóricas iniciais devem ser baixas, com pequenos aumentos daí em diante (MAHAN, ESCOTT-STUMP, 2005). É prováveluma dificuldade na adesão da dieta, pois os pacientes tem medo de se acostumar com as grandes quantidades de alimentos necessárias para atingir as necessidades calóricas ao final do tratamento, portanto, além do tratamento e das recomendações que serão repassadas ao paciente, a educação nutricional é um importante componente no plano de tratamento. Um processo interativo pode ser vantajoso, mas é importante um aconselhamento individual. 15 CONCLUSÃO A paciente apresenta quadro de transtorno alimentar associado à distorção da imagem corporal, diante disso, em busca do peso ideal, alimentava-se de forma restritiva e praticava atividade física excessivamente, além de ter um alto consumo de sal e baixo consumo de água devido à diminuição da frequência cardíaca, apresentando então perda de peso grave, um quadro de desnutrição e comprometimento do seu estado nutricional. Em busca da recuperação do seu estado nutricional e evitar o agravamento de deficiências nutricionais é importante que a paciente faça a adesão ao tratamento, e se alimente de forma correta ao qual foi recomendado. Com a intervenção, a paciente retornará a se alimentar, e de forma gradual é possível chegar ao peso ideal, favorecendo a melhora do seu estado nutricional. REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, C. R. et al. 10. Importância da nutrição na prevenção do kwashiorkor: uma revisão de literatura. Revista Científica UMC, v. 3, n. 2, 2018. AMARO, J. de S.; CORREIA, A. C.; PEREIRA, C. Avaliação do risco de desnutrição num Serviço de Medicina do Hospital Distrital de Santarém (Medicina IV). Acta Portuguesa de Nutrição, n. 4, p. 06-09, 2016. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION et al. APA. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. DSM-IV-TR, 2002. BATISTA, M. R.; ABELEIRA, T. P. Malnutrición proteica energética aguda o kwashiorkor en niños menores de cinco años. 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