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Isabela Didier – 144 Prof.ª Maria de Fátima Medeiros HANSENÍASE EPIDEMIOLOGIA · 2015: Br concentrou 13% do novos casos de hanseníase registrados no mundo-> grande prevalência no NE · PE: 25.9 novos casos/100.000 habitantes (2012-1025)-> meta é abaixo de 10 HISTÓRICO · Estigma de pessoas “leprosas”-> isolamento e preconceito-> mundança de nome p/ hanseníase no Brasil ETIOLOGIA · Intracelular obrigatório-> mais difícil de ser atingido pela imunidade e por tto · Bastonete reto ou ligeiramente encurvado · Bacilo álcool-ácido resistente (BAAR)-> tem na parede uma membrana hidroscópica-> difícil de ser clarificado · Globias-> forma de agrupamento · Ainda não é cultivável in vitro-> multiplicação lenta-> 11-16d. · Alta infectividade e baixa patogenicidade-> muitos infectados, mas poucos desenvolvem. · Ag específico: glicolipídio fenólico 1 (PGL-1)-> na parede do bacilo; tropismo por nervos periféricos; específico-> diagnóstico de hanseníase no teste sorológico. TRANSMISSÃO · Porta de entrada e de saída-> mucosas das VAS (mucosas nasais) · Período de incubação (2-10 anos) · Modelo clássico de ser espectral-> polo benigno: boa defesa; pacte desenvolve forma mais leve; poucos bacilos; poucas lesões (não necessariamente, poucas sequelas) x polo maligno: muitos bacilos; muitas lesões; grande agente transmissor (>185.000 bacilos). · Maior risco de adquirir a doença contactantes domiciliares de pacte multibacilares. · Agente de maior risco: pacte multibacilar não tratado. · Alta infectividade e baixa patogenicidade: · Grande imunidade natural-> apenas 10 % adoece e desenvolve a forma indeterminada (lesão única e hipocrômica com discreta hipoestesia)-> essa pode evoluir em 70% p/ cura espontânea e os outros 30% vão evoluir p/ formas tuberculóide, disforme e virchowiana. IMUNIDADE CELULAR NA HANSENÍASE · Imunidade define a malignidade que a doença se manifesta (tuberculóide com mais benigna e virchowiana mais maligna)-> pacte rico de imunidade tipo 1-> desenvolve forma mais limitada; pacte tem mais imunidade tipo 2-> desenvolve forma mais extensa da doença. CLASSIFICAÇÃO · De MADRID · Formas estáveis: tuberculóide e virchowiana. · Formas instáveis-> desenvolvem mais as reações hansêmicas: indeterminada e dimorfa/ borderline. · De Ridley e Jopling · Conceito espectral: formas polares e subpolares (critérios clínicos, imunológico, baciloscópio e histológico). CLASSIFICAÇÃO OPERACIONAL DA HANSENÍASE · Define o tto · OMS, 1998 a) Paucibacilar · Até 5 lesões cutâneas e · Até 1 tronco nervoso acometido e · Baciloscopia negativa b) Multibacilar · >5 lesões cutâneas e/ou · >1 tronco neural acometido e/ou · Baciloscopia positiva (se é positivo, é multibacilar) QUADRO CLÍNICO · Depende da resposta imune celular do indivíduo · Infecta nervos periféricos-> tropismo p/ célula de Schawann · Mais acometidos: n ulnar, n mediano (+ acometidos); n tibial posterior, n fibular comum, n radial, n auricular, n facial e n trigêmio (- acometidos). HANSENÍASE INDETERMINADA · Apresentação inicial do MH · Uma ou poucas lesões hipocrômicas-> difícil DD, parece eczemátide do DA-> avaliar epidemiologia, outras lesões no corpo. · Hipoestesia térmica-> fácil de encontrar no corpo; no rosto é + difícil (grande inervação) · Baciloscopia negativa · Difícil diagnóstico clínico e laboratorial-> clinicamente parece com outras lesões, imunidade pode estar em diferentes formas, baciloscopia + ou - HANSENÍASE TUBERCULÓIDE · Lesões com bordas tuberosas ou papulosas, bem delimitadas. · Pequeno número de lesões-> limitado pela ação da imunidade celular · Hipo ou anestesia-> boa imunidade celular-> destrói o nervo na tentativa de destruir o bacilo. · Alopecia, anidrose local. · Dano neural + intenso e precoce · Baciloscopia negativa · Borda eritematosa, elevada-> ação da imunidade; aparência com micose; pode afetar apenas 1 região neural. · HANSENÍASE NODULAR INFANTIL · Lesão única eritemato-acastanhada, anestésica · Face ou tronco · Contactantes próximos geralmente, virchowianos HANSENÍASE DIMORFA/BORDERLINE · Placas com bordas irregulares tendem a formar lesões satélites · Bordas externas eritematosas e infiltradas + Centro poupado-> Aspecto de fóvea-> “queijo suíço” · Lesões papulotuberosas e infiltrativas · Comprometimento neural importante · Baciloscopia + ou – (imunologicamente instável) HANSENÍASE VIRCHOWIANA · Multiplicidade de lesões, tendência à bilateralidade · Infiltração difusa e imprecisa · Pápulas, nódulos, tubérculos e placas infiltradas · “fácies leonina” · Madarose-> perda de pelos · Dano neural tardio-> imunidade humoral (pouco agressiva) · Baciloscopia +++ · Pavilhão auricular acometido-> muito sugestivo · VARIANTE HISTÓIDE · Lesões nodulares múltiplas consistentes · Semelhante a queloides · Mais resistente ao tto · Muita rica em bacilos · VARIANTE LEPRA DE LÚCIO · Infiltração, eritema e alopecia difusa, sem deformidades ou riqueza de lesões. · Baciloscopia +++ · Tem madarose, certa dormência. · Mais perigoso em termos de transmissão-> pacte com quadro clínico pouco exulberante, mas com grande carga de bacilos. HANSENÍASE NEURAL PURA · Quadro clínico especial que pode ocorrer tanto no polo paucibacilar (1 nervo) quanto do multibacilar (múltiplos nervos) · Não há lesões dermatológicas · Queixa: parestesia-> hipo ou anestesia-> comprometimento motor · EF: espessamento neural (+/- amiotrofias)-> por palpação ou USG; comprometimento é assimétrico. · Em geral, acomete mais do que um tronco nervoso. · Os nervos ulnar, mediano e fibular são os mais comumente afetados. · A confirmação diagnóstica é realizada pela biópsia de um nervo sensitivo superficial. · A ENMG é sugestiva DIAGNÓSTICO · Considera-se caso de hanseníase a pessoa que apresenta um ou mais dos seguintes sinais cardinais, a qual necessita de tto com poliquimioterapia (PQT). a) Lesão (ões) e/ou área (s) da pele com alterações da sensibilidade térmica e/ ou dolorosa e/ou tátil; ou · (Alterações sensitivas na dermatologia são muito características da hanseníase-> no máximo, diagnóstico diferencial de esclerodermia) b) Espessamento de nervo periférico; associado a alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas; ou c) Presença de bacilos M. leprae, confirmada na baciloscopia de esfregaço intradérmico ou na biopsia de pele. EXAME DERMATONEUROLÓGICO · Como avaliar a pele do paciente? · Sala bem iluminada · Examinar toda a pele · Face-> tronco-> MMSS-> MMII · Marcar a lesão suspeita com caneta · Examinar palmas e plantas-> acometimento do nervo-> anestesia-> mal perfurante plantar · Como pesquisar alterações de sensibilidade em lesões cutâneas? a) Térmica · Tubos de ensaio (precisa de fonte de calor); · Algodão + éter e algodão seco-> testar área sã primeiro (teste mais prático e mais feito) b) Dolorosa-> Agulha (parte p/ sensibilidade quando não tem alteração térmica) c) Tátil · Não tesTar em áreas queratósicas · Testar na lesão e na área adjacente normal · Pacte pode apresentar hiperestesia (pouco comum; no início; placa inflamada “reação hansêmica”; de difícil observação), hipoestesia e anestesia. · Como examinar troncos nervosos periféricos? · Procurar: espessamento, dor, sensação de parestesia ou “choque”, alt motora. · Crânio-caudal · N Trigêmio-> teste da córnea (se tem sensibilidade); N Facial-> pacte pode apresentar paralisia facial; N Auricular-> pode apresentar espessamento; N radial-> mão caída; N mediano-> mão em benção; N ulnar-> mão em garra; N fibular comum-> pé caído; N tibial posterior-. Mal perfurante plantar. · N ulnar como o mais afetado, geralmente pacte apresenta acometimento primeiro do ulnar e depois do mediano. · Palpação · N ulnar e mediano: goteira epitrocleana e cotovelo. · N radial: parte posterior do braço. · N fibular comum: ao nível da perna, dois dedos atrás e abaixo da cabeça da fíbula. · N tibial posterior: região retro maleolar. EXAMES COMPLEMENTARES · Baciloscopia-> esfregaço dérmico dos lóbulos auriculares-> procura bacilo na lâmina · Histopatologia · Não disponíveis na rede pública: Sorologia; Teste de Histamina exógena; Avalliaçãosudoral; Intradermoração de Mitsuda. · BACILOSCOPIA · Raspado dérmico · Índice baciloscópio-> Número de bacilos em escala logarítmica-> 0 a 6 + (a cada 100 campos com 1 bacilo-> 1 +). · Índice morfológico-> viabilidade bacilar-> íntegros, fragmentados ou granulosos (mortos-> saber sucesso do tto)-> pouco confiável. · Exame negativo não exclui diagnóstico clínico. · HISTOPATOLOGIA · Indeterminada-> infiltração dos anexos-> inespecífico, mas sugere. · Tuberculóide-> observa-se formações granulomatosas -> sistema imune. · Virchowiana-> observa-se faixa hialina ou o próprio bacilo. · SOROLOGIA · Pesquisa de IgM Anti-PGL-1 · Multibacilares-> altos títulos · Paucibacilares-> 20-30% positivos · A presença de Acs séricos (IgM-anti-PGL-1+) se correlaciona com a IB (baciloscopia +) dos pacte multibacilares. · INTRADERMORREAÇÃO DE MITSUDA · Inoculação intradérmica de Ags bacilares · Leitura em 28dias · 0->negativo · 1-3 mm-> duvidoso · 5 ou + mm-> positivo · Não serve p/ diagnóstico · Avalia grau de defesa (imunidade) do indivíduo contra o M. leprae · MHI-> + ou – · MHT-> + · MHB-> + ou – · MHV-> - · Uso p/ classificação das formas subpolares · TESTE DA HISTAMINA EXÓGENA · 1 gota de fosfato de histamina 1,5% sobre a área suspeita e outra numa região normal + leve puntura · Tríplice reação de Lewis · Nas lesões não ocorrerá o eritema reflexo-> 60-80seg e 2-8 cm além da punctura (depende do sistema simpático) · TESTE DA HISTAMINA ENDÓGENA · Capacidade reativa dos vasos dérmicos à liberação de histamina endógena induzida por dermografismo-> passa a caneta forte. · Uso na hanseníase indeterminada em indivíduos brancos · TESTE DO IODO-AMIDO · Ideal p/ indivíduos de pele escura-> limitação do teste de histamina · Avaliar a função autonômica simpática responsável pela sudorese · Podem-se observar ilhotas de anidrose e/ou hipoidrose após exercício-> área da hanseníase não sua, iodo continua branco; áreas normais, o suor reage com iodo e escurece. TRATAMENTO · Classificação operacional OMS, 1998 (Paucibacilar ou multibacilar). · Doença de notificação compulsória · Doses supervisionadas-> no centro de saúde: Rifampicina (2 comp) + Dapsona (1 comp) + Clofazimina (3 comp se multibacilar) · Doses diárias: paucibacilar-> 1 comp de Dapsona; multibacilar-> 1 comp de Dapsona + 1 comp de clofazimina. · Esquema Paucibacilar-> 6m · Considerar tratado se: 6 cartelas em até 9 meses (e sem lesões) · Rifampicina: dose mensal com adm supervisionada 600mg (2 caps de 300mg) · Dapsona: dose mensal e diária auto-administrada 100mg (cp/dia) · Esquema Multibacilar-> 12m · Considerar tratado se: 12 cartelas em até 18 meses (e sem lesões) · Rifampicina: dose mensal com adm supervisionada 600mg (2 caps de 300mg) · Dapsona: dose mensal e diária auto-administrada 100mg (cp/dia) · Clofazimina: dose mensal supervisionada de 300mg (3cáps de 100mg) e dose diária 50mg autoadministrada. · Casos de tolerância-> esquemas alternativos · Cartelas específicas p/ crianças · Gravidez e aleitamento não contra-indicam o tto com PQT. · Mulheres em uso de ACO, a rifampicina pode reduzir o efeito dos ACOs. · Solicitar exames de HMG, creatininca, TGO e TGP. · Pacte com hanseníase e HIV/AIDS manter o mesmo tto da PQT/OMS. · Pacte com tuberculose-> ajuste da rifampicina. · DAPSONA · MA: bacteriostática; antagonista do PABA (inibe síntese do ácido fólico). · EC: anemia hemolítica; Sd da Dapsona; Metahemoglobinemia; Agranulocitose; Fotodermatite; Neuropatia motora periférica; Hepatotoxicidade; S. Stevens-Jonhson. · RIFAMPICINA · MA: Bactericida; inibe RNA polimerase do bacilo; importante em todas as formas de doença. · EC: Rash cutêneo com prurido; Icterícia/hepatotoxicidade; púrpuras; anemia hemolítica/plaquetopenia; Sd pseudogripal; acne medicamentosa. · CLOFAZIMINA · MA: discreta ação bactericida; ação anti-inflamatória. · EC: xerose e ictiose; pigmentação da pele, urina, suor, leite e secreção respiratória; dores abdominais; íleo paralítico; acne; alopecia. SEGUIMENTO · Caso MB não obtiver melhora clínica após 12 doses, reavaliar: Contactantes (fonte não-diagnosticada); reinfecção; insuficiência do tto; resistência medicamentosa. · Dificuldade do pacte MB-> após alta: persistência de Ags-> prolonga as reações tipo 2-> neurites e incapacidades. REAÇÕES HANSÊNICAS · Manifestações inflamatórias agudas · Alteração no balanço imunológico do hospedeiro · 30-35% dos pacte com hanseníase-> antes, durante (+comum-> reação do corpo ao bacilo morto), depois do tto · Reação tipo 1-> Reação reversa (aumento da imunidade celular), reação de degradação (diminuição da imunidade)-> mais comum no dimorfo e mais raramente no tuberculóide. · Reação tipo 2-> pacte virchowiano · Reação tipo 1 · Novas lesões dermatológicas · Infiltração, alt de cor e edema de lesões antigas. · Neurite-> com ou sem espessamento · Edema de extremidades · TTO: Prednisona 1mg/kg/dia · Avaliar a função sensitiva e motora antes da corticoterapia · Manter PQT · Imobilizar o membro afetado em caso de neurite · Reavaliação e prevenção de incapacidades · Tto antiparasitário e para osteoporose · Reação tipo 2 · Aparecimento de nódulos SC dolorosos, com ou sem manifestações-> reação de imunocomplexos · Mal-estar generalizado, febre. · Outros órgãos-> olho, testículos, articulações, nervos. · TTO: talidomida 100-400mg/dia · Cuidado com mulheres em idade fértil-> teratogênico · Se CI-> predinisona 1mg/kg/dia · Manter PQT · Imobilizar o membro afetado em caso de neurite · Reduzir dose de medicações conforme resposta · Prevenção de incapacidades · Indicações de corticoterapia na reação tipo 2-> eritema multiforme necrotizante; neurites; irite ou iridociclite; mãos e pés reacionais; orquiepididimite; glomerulonefrite; reações tipo eritema multiforme e Sd Sweet; Fenômeno de Lúcio; Lesões infiltradas sobre troncos nervosos. · REAÇÃOxRECIDIVA PREVENÇÃO · Notificação compulsória · Investigação de contactantes-> últimos 5 anos · Vacina BCG · + resposta imunocelular Th1-> parece reduzir formas multibacilares · Indivíduos sem cicatriz de BCG ou com apenas 1 cicatriz-> reforço com 1 dose · Indivíduos com 2 cicatrizes-> não precisam de reforço · O reconhecimento precoce da hanseníase e seu tto oportuno são elementos-chave p/cessar transmissão e prevenir incapacidades. SINOPSE PARA CLASSIFICAÇÃO
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