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APG- DERRAME PLEURAL 1. Observações gerais • As membranas de tecido conjuntivo que revestem os pulmões são chamadas Pleuras. • A pleura parietal fica em contato direto com a caixa torácica e a pleura visceral fica em contato direto com os pulmões. • Na cavidade pleural circula o líquido pleural, que é importantíssimo pra evitar o atrito entre os pulmões e a caixa torácica, permitindo que os pulmões deslizem suavemente sobre a caixa torácica durante a ventilação pulmonar. • O líquido pleural é um ultrafiltrado do plasma sanguíneo, que entra na cavidade pleural através dos capilares sanguíneos da pleura parietal e é reabsorvido pelos capilares linfáticos também da pleura parietal. Portanto, tanto a produção quanto a reabsorção do líquido pleural são feitas através da pleura parietal. • A composição do líquido pleural é basicamente de proteínas plasmáticas e células brancas. As proteínas encontradas no líquido pleural são a albumina, o fibrinogênio e as globulinas e os tipos celulares presentes ali são os linfócitos, os monócitos e as células mesoteliais. • Derrame Pleural é o nome dado ao acúmulo de líquido na cavidade pleural, provocado pelo aumento de produção de líquido pleural pelos capilares sanguíneos ou pela falha na sua reabsorção pelos capilares linfáticos. • O líquido geralmente acumula nas porções basais da cavidade pleural e o sinal radiográfico clássico do derrame pleural é a ocultação dos seios costofrênicos. 2. Classificação • Transudato - resulta de desequilíbrio nas pressões hidrostática e oncótica no tórax, como ocorre na ICC e síndrome nefrótica, levando ao acúmulo de líquido com baixa concentração proteica. Exsudato - resulta de um processo inflamatório pleural que promove um aumento de permeabilidade capilar e liberação de mediadores, ocasionando o extravasamento de líquido rico em proteína. • A diferenciação entre os dois tipos de derrame pleural, é de extrema importância porque, associada a manifestações e sinais clínicos do paciente, auxilia no diagnostico etiológico. ➢ Derrames pleurais inflamatórios • Exsudato - acúmulo de líquido decorrente de alterações na superfície pleural ou nos capilares do local = doença na pleura. • As causas comuns são doenças associadas com inflamações subjacentes no pulmão, como tuberculose, pneumonia, infartos pulmonares, abscesso e bronquiectasia. • Uma semeadura bacteriana ou micótica no espaço pleural provoca um exsudato pleural purulento, denominado de empiema. Devido a uma disseminação contigua de organismos em uma infecção intrapulmonar, ou por disseminação linfática e hematogenica. • O empiema é caracterizado por pus locado, verde-amarelado e cremoso, composto de massas de neutrófilos mesclados com outros leucócitos. • O exsudato, normalmente, se organiza em aderências fibrosas densas, firmes, que frequentemente obliteram o espaço pleural ou envolvem os pulmões, em qualquer caso a expansibilidade fica comprometida. ➢ Derrame pleural não inflamatório • Transudato- acúmulo pleural decorrente de alterações de fatores sistêmicos que influenciam a formação e absorção do liquido. Não é uma doença na pleura • Em geral, desequilíbrio nas pressões hidrostáticas e/ou oncóticas • Coleções não inflamatórias de líquido seroso nas cavidades pleurais são chamadas de hidrotórax, pode ser uni ou bilateral, dependendo da causa. • O líquido é transparente e tem cor de palha. • A causa mais comum é insuficiência cardíaca e geralmente vem acompanhado de congestão e edema pulmonar. 3. Fisiopatologia • Desequilíbrio entre produção e absorção do líquido na cavidade pleural – o aumento da produção fomenta maior quantidade de liquido no espaço pleural e a diminuição da absorção faz com que o líquido fique acumulado na pleura. • Aumento da pressão hidrostática – a PH nos capilares favorece o extravasamento do líquido para a pleura. • Diminuição da pressão oncótica – a [proteínas] e o líquido migra para o “lado” mais concentrado, que no caso é a pleura. • Aumento da permeabilidade vascular. • Aumento da pressão negativa do espaço pleural – devido ao aumento da pressão, o liquido vai ocupar o espaço “vazio” na cavidade. • Acometimentos extrapleurais ou extrapulmonares, como de mediastino e diafragma, por exemplo, fazem com que o excesso de líquido de qualquer tecido do corpo chegue ao espaço pleural pelo fluxo passivo em direção à baixa pressão do espaço pleural. 4. Manifestações Clínica • Dor pleurítica gerada pela estimulação da pleura parietal – cuja existência depende de a pleura parietal estar inflamada e/ou tracionada por aderências com a pleura visceral. • Volumosos derrames, por ocupação de espaço intratorácico, podem causar dispnéia e outros distúrbios. Pacientes com escassa reserva ventilatória podem apresentar dispneia mesmo com pequeno derrame pleural. • Sintomas sistêmicos como astenia, anorexia, emagrecimento e febre dependem de respostas inflamatórias e imunológicas ao agente etiológico ou ao mecanismo etiopatogênico. • Sintomas mais comuns: tosse, dispnéia e dor torácica. 5. Diagnóstico • O diagnóstico do derrame pleural pode ser desdobrado em duas etapas: identificar o problema e fazer a análise do líquido. • A partir de dados clínicos, particularmente do exame físico e do exame radiológico, detecta-se sua presença. • Cabe determinar sua causa ou mecanismo, por meio da demonstração do agente causal ou de um conjunto de dados clínicos, radiológicos, exames bioquímicos do sangue, exames do líquido pleural (aspecto, alterações bioquímicas e citológicas) e exames de fragmentos de pleura parietal. • O líquido é retirado por toracocentese e a análise é feita pelo aspecto da amostra. São avaliados pH, bioquímica, microbiologia e citologia diferencial. • Possíveis achados no líquido: (quadro amarelo) Aspecto amarelado: é o mais comum; não há relação com nenhuma causa em especial. Aspecto purulento e/ou presença de germes e/ou pH baixo: empiema. Aspecto hemorrágico: acidente de punção, trauma ou neoplasia maligna; não costuma ocorrer na tuberculose. Taxa de proteínas muito elevada: tuberculose ou outro exsudato com intensa resposta inflamatória. Citológico diferencial com linfocitose e ausência de células mesoteliais: tuberculose. Citopatológico com a presença de células malignas: derrame neoplásico Pesquisa de bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR) positiva ou anatomopatológico demonstrando granuloma: tuberculose. Células LE presentes e/ou FAN com título elevado: lúpus eritematoso sistêmico. Derrame quiliforme com triglicerídeos elevados e/ou presença de quilomicra: quilotórax. Taxa de adenosina deaminase (ADA) superior a 40 UI/L: aponta fortemente para tuberculose. pH abaixo de 7,2 em paciente com derrame pleural parapneumônico: pode significar empiema. 6. Achados radiológicos • Os achados radiológicos do derrame pleural costumam ser característicos: opacidade homogênea em um hemitórax que oblitera a visualização do seio costofrênico homolateral e contorna a imagem do parênquima pulmonar deixando uma borda nítida em formato de menisco. • O derrame pode ser septado quando existirem aderências pleurais prévias ou recém- formadas, resultando em uma imagem irregular, diferente da habitual. 7. Tratamento • O tratamento deve ser guiado para a causa de base. Proteína do líquido pleural/ proteína sérica >0,5 LDH do líquido pleural/ LDHdo líquido sérico >0,6 LDH do líquido pleural > 2/3 do limite superior da normalidade do LDH sérico Referência RABAHI, Marcelo Fouad. Sistema Respiratório. In: PORTO, Celmo Celeno. Semiologia Médica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. v. 1, cap. 38, p. 307 - 347. ISBN 9788527734714. HUSAIN, Aliya N. O Pulmão. In: KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul; ASTER, Jon. Patologia: Bases patológicas das doenças. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. v. 1, cap. 15, p. 694-748. ISBN 9788535281637. SILVA, Luis Carlos; MOREIRA, José da Silva. Derrame Pleural. In: SILVA, Luis Carlos et al. Pneumologia: Princípios e Práticas. Sao Paulo: ArtMed, 2012. v. 1, cap. 58, p. 644- 653. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.c om.br/#/books/9788536326757/cfi /3!/4/4@0.00:53.2. Acesso em: 28 maio 2020.
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