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NEUROANATOMIA FUNCIONAL PARKINSON, SHY-DRAGER E PARALISIA SUPRANUCLEAR PROGRESSIVA R E S U M O A C A D Ê M I C O - M E D I C I N A G I O V A N N E N O B R E 2 0 2 1 Giovanne Nobre, 3º período - 2021 Neurolocomoção e Percepção – P5 6 P5 F1 : Paralysis Agitans (OBJ 2) DOENÇA DE PARKINSON Em 1817, o médico inglês James Parkinson descreveu a doença que hoje tem seu nome e que aparece, geralmente, após os 50 anos de idade. Caracteriza-se por três sintomas básicos: tremor, rigidez e bradicinesia. O tremor manifesta-se nas extremidades quando elas estão paradas, e desaparece com o movimento. A rigidez resulta de uma hipertonia de toda a musculatura esquelética. A bradicinesia manifesta-se por lentidão e redução da atividade motora espontânea, na ausência de paralisia. Há também grande dificuldade para dar-se início aos movimentos. Verificou-se que, na doença de Parkinson, a disfunção está na substância negra, resultando em diminuição de dopamina nas fibras nigroestriatais. Desse modo, cessa a atividade moduladora que essas fibras exercem sobre as vias direta e indireta, resultando em aumento da inibição dos núcleos talâmicos. A doença de Parkinson é a mais famosa de todas as síndromes extrapiramidais. Ela é uma doença crônica e progressiva que se caracteriza principalmente pelos sinais de rigidez, bradicinesia e tremor. A etiologia do Parkinson ainda é idiopática, mas provavelmente os fatores ambientais e genéticos, além do processo natural de envelhecimento, que promove a perda de neurônios dopaminérgicos, podem estar diretamente ligados para o início do desenvolvimento neurodegenerativo da DP. EPIDEMIOLOGIA: A estimativa feita de acordo com o censo de 2000 é de uma população com cerca de 200 mil indivíduos com DP. A prevalência em pessoas com idade entre 60 e 69 anos é de 700/100.000, e entre 70 e 79 anos é de 1500/100.000, o que mostra uma prevalência maior em pessoas nessa faixa. Além disso, 10% dos doentes têm menos de 50 anos e 5% têm menos de 40 anos, com 36 mil novos casos surgindo por ano no país. ETIOLOGIA: A etiologia do Parkinson é idiopática, ou seja, não possui uma causa ou motivo completamente evidenciado. Os estudos mais recentes associam o Parkinson a fatores genéticos, a toxinas ambientais, a alterações nas mitocôndrias e ao envelhecimento. Os fatores ambientais geralmente estão ligados a pacientes que estão expostos a pesticidas ou herbicidas como agricultores de subsistência e moradores de zonas rurais, além de trabalhadores que possam se expor a produtos químicos como o mercúrio usado em garimpos. Outra causa possivelmente associada é o estresse oxidativo promovido por desequilíbrio durante a formação de radicais livres, com a ação dos mecanismos antioxidativos do corpo. A etiologia genética determina os genes que estão ligados ao favorecimento do desenvolvimento do Parkinson através de uma possível predisposição que pode estar associada aos fatores mencionados (toxinas ambientais, alterações nas mitocôndrias, envelhecimento e fatores ambientais) ou seja, o mais aceito é que para que uma pessoa desenvolva o Parkinson, a 2 Giovanne Nobre, 3º período - 2021 Neurolocomoção e Percepção – P5 7 genética e os fatores externos atuam em conjunto durante o processo na maioria dos casos. FISIOPATOLOGIA: Na doença de Parkinson, ocorre degeneração dos neurônios dopaminérgicos da substância negra mesencefálica, e isso diminui a produção de dopamina. Esses neurônios dopaminérgicos da substância negra se projetam para o corpo estriado, fazendo a inibição dos neurônios colinérgicos do corpo estriado, através da via nigroestriatal. Se a produção de dopamina diminui, vai aumentar a atividade do corpo estriado, aumentando a produção de acetilcolina. Com o corpo estriado ativo ocorre a inibição do córtex pré-motor, que é responsável pelo planejamento motor, e isso leva à diminuição da atividade motora voluntária. Com a evolução da doença, os neurônios continuam se degenerando e se formam os corpos de Lewys, que são aglomerações citoplasmáticas dos eosinófilos da substância negra. Além disso, ainda ocorre a inibição aumentada do núcleo pedúnculo-pontino e a perda das células desse núcleo, o que favorece a desinibição dos tratos retículo espinhal e vestíbulo espinhal, e isso gera uma contração excessiva dos músculos relacionados com a postura. SINAIS E SINTOMAS: O comprometimento começa no núcleo motor dos nervos cranianos glossofaríngeo e vago, e vai avançando até passar pela substância negra, e por fim atingir as áreas de neocórtex, de planejamento motor, e motor primária. Os primeiros sintomas são manifestados de forma motora, e são chamados de sinais cardinais da doença de Parkinson, que são: rigidez, tremor, bradicinesia e instabilidade postural. A diminuição da dopamina acaba gerando uma síndrome rígido-acinética, que acaba afetando os músculos proximais, como dos ombros e pescoço, depois os músculos da face, membros superiores e inferiores. Esses sintomas podem aparecer só de um lado do corpo, e ir progredindo para todo o corpo, sendo que quanto mais grave, menor é a capacidade dos pacientes de se moverem, com facilidade. O tremor é o sintoma inicial da DP, acometendo primeiro extremidades distais em 50% dos pacientes e podendo ser de repouso que desaparece no movimento mas volta quando esse movimento for prolongado. Na bradicinesia ocorre a dificuldade de progressão dos movimentos, o que leva a uma lentidão, e a queixas de fraqueza, que posteriormente pode tornar esse paciente incapacitado. Outro sintoma são as alterações de postura e equilíbrio, e a postura do paciente geralmente é característica com a cabeça e o tronco fletidos, com dificuldade para ajustar essa postura quando anda, o que favorece a ocorrência de quedas. Acontecem também alterações na marcha, que se torna em bloco e em passos curtos, rápidos e arrastados, com os braços inutilizados. Essa marcha ocorre devido a postura adotada com a cabeça anteriorizada para favorecer o centro de gravidade desses pacientes, devido a uma cifose torácica e flexão dos joelhos. Outros sintomas não motores do Parkinson envolvem os neurotransmissores cerebrais, e podem se caracterizar por: distúrbio do sono, disfunção cognitiva e depressão, acometendo ainda mais o paciente portador da doença e reduzindo sua expectativa de vida. DIAGNÓSTICO: Para o diagnóstico da Doença de Parkinson é necessário três passos: Caracterização da síndrome parkinsoniana: a doença de Parkinson (DP) apresenta três diferentes fases, que podem ser subdesenvolvidas em fase pré motora, fase motora e fase avançada. Na fase pré motora paciente com DP, Giovanne Nobre, 3º período - 2021 Neurolocomoção e Percepção – P5 8 inicialmente cursam com um quadro de hiposmia, constipação intestinal, distúrbios do sono REM e depressão que devem ser identificados na anamnese, essa apresentação é bastante sugestiva de DP, porém, NÃO consolidam o diagnóstico. Na fase motora a doença se apresenta como uma síndrome parkinsoniana, podendo apresentar: bradicinesia(1), rigidez(2), tremor de repouso(3) e instabilidade postural(4). 1- A bradicinesia vai ser observada na marcha (Marcha Parkinsoniana:diminuição ou ausência dos movimentos passivos dos braços e passos curtos), na fala (diminuição do volume e baixa entonação) e na escrita (micrografia). 2 - A rigidez pode ser observada no exame físico (hipertonia plástica ao movimentar o membro acometido (sinal da roa dentada ). 3 - O tremor de repouso é um dos principais componentes da doençade parkinson. O tremor afeta na maioria das vezes as mãos, sendo unilateral e assimétrico. É de suma importância para o diagnóstico diferencial. O tremor essencial, ao contrário do tremor de repouso, acomete os dois lado, possui uma simetria e tende a diminuir ou cessar com o uso de bebidas alcoólicas. 4 - A instabilidade postural é decorrente da perda da capacidade de readaptação postural no paciente e se apresenta na maioria das vezes já na fase avançada da doença. TRATAMENTO: Sintomático: As classes de medicamentos utilizados apresentam essas funções: atuar nos receptores dopaminérgicos, aumentar a dopamina ou diminuir a acetilcolina. Pra aumentar a atividade da dopamina: Agonistas dopaminérgicos: pramipexol, ropinirol , bromocriptina, rotigotina, apomorfina. Precursores da dopamina: levodopa, se o paciente não apresentar melhora com levodopa, deve-se procurar outro diagnóstico pois não deve ser doença de Parkinson! A droga de escolha para o tratamento da Doença de Parkinson é a Levodopa. A boa resposta ao tratamento é um dos critérios obrigatórios para confirmação do diagnóstico de DP, apesar de outras doenças responderem bem ao mesmo tratamento, como o PSP e o AMS. Outra característica marcante do uso da Levodopa a longo prazo em pacientes com DP, é a apresentação de discinesias, induzidas por este fármaco. OBS.: Se o paciente não respondeu ao tratamento com levodopa, o agonista dopaminérgico também será ineficaz. Efeitos adversos: náuseas, taquicardia, hipotensão arterial e, tardiamente, alucinações, agitação, discinesias e o “fenômeno liga-desliga” (após uso da levodopa, ocorre melhora importante dos sintomas durante uma hora e piora no período restante). Bloqueadores da degradação da dopamina: carbidopa, selegilina, rasagilina, benserazida, tolcapone, entacapone. Bloqueadores da recaptação da dopamina: amantadina. Pra reduzir a atividade colinérgica: Anticolinérgicos: biperideno, triexifenidil. Neuroprotetor (benefício incerto): Selegilina e Rasagilina: inibidores da Monoamino- Oxidase-B (MAO-B), agem reduzindo a degradação da dopamina, com benefício sintomático modesto e podendo retardar a evolução da doença, porém tem pouco efeito sobre os sintomas já instalados. SÍNDROME DE SHY-DRAGER Giovanne Nobre, 3º período - 2021 Neurolocomoção e Percepção – P5 9 A síndrome de Shy-Drager é um distúrbio incomum em que o paciente experimenta falha autonômica progressiva. É uma doença degenerativa multifatorial que vai envolver a autonômica central, cerebelar, dos núcleos da base e motores piramidais. Essa síndrome acomete 11% dos pacientes com hipotensão ortostática, e a idade média de início é de 55 anos sendo que os pacientes morrem de 7 a 20 anos após o início dos sintomas neurológicos. É uma doença esporádica progressiva do adulto caracterizada por disautonomia, parkinsonismo e ataxia que não são explicados por efeitos medicamentosos ou por outras patologias conhecidas. É comum em indivíduos de meia- idade ou idosos, manifestando-se com uma combinação variável de parkinsonismo, disautonomia e disfunções cerebelosa e cortico-espinhal. Caracteristicamente, os sinais de disautonomia surgem com intervalo inferior a 2 anos em relação aos sinais motores. Também o tremor é pouco exuberante e a resposta à L-Dopa é fraca ou transitória. A Atrofia Multi-Sistêmica (AMS) é caracterizada por falência autonômica progressiva, apresentando características parkinsonianas, cerebelares e piramidais em diferentes combinações, classificadas em subtipos de acordo com os sintomas predominantes: A Degeneração Estriatonigral, é quando predominam os sintomas parkinsonianos; A Atrofia Olivopontocerebelar é quando os sintomas cerebelares são mais comuns, e a Síndrome de Shy-Drager é quando os sintomas mais típicos são os autonômicos. É uma doença rara que acomete 4 pessoas a cada 100.000 sendo que afeta homens e mulheres na mesma proporção e começa entre os 50 e os 60 anos. Essa atrofia afeta o funcionamento dos sistemas no cérebro que estão envolvidos no controle do movimento, no equilíbrio e na coordenação, além do controle da pressão arterial, da bexiga, do intestino e da função sexual. A AMS está associada à acumulação da proteína alfa-sinucleína em diferentes tipos de células cerebrais, com uma causa desconhecida, não sendo caracterizada como transmissível nem hereditária. O diagnóstico definitivo só pode ser feito na autópsia do tecido cerebral. Geralmente ela é diagnosticada com base nos sintomas e achados do exame físico, incluindo o uso de exames como uma ressonância magnética crânio-encefálica, testes da bexiga e testes de alterações da pressão arterial. SINTOMAS: Incontinência urinária; Constipação intestinal; Diminuição da quantidade de suor, de lágrimas e de saliva; Dificuldade para enxergar; Nos homens, impotência sexual; TRATAMENTO: Segue os mesmos princípios da doença de Parkinson. Pode-se obter alívio sintomático com agentes dopaminérgicos. A resposta à levodopa (até 2mg/dia) pode ser determinada através de prova terapêutica, e como os núcleos da base são poupados, ocorre a variação nessa resposta. Existem diversos tratamentos pra hipotensão ortostática sintomática, com uso inicial de meias elásticas e aumento da ingestão de sal. Drogas como midodrina ou fludrocortisona eventualmente são necessárias, quando a hipotensão se torna incapacitante. PROGNÓSTICO: Giovanne Nobre, 3º período - 2021 Neurolocomoção e Percepção – P5 10 A doença progride rapidamente quando comparada com a doença de Parkinson e os pacientes com muita disfunção autonômica tem pior prognóstico. No decorrer da doença vão-se acumulando sintomas de hipotensão ortostática, disfunção vesical, constipação, anidrose, xerostomia e xeroftalmia, que resultam da disfunção autonómica. Também podem surgir desequilíbrio, tremor de intenção e disartria por disfunção cerebelosa, e incontinência, paralisia espástica, disfagia e disfonia por lesão piramidal. Finalmente, podem sobrevir também atrofia muscular e fasciculações, consequentes da neuropatia periférica. A mortalidade significativa se deve geralmente à disfunção laríngea, complicada por pneumonia, asfixia, apneia do sono ou morte súbita. Como as funções corticais superiores associativas estão preservadas, o paciente geralmente apresenta sintomas depressivos. PARALISIA SUPRANUCLEAR PROGRESSIVA Ressonância magnética ponderada em T1, evidenciando atrofia mesencefálica com preservação do volume pontino. Disponível em: http://emedicine.medscape.com/articl e/1151430-overview Esta atrofia rostral e caudal do mesencéfalo condiciona aspecto lembrando a silhueta de um pinguim ("Sinal do pinguim-rei” ou do ¨beija-flor”) – delineado em vermelho. Atrofia global do mesencéfalo (seta) com afilamento do teto e concavidade das margens laterais , aspecto denominado "sinal do Mickey Mouse” delineado em verde. Disponível em: Imagem da Semana - Faculdade de Medicina da UFMG (caso 246). A Paralisia Supranuclear Progressiva é uma doença neurodegenerativa que afeta principalmente o tronco cerebral e os núcleos da base. O quadro clínico se caracteriza por oftalmoparesia supranuclear, instabilidade postural e demência, com alguns relatos raros de crises convulsivas ou distúrbios da consciência. A evolução é pouco responsiva aos tratamentos clínicos e a levodopaterapia. Ela atinge, sobretudo, homens, a partir da quinta década de vida, e muitas vezes é confundida com a Doença de Parkinson. Nos estudos feitos foram encontradosum padrão de degeneração neuronal e emaranhados neurofibrilares que afetam principalmente regiões da ponte e mesencéfalo. A PSP é o tipo mais comum de parkinsonismo atípico, que também é chamado de Síndrome de Parkinson-plus, e ocorre quando um doente tem parkinsonismo e apresenta mais outras características, incluindo problemas de equilíbrio precoces ou quedas, pouca resposta à medicação com levodopa, http://emedicine.medscape.com/article/1151430-overview http://emedicine.medscape.com/article/1151430-overview https://site.medicina.ufmg.br/imagemdasemana/index.php?caso=246 https://site.medicina.ufmg.br/imagemdasemana/index.php?caso=246 Giovanne Nobre, 3º período - 2021 Neurolocomoção e Percepção – P5 11 problemas cognitivos precoces e dificuldade no controlo da bexiga, intestinos ou pressão arterial. ETIOLOGIA: A PSP é uma síndrome do grupo das tauopatias, com causa desconhecida, que se caracteriza por depósitos de emaranhados neurofibrilares no encéfalo, compostos pela acumulação da proteína tau hiperfosforilada. A PSP não é geralmente considerada hereditária e não é transmissível, nem associada à exposições ambientais. Quanto à histopatologia, a PSP é definida como o acúmulo de proteína tau no neurópilo dos neurônios do núcleo subtalâmico, pallidum, núcleo rubro, substância negra, striatum, tegmento pontino, núcleo oculomotor, núcleo denteado, no cerebelo e medula espinhal. CLÍNICA: Na clínica o paciente apresenta uma síndrome acinéticorígida parkinsoniana e raramente tremor de repouso. Geralmente ocorre a dificuldade de equilíbrio e quedas como sintomas precoces. Pode haver também distonia facial acentuada, com pregas nasolabiais profundas e sobrancelha franzida, formando uma aparência de surpresa ou preocupação. Os pacientes também se queixam no início de diplopia, visão turva e dificuldade para ler, comer e descer escadas; Também é comum a apraxia de abertura e fechamento das pálpebras e comprometimento cognitivo. - O primeiro sintoma pode ser: Dificuldade de olhar para cima ou para baixo sem mover o pescoço ou dificuldade para subir e descer escadas. - Os movimentos oculares voluntários, em particular os verticais, são difíceis; porém, os movimentos oculares reflexos não são afetados. - Pode haver distonia facial acentuada, com pregas nasolabiais profundas e sobrancelha franzida, com uma aparência de surpresa ou preocupação. - Os movimentos tornam-se lentos e ocorre desenvolvimento de distonia axial. Os pacientes tendem a cair para trás. - Disfagia e disartria com labilidade emocional (paralisia pseudobulbar) são comuns. Tremor em repouso pode se desenvolver. - Eventualmente, ocorre demência. - Muitos pacientes se tornam incapacitados em cerca de 5 anos e morrem em aproximadamente 10 anos. DIAGNÓSTICO: O diagnóstico é clinico, porém os exames de imagem precisam ser realizados para confirmação da síndrome, já que apresentam alterações estruturais significativas. Na Ressonância Magnética por exemplo pode-se encontrar o sinal de ipomélia, que é a atrofia mesencefálica, com concavidades laterais do mesencéfalo ao nível dos corpos mamilares, possivelmente associada a um alargamento do terceiro ventrículo e de uma atrofia da placa quadrigeminal e dos pedúnculos cerebelares superiores. TRATAMENTO: No início da doença, alguns medicamentos para o tratamento da Doença de Parkinson (por ex. levodopa) ajudam a melhorar os sintomas. Porém, com a evolução da doença, os medicamentos são ineficazes. O paciente também pode usar as terapias como auxilio no tratamento, principalmente com terapeutas da fala que podem ajudar a tratar as dificuldades na fala e deglutição que podem causar subnutrição e pneumonias. A terapia ocupacional pode ajudar o doente a continuar a realizar as atividades do dia-a- dia. A fisioterapia pode ajudar nos problemas do andar e do equilíbrio e alguns óculos com lentes com prisma podem ajudar nos problemas de visão. Giovanne Nobre, 3º período - 2021 Neurolocomoção e Percepção – P5 12 Deve-se pensar na progressão a longo prazo da doença, fazendo o planeamento de cuidados posteriores com esse paciente. Paralisia Supranuclear Progressiva (PSP), também conhecida como síndrome de Richardson ou Steele-Richardson-Olszewski, representa a segunda causa de parkinsonismo degenerativo, atrás apenas da Doença de Parkinson, prevalência de 5,3 pessoas por 100.000 habitantes. Apresenta alta morbidade, devido à grande limitação funcional progressiva associada. A idade média da apresentação é de 65 anos e os sintomas clássicos incluem: dificuldades precoces do equilíbrio com parkinsonismo, alterações de personalidade, apatia e distúrbios visuais em combinação. A alteração ocular típica evolui em alguns meses, inicialmente como lentificação dos movimentos verticais, dificuldade de fixação do olhar, até atingir a paralisia supranuclear final. Esses achados se associam à atrofia mesencefálica evidenciada na RM de encéfalo. Alterações cognitivas tardias podem incluir diminuição da velocidade de processamento e quadro de disfunção frontal. Apraxia ideomotora, distonia apendicular, disartria/anartria e disfagia grave contribuem para piora da qualidade de vida dos pacientes. Aspectos relevantes PSP deve ser suspeitada nos pacientes parkinsonianos que não respondem à terapia com levodopa; Sugerem PSP: instabilidade postural precoce com quedas, disfunção executiva, lentificação dassácadesverticais ou paralisia supranuclear do olhar vertical e disartria ou disfagia A RM é o método que define as alterações neurológicas da PSP; Achados típicos à RM: sinal do “beija-flor” ou “pinguim-rei” e do “Mickey mouse”, devido a atrofia mesencefálica; Não existe tratamento específico, mas se observa melhora funcional com o tratamento sintomático e de reabilitação. REFERÊNCIAS: 1. Machado. Angelo 8 M Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP. Brasil) Neuroanatom1a funcional / Angelo B.M. Machado, Lucia Machado Haertel ; prefácio Gilberto Belisário Campos. -- 3. ed. -- Sào Paulo : Editora Atheneu, 2014. 2. ESTUDO CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON EM SALVADOR-BAHIA por Itana Fernandes, Antônio de Souza Andrade publi. na Revista Brasileira de Neurologia e Psiquiatria jan/2018. 3. “Atrofia multi-sistêmica: Fatos essenciais para os doentes” publicado pela International Parkinson and Movement Disorder Society em 2016. 4. Atrofia de Múltiplos Sistemas: gestão de caso complexo em uma Unidade de Saúde da Família por Natália Rocha Henriques Magela e colaboradores publicado na revista brasileira de medicina de família e comunidade. 5. Williams DR, Litvan I. Parkinsonian Syndromes. Continuum (Mineapp Minn) 2013;19(5):1189-1212. 6. Borsottini OGP, Felício AC. Progressive supranuclear palsy. Arq Neuropsiquiatr 2010;68(6):938-46.
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