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Wallom e formas avaliativas

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AVALIAÇÕES PEDAGÓGICAS E AS LIMITAÇÕES À PESSOA
 Na trajetória escolar da maioria dos indivíduos, desde a educação infantil até o ensino superior, diversas formas de avaliação da aprendizagem são aplicadas e utilizadas com a finalidade de atribuir notas e estabelecer medidas para o conhecimento adquirido pelo estudante. Uma das avaliações mais frequentes nesses processo é a prova, seja ela discursiva ou objetiva, com resolução frequentemente individual e sem consulta a outros materiais. Esse tipo de avaliação é encarado como modelo para diversas atividades, inclusive como forma de seleção para universidades, concursos, entre outras modalidades, dentro e fora do âmbito escolar. 
 No entanto, esse modelo de avaliação preconiza apenas as informações que o estudante recebe enquanto estuda, podendo estas terem sido assimiladas ou não, levando muitas vezes a um movimento de memorização de conteúdo. Essa prática por parte dos alunos, estimuladas pelos professores, não favorece o desenvolvimento de habilidades através do método avaliativo, além de não considerar aspectos além do conhecimento, não abarcando por completo a verdadeira aprendizagem daqueles. Nesse contexto é válido analisarmos essa forma de avaliação, a prova, através da teoria de Wallom e da concepção que este traz acerca da criança, e que pode ser ampliado as relações de aprendizagem nas demais faixas etárias. 
 Wallom traz em sua teoria a concepção de que os indivíduos devem ser encarados de forma holística, levando em consideração as diversas dimensões que lhe compõem, promovendo então um olhar sobre a pessoa completa. Esta pessoa completa a qual Wallom refere-se é tida como resultado de múltiplas interações entre processos e domínios, que levariam a construção do sujeito e também influenciariam o seu desenvolvimento e a sua aprendizagem (DAUTRO, LIMA, 2018). Dessa forma, a inteligência também decorre desse movimento de integração, estando vinculada a fatores biológicos e sociais, estes referentes a sistemas de símbolos e a linguagem com a qual o indivíduo tem contato (DAUTRO, LIMA, 2018). 
 A teoria walloniana também abarca, no processo de ensino-aprendizagem, o entrelaçamento de quatro domínios, sendo eles: cognitivo, afetivo, motor e à pessoa. Cada um desses encontra-se em maior evidência durante diferentes estágios do desenvolvimento, mas todos sempre estão presentes no sujeito e devem ser abarcados, seja durante o processo de ensino como durante a avaliação da aprendizagem do estudante (BATISTA, OLIVEIRA, SILVA, 2015). No entanto, observa-se uma deficiência na consideração de todos esses domínios indicados por Wallom, o que pode desencadear em avaliações equivocadas, sendo a prova um exemplo desse movimento. 
 Durante o processo avaliativo através de provas, o foco encontra-se apenas no aspecto cognitivo do aluno, principalmente relacionado a memória, haja visto que na grande maioria das vezes, essas atividades não trazem questões que estimulem o raciocínio ou trabalhem com o desenvolvimento de habilidades. Em contraposição a esse método, Wallom destaca a necessidade de uma análise que englobe todos os domínios do sujeito, considerando suas particularidades e seus processos individuais, próprios de cada forma de aprendizagem desenvolvida pelo estudante (DAUTRO, LIMA, 2018). Além disso, as provas não dispõem de espaço para expressões de afetividade por parte do aluno, sendo voltadas apenas para conteúdos objetivos, até mesmo quando estas são discursivas é rara a abertura para a manifestação dos afetos e emoções que perpassam a aprendizagem. Wallom destaca a importância da consideração da afetividade no processo ensino-aprendizagem, e como esse campo funcional é fundamental na mediação desse processo, pois este auxilia o aluno a entrar em contato com seu próprio mundo simbólico e a desenvolver outras habilidades cognitivas (FERREIRA, ACIOLY-RÉGNIER, 2010). Ao desconsiderar esse aspecto tão importante, a utilização de provas como método avaliativo limita a expressão do estudante, assim como a integração dos conteúdos apresentados a perspectivas referenciadas em suas vivências e afetos. 
 Destarte, a teoria de Wallom ainda traz reflexões acerca da integração possível durante o processo de aprendizagem, que não ocorre de forma linear, mas que pode encontrar rupturas, regressões e crises, que auxiliam no processo de desenvolvimento e aprendizagem. No entanto, com a utilização de provas é estabelecido um olhar regrado acerca desse processo, que passa a ser encarado como um movimento apenas de ganhos, onde não há espaço para erros ou retrocessos (DAUTRO, LIMA, 2018). Como não há abertura para questões afetivas, e muitas vezes também para questões sociais e políticas, também não é estabelecida uma compreensão humanizada dos processos do aluno, que passa a ser encarado como apenas um cérebro pensante que deve decorar informações a serem repetidas durante as avaliações. Além dos aspectos já apontados, ainda podem ser indicadas a ausência de mediação efetiva durante a aplicação de provas, levando a uma perda durante esse momento que poderia desencadear na construção de novos aprendizados e habilidades, assim como a falta de estímulo a flexibilidade cognitiva, haja visto que a memorização é a única estratégia requerida para a realização da atividade. 
 Portanto, tendo como base a teoria de Wallom, é possível observar as limitações do uso de provas como método avaliativo para a aprendizagem de estudantes, pois não estimula processos essenciais para o desenvolvimento do sujeito, além de não considerar domínios importantes para a construção desses. Logo, é válido promover a utilização de outras formas de avaliação da aprendizagem, em todos os níveis educacionais, abrindo espaço para expressões mais autênticas por parte dos estudantes, além de auxiliar no desenvolvimento de novas práticas de ensino e transmissão de conhecimento. Pensar os estudantes como sujeitos complexos e perpassados por diversas dimensões, sujeitos desejantes, pode auxiliar nessas mudanças e promover novos olhares e desenvolvimento de habilidades. Fomentar processos de aprendizagem que ultrapassem os conceitos cartesianos cognitivistas e considerar os sujeitos como compostos por afetos, marcas sociais e expressões motoras, poderá contribuir para formação de sujeitos políticos, empáticos e autônomos. 
 
REFERÊNCIAS 
BATISTA, M. T. O.; OLIVEIRA, G. F.; SILVA, J. M. S. Psicogênese da pessoa completa: uma análise transdisciplinar do desenvolvimento infantil. In: XII Congresso Nacional de Educação, 2015, p. 2072-2086.
DAUTRO, G. M.; LIMA, W. G. M. A teoria psicogenética de Wallom e sua aplicação na educação. IN: V Congresso Nacional de Educação, 2018, Olinda. Anais...
FERREIRA, A. L.; ACIOLY-RÉGNIER, N. M. Contribuições de Henri Wallom à relação cognição e afetividade na educação. Educar, n. 36, p. 21-38, 2010.

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