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A pneumonia nada mais é do que uma doença inflamatória aguda de causa infecciosa que acomete as vias aéreas terminais e o parênquima pulmonar. Pode ser causada por vírus, bactérias e, mais raramente, fungos e parasitas. Preenche os alvéolos por infiltrado neocroinflamatório, contendo neutrófilos, exsudato purulento com debris celulares e com os agentes causadores. A pneumonia adquirida na comunidade (PAC) acomete o paciente fora do ambiente hospitalar ou se manifestar em até 48 horas após admissão em unidade de cuidados médicos. Inclui casos de pneumonia infecciosa. Pacientes que estiveram hospitalizados por outras razões durante menos de 48 horas antes do desenvolvimento de sintomas respiratórios também são considerados como tendo PAC porque é provável que a inoculação tenha ocorrido antes da admissão. Entretanto, aqueles previamente hospitalizados, por no mínimo dois dias nos 90 dias que precederam a infecção, os instituicionalizados, que receberam antibioticoterapia endovenosa, quimioterapia ou tratamento de ferida nos últimos 30 dias e os pacientes de centros de hemodiálise são considerados como tendo pneumonia associada ao tratamento de saúde e por razão são excluídos da definição de PAC. Os agentes atingem as vias aéreas inferiores e os alvéolos pela aspiração de gotículas ou aerossóis. Infecções polimicrobianas podem ocorrer geralmente com associação entre pneumococo, vírus e germes atípicos. Outros mecanismos possíveis são: disseminação hematogênica de um foco de infecção à distância, macroaspiração e contaminação por foco contíguo. Fisiopatologia: desenvolvimento de pneumonia pode estar relacionado à deficiência no sistema imunológico do hospedeiro, à exposição a um microrganismo de alta virulência ou ao tamanho do inóculo (exposição maciça). o Aspiração do conteúdo orofaríngeo o Inalação de Partículas aerossolizadas o Infecção da corrente sanguínea Pneumonia Adquirida na Comunidade 28.09.2021 Aula 23 – Clínica Médica Etiologia e Patogenia S.pneumoniae (anaeróbios e bactérias gram negativas) é o principal patógeno causador de pneumonia, independente da idade, com prevalência medica de 27,3%. Outros agentes frequentes são o H.influenzae e as bactérias denominadas atípicas, representadas pelo Mycoplasma sP, Chlamydophila sp e Legionella sp, responsáveis por 34% das pneumonias. O pneumococo é a causa mais comum das pneumonias EM TODAS as faixas etárias. Estima-se que ele seja responsável por 30-40% das pneumonias em adultos. Acredita-se que: ∵ 18% das PAC sejam causadas por vírus; ∵ 10-15% das PAC sejam polimicrobianas (geralmente causadas por um patógeno “típico” + um “atípico”). Manifestações respiratórios ∵ Tosse com expectoração purulenta. É o achado mais comum e está presente em até 80% dos casos; ∵ Dor torácica ventilatória-dependente (na presença de derrame pleural); ∵ Dispneia; ∵ Febre alta; ∵ Hipoxemia (desequilíbrio da relação ventilação-perfusão). Manifestações Sistêmicas ∵ Prostração; ∵ Cefaleia ∵ Febre ∵ Sudorese ∵ Artralgias ∵ Mialgias ∵ Delirium Quadro Clínico Idosos: febre e tosse são menos frequentes, e as manifestações mais observadas são taquipneia (geralmente FR > 24 irpm), confusão mental, delírios, quedas, alteração da capacidade funcional e descompensação da doença de base. Taquipneia: pode ser o sinal inicial de pneumonia e pode estar presente em mais de 60% dos idosos. Apesar de inespecífico, é indicador muito sensível de infecção respiratória e tem valor tanto para diagnostico como para prognostico. Inspeção: taquipneia, expansibilidade torácica reduzida; Palpação: FTV aumentado; FTV abolido na presença de derrame pleural associado; Percussão: submacicez ou macicez; Ausculta: diminuição do MV; estertores finos ou grossos; sopro tubário; broncofonia; pectorilóqui fônica ou afônica; Achados extrapulmonares: devem ser avaliados para afastar infecção em ouros sítios (artrite, endocardite, meningite, hepatite, pericardite). Ultrassonografia de tórax: útil na identificação de consolidação parenquimatosa, além de avaliar a presença e eventuais complicações associadas ao derrame pleural. Pode auxiliar na realização de toracocentese. Clínica + Exame físico + radiografia de tórax Exames Complementares Exame de Escarro (incluindo Gram e CT); - Confiável (>25 PMN e < 10 céls epiteliais/campo) Bacterioscopia do Escarro; Hemoculturas; Teste de Antígenos Urinários; - Pneumocócico (S 50-80% / E >90%) - Legionella sorotipo 1 (S 70-90% / E 99%) PCR de Swab nasofaríngeo; Sorologia para HIV: para pacientes com achados clínicos, laboratoriais ou radiológicos atípicos (após esclarecimento e consentimento clínico do paciente) Exame Físico Exame Complementares Diagnóstico PAC Grave Tratamento direcionado reduz mortalidade, porém não se deve retardar a instituição da terapia aguardando o diagnostico etiológico. Para esses casos, são necessárias hemoculturas (duas amostras), exame de escarro com pesquisa direta e cultura para germes aeróbios, além de aspirado traqueal ou broncoscopia com lavado broncoalveolar (LBA) em casos selecionados. A pesquisa de antígeno urinário na identificação de pneumonia relacionada ao pneumococo e Legionella faz-se necessário. A sensibilidade desse teste não se altera mesmo após a introdução de antibioticoterapia. PCR: marcador inflamatório que avalia resposta terapêutica e tem valor prognostico. Níveis elevados ou à ausência de queda de pelo menos 50% do seu valor inicial após o 3º dia de tratamento antimicrobiano estão associados ao pior prognostico ou evolução para complicações. Procalcitonina; Broncofibroscopia (principal complicação- hipoxemia). Diretrizes UDSA/AST e do Consenso Brasileiro sugerem que se use um score para auxiliar na decisão de tratamento ambulatorial X hospitalar. CURB-65: score que abrange apenas cinco variáveis representativas da doença aguda na PAC. Cada variável equivale a um ponto. Maior limitação desses scores (CURB-65 e CRB-65): falta de inclusão de comorbidades que podem acrescentar maior risco de complicações na PAC, como alcoolismo, insuficiência cardíaca ou hepática e neoplasias, fazendo com que seu valor preditivo negativo de mortalidade seja um pouco inferior ao do PSI. Entretanto, eles se qualificam pela simplicidade, aplicabilidade imediata e facilidade de uso em ambientes hospitalares ou não hospitalares. Tratamento ∵ C – Confusão mental ∵ U – Ureia > 50 mg/dL ∵ R – Frequência respiratória > 30 incursões/minuto ∵ B – Pressão arterial sistólica < 90 mmHg ou diastólica ≤ 60 mmHg ∵ 65 – idade ≥ 65 anos (isoladamente, não pontuada; necessidade de outro dado alterado para ser valorizada) Consenso Brasileiro Por quanto devemos manter a ATBterapia? o Suspender se paciente afebril por no mínimo 3 dias; o PAC grave ou causadas por germes que levem à necrose parenquimatosa devem ser tratadas por > 3 semanas; o Duração pode ser < em caso de germes comunitários não resistentes (7 dias, caso paciente afebril até 3º dia de ATB). Pneumonia Lobar Ocupação total do espaço alveolar por exsudato neutrofílico -> consolidação (ou condensação) alveolar -> ocupação de um lobo pulmonar inteiro ∵ Agente principal: S.pneumoniae (mas qualquer bactéria de alta virulência pode desenvolver esse padrão). ∵ Presença de consolidação em lobo superior direito; ∵ Observado o limite cisural nítido (setas); ∵ Presença de broncogramas aéreos. Broncopneumonia É uma inflamação que atinge os pulmões, mais especificamente estruturas internas do pulmão, como os brônquios e os alvéolos. Principais Padrões Histopatológicos Pneumonia “Típica” X “Atípica’ Atualmenteesses termos não são considerados adequados pelas especialistas, pois não ajudam na identificação etiológica. O mais correto é dividir as pneumonias em 2 grupos: o Causadas por micro-organismos típicos Pneumonia Lobar: é quase sempre causada pelo pneumococo. Pneumonia do Lobo Pesado (tipo especial de pneumonia lobar, onde o comprometimento do lobo superior provoca abaulamento da cissura): Klebsiella pneumoniae (pneumonia de Friedlander), geralmente em alccolatras e diabéticos. Pneumatoceles (são cistos com paredes finas, decorrentes da passagem de ar para o interstício subpleural através de pequenas roturas bronquiolares. Não exigem drenagem): S.aureus. Também podem aparecer em infecções por K.pneumoniae, H.influenzae, S.pneumoniae e Pneumocystis (raro). o Causadas por micro-organismos atípicos São aqueles que não podem ser isolados pelas técnicas de cultura em meios convencionais, não podem ser detectados pela coloração gram e geralmente são resistentes aos betalactâmicos. Não Confunda... Principal causa da Pneumonia Locar -> PNEUMOCOCO Principal tipo histopatológico das pneumonias em geral -> BRONCOPNEUMONIA Principal tipo histopatológico das pneumonias PNEUMOCÓCIAS -> BRONCOPNEUMONIA Manual de Clínica Médica do Diagnostico ao Tratamento – Sanar Cecil Medicina – 24 edição Referencias
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