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Lídia negrão – med 5 Glomérulopatias OBJETIVOS: 1. Caracterizar síndrome nefrítica e nefrótica • Definição • Classificação • Fatores de Risco • Sintomatologia • Fisiopatologia • Quadro Clínico • Diagnóstico • Tratamento 2. Indicação de Biópsia GLOMERULOPATIAS PRIMÁRIAS Nos glomérulos normais ocorre o processo de filtração sanguínea, fundamental para a homeostase interna. Para isso é necessário que: - A superfície de filtração de liquidos e pequenos solutos esteja integra - O capilar glomerular exerça um papel de barreira para a filtração de proteínas e outras macromoléculas. Essa função tem carga elétrica e as proteínas da fenda podocitária também têm cargas negativas e por isso elas se repelem. Além disso, proteínas maiores não conseguem passar pelo seu tamanho. Quando perde a integridade da superfície de filtração o paciente cursa com síndrome nefrítica e quando perde a função de barreira às proteínas o paciente cursa com síndrome nefrótica. SINAIS E SINTOMAS A síndrome nefrítica, vai ser caracterizada pela hematúria com cilindros hemáticos, aumento da concentração sérica de ureia e Cr e hipertensão e proteinúria. Ela é secundaria a uma inflamação do glomérulo (aumento de células). Das mais comuns, vamos ter a GLOMERULONEFRITE RAPIDAMENTE PROGRESSIVA, que vai subir os níveis de ureia e creatinina rapidamente, uma característica dela na biopsia é a crescente celular fibrosa. (crescentes são lesões graves) • Acontece com uma necrose, ruptura na membrana basal do capilar do glomérulo, em seguida disso macrófagos mediadores inflamatórios e proteínas do plasma, tem acesso a capsula de bowman. • Dano glomerular irreversível (se demora p/ iniciar terapia) • Pode apresentar anormalidades urinárias • Inicio abrupto de hematúria, proteinúria. • No sedimento urinário a glomerulonefrite apresenta eritrócitos dismórficos e cilindros hemáticos. à A perfusão capilar reduz e reduz a TFG e ocorre um aumento na absorção de sódio e água, formando edema. Podem ser divididas em: 1. Doença de anticorpo MBG 2. Glomerulonefrite pauci-imune 3. Doença por complexo imune. 1. Síndrome de Good Pasture (anticorpo MBG) A hemoptise, infiltrado pulmonar e hemorragia pulmonar resultam da reatividade Lídia negrão – med 5 cruzada do anticorpo MBG contra a membrana basal do capilar do alvéolo. A ligação do anticorpo ao antígeno, vai causar uma resposta inflamatória, resultando em lesão glomerular à Lesão inicial é uma necrose focal e segmentar seguida pela grande formação de crescentes. Na microscopia de IF mostra a deposição linear de IgG na MBG, a ME não apresenta depósitos densos (descarta doenças imunes). Os homens apresentam mais com a síndrome renal pulmonar e as mulheres com a doença limitada do rim. Sintomas da good pasture: hemoptise e dispneia, taquipneia, cianose e estertores respiratórios (sintomas pulmonares podem levar tempo). As células do timo TCD4 encontram-se aumentadas, as células T auxiliam as células B autorreativas na produção de anticorpos anti- MBG, levando a inflamação com deposição de complemento, recrutamento de leucócitos à lesão tecidual e destruição. Na gasometria, pode se analisar hipoxemia da hemorragia alveolar. Em pacientes sem hemorragia pulmonar, se considera doença limitada ao rim. Na radiografia, se encontra infiltrado irregular nos campos centrais pulmonares. Em caso de suspeita clínica alta, se usa a biopsia renal. • Soro ELISA (pode dar falso negativo) • Teste de ANCA àTratamento: Plasmaférese intensiva, glucocorticoides e medicamentos imunossupressores. A hematúria é causada por inflamação da parede capilar, geralmente decorrente de doenças da membrana basal. • A oliguria ocorre pela inflamação glomerular, mais decorrente em síndrome nefrítica por conta da alteração na superfície de filtração que leva a uma diminuição da TFG à Retenção urinária. • A hipertensão decorre da retenção de fluidos pelo rim, causando hipervolemia (nefrítica) – diminuição da TFG • O edema ocorre pela retenção de fluido (nefrítica) ou hipoalbunemia (nefrótica) GLOMÉRULONEFRITE PÓS INFECCIOSA + comum em crianças, geralmente ocorre após um episodio de faringoamigdalite com infecção da cepa nefritogênica de estreptococos hemolíticos do grupoA. à Sinais clínicos: hematúria microscópica, proteinúria no EAS, edema periorbital, hipertensão leve, oliguria e cilindros hemáticos e podendo levar a uma síndrome nefrótica secundaria. Nos adultos, geralmente ocorre em ambientes hospitalares, geralmente idosos e DM. Staphylococcus aureus pode levar a uma lesão renal mais rápido e pode acometer os pacientes com púrpura (geralmente necessita transplante) O tempo de encubação pode levar de 5 a 28 dias, pós infecção. Podendo realizar uma cultura da pele ou da garganta ou alterações sorológicas do antígeno estreptococos. àTratamento: Os títulos de antiestreptolisina (aso) não são tão sensíveis em pacientes com piodermite e o anti-DNAse B é mais usado nesse caso. Antimicrobianos + controle da PA No laboratório, se encontra: elevada concentração sérica de ureia e creatinina e baixa concentração sérica de C3. Lídia negrão – med 5 A creatinina retorna aos níveis em 4 semanas, a C3 em 6 a 12 semanas e hematúria em 6 meses. LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO É associada com as diferentes lesões envolvendo glomérulo, vasos, túbulo, interstício. Há um aumento da celularidade decorrente da proliferação de células mesangiais e endoteliais e acumulo de matriz mesangial. Tem o mesmo diagnostico, hematúria e proteinúria no EAS com função renal diminuída + aumento da creatinina. A Biopsia renal é padrão ouro em p diagnosticar e ajuda também a escolher a melhor classe de medicações que podem ser usadas. Medicamentos usados: ciclofosfamida e metilprednisolona. MICROANGIOPATIAS TROMBÓTICAS Caracterizada pela formação de microtrombos de plaquetas dentro dos vasos, trombocitopenia e anemia hemolítica microangiopática. Isso acarreta isquemia em órgãos alvos podendo levar a duas apresentações: 1. Síndrome hemolítico-urêmica • Colite, hematúria e proteinúria, insuficiência renal. 2. Purpura trombocitopênica trombótica • SNC, febre, doença multiorgânica, hematúria e proteinúria, morte com tratamento e recidivas. NEFROPATIA POR IGA A causa mais comum, se dá mais em brancos e asiáticos. É diagnosticada pela constatação de depósitos imunes contendo IgA no mesângio e na MGB à microscopia de IF. O complemento se encontra em níveis normais. Ela está relacionada com doença hepática crônica, infecções virais (HIV e hepatite B), A.R, dermatite herpetiforme e enteropatia por glúten. à Pacientes com infecção com S. aureus desenvolvem glomerulonefrite pós-infecciosa com depósitos de IgA na IF. • Biopsia é indicado. àTratamento: apenas para pacientes com concentração de creatinina sérica elevada e/ou proteinúria superior a 1g/24h. Os IECA são eficazes (retardam a progressão da doença renal). Corticosteroides são ainda melhores quando se adiciona o IECA. SÍNDROME NEFRÓTICA Em condições normais, quase não excretamos proteína na urina e quando se tem a maior parte é albumina. Limite é de 150mg/dia até 300mg/dia se praticar exercício físico. O capilar é como uma barreira de filtração das proteínas séricas e é composta por 3 camadas. 1. Célula endotelial 2. Membrana basal 3. Célula epitelial A síndrome nefrótica é constatada por uma proteinúria grave (>3,0 a 3,5g/1,73m2/dia) e por hipoalbunemia. A medida que a albumina cai, diminui a pressão oncótica do plasma. à sintomas: edema periférico, elevação do colesterol sérico, lipidúria Pode ocorrer do paciente ter um defeito intra- renal, que aumenta a absorção de sódio. O edema é incialmente tratado com restrição de sódio, mas caso não melhore pode ser usado diuréticos tiazidicos, amilorida... Lídia negrão –med 5 ¨ A hipercolesterolemia é resultado de um aumento da síntese de proteínas hepáticas em resposta a queda de albumina. ¨ O colesterol está inversamente relacionado a queda da pressão oncótica. ¨ A contagem de plaquetas tende a aumentar ¨ Os pacientes apresentam hipercoagulabilidade, tendem a ter mais trombos arteriais e venosos. DOENÇA DE LESÃO MÍNIMA + comum em crianças. Geralmente secundaria a um defeito na imunidade mediada pelas células T e também pode acontecer em associação a doença de Hodgkin, anti- inflamatórios não esteroides e tratamento de melanoma com interferon. Os exames geralmente se mostram normais, com exceção do EAS que as vezes constata, hematúria, lipidúria, corpúsculos ovais e cilindros lipídicos. ¨ A proteinúria é seletiva, a maior parte albumina, sugerindo uma alteração na barreira de carga ¨ Hipertensão geralmente ausente à Tratamento: corticosteroides (duração de 4 meses), geralmente aparecem recidivas após o tratamento. GLEMERULOESCLEROSE FOCAL A GESF é caracterizada por lesões esclerosantes associadas a depósitos hialinos envolvendo parte do glomérulo. o A esclerose resulta num colapso do capilar glomerular com aumento da matriz mesangial. o Na microscopia, depósitos subendoteliais e fusão dos processos podálicos, estão presentes nos glomérulos envolvidos. o A IF revela aprisionamento de IgM e C3 no mesângio esclerótico. o Quando a doença progride, ocorre, atrofia tubular, fibrose intersticial e esclerose glomerular global. o Os nefróns justa medulares são inicialmente afetados. A GESF tem 5 variantes: 1. GESF clássica; 2. Lesão de ponta; 3. Celular; 4. Perilar; e 5. Colapsante; As variantes de ponta e celular são mais responsivas a corticosteroides e tem um melhor quadro, enquanto a clássica e a colapsante respondem mal aos esteroides e tem um pior quadro renal. A etiologia da GESF inclui, fatores humorais, hipertrofia, hiperfiltração glomerular e lesão as células glomerulares As formas herdadas de GESF são causadas por mutações de gene que vão codificar as proteínas do podócito. (actinina a-4, podocina, nefrina, receptor de potencial transitório...). Ela pode ser secundária a HIV, obstrução do trato urinário, nefropatia por analgésico entre outras... No sedimento urinário, se nota hematúria e leucocitúria e alguns pacientes podem apresentar proteinúria assintomática. o A pressão arterial fica elevada e a TFG diminuída o Insuficiência renal lentamente progressiva podendo vir a tornar DRT ¨ Biópsia necessária! à Tratamento: Corticosteroides e IECA / em pacientes com HIV, terapia antirretroviral com IECA + prednisona (retarda a TFG). GLOMERULONEFRITE PROLIFERATIVA MESANGIAL à hematúria microscopia isolada e/ou proteinúria O complemento vai estar normal (diferencial) Lídia negrão – med 5 ¨ é secundaria a lúpus, endocardite, esquistossomose... Na microscopia há um aumento de células mesangiais. à Tratamento: De suporte, foco na PA e na redução da proteinúria com medicamentos que modulam o SRAA – IECA e BRAs. O tratamento inicial é com corticosteroides – seguidos de ciclosporina (se não tiver resposta ao primeiro). GLOMERULOPATIA MEMBRANOSA à Espessamento difuso na parede do capilar glomerular, sem proliferação celular. ¨ Presença de depósitos imunes subepiteliais na ME. ¨ O receptor da fosfolipase A2, tipo M é o antígeno glomerular alvo nesse tipo de glomerulopatia – os anticorpos formados podem se ligar ao PLA2R, formar o complexo antígeno-anticorpo e então iniciar os eventos, causando lesão da alça glomerular. ¨ O desenvolvimento da lesão vai ser dependente do complexo de ataque a membrana – induz a produção da matriz a liberação de oxidantes (lesão dos podócito). ¨ A microscopia de IF tem padrão granular. ¨ Na lesão idiopática os depósitos mesangiais são ausentes e IgG 4 presente ¨ Na causa secundaria os depósitos mesangiais são maiores que 8 céls. Por glomérulo e inclusões túbulo reticulares pode ser encontrados. ¨ Maior risco de trombose renal. Numa causa secundaria encontraríamos, depósitos subendoteliais, depósitos túbulo-intersticiais, a presença de todas as Igs nos depósitos e proliferação mesangial ou endocapilar. o Biopsia necessária. Tratamento: corticosteroides e clorambucil ou corticosteroides + ciclofosfamida oral. GLOMERULONEFRITE MEMBRANOPROLIFERATIVA É caracterizada pela proliferação difusa de células mesangiais com extensões da matriz ou do citoplasma mesangial p/dentro dos capilares periféricos ‘’duplo contorno’’ da MBG. Na microscopia é visto depósitos glomerulares de imunoglobulina, C3 e C4. Cursa síndrome nefrítica e nefrótica ou com hematúria ou com proteinúria. + chances de trombose de veia renal. A pressão geralmente é alta, a TFG baixa e anemia presente desproporcional ao grau de azotemia. A diminuição de complemento é proporcional a C3 diminui, então logo a C4 diminui também. Complemento baixo >8,5 Secundaria à shunt, malária, hepatite B e C, linfomas de células B...
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