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Título 
MOVIMENTOS SOCIAIS 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
15 
Tema 
MOVIMENTOS SOCIAIS 
Objetivos 
·        Compreender categorias e conceitos fundamentais ao fenômeno jurídico-político. 
·        Analisar as estruturas e as articulações do discurso político nas chamadas circunstâncias de crise, como a revolução, o 
golpe de Estado ou a guerra. 
Estimular a utilização de raciocínio jurídico -político, de argumentação, de persuasão e de reflexão crítica, elementos 
essenciais à construção do perfil do profissional do Direito. 
Estrutura do Conteúdo 
15. As categorias do campo político: movimentos sociais. 
  
15.1. Estado de exceção. 
  
A contigüidade essencial entre estado de exceção e soberania foi estabelecida por Carl Schmitt em seu livro Politische Theologie (Schmitt, 
1922). Embora sua famosa definição do soberano como “aquele que decide sobre os estado de exceção” tenha sido amplamente comentada e 
discutida, ainda hoje, contudo, falta uma teoria do estado de exceção no direito público, e tanto juristas quanto especialistas em direito público 
parecem considerar o problema muito mais como uma quæstio facti do que como um genuíno problema jurídico. Não só a legitimidade de tal 
teoria é negada pelos autores que, retomando a antiga máxima de que necessitas legem non habet, afirmam que o estado de necessidade, 
sobre o qual se baseia a exceção, não pode ter forma jurídica; mas a própria definição do termo tornou-se difícil por situar-se no limite entre a 
política e o direito. Segundo opinião generalizada, realmente o estado de exceção constitui um “ponto de desequilíbrio entre direito público e 
fato político” (Saint-Bonnet, 2001, p.28) que - como a guerra civil, a insurreição e a resistência – situa-se numa franja ambígua e incerta, na 
intersecção entre o político” (Fontana, 1999, p. 16). A questão dos limites torna-se ainda mais urgente: se são fruto dos períodos de crise 
política e, como tais, devem ser compreendidas no terreno político e não no jurídico-constitucional (De Martino, 1973, p. 320), as medidas 
excepcionais encontram-se na situação paradoxal de medidas jurídicas que não podem ser compreendidas no plano do direito, e o estado de 
exceção apresenta-se como a forma legal daquilo que não pode ter forma legal. Por outro lado, se a exceção é o dispositivo original graças ao 
qual o direito se refere à vida e a inclui em si por meio de sua própria suspensão, uma teoria do estado de exceção é, então, condição 
preliminar para se definir a relação que liga e, ao mesmo tempo, abandona o vivente ao direito. 
Entre os elementos que tornam difícil uma definição do estado de exceção, encontra-se, certamente, sua estreita relação com a guerra civil, a 
insurreição e a resistência. Dado que é o oposto do estado normal, a guerra civil se situa numa zona de indecidibilidade quanto ao estado de 
exceção, que é a resposta imediata do poder estatal aos conflitos internos mais extremos. No decorrer do século XX, pôde-se assistir a um 
fenômeno paradoxal que foi bem definido como uma “guerra civil legal” (Schnur, 1983). 
O significado imediatamente biopolítico do estado de exceção como estrutura original em que o direito inclui em si o vivente por meio de sua 
própria suspensão aparece claramente na “military order”, promulgada pelo Presidente dos Estados Unidos no dia 13 de novembro de 2001, e 
que autoriza a “indefinite detention” e o processo perante as “military commissions” (não confundir com os tribunais militares previstos pelo 
direito da guerra) dos na cidadãos suspeitos de atividades terroristas. Toda esta discussão pode ser encontrada in AGAMBEN, Giorgio. 
Estado de Exceção. São Paulo: Boitempo, 2004. 
  
  
15.2. Desobediência Civil. 
  
“A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (França, 1789) prevê, no seu art. 2º ,  entre “os direitos naturais e imprescritível do 
homem”, a resistência à opressão. 
Machado Paupério refere o direito de resistência como resultante natural da insuficiência das sanções jurídicas organizadas, apontando o 
tríplice aspecto da recusa da obediência dos governos, a oposição às leis injustas, a resistência à opressão e a revolução. 
Desde o mundo antigo e nos primeiros séculos do Cristianismo, como doutrina da Igreja e como prática política medieval, na doutrina tomista e 
na reforma protestante, o direito de resistência vem tratado sob múltiplos aspectos, culminando com Locke, pelo qual cabe ao povo julgar o 
príncipe ou o legislativo quando agem de modo contrário à confiança que neles depositou: o poder de que cada indivíduo abdica em favor da 
sociedade, ao nela entrar e permanecer para sempre com a comunidade. 
As teorias de Locke exerceram irresistível influência desde então, vindo a inspirar a Declaração dos Direitos de 1789 e, a partir daí, a “idéia de 
direito”  no mundo, sendo consagrada como direito, expressamente, em alguns ordenamentos jurídicos (Constituição alemã, Constituição 
portuguesa). Canotilho comenta o direito de resistência como “a última ratio do cidadão que se vê ofendido nos seus direitos, liberdades e 
garantias por atos do Poder Público ou por ações de entidades privadas”. 
  
  
15.3. Revolução. 
  
Revolução significa uma mudança radical; por exemplo, Revolução Francesa de 1789, Revolução Russa de 1917, no sistema político, que 
acaba por inverter a pirâmide social do poder político. 
  
15.4. Golpes de Estado. 
  
O golpe de Estado significa uma mudança na detenção do poder político de caráter pessoal. Ou seja, incorpora o interesse de uma pessoa ou 
de um pequeno grupo de dentro do próprio poder, que, através de uma manobra política de força, assume a posição de Chefe de Governo, 
puxando para si, em determinado momento, as atribuições do Poder Legislativo e do Judiciário a fim de legalizar o seu ato. Geralmente, nesta 
situação, os golpistas têm o apoio dos militares, para que reúnam as forças de facto necessárias a tomada do poder.  
Aplicação Prática Teórica 
Caso Concreto 1 
  
Tema: Direito de Resistência  
Leia com atenção as considerações abaixo: A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (França, 1789) prevê, no 
seu art. 2º ,  entre “os direitos naturais e imprescritível do homem”, a resistência à opressão. 
Machado Paupério refere o direito de resistência como resultante natural da insuficiência das sanções jurídicas 
organizadas, apontando o tríplice aspecto da recusa da obediência dos governos, a oposição às leis injustas, a resistência à 
opressão e a revolução. 
  
         Desde o mundo antigo e nos primeiros séculos do Cristianismo, como doutrina da Igreja e como prática política medieval, na 
doutrina tomista e na reforma protestante, o direito de resistência vem tratado sob múltiplos aspectos, culminando com Locke, pelo 
qual cabe ao povo julgar o príncipe ou o legislativo quando agem de modo contrário à confiança que neles depositou: o poder de 
que cada indivíduo abdica em favor da sociedade, ao nela entrar e permanecer para sempre com a comunidade. 
  
         As teorias de Locke exerceram irresistível influência desde então, vindo a inspirar a Declaração dos Direitos de 1789 e, a partir 
daí,  a  “idéia de direito”   no mundo, sendo consagrada como direito, expressamente, em alguns ordenamentos jurídicos 
(Constituição alemã, Constituição portuguesa). Canotilho comenta o direito de resistência como “a última ratio do cidadão que se 
vê ofendido nos seus direitos, liberdades e garantias por atos do Poder Público ou por ações de entidades privadas”. CANOTILHO, 
José Joaquim Gomes. Direito Constitucional, 6. ed., Almedina, Coimbra, 1993, p. 663. 
    
         À luz das observações acima indique os fundamentos essenciais do direito de resistência. 
  
Caso Concreto 2 
  
Tema: Direito de Resistência 
  
Analise com atenção este texto de Mahatma Ghandi: 
                                          
        “Amigos meus que me conhecem têm verificado que eu tenho tanto de um homem moderado quanto de um extremista, que eusou tão conservador como revolucionário. Assim se explica, talvez, a minha boa sorte de ter amigos entre esse tipos extremos de 
homens. Essa mescla, creio, corre por conta da minha própria ahimsa”. 
  
     Recuso-me a ser escravo de precedentes – afirma – ou a praticar algo que não compreenda nem possa defender com base 
moral. “Não sacrifiquei princípio algum a fim de obter alguma vantagem política”. 
  
    “O que pensais – passais a ser”. 
  
    “Tudo o que vive é o teu próximo”. 
  
     “O teu inimigo se renderá, não quando sua força esgotar, mas quando o teu coração se negar ao combate”. 
  
     “Substituir uma vida egoísta, nervosa, violenta e irracional por uma vida de amor, de fraternidade, de liberdade e de raciocínio” – 
é a sua palavra de ação. 
  
    “A não-violência não pode ser definida como um método passivo ou inativo. É um movimento bem mais ativo que outros que 
exigem o uso de armas. A verdade e a não-violência são, talvez, as forças mais ativas que o mundo dispõe. A não-violência é o 
primeiro artigo da minha fé; e é também o último artigo do meu credo”. 
  
     Indaga-se: 
  
     a) Como se manifestou concretamente o “Movimento de Não Cooperação Não Violenta” liderado por Gandhi no processo de 
descolonização da Índia? 
  
     b) Este movimento pode ser reconhecido como uma forma de expressão do direito de resistência? 
Plano de Aula: MOVIMENTOS SOCIAIS
CIÊNCIA POLÍTICA 
Estácio de Sá Página 1 / 3
Título 
MOVIMENTOS SOCIAIS 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
15 
Tema 
MOVIMENTOS SOCIAIS 
Objetivos 
·        Compreender categorias e conceitos fundamentais ao fenômeno jurídico-político. 
·        Analisar as estruturas e as articulações do discurso político nas chamadas circunstâncias de crise, como a revolução, o 
golpe de Estado ou a guerra. 
Estimular a utilização de raciocínio jurídico -político, de argumentação, de persuasão e de reflexão crítica, elementos 
essenciais à construção do perfil do profissional do Direito. 
Estrutura do Conteúdo 
15. As categorias do campo político: movimentos sociais. 
  
15.1. Estado de exceção. 
  
A contigüidade essencial entre estado de exceção e soberania foi estabelecida por Carl Schmitt em seu livro Politische Theologie (Schmitt, 
1922). Embora sua famosa definição do soberano como “aquele que decide sobre os estado de exceção” tenha sido amplamente comentada e 
discutida, ainda hoje, contudo, falta uma teoria do estado de exceção no direito público, e tanto juristas quanto especialistas em direito público 
parecem considerar o problema muito mais como uma quæstio facti do que como um genuíno problema jurídico. Não só a legitimidade de tal 
teoria é negada pelos autores que, retomando a antiga máxima de que necessitas legem non habet, afirmam que o estado de necessidade, 
sobre o qual se baseia a exceção, não pode ter forma jurídica; mas a própria definição do termo tornou-se difícil por situar-se no limite entre a 
política e o direito. Segundo opinião generalizada, realmente o estado de exceção constitui um “ponto de desequilíbrio entre direito público e 
fato político” (Saint-Bonnet, 2001, p.28) que - como a guerra civil, a insurreição e a resistência – situa-se numa franja ambígua e incerta, na 
intersecção entre o político” (Fontana, 1999, p. 16). A questão dos limites torna-se ainda mais urgente: se são fruto dos períodos de crise 
política e, como tais, devem ser compreendidas no terreno político e não no jurídico-constitucional (De Martino, 1973, p. 320), as medidas 
excepcionais encontram-se na situação paradoxal de medidas jurídicas que não podem ser compreendidas no plano do direito, e o estado de 
exceção apresenta-se como a forma legal daquilo que não pode ter forma legal. Por outro lado, se a exceção é o dispositivo original graças ao 
qual o direito se refere à vida e a inclui em si por meio de sua própria suspensão, uma teoria do estado de exceção é, então, condição 
preliminar para se definir a relação que liga e, ao mesmo tempo, abandona o vivente ao direito. 
Entre os elementos que tornam difícil uma definição do estado de exceção, encontra-se, certamente, sua estreita relação com a guerra civil, a 
insurreição e a resistência. Dado que é o oposto do estado normal, a guerra civil se situa numa zona de indecidibilidade quanto ao estado de 
exceção, que é a resposta imediata do poder estatal aos conflitos internos mais extremos. No decorrer do século XX, pôde-se assistir a um 
fenômeno paradoxal que foi bem definido como uma “guerra civil legal” (Schnur, 1983). 
O significado imediatamente biopolítico do estado de exceção como estrutura original em que o direito inclui em si o vivente por meio de sua 
própria suspensão aparece claramente na “military order”, promulgada pelo Presidente dos Estados Unidos no dia 13 de novembro de 2001, e 
que autoriza a “indefinite detention” e o processo perante as “military commissions” (não confundir com os tribunais militares previstos pelo 
direito da guerra) dos na cidadãos suspeitos de atividades terroristas. Toda esta discussão pode ser encontrada in AGAMBEN, Giorgio. 
Estado de Exceção. São Paulo: Boitempo, 2004. 
  
  
15.2. Desobediência Civil. 
  
“A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (França, 1789) prevê, no seu art. 2º ,  entre “os direitos naturais e imprescritível do 
homem”, a resistência à opressão. 
Machado Paupério refere o direito de resistência como resultante natural da insuficiência das sanções jurídicas organizadas, apontando o 
tríplice aspecto da recusa da obediência dos governos, a oposição às leis injustas, a resistência à opressão e a revolução. 
Desde o mundo antigo e nos primeiros séculos do Cristianismo, como doutrina da Igreja e como prática política medieval, na doutrina tomista e 
na reforma protestante, o direito de resistência vem tratado sob múltiplos aspectos, culminando com Locke, pelo qual cabe ao povo julgar o 
príncipe ou o legislativo quando agem de modo contrário à confiança que neles depositou: o poder de que cada indivíduo abdica em favor da 
sociedade, ao nela entrar e permanecer para sempre com a comunidade. 
As teorias de Locke exerceram irresistível influência desde então, vindo a inspirar a Declaração dos Direitos de 1789 e, a partir daí, a “idéia de 
direito”  no mundo, sendo consagrada como direito, expressamente, em alguns ordenamentos jurídicos (Constituição alemã, Constituição 
portuguesa). Canotilho comenta o direito de resistência como “a última ratio do cidadão que se vê ofendido nos seus direitos, liberdades e 
garantias por atos do Poder Público ou por ações de entidades privadas”. 
  
  
15.3. Revolução. 
  
Revolução significa uma mudança radical; por exemplo, Revolução Francesa de 1789, Revolução Russa de 1917, no sistema político, que 
acaba por inverter a pirâmide social do poder político. 
  
15.4. Golpes de Estado. 
  
O golpe de Estado significa uma mudança na detenção do poder político de caráter pessoal. Ou seja, incorpora o interesse de uma pessoa ou 
de um pequeno grupo de dentro do próprio poder, que, através de uma manobra política de força, assume a posição de Chefe de Governo, 
puxando para si, em determinado momento, as atribuições do Poder Legislativo e do Judiciário a fim de legalizar o seu ato. Geralmente, nesta 
situação, os golpistas têm o apoio dos militares, para que reúnam as forças de facto necessárias a tomada do poder.  
Aplicação Prática Teórica 
Caso Concreto 1 
  
Tema: Direito de Resistência  
Leia com atenção as considerações abaixo: A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (França, 1789) prevê, no 
seu art. 2º ,  entre “os direitos naturais e imprescritível do homem”, a resistência à opressão. 
Machado Paupério refere o direito de resistência como resultante natural da insuficiência das sanções jurídicas 
organizadas, apontando o tríplice aspecto da recusa da obediência dos governos, a oposição às leis injustas, a resistência à 
opressão e a revolução. 
  
         Desde o mundoantigo e nos primeiros séculos do Cristianismo, como doutrina da Igreja e como prática política medieval, na 
doutrina tomista e na reforma protestante, o direito de resistência vem tratado sob múltiplos aspectos, culminando com Locke, pelo 
qual cabe ao povo julgar o príncipe ou o legislativo quando agem de modo contrário à confiança que neles depositou: o poder de 
que cada indivíduo abdica em favor da sociedade, ao nela entrar e permanecer para sempre com a comunidade. 
  
         As teorias de Locke exerceram irresistível influência desde então, vindo a inspirar a Declaração dos Direitos de 1789 e, a partir 
daí,  a  “idéia de direito”   no mundo, sendo consagrada como direito, expressamente, em alguns ordenamentos jurídicos 
(Constituição alemã, Constituição portuguesa). Canotilho comenta o direito de resistência como “a última ratio do cidadão que se 
vê ofendido nos seus direitos, liberdades e garantias por atos do Poder Público ou por ações de entidades privadas”. CANOTILHO, 
José Joaquim Gomes. Direito Constitucional, 6. ed., Almedina, Coimbra, 1993, p. 663. 
    
         À luz das observações acima indique os fundamentos essenciais do direito de resistência. 
  
Caso Concreto 2 
  
Tema: Direito de Resistência 
  
Analise com atenção este texto de Mahatma Ghandi: 
                                          
        “Amigos meus que me conhecem têm verificado que eu tenho tanto de um homem moderado quanto de um extremista, que eu 
sou tão conservador como revolucionário. Assim se explica, talvez, a minha boa sorte de ter amigos entre esse tipos extremos de 
homens. Essa mescla, creio, corre por conta da minha própria ahimsa”. 
  
     Recuso-me a ser escravo de precedentes – afirma – ou a praticar algo que não compreenda nem possa defender com base 
moral. “Não sacrifiquei princípio algum a fim de obter alguma vantagem política”. 
  
    “O que pensais – passais a ser”. 
  
    “Tudo o que vive é o teu próximo”. 
  
     “O teu inimigo se renderá, não quando sua força esgotar, mas quando o teu coração se negar ao combate”. 
  
     “Substituir uma vida egoísta, nervosa, violenta e irracional por uma vida de amor, de fraternidade, de liberdade e de raciocínio” – 
é a sua palavra de ação. 
  
    “A não-violência não pode ser definida como um método passivo ou inativo. É um movimento bem mais ativo que outros que 
exigem o uso de armas. A verdade e a não-violência são, talvez, as forças mais ativas que o mundo dispõe. A não-violência é o 
primeiro artigo da minha fé; e é também o último artigo do meu credo”. 
  
     Indaga-se: 
  
     a) Como se manifestou concretamente o “Movimento de Não Cooperação Não Violenta” liderado por Gandhi no processo de 
descolonização da Índia? 
  
     b) Este movimento pode ser reconhecido como uma forma de expressão do direito de resistência? 
Plano de Aula: MOVIMENTOS SOCIAIS
CIÊNCIA POLÍTICA 
Estácio de Sá Página 2 / 3
Título 
MOVIMENTOS SOCIAIS 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
15 
Tema 
MOVIMENTOS SOCIAIS 
Objetivos 
·        Compreender categorias e conceitos fundamentais ao fenômeno jurídico-político. 
·        Analisar as estruturas e as articulações do discurso político nas chamadas circunstâncias de crise, como a revolução, o 
golpe de Estado ou a guerra. 
Estimular a utilização de raciocínio jurídico -político, de argumentação, de persuasão e de reflexão crítica, elementos 
essenciais à construção do perfil do profissional do Direito. 
Estrutura do Conteúdo 
15. As categorias do campo político: movimentos sociais. 
  
15.1. Estado de exceção. 
  
A contigüidade essencial entre estado de exceção e soberania foi estabelecida por Carl Schmitt em seu livro Politische Theologie (Schmitt, 
1922). Embora sua famosa definição do soberano como “aquele que decide sobre os estado de exceção” tenha sido amplamente comentada e 
discutida, ainda hoje, contudo, falta uma teoria do estado de exceção no direito público, e tanto juristas quanto especialistas em direito público 
parecem considerar o problema muito mais como uma quæstio facti do que como um genuíno problema jurídico. Não só a legitimidade de tal 
teoria é negada pelos autores que, retomando a antiga máxima de que necessitas legem non habet, afirmam que o estado de necessidade, 
sobre o qual se baseia a exceção, não pode ter forma jurídica; mas a própria definição do termo tornou-se difícil por situar-se no limite entre a 
política e o direito. Segundo opinião generalizada, realmente o estado de exceção constitui um “ponto de desequilíbrio entre direito público e 
fato político” (Saint-Bonnet, 2001, p.28) que - como a guerra civil, a insurreição e a resistência – situa-se numa franja ambígua e incerta, na 
intersecção entre o político” (Fontana, 1999, p. 16). A questão dos limites torna-se ainda mais urgente: se são fruto dos períodos de crise 
política e, como tais, devem ser compreendidas no terreno político e não no jurídico-constitucional (De Martino, 1973, p. 320), as medidas 
excepcionais encontram-se na situação paradoxal de medidas jurídicas que não podem ser compreendidas no plano do direito, e o estado de 
exceção apresenta-se como a forma legal daquilo que não pode ter forma legal. Por outro lado, se a exceção é o dispositivo original graças ao 
qual o direito se refere à vida e a inclui em si por meio de sua própria suspensão, uma teoria do estado de exceção é, então, condição 
preliminar para se definir a relação que liga e, ao mesmo tempo, abandona o vivente ao direito. 
Entre os elementos que tornam difícil uma definição do estado de exceção, encontra-se, certamente, sua estreita relação com a guerra civil, a 
insurreição e a resistência. Dado que é o oposto do estado normal, a guerra civil se situa numa zona de indecidibilidade quanto ao estado de 
exceção, que é a resposta imediata do poder estatal aos conflitos internos mais extremos. No decorrer do século XX, pôde-se assistir a um 
fenômeno paradoxal que foi bem definido como uma “guerra civil legal” (Schnur, 1983). 
O significado imediatamente biopolítico do estado de exceção como estrutura original em que o direito inclui em si o vivente por meio de sua 
própria suspensão aparece claramente na “military order”, promulgada pelo Presidente dos Estados Unidos no dia 13 de novembro de 2001, e 
que autoriza a “indefinite detention” e o processo perante as “military commissions” (não confundir com os tribunais militares previstos pelo 
direito da guerra) dos na cidadãos suspeitos de atividades terroristas. Toda esta discussão pode ser encontrada in AGAMBEN, Giorgio. 
Estado de Exceção. São Paulo: Boitempo, 2004. 
  
  
15.2. Desobediência Civil. 
  
“A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (França, 1789) prevê, no seu art. 2º ,  entre “os direitos naturais e imprescritível do 
homem”, a resistência à opressão. 
Machado Paupério refere o direito de resistência como resultante natural da insuficiência das sanções jurídicas organizadas, apontando o 
tríplice aspecto da recusa da obediência dos governos, a oposição às leis injustas, a resistência à opressão e a revolução. 
Desde o mundo antigo e nos primeiros séculos do Cristianismo, como doutrina da Igreja e como prática política medieval, na doutrina tomista e 
na reforma protestante, o direito de resistência vem tratado sob múltiplos aspectos, culminando com Locke, pelo qual cabe ao povo julgar o 
príncipe ou o legislativo quando agem de modo contrário à confiança que neles depositou: o poder de que cada indivíduo abdica em favor da 
sociedade, ao nela entrar e permanecer para sempre com a comunidade. 
As teorias de Locke exerceram irresistível influência desde então, vindo a inspirar a Declaração dos Direitos de 1789 e, a partir daí, a “idéia de 
direito”  no mundo, sendo consagrada como direito, expressamente, em alguns ordenamentos jurídicos (Constituição alemã, Constituição 
portuguesa). Canotilho comenta o direito de resistência como “a última ratio do cidadão que se vê ofendido nos seusdireitos, liberdades e 
garantias por atos do Poder Público ou por ações de entidades privadas”. 
  
  
15.3. Revolução. 
  
Revolução significa uma mudança radical; por exemplo, Revolução Francesa de 1789, Revolução Russa de 1917, no sistema político, que 
acaba por inverter a pirâmide social do poder político. 
  
15.4. Golpes de Estado. 
  
O golpe de Estado significa uma mudança na detenção do poder político de caráter pessoal. Ou seja, incorpora o interesse de uma pessoa ou 
de um pequeno grupo de dentro do próprio poder, que, através de uma manobra política de força, assume a posição de Chefe de Governo, 
puxando para si, em determinado momento, as atribuições do Poder Legislativo e do Judiciário a fim de legalizar o seu ato. Geralmente, nesta 
situação, os golpistas têm o apoio dos militares, para que reúnam as forças de facto necessárias a tomada do poder.  
Aplicação Prática Teórica 
Caso Concreto 1 
  
Tema: Direito de Resistência  
Leia com atenção as considerações abaixo: A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (França, 1789) prevê, no 
seu art. 2º ,  entre “os direitos naturais e imprescritível do homem”, a resistência à opressão. 
Machado Paupério refere o direito de resistência como resultante natural da insuficiência das sanções jurídicas 
organizadas, apontando o tríplice aspecto da recusa da obediência dos governos, a oposição às leis injustas, a resistência à 
opressão e a revolução. 
  
         Desde o mundo antigo e nos primeiros séculos do Cristianismo, como doutrina da Igreja e como prática política medieval, na 
doutrina tomista e na reforma protestante, o direito de resistência vem tratado sob múltiplos aspectos, culminando com Locke, pelo 
qual cabe ao povo julgar o príncipe ou o legislativo quando agem de modo contrário à confiança que neles depositou: o poder de 
que cada indivíduo abdica em favor da sociedade, ao nela entrar e permanecer para sempre com a comunidade. 
  
         As teorias de Locke exerceram irresistível influência desde então, vindo a inspirar a Declaração dos Direitos de 1789 e, a partir 
daí,  a  “idéia de direito”   no mundo, sendo consagrada como direito, expressamente, em alguns ordenamentos jurídicos 
(Constituição alemã, Constituição portuguesa). Canotilho comenta o direito de resistência como “a última ratio do cidadão que se 
vê ofendido nos seus direitos, liberdades e garantias por atos do Poder Público ou por ações de entidades privadas”. CANOTILHO, 
José Joaquim Gomes. Direito Constitucional, 6. ed., Almedina, Coimbra, 1993, p. 663. 
    
         À luz das observações acima indique os fundamentos essenciais do direito de resistência. 
  
Caso Concreto 2 
  
Tema: Direito de Resistência 
  
Analise com atenção este texto de Mahatma Ghandi: 
                                          
        “Amigos meus que me conhecem têm verificado que eu tenho tanto de um homem moderado quanto de um extremista, que eu 
sou tão conservador como revolucionário. Assim se explica, talvez, a minha boa sorte de ter amigos entre esse tipos extremos de 
homens. Essa mescla, creio, corre por conta da minha própria ahimsa”. 
  
     Recuso-me a ser escravo de precedentes – afirma – ou a praticar algo que não compreenda nem possa defender com base 
moral. “Não sacrifiquei princípio algum a fim de obter alguma vantagem política”. 
  
    “O que pensais – passais a ser”. 
  
    “Tudo o que vive é o teu próximo”. 
  
     “O teu inimigo se renderá, não quando sua força esgotar, mas quando o teu coração se negar ao combate”. 
  
     “Substituir uma vida egoísta, nervosa, violenta e irracional por uma vida de amor, de fraternidade, de liberdade e de raciocínio” – 
é a sua palavra de ação. 
  
    “A não-violência não pode ser definida como um método passivo ou inativo. É um movimento bem mais ativo que outros que 
exigem o uso de armas. A verdade e a não-violência são, talvez, as forças mais ativas que o mundo dispõe. A não-violência é o 
primeiro artigo da minha fé; e é também o último artigo do meu credo”. 
  
     Indaga-se: 
  
     a) Como se manifestou concretamente o “Movimento de Não Cooperação Não Violenta” liderado por Gandhi no processo de 
descolonização da Índia? 
  
     b) Este movimento pode ser reconhecido como uma forma de expressão do direito de resistência? 
Plano de Aula: MOVIMENTOS SOCIAIS
CIÊNCIA POLÍTICA 
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