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Terceira Civilização - Edição 592 - 09/12/2017 - pág. 18 - Capa A órbita da fé — da coragem à benevolência Terceira Civilização - Capa Marina Beatriz Gaino (67122-3) / pág. 1. A VIDA É UMA BATALHA, uma luta consigo mesmo e com o destino. As pessoas esforçadas e sinceras vencem no final. Elas são fortes porque lapidam e fortalecem a si próprias enquanto transformam o destino. Evitar obstáculos — buscar por caminhos fáceis para fugir do esforço — não é a escolha certa. Enfrentar as adversidades até superá-las será sempre a melhor solução. Diante de qualquer desafio, vence quem tem fé. Possuir fé pura e sincera é pôr o Gohonzon em primeiro lugar, assumir para si a responsabilidade pela grande batalha pelo kosen-rufu e se dedicar dia e noite à felicidade das pessoas e à transformação da sociedade. Essa é a órbita da fé de quem constrói no presente um brilhante futuro. Batalha contra os obstáculos A felicidade existe na batalha contra as adversidades. Quanto maior o desafio, maior a alegria. No entanto, nos tempos atuais, existe forte tendência de buscar atalhos para fugir do esforço. Tal postura impede o amadurecimento como ser humano e gera a ilusão causadora da infelicidade. A felicidade e o desenvolvimento existem quando se enfrenta dificuldades, e por ser assim, lutar é sempre necessário. O espírito de luta fortalece o ser humano e o faz persistir mesmo diante das piores condições. Quando alguém está disposto a mudar de vida ou tem grandes objetivos, é natural que, ao se colocar em ação, se depare com obstáculos que causem angústias e dúvidas. Se estiver disposto a mudar de vida e sair da zona de conforto, aflições e sofrimentos virão em resposta a cada atitude tomada. No mesmo tamanho dos objetivos será a descrença na própria capacidade para seguir em frente. Sentir-se dessa forma é normal. Nesses momentos, o que realmente importa e vai determinar a vitória ou a derrota é como você reagirá. Vai desistir ou se levantar para conquistar uma nova vitória? Armadilha da resignação Acreditar que algo está errado porque surgiram dificuldades e você se sente angustiado é uma armadilha. As provações, ao contrário, indicam que o caminho está correto, e a angústia é sinal de que o coração precisa se transformar e se fortalecer. O resignado desiste nas horas cruciais e evita maiores problemas. Porém, com essa atitude, dá as costas para a felicidade e se torna escravo das circunstâncias. O que, a princípio, parecia uma vantagem é, na realidade, um enorme prejuízo. Terceira Civilização - Edição 592 - 09/12/2017 - pág. 18 - Capa Marina Beatriz Gaino (67122-3) / pág. 2. O sofrimento do conformado tende a aumentar à medida em que ele se torna apático e frustrado. Suas frustrações crescem devido ao imediatismo que predomina sua mente. O medo de refletir sobre o passado e o pânico de pensar em um novo futuro o obrigam a resignar-se com o momento presente. Sua vida se torna acomodada e tudo o que importa é a satisfação de seus instintos. Dessa forma, o egoísmo e a indiferença em relação à sociedade crescem e se tornam a bússola de suas atitudes. Essa indiferença pessoal engrossa o caldo da injustiça, que afoga a sociedade, e os gestos do resignado propagam o sentimento de impotência para todos ao redor. Uma característica marcante de quem se acomoda para evitar o esforço nas horas cruciais é a busca por formas mirabolantes de obter fortuna imediata. Os resignados sonham com ganhos fáceis e vivem na ilusão, esperando por um golpe de sorte, pelo favorecimento do destino ou por auxílio de alguma força externa. Tudo isso é falsa esperança; é o tipo de ilusão que só serve para destruir a fé e acorrentar o indivíduo ao carma e às circunstâncias. Essa postura tem sua origem mais profunda na fé limitante que induz o ser humano a desejar um paraíso distante da realidade presente. Um exemplo dessa fé é a apatia gerada pelo sonho de que tudo seria perfeito se estivesse em outro lugar, com outras pessoas e em outra situação. Em momento algum, existe a reflexão sobre o protagonismo de si mesmo ou a vontade de empreender um esforço pessoal para mudar as circunstâncias atuais no local em que se encontra. As orações resignadas — feitas com fé limitante — são inúteis, porque são fantasiosas e apenas contribuem para enfraquecer o espírito e alienar a pessoa em relação à realidade. Em pouco tempo, ao constatar que não existe resposta para suas orações, esse indivíduo se entregará ao rancor e buscará culpados para sua má sorte. Há ainda uma verdade incontestável: por mais que se evite, ninguém escapa dos problemas; cedo ou tarde, eles aparecem. E quando chegam, se encontrarem uma pessoa de fé alienada e de espírito fraco, o estrago será grande, e o sofrimento, muito maior que aqueles experimentados por quem enfrenta as dificuldades com a fé determinada a vencer. Encarar obstáculos pode ser angustiante, mas o sofrimento de ser surpreendido por eles com uma fé fraca não tem comparação. Em contraste com esse tipo de conduta, a angústia do enfrentamento se torna alegria. A fornalha do espírito É possível deixar de ser resignado e aprender a viver de maneira autêntica e vitoriosa. O primeiro passo é entender que os obstáculos servem para fazer as pessoas felizes e funcionam como impulso para o avanço. A covardia ante aos desafios é a causa da infelicidade. O caminho da felicidade é a batalha contra as adversidades, pois a luta treina o espírito e multiplica a força interior. A felicidade não está na vitória em si, mas na Terceira Civilização - Edição 592 - 09/12/2017 - pág. 18 - Capa Marina Beatriz Gaino (67122-3) / pág. 3. luta e na superação do sofrimento envolvido nessa batalha. O presidente Ikeda diz: “Passar por sofrimentos é angustiante, mas é importante encarar a realidade, fitar a dificuldade que está diante dos olhos sem se desviar e enfrentá-la. Não há ninguém grandioso, nenhum herói que não tenha passado por duras adversidades e provações. Os sofrimentos são como uma fornalha para forjar um “espírito de aço”. Cada adversidade da vida se transformará em força para aprimorar a si mesmo e fonte para seu próprio crescimento. Por exemplo, o sofrimento com a doença pode também se transformar em força para que uma pessoa seja um ser humano melhor. Nos escritos de Nichiren Daishonin consta: ‘Ele se vê imerso nessa doença há um longo tempo e agora busca o caminho’(WND, v. I, p. 938). Quando se está enfermo e sofre com isso, manifesta-se ardente determinação movido pelo espírito de procura e também uma forte fé imbuída da decisão de se curar da doença, num grande autodesenvolvimento interior. O budismo elucida que ‘vida e morte são nirvana’. É um princípio que afirma que sofrimentos e angústias se tornam a própria iluminação. Portanto, a iluminação existe porque existem os sofrimentos. O “grande despertar” acontece porque existem os grandes sofrimentos”(Brasil Seikyo, ed. 2.342, 8 out. 2016, p. D1). A verdadeira batalha Nos momentos de aflição, desafiar a si próprio abre o caminho para a vitória. “Existe um ditado que afirma: ‘Se pretende conquistar o mundo inteiro, primeiro conquiste a si próprio’. Tudo se define na batalha consigo. A vitória sobre si é o que abre o caminho para todas as outras vitórias”, declara o presidente Ikeda (Brasil Seikyo, ed. 2.344, 22 out. 2016, p. D1). Desafiar a si mesmo fortalece o espírito e o prepara para a grande batalha pelo kosen-rufu. É vencendo a si próprio que se aprende a importância de abraçar o sofrimento. O escritor Victor Hugo escreveu: “Ao abraçar todos os tipos de angústias, a fé transborda” (Brasil Seikyo, ed. 2.342, 8 out. 2016, p. D1). A fé transborda do limitado recipiente do ego e inunda a vida das outras pessoas. Quem abraça o sofrimento quando desafia a si próprio aprende a abraçar a dor das demais pessoas também, e assim conquista a suprema felicidade. Nichiren Daishonin bradou:“Os vários sofrimentos pelos quais qualquer ser vivo passa, todos eles são os próprios sofrimentos de Nichiren” (OTT, p. 138). Essa é a coragem de quem abraçou o sofrimento para vencer a si mesmo, o que conduz à empatia pela dor das pessoas e à atitude benevolente para ajudá-las. Quando se tem uma fé correta, sua coragem se transforma em benevolência com as pessoas. Caminho correto A fé correta é fundamental por uma razão bem simples: boa sorte. Terceira Civilização - Edição 592 - 09/12/2017 - pág. 18 - Capa Marina Beatriz Gaino (67122-3) / pág. 4. Muitas pessoas sentem que estão se esforçando ao máximo e fazendo tudo da melhor maneira possível. Entretanto, por mais que lutem, não conseguem sair do lugar e tudo continua igual. Isso acontece porque o esforço por si só não garante a vitória. Sem fé, o empenho apenas aumenta o egoísmo; e o ego exacerbado destrói a boa sorte e o resultado é a derrota. Quando há boa sorte, o esforço é recompensado com felicidade e vitória. Para acumular boa sorte, é necessário se esforçar para se manter na órbita da fé. Essa órbita é o contínuo fortalecimento da fé por meio da recitação diária do Nam-myoho-renge-kyo. O daimoku nos conduz da coragem à benevolência. Aqueles que estão nessa órbita acumulam boa sorte em tudo o que fazem. Nenhum esforço e sofrimento serão em vão. Os obstáculos, por mais assustadores que sejam, se transformam em felicidade. Fora dessa trajetória, por mais que se lute, tudo será inútil. É como tentar mover o corpo a partir da sombra. Seguir a órbita da fé do Nam-myoho-renge-kyo confere dois atributos fundamentais para conquistar a felicidade, vencer qualquer desafio e transformar a sociedade: fé límpida e mente pura. Fé límpida Para explicar a fé límpida e serena, Nichiren Daishonin usou a analogia de um lago que reflete a Lua. A fé correta é como a água espelhada do lago. E o reflexo da Lua é o benefício produzido por essa fé. Quando temos a coragem para manter a água calma e limpa, a imagem refletida da benevolência será nítida e bela. Porém, quando você deixa que os problemas sujem ou agitem a água, a imagem da Lua não será refletida. Sendo assim, nas horas cruciais, o mais importante é manter a fé pura e serena. Não significa que não se sentirá angustiado. A fé é mais que isso: é pôr o Gohonzon em primeiro lugar e nunca se descuidar da prática diária. Esteja aflito ou tranquilo, alegre ou triste, jamais deixe de recitar Nam-myoho--renge-kyo. Como Nichiren Daishonin afirma: “Sofra o que tiver de sofrer, desfrute o que existe para ser desfrutado. Considere tanto o sofrimento quanto a alegria como fatos da vida e continue recitando Nam-myoho-renge-kyo, independentemente do que aconteça. Que outro significado isso poderia ter senão a alegria ilimitada da Lei? Fortaleça o poder de sua fé mais do que nunca” (CEND, v. I, p. 713). Em outra ocasião, Daishonin ressalta novamente a importância da fé: “Se sua oração será ou não respondida, isso dependerá de sua fé; [caso não seja,] de maneira alguma deverá me culpar (...) quando a água é transparente, esta reflete a Lua” (GZ, p. 1262). Em resumo, a vitória, a derrota, a resposta das orações, tudo depende da profundidade da fé. Uma fé fraca é como água turva e agitada — por mais que se esforce, o reflexo não aparece. Ou seja, por Terceira Civilização - Edição 592 - 09/12/2017 - pág. 18 - Capa Marina Beatriz Gaino (67122-3) / pág. 5. mais que se empenhe, a pessoa não será capaz de gerar benevolência, boa sorte e benefícios. A fé fortalecida dia após dia se mantém pura e serena. Com essa fé, é possível vencer qualquer obstáculo e ser feliz. Mente pura A chave da mudança se encontra na mente. Quando a mente muda, o mundo se transforma. “Se a mente das pessoas é impura, sua terra é igualmente impura. Mas, se sua mente é pura, assim é sua terra. Portanto, não há duas terras — pura e impura. A diferença reside apenas no bem e no mal da própria mente”, declara Daishonin (CEND, v. I, p. 4). A transformação interior é o que muda a realidade, e todos possuem o poder de mudar. Porém, iludidos por uma fé incorreta e agindo de maneira egoísta em busca de atalhos, esse poder jamais será evidenciado. Mesmo que a pessoa seja iludida, o Budismo de Nichiren Daishonin torna a mudança da mente acessível. A recitação do Nam-myoho-renge-kyo é a prática que purifica a mente. Nichiren Daishonin compara a mente a um espelho e esclarece: “A mente que se encontra encoberta pela ilusão da escuridão inata da vida é como um espelho embaçado; mas, ao ser polida, tornar-se-á como um espelho límpido, que refletirá a natureza essencial dos fenômenos e da realidade. Manifeste profunda fé polindo seu espelho dia e noite. Como deve poli-lo? Não há outra forma senão devotar-se à recitação do Nam-myoho-renge-kyo” (Ibidem). A importância da benevolência O budismo esclarece que é inútil praticar para que apenas você seja feliz. O Buda ensina que a felicidade das pessoas ao redor e a prosperidade da sociedade tornam a felicidade individual possível. Por ser assim, constata-se que a prática budista não é a simples recitação individual do daimoku, é propagar também. O daimoku é o exercício diário da fé que se desdobra em prática para si e para os outros. Ou seja, recitamos daimoku com o propósito de propagar a Lei para a felicidade das pessoas. A recitação do Nam-myoho-renge-kyo feito com uma fé correta não é a oração egoísta de quem se contenta somente com a própria felicidade. Budismo é vida diária. Nossa prática é completa quando lutamos para construir uma sociedade na qual todas as pessoas são felizes. Essa construção é efetiva em nossas ações do dia a dia. São essas pequenas atitudes que propagam a fé para as pessoas ao nosso redor. Falar em construir a sociedade soa como algo impossível. Influenciar positivamente as pessoas que estão ao redor já é complicado, mudar a sociedade inteira ou obter a felicidade da humanidade parece inalcançável devido ao tamanho e à complexidade dos obstáculos. Dessa forma, não devemos nos intimidar, e sim Terceira Civilização - Edição 592 - 09/12/2017 - pág. 18 - Capa Marina Beatriz Gaino (67122-3) / pág. 6. nos alegrar. Afinal, grandes desafios são fortes impulsos para vencer. Se mesmo assim pensar em desanimar, lembre-se de que a felicidade existe na batalha contra as adversidades. Quanto maior o desafio, maior a alegria. Conclusão O presidente Ikeda conclui: “‘Quanto piores forem as adversidades que recaírem sobre o devoto, maior será a alegria que ele sentirá devido à forte fé’. Se mantivermos uma fé resoluta, por mais que enfrentemos grandes perseguições, conseguiremos fortalecer nossa convicção em relação ao budismo e sentir alegria. A frase do Sutra do Lótus ‘[Nesta terra] os seres vivem felizes e tranquilos’ não significa que não existirão dificuldades, mas se refere a ter uma condição de vida inabalável na qual, independentemente do que aconteça no dia a dia, consegue-se superar tudo com serenidade e grande alegria da fé no coração. Com uma fé ainda mais forte a partir de agora, vamos em frente e sem medo de nada trilhar uma vida realmente prazerosa, conquistando imensuráveis benefícios!” (Brasil Seikyo, ed. 2.341, 24 set. 2016, p. C1). O Nam-myoho-renge-kyo faz da luta contra as dificuldades a órbita que transporta você da coragem à benevolência. Com a fé budista, em vez de se concentrar somente nos próprios problemas, você sente empatia pelo sofrimento das outras pessoas. Tudo começa com a atitude corajosa de desafiar a si mesmo. A coragem é o primeiro pré-requisito para superar as adversidades, o pilar da persistência para não desistir até conseguir. O esforço corajoso na fé fortalece o espírito e gera a felicidade que só aumenta à medida em que crescem a empatia e a compaixão. Quando você possui uma fé corajosa, vence o egoísmo e a intolerância e sente a benevolência que permeiaa condição de vida iluminada do Buda. Assim, a iluminação se torna a tendência básica da sua vida e as rodas da transformação do destino e da sociedade começam a girar velozmente.
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