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SUMÁRIO 1. Introdução as emergências psicológicas .......... 3 2. Suicídio ........................................................................... 5 3. Paciente Agressivo .................................................12 Referências Bibliograficas .........................................22 3EMERGÊNCIAS PSICOLÓGICAS 1. INTRODUÇÃO AS EMERGÊNCIAS PSICOLÓGICAS Iremos realizar uma introdução bem curta para depois podermos nos aprofundar nos dois principais temas de nossa aula. Introdução As vezes será difícil para o profissio- nal de saúde conseguir diferenciar uma causa orgânica de uma causa psicológica. Precisamos reconhecer que cada pessoa irá reagir de uma determinada forma as situações da vida, devendo nunca ser julgada em função disso. Podemos reagir de ma- neira distintas em cada situação, de- vendo ser papel do profissional de saúde reconhecer quando o paciente precisa de ajuda e não é capaz de so- licitar por ela. É importante sermos capazes de afastar alguns distúrbios metabólicos que podem ser a causa do comporta- mento anormal do paciente, seja tan- to em situações de suicídio quanto de agressividade. Assim, iremos realizar a investigação de hipoglicemia, hipó- xia, abuso de álcool, drogas e o uso de medicações. Esses pacientes tam- bém podem ser vítimas de causas externas como um TCE, frio ou calor excessivo. A seguir iremos listar alguns pontos importantes para a condução das emergências psicológicas. Metas do atendimento • Retorno ao comportamento normal • Minimização de incapacidade psicológica • Diminuição da intensidade da rea- ção emocional • Evitar riscos físicos a vítima e/ou terceiros Princípios básicos • Todos temos limitações • Nossos sentimentos são legítimos e devem ser respeitados • A capacidade de enfrentar crise depende de cada indivíduo • Todos temos distúrbio emocional perante desastres psicológicos ou físicos • Crises não “melhoram” simplesmente 4EMERGÊNCIAS PSICOLÓGICAS MAPA MENTAL: INTRODUÇÃO Todos temos distúrbio emocional perante desastres psicológicos ou físicos EMERGÊNCIAS PSICOLÓGICAS Princípios básicos Diagnósticos diferenciais Meta do atendimento Nossos sentimentos são legítimos e devem ser respeitados Crises não “melhoram” simplesmente A capacidade de enfrentar crise depende de cada indivíduo Todos temos limitações Frio e calor excessivo TCE Uso de medicações Abuso de álcool e drogas Hipóxia Minimização de incapacidade psicológica Retorno ao comportamento normal Evitar riscos físicos a vítima e/ou terceiros Diminuição da intensidade da reação emocional Hipoglicemia 5EMERGÊNCIAS PSICOLÓGICAS 2. SUICÍDIO Introdução CONCEITO! Suicídio é um problema complexo para o qual não existe uma única causa ou uma única razão. Ele re- sulta de uma complexa interação de fa- tores biológicos, genéticos, psicológicos, sociais, culturais e ambientais. É difícil explicar porque algumas pes- soas decidem cometer suicídio, en- quanto outras em situação similar ou pior não o fazem. Contudo a maioria dos suicídios pode ser prevenida. Suicídio é agora uma grande questão de Saúde Pública em todos os países. Capacitar a equipe de atenção primá- ria à saúde para identificar, abordar, manejar e encaminhar um suicida na comunidade é um passo importante na prevenção do suicídio. Epidemiologia • Estima-se que um milhão de pes- soas cometeram suicídio no ano de 2000 no mundo. • A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo. • A cada 3 segundos uma pessoa atenta contra a própria vida. • O suicídio está entre as três maio- res causa de morte entre pessoas com idade entre 15-35 anos. • Cada suicídio tem um sério im- pacto em pelo menos outras seis pessoas. • O impacto psicológico, social e fi- nanceiro do suicídio em uma famí- lia e comunidade é imensurável. Fatores de risco Suicídio e transtornos mentais - es- tudos tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento revelam dois importantes fatores relacionados ao suicídio. Primeiro, a maioria das pessoas que cometeu suicídio tem um transtorno mental diagnosticável. Segundo, suicídio e comportamento suicida são mais freqüentes em pa- cientes psiquiátricos. Esses são os grupos diagnósticos, em ordem de- crescente de risco de: • Depressão (todas as formas); • Transtorno de personalidade (an- tissocial e borderline com traços de impulsividade, agressividade e frequentes alterações do humor); • Alcoolismo (e/ou abuso de subs- tância em adolescentes); • Esquizofrenia; • Transtorno mental orgânico; 6EMERGÊNCIAS PSICOLÓGICAS Apesar de a maioria das pessoas com risco de suicídio presentarem transtorno mental, a maioria não pro- cura um profissional de saúde men- tal, mesmo em países desenvolvidos. Assim, o papel da equipe de atenção primária à saúde torna-se vital. Suicídio e doenças físicas - alguns tipos de doenças físicas são associa- das a um aumento das taxas de suicí- dio como doenças neurológicas, cân- ceres, HIV e AIDS e doenças crônicas, sendo entre estas as com maior risco: • Diabetes; • Esclerose múltipla; • Condições crônicas renais, hepáti- cas ou gastrointestinais; • Doenças nos ossos ou articula- ções, com dor crônica; • Doenças cerebrovasculares ou neurovasculares; • Doenças sexuais. Suicídio e fatores sociodemográfi- cos e ambientais - Homens come- tem mais suicídio que mulheres, mas mais mulheres tentam suicídio. A taxa de suicídio tem dois picos, um entre em jovens (15 – 35 anos) e outro em idosos (acima de 75 anos). Entre ou- tras características temos que pesso- as divorciadas, viúvas e solteiras têm maior risco do que pessoas casadas, as que vivem sozinhas ou são sepa- radas são mais vulneráveis. Médicos, veterinários, farmacêuticos, quími- cos e agricultores têm taxas de suicí- dio maiores que a média. A perda do emprego, mais do que o fato de es- tar desempregado, é associada com o suicídio. Pessoas que se mudaram de uma área rural para urbana, ou di- ferentes regiões, ou países, são mais vulneráveis a comportamento suici- da. Por fim, é importante lembrar que a maioria dos que cometem suicídio passaram por acontecimentos es- tressantes nos três meses anteriores ao suicídio, como: • Problemas interpessoais: ex. Dis- cussões com esposas, família, amigos, namorados; • Rejeição – ex.: separação da famí- lia e amigos; • Eventos de perda – ex.: perda fi- nanceira, luto; • Problemas financeiros e no tra- balho – ex.: perda do empre- go, aposentadoria, dificuldades financeiras; • Mudanças na sociedade – ex.: rápidas mudanças políticas e econômicas; • Vários outros estressores como vergonha e ameaça de serem con- siderados culpados. 7EMERGÊNCIAS PSICOLÓGICAS MAPA MENTAL: FATORES DE RISCO PARA SUICÍDIO Doenças cerebrovasculares ou neurovasculares FATORES DE RISCO Doenças físicas Transtornos mentais Fatores sociodemográficos e sociais Diabetes Doenças sexuais Doenças ósseas ou crônicas com dor crônica Condições crônicas renais, hepáticas ou gastrointestinais Transtorno de personalidade Depressão Esquizofrenia Alcoolismo Transtorno mental orgânico Perda de emprego Acontecimentos estressantes nos últimos 3 meses Médicos, veterinários, farmacêuticos, químicos e agricultores Divorciados, viúvas e solteiras Esclerose múltipla Homem Jovens e idosos 8EMERGÊNCIAS PSICOLÓGICAS O estado mental e o suicídio Três características em particular são próprias do estado das mentes suicidas: Ambivalência - a maioria das pesso- as já teve sentimentos confusos de cometer suicídio. O desejo de viver e o desejo de morrer batalham numa gangorra nos indivíduos suicidas. Há uma urgência de sair da dor de viver e um desejo de viver. Muitas pessoas suicidas não querem realmente mor- rer – é somente porque elas estão in- felizes com a vida. Se for dado apoio emocional e o desejo de viver aumen- tar, o risco de suicídio diminui. Impulsividade - suicídio é também um ato impulsivo. Como qualquer ou- tro impulso, o impulso para cometersuicídio é transitório e dura alguns minutos ou horas. É usualmente de- sencadeado por eventos negativos do dia-a-dia. Acalmando tal crise e ganhando tempo, o profissional da saúde pode ajudar a diminuir o dese- jo suicida. Rigidez - quando pessoas são sui- cidas, seus pensamentos, sentimen- tos e ações estão constritos, quer dizer: elas constantemente pensam sobre suicídio e não são capazes de perceber outras maneiras de sair do problema. Elas pensam rígida e drasticamente. Suicidio – Fato e Ficção FICÇÃO FATO 1. Pessoas que ficam ameaçando suicídio não se matam. 1. A maioria das pessoas que se matam deram avisos de sua intenção. 2. Quem quer se matar, se mata mesmo. 2. A maioria dos que pensam em se matar, têm senti- mentos ambivalentes. 3. Suicídios ocorrem sem avisos. 3. Suicidas freqüentemente dão ampla indicação de sua intenção. 4. Melhora após a crise significa que o risco de suicídio acabou. 4. Muitos suicídios ocorrem num período de melho- ra, quando a pessoa tem a energia e a vontade de transformar pensamentos desesperados em ação auto-destrutiva. 5. Nem todos os suicídios podem ser prevenidos. 5. Verdade, mas a maioria pode-se prevenir. 6. Uma vez suicida, sempre suicida. 6. Pensamentos suicidas podem retornar, mas eles não são permanentes e em algumas pessoas eles podem nunca mais retornar. Tabela 1. Suicidio – Fato e Ficção 9EMERGÊNCIAS PSICOLÓGICAS Como lidar com o paciente Iremos dividir as condutas em função do risco do paciente realizar o suicídio e quais condutas iremos tomar diante desses casos. Baixo risco - A pessoa teve alguns pensamentos suicidas, como “Eu não consigo continuar”, “Eu gostaria de estar morto”, mas não fez nenhum plano. • Oferecer apoio emocional. • Trabalhar sobre os sentimentos suicidas. Quanto mais aberta- mente a pessoa fala sobre per- da, isolamento e desvalorização, menos turbulentas suas emoções se tornam. Quando a turbulência emocional cede, a pessoa pode se tornar reflexiva. Este processo de reflexão é crucial, ninguém senão o indivíduo pode revogar a decisão de morrer e tomar a decisão de viver. • Focalize na força positiva da pes- soa, fazendo-a falar como proble- mas anteriores foram resolvidos sem recorrer ao suicídio. • Encaminhe a pessoa para um pro- fissional de saúde mental Médio risco - A pessoa tem pensa- mentos e planos, mas não tem planos de cometer suicídio imediatamente. • Ofereça apoio emocional, trabalhe com os sentimentos suicidas da pessoa e focalize em forças posi- tivas. Em adição, continue com os passos abaixo. • Focalize os sentimentos de am- bivalência. O profissional da saú- de deve focalizar na ambivalên- cia sentida pela pessoa suicida, entre viver e morrer, até que gra- dualmente o desejo de viver se fortaleça. • Explore alternativas ao suicídio. O profissional da saúde deve tentar explorar as várias alternativas ao suicídio, até aquelas que podem não ser soluções ideais, na espe- rança de que a pessoa vá conside- rar ao menos uma delas. • Faça um contrato. Extraia uma pro- messa do indivíduo suicida de que ele ou ela não vai cometer suicídio: ◊ Sem que se comunique com a equipe de saúde; ◊ Por um período específico. • Encaminhe a pessoa a um psiquia- tra e marque uma consulta o mais breve possível. • Entre em contato com a família, amigos e colegas, e reforce seu apoio. 10EMERGÊNCIAS PSICOLÓGICAS Alto risco - A pessoa tem um plano definido, tem os meios para fazê-lo, e planeja fazê-lo imediatamente. • Estar junto da pessoa. Nunca dei- xá-la sozinha. • Gentilmente falar com a pessoa e remover as pílulas, faca, arma, in- seticida etc. (distância dos meios de cometer suicídio). • Fazer um contrato. • Entrar em contato com um profis- sional da saúde mental imediata- mente e providenciar uma ambu- lância e hospitalização. • Informar a família e reafirmar seu apoio. 11EMERGÊNCIAS PSICOLÓGICAS MAPA MENTAL: CONDUTA EM FUNÇÃO DO PACIENTE ESTRATIFICAÇÃO DO RISCO Baixo Médio Alto Oferecer apoio emocional Trabalhar sobre os sentimentos suicidas Focalize na força positiva da pessoa Encaminhe a pessoa para um profissional de saúde mental Focalize os sentimentos de ambivalência Explore alternativas ao suicídio Encaminhe a pessoa a um psiquiatra Faça um contrato Entre em contato com a família Estar junto da pessoa Informar a família e reafirmar seu apoio Providenciar uma ambulância e hospitalização Distância dos meios de cometer suicídio Nunca deixá-la sozinha 12EMERGÊNCIAS PSICOLÓGICAS 3. PACIENTE AGRESSIVO Introdução A violência do paciente ocorre em muitos contextos clínicos, e os mé- dicos devem estar preparados para lidar eficazmente com pacientes agi- tados, a fim de reduzir o risco de le- sões graves para o paciente e seus cuidadores. A doença significativa, o tempo de espera prolongado e a con- fusão frequentemente encontrados nos departamentos de emergência (DE) criam uma atmosfera estressan- te que pode exacerbar sentimentos de agitação entre os pacientes e suas famílias. A política de portas abertas do DE 24 horas, a disponibilidade de reféns em potencial e a ampla acessi- bilidade de drogas e armas agravam o problema. Epidemiologia A violência nos serviços de saúde é um problema crescente. Até 50% dos profissionais de saúde são víti- mas de violência em algum momen- to de suas carreiras. Uma pesquisa de 2008 com mais de 3500 médicos do departamento de emergência dos Estados Unidos em 65 locais relatou que 3461 ataques físicos ocorreram durante um período de cinco anos e que armas ou facas foram leva- das ao pronto-socorro diariamente ou semanalmente. Outra pesquisa com 263 residentes de medicina de emergência e médicos assistentes constatou que 78% dos participantes sofreram um ato violento no local de trabalho no ano anterior, distribuído igualmente entre homens e mulheres. Pesquisas menores nos Estados Uni- dos encontraram taxas comparáveis de violência verbal e física dirigidas contra médicos de emergência. Aproximadamente 4 a 8% dos pa- cientes que apresentam disfunções psiquiátricas estão armados. Em um grande hospital urbano de DE nos Estados Unidos, uma média de 5,4 armas foi confiscada todos os dias usando triagem de detector de me- tais. Nesse centro, 26,7% dos princi- pais pacientes traumatizados atendi- dos no pronto-socorro por um período de 14 anos estavam armados com armas letais (84% de facas e 16% de armas). A presença de armas entre muitos pacientes com disfunção erétil aumenta o potencial de rápida esca- lada da violência. Infelizmente, não é fácil prever o transporte de armas em nenhum paciente em particular. Avaliação do paciente Avaliação do paciente - A identifica- ção de pacientes potencialmente vio- lentos pode ser difícil. A pesquisa nesta área é escassa e limitada. Sexo mascu- lino, histórico de violência e abuso de drogas ou álcool estão associados à violência, mas etnia, diagnóstico, idade, estado civil e educação não identificam 13EMERGÊNCIAS PSICOLÓGICAS esse comportamento de maneira con- fiável. Pacientes com histórico de com- portamento violento são mais propen- sos a agir violentamente novamente e a causar lesões graves. Assim, sempre que possível, é importante aprender com a família, os cuidadores, os médi- cos familiarizados com o paciente e os registros médicos sobre quaisquer epi- sódios violentos do passado. SE LIGA! A avaliação do paciente com- bativo começa com a avaliação de riscos e a atenção às medidas de segurança. Geralmente a violência irrompe após um período de crescente tensão. O pratican- te astuto pode identificar pistas verbais e não verbais e aproveitar a oportunida- de para neutralizar a situação. Em um cenário típico, o paciente primeiro fica zangado, depois resiste à autoridade e, finalmente, fica confuso. No entanto, o comportamento violento pode entrar em erupção sem aviso, principalmente quando causado por doença médica ou demência. Os médicos não devem se sentirexcessivamente confiantes em sua capacidade de sentir perigo iminen- te. Como um todo, os profissionais ten- dem a ser maus preditores de violência iminente. No entanto, o profissional de saúde deve prestar atenção a qualquer “pressentimento” de que uma situação perigosa possa estar se desenvolvendo. Um sentimento desconfortável ou ame- açador durante um atendimento é ame- açador e as devidas precauções devem ser tomadas sem demora. No pronto-socorro, um paciente obvia- mente irritado deve sempre ser con- siderado potencialmente violento. Os sinais de violência iminente incluem: • comportamento provocador • comportamento irritado • discurso alto e agressivo • postura tensa (por exemplo, se- gurando firmemente os trilhos do braço, apertando os punhos) • mudança frequente da posição do corpo, ritmo • atos agressivos (por exemplo, ba- tendo nas paredes, jogando obje- tos, batendo em si mesmo) O paciente deve ser retirado do con- tato com cúmplices beligerantes ou outros pacientes provocativos para evitar a escalada. Uma área tranquila com uma janela que permite a obser- vação direta é ideal. Como o aumen- to do tempo de espera se correlacio- na com o comportamento violento, a avaliação desses pacientes deve ser agilizada para evitar qualquer esca- lada de agressão. Frequentemente, a aura do tratamento preferencial neu- traliza a raiva do paciente. A equipe auxiliar geralmente resiste a esse conceito e insiste dogmaticamente que o paciente espere. Eles devem ser informados sobre a importância de “levar alguém ao topo da linha” ao lidar com possíveis violências. 14EMERGÊNCIAS PSICOLÓGICAS MAPA MENTAL: COMEÇO DO TEMA PACIENTE AGRESSIVO Fatores de risco Epidemiologia Avaliação do paciente agressivo Histórico de agressividade Período crescente de tensão Até 50% dos profissionais de saúde são vítimas de violência Aproximadamente 4-8% dos pacientes psiquiátricos estão armados Comportamento provocador Comportamento irritado Discurso alto e agressivo Postura tensa Atos agressivos Sinais de violência iminente Mudança frequente da posição do corpo e ritmo 15EMERGÊNCIAS PSICOLÓGICAS Conduta Técnicas verbais - Quase todos os pacientes que apresentam agitação ou comportamento violento merecem a chance de se acalmar em resposta a técnicas verbais antes que restrições físicas ou medicamentos sedativos sejam implementados. Pacientes agitados, mas cooperati- vos, não-violentos podem ser pas- síveis de técnicas de descalcificação verbal, embora as evidências clínicas que apoiam essa abordagem sejam limitadas. O profissional deve adotar uma maneira honesta e direta. Gestos amigáveis podem ser úteis. Ofereça uma cadeira macia ou algo para co- mer ou beber (não um líquido quente, que pode ser usado como arma) para estabelecer confiança. Muitos pacien- tes descomprimem neste momento, pois oferecer comida ou bebida apela às suas necessidades humanas mais básicas e cria confiança. SE LIGA! Uma maneira não-confron- tacional, mas atenta e receptiva, sem transmitir fraqueza ou vulnerabilidade, é ideal. Alguns pacientes ficam com raiva porque sentem que não estão sendo le- vados a sério ou tratados com respeito e sua raiva diminui quando essas preocu- pações são abordadas. Em alguns casos, um paciente agita- do pode estar ciente de seu proble- ma de controle de impulsos e pode dar boas-vindas ao comportamento de estabelecimento de limites pelo profissional de saúde (por exemplo, “Eu posso ajudá-lo com seu proble- ma, mas não posso permitir que você continue me ameaçando ou ao de- partamento de emergência) pesso- al “). É difícil prever quais pacientes responderão a essa abordagem de definição de limites. Alguns pacien- tes podem interpretar tais afirmações como de confronto e intensificar seu comportamento; nesse caso, a restri- ção se torna necessária. SE LIGA! Um erro fundamental ao aten- der um paciente agitado ou potencial- mente violento é deixar de abordar a violência diretamente. O médico deve fazer perguntas relevantes, como: “Você sente vontade de se machucar ou de alguém?” e “Você carrega uma arma?” Afirmar o óbvio (por exemplo, “Você pa- rece zangado”) pode ajudar o paciente a começar a compartilhar emoções. Se o paciente ficar mais agitado, é importan- te falar de maneira conciliatória e ofere- cer declarações de apoio para difundir a situação, como: “Você obviamente tem muita força de vontade e é bom em se controlar”. Uma oferta de medicamen- tos ou restrições pode impedir uma es- calada adicional e é frequentemente bem-vinda. 16EMERGÊNCIAS PSICOLÓGICAS Algumas abordagens comuns ao paciente combativo são contrapro- ducentes e podem levar à escalada. Discutir, machismo, condescendência ou ordenar que o paciente se acalme pode ter consequências desastrosas. Os pacientes geralmente interpretam essas abordagens como um desafio para “provar a si mesmos”. A ameaça de ligar para o pessoal de segurança também convida à agressão. Outros erros potenciais incluem cri- ticar ou interromper o paciente, res- ponder defensivamente ou levar a ira do paciente pessoalmente e não es- clarecer o que o paciente deseja an- tes de responder. SE LIGA! Nunca minta para um paciente (por exemplo, “tenho certeza que você sairá daqui a pouco”, quando não for esse o caso). Uma vez que a mentira se torna aparente, o paciente pode frustrar violentamente uma enfermeira ou cole- ga desavisado que segue o profissional. Leve todas as ameaças a sério. É especialmente importante não ne- gar ou subestimar o comportamento SAIBA MAIS! Uma declaração de consenso do Grupo de Trabalho da Associação Americana para Deses- calonamento em Psiquiatria de Emergência descreve 10 elementos chave para o desescalo- namento verbal: • Respeite o espaço pessoal - mantenha uma distância de dois braços e ofereça espaço para saída fácil para qualquer uma das partes. • Não seja provocador - mantenha as mãos relaxadas, mantenha uma postura corporal sem confronto e não olhe para o paciente. • Estabelecer contato verbal - A primeira pessoa a entrar em contato com o paciente deve ser o líder. • Use linguagem simples e concisa - é difícil entender os termos elaborados e técnicos. • Identifique sentimentos e desejos - “O que você está esperando?” • Ouça atentamente o que o paciente está dizendo - Depois de ouvir, reafirme o que o pa- ciente disse para melhorar a compreensão mútua (por exemplo, “Digam se estou certo ...”). • Concordar ou concordar em discordar - (a) Concordar com verdades específicas claras; (b) concorda em geral: “Sim, todos devem ser tratados com respeito; (c) concorda com situa- ções minoritárias:” Existem outras pessoas que se sentiriam como você.” • Estabelecer a lei e estabelecer limites claros - Informe o paciente que a violência ou abuso não pode ser tolerado. • Oferecer opções e otimismo - os pacientes se sentem empoderados se tiverem alguma escolha em relação aos assuntos. • Converse com o paciente e a equipe. 17EMERGÊNCIAS PSICOLÓGICAS ameaçador. Fazer isso coloca o pro- fissional em risco aumentado de agressão e lesão. Um exemplo desse princípio envolve um psiquiatra que foi morto após entrar na sala de es- pera com um paciente que ele sabia ser potencialmente violento e arma- do. Ele erroneamente acreditava que a força do relacionamento médico- -paciente assegurava sua segurança. Se as técnicas verbais não forem bem-sucedidas e ocorrer uma esca- lada, o profissional deve se desculpar e pedir ajuda. Quando aplicar restrições físicas - As restrições físicas podem ser usa- das quando, apesar de uma abor- dagem profissional e adequada ao paciente combativo, as técnicas ver- bais não são bem-sucedidas. O uso de restrições pode ser humano e efi- caz, facilitando o diagnóstico e o tra- tamento do paciente e prevenindo le- sões no paciente e na equipe médica. As restrições nunca devem ser apli- cadas por conveniência ou punição e devem ser removidas o mais rápido possível. As indicações para isolamentoe con- tenção de emergência incluem: • Dano iminente a outras pessoas • Dano iminente ao paciente • Interrupção significativa de trata- mentos importantes ou danos ao meio ambiente • Continuação de um programa eficaz e contínuo de tratamento comportamental Como aplicar restrições - As restri- ções devem ser implementadas sis- tematicamente, idealmente usando um protocolo institucional aprovado. Esse protocolo começa com o exa- minador saindo da sala quando as técnicas verbais são malsucedidas e convocam assistência. Pode ser útil considerar a aplicação de restrições como um procedimento, análogo à execução de um código avançado de suporte à vida cardíaca. A equipe de restrição deve ter pelo menos cinco pessoas, incluindo um líder de equipe. O líder é a única pessoa que dá ordens e deve ser a pessoa com mais experiência na im- plementação de restrições, seja um médico emergencista, enfermeiro ou oficial de segurança. Antes de entrar na sala, o líder descreve o protocolo de restrição e alerta sobre o perigo previsto (por exemplo, a presença de objetos que podem ser usados como armas). Todos os membros da equi- pe devem remover objetos pessoais, que o paciente poderia usar contra eles. Se o paciente a ser contido for do sexo feminino, pelo menos um mem- bro da equipe de contenção deve ser do sexo feminino para diminuir pos- síveis alegações de agressão sexual. 18EMERGÊNCIAS PSICOLÓGICAS A equipe entra na sala em vigor e exibe uma atitude profissional, e não ameaçadora. Muitos indivíduos vio- lentos descomprimem neste momen- to, pois uma demonstração de força protege seu ego (por exemplo, “eu teria revidado, mas havia muitos con- tra mim”). O líder fala com o pacien- te de maneira calma e organizada, explicando por que as restrições são necessárias e qual será o curso dos eventos (por exemplo, “Você receberá um exame médico e psiquiátrico, além de tratamento”). O paciente é instruí- do a cooperar e deitar-se para aplicar restrições. Alguns pacientes ficam ali- viados com a proteção de si mesmos e outros com restrições quando se sentem perdendo o controle. No en- tanto, mesmo que o paciente pareça repentinamente menos perigoso, res- trições físicas DEVEM ser colocadas após a decisão de usá-las. Se for necessário usar força para controlar o paciente, um membro da equipe restringe uma extremidade pré-designada, controlando a articu- lação principal ( joelho ou cotovelo). Isso pode ser conseguido travando a junta principal em extensão. O líder da equipe controla a cabeça. Se o pa- ciente estiver armado com uma arma improvisada, dois colchões podem ser usados para carregar e imobili- zar ou imprensar o paciente. As res- trições são aplicadas com segurança em cada extremidade e amarradas à estrutura sólida da cama (não nos trilhos laterais, pois o reposiciona- mento posterior dos trilhos laterais também reposiciona a extremidade do paciente). Para evitar que as ex- tremidades inferiores se agitem de forma independente, pode ser melhor cruzar as pernas no tornozelo e, em seguida, prender a trava à estrutura da cama no lado oposto. SE LIGA! O couro é o material ideal para as restrições porque é forte, evita a fuga e é menos constritivo do que as restri- ções macias típicas. A gaze não deve ser usada. As restrições macias são úteis para restringir o uso de extremida- des em um paciente semi-cooperativo, mas são menos eficazes no paciente verdadeiramente violento que continua lutando. Se forem utilizadas restrições no pei- to, é vital que seja assegurada expan- são adequada do peito para ventila- ção. Sempre que possível, o médico assistente não deve participar dire- tamente da aplicação de restrições, a fim de preservar a relação médico-pa- ciente e não ser visto como contradi- tório. Restringir os pacientes de lado ajuda a prevenir a aspiração, embora o posicionamento em decúbito dor- sal com a cabeça elevada seja mais confortável para o paciente e permi- ta um exame médico mais comple- to, ao mesmo tempo em que fornece alguma proteção contra a aspiração. Quando o paciente estiver imobiliza- do, anunciar “a crise acabou” terá um 19EMERGÊNCIAS PSICOLÓGICAS efeito calmante na equipe de conten- ção e no paciente. É recomendado evitar a posição de restrição propensa e usar sedação química agressiva em pacientes que continuam lutando contra restrições físicas. Súbitas mortes inesperadas foram relatadas em tais pacientes. As restrições aplicadas pelo pessoal pré- -hospitalar que colocam os pacientes em decúbito ventral ou manobra (isto é, braços e pernas contidos atrás do paciente) resultaram em mortes pos- sivelmente devido a asfixia. Enquanto voluntários saudáveis não parecem ter asfixia ao se esforçarem contra restrições, o paciente combativo ge- ralmente sofre de outras condições que aumentam o risco. SE LIGA! Pacientes restritos intoxicados com cocaína, anfetaminas ou outros es- timulantes parecem apresentar um risco particularmente alto para resultados ad- versos. O aumento do tônus simpático e a alteração da sensação de dor po- dem permitir esforços além dos limites fisiológicos normais nesses pacientes e causar vasoconstrição que impede a liberação de resíduos metabólicos. A mecânica respiratória alterada devido a uma postura restrita em um paciente acidêmico pode prejudicar a compensa- ção respiratória. Monitoramento e atendimento de pacientes com restrição física - Após a aplicação bem-sucedida das restri- ções, o paciente deve ser monitora- do com frequência e ter sua posição alterada regularmente para evitar se- quelas neurovasculares, como obs- trução circulatória, úlceras de pressão e parestesias, além de evitar rabdo- miólise associada a combatividade contínua. Um formulário padronizado é recomendado para esse monitora- mento e deve ser desenvolvido por todo departamento de emergência (DE) ou enfermaria que restrinja fisi- camente os pacientes. A documenta- ção deve incluir a indicação específica para restrições e o acordo de um co- lega de que essas restrições eram ne- cessárias. As restrições físicas devem ser removidas o mais rápido possível. SE LIGA! Além do monitoramento e de outras medidas para evitar complica- ções médicas, os médicos devem ga- rantir que as necessidades básicas (por exemplo, hidratação, vaso sanitário) se- jam atendidas para qualquer paciente com restrição física ou sedação química. A equipe de restrição deve revisar seu desempenho e discutir maneiras de melhorar a eficácia. A educação e o ensaio da equipe são essenciais para manter as habilidades. 20EMERGÊNCIAS PSICOLÓGICAS MAPA MENTAL: CONDUTAS CONDUTA EM PACIENTES AGRESSIVOS Pós contenção Técnicas verbais Contenção física Avaliação constante Descalcificação verbal Maneira honesta e direta Gestos amigáveis Estabelecer confiança Tom de voz calmo Interrupção significativa de tratamentos importantes Continuação de um programa eficaz Técnicas verbais não bem-sucedidas Dano iminente a outras pessoas Dano iminente ao paciente Presença de um líderNunca minta para um paciente Leve todas as ameaças a sério Protocolo institucional Aplicadas com segurança em cada extremidade Assegurada expansão adequada do peito para ventilação Risco adverso em pacientes intoxicados por drogas estimulantes 21EMERGÊNCIAS PSICOLÓGICAS MAPA MENTAL: FINAL EMERGÊNCIA PSICOLÓGICA Suicídio Paciente agressivo Fatores de risco Conduta Doenças físicas Transtornos mentais Fatores sociodemográficos e sociais Estratificação de risco Médio Alto Baixo Trabalhar sobre os sentimentos suicidas Nunca deixá-la sozinha Explore alternativas ao suicídio Encaminhar ao psiquiatra Mudança frequente da posição do corpo e ritmo Atos agressivos Postura tensa Comportamento provocador Comportamento irritado Discurso alto e agressivo Contenção física Técnica verbal Histórico de agressividade Período crescente de tensão Sinais de violência Conduta Fatores de risco22EMERGÊNCIAS PSICOLÓGICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS https://www.who.int/mental_health/prevention/suicide/en/suicideprev_phc_port.pdf Roca RP, Charen B, Boronow J. 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