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INFLAMAÇÃO E DOR Farmacologia Veterinária Resumo por: Denise Ramos Pacheco Profa. Celene Maria de Oliveira Simões Alves Medicina Veterinária – UFU. As drogas que diminuem a inflamação são os anti-inflamatórios (aspirina, ibuprofeno, cetoprofeno, nimesulida, celebra, paracetamol, meloxicam, diclosódico) • Causam efeitos adversos • Automedicação • A dipirona é um anti-inflamatório também, além de analgésico e antitérmico (antipirético) Inflamação → mediadores inflamatórios gerados localmente por células teciduais e inflamatórias Entre esses mediadores, existem os AUTACÓIDES, que são mediadores produzidos pelo próprio organismo, com diferentes estruturas químicas, funções fisiológicas e farmacológicas. São substâncias ativas em um processo inflamatório. EXEMPLOS DE AUTACÓIDES: • Histamina (liberada por mastócitos e basófilos) • NO -> óxido nítrico (células endoteliais, vasodilatação) • Bradicinina • Neuropeptídeos • Citocinas • Fator ativador de plaquetas -> PAF • Eicosanóides CÉLULAS ENVOLVIDAS NA INFLAMAÇÃO: mastócitos, neutrófilos, eosinófilos, basófilos, monócitos/macrófagos, linfócitos T e B, células NK, células endoteliais, plaquetas, neurônios EICOSANÓIDES São autacóides, produzidos em quantidades fisiológicas, mas em processos inflamatórios ocorre aumento da produção • Todos são mediadores inflamatórios • Natureza lipídica • Precursor: AA (ácido aracdônico) → está nas membranas das células, aderido à lipídeos (fosfolipídeos) • Na inflamação: ativa enzimas fosfolipase A2, que quebra ligação ácido graxo + glicerol, liberando o AA • Principais eicosanóides: Prostaglandinas (PGs), Tromboxanos (TXs), Leucotrienos (LTx) AA (vias do metabolismo) Prostanóides + Leucotrienos = EICOSANÓIDES • TIPOS DE PROSTANÓIDES E LEUCOTRIENOS: Fonte: Celene Maria de Oliveira Simões Alves. PROSTANÓIDES (Prostaglandina e Tromboxano A2) LEUCOTRIENOS LOX (LIPOOXIGENASE) COX (CICLOOXIGENASE) VIA DAS CICLOOXIGENASES (transformação do AA por esta via) [COX1, COX2 e COX3] Etapas: 1. Formação de prostaglandina G2 (PG2) → DI-OXIGENAÇÃO DO AA → adição de 2 moléculas de O2, feita pela COX1 e COX2 2. Hidroxiperoxidação → G2 -> H2 (enzima hidroperoxidase): sai o O2, ocorre oxidação, há perda de elétrons (molécula de H+ recebe); a prostaglandina H2 é formada, pela ação também da COX1 e COX2 • A maioria das células chega até aqui • Depois, a PGH2 passa a ser substrato para enzimas → se for substrato para a tromboxano sintetase (TXA sintetase), leva à síntese de tromboxano A2 • Plaquetas: importantes para a síntese de tromboxano A2, pois têm a enzima • Se PGH2 for substrato para a enzima prostaglandina E sintetase, forma PGE2, e assim por diante... • Depende se a célula tem a enzima ou não • PGI2 → pode ser chamada de prostaglandina I2 ou prostaciclina • Prostanóides da série 2 (H2, E2...) Tromboxano A2 → ativa plaquetas, agregação plaquetária (hemostasia): reconhecido via receptores para ele nas plaquetas. PGI2 → vasodilatação: em receptores específicos para ela no músculo liso vascular. RECEPTORES PARA PROSTANÓIDES: ESPECÍFICOS • Metabotrópicos / acoplados à proteína G • Gs: ativa adenilato ciclase, AMP cíclico... • Gq/G11: ativa fosfolipase CB (beta), aumenta níveis de cálcio... • Gi/Go: inibem sistema efetor adenilato ciclase Fonte: Celene Maria de Oliveira Simões Alves. Fonte: Celene Maria de Oliveira Simões Alves. VIA DAS LIPOOXIGENASES (forma Leucotrienos) Etapas: 1. Forma ácido 5-HPETE 2. Forma leucotrieno A4 (LTA-4) *a partir da glutationa, começa a síntese dos cisteinil-leucotrienos *processo na imagem Fonte: Celene Maria de Oliveira Simões Alves. AÇÕES DOS METABÓLITOS DO ÁCIDO ARACDÔNICO • A partir da ciclooxigenase: PGI2 → produzida por células endoteliais, exerce efeito parácrino em células endoteliais, mesma coisa em plaquetas e músculo liso vascular. Em plaquetas: inibe a ativação e agregação plaquetária (o contrário do TXA2). Aumenta a sensibilidade à dor (hiperalgesia). Vasodilatação (relaxamento de células vasculares). TXA2 → produzido pelas plaquetas, provoca ativação e agregação plaquetária; vasoconstrição (oposto ao PGI2). PGE2 → reduz secreção de HCL por células parietais gástricas, e aumenta produção e secreção de muco por células epiteliais caliciformes na mucosa gástrica (vasodilatação, hiperalgesia, estimula produção de muco e inibe de HCL). É abortiva, estimula contração de músculo uterino grávido (cytotec). É pirogênica (aumenta temperatura corporal). PGI2 e PGE2 → nos rins: efeito natriurético, diurese, vasodilatação em vasos sanguíneos renais. PGD2 → vasodilatação, inibe agregação plaquetária, broncoconstrição. PGF2alfa → broncoconstrição, contração do miométrio (não grávido), no período menstrual, provocando cólicas menstruais. *tromboxano e prostaciclina: atuam em equilíbrio. Os prostanóides intensificam a ação de outros mediadores (histamina e bradicinina) → prostaglandina aumenta a sensibilidade dos receptores à bradicinina (dor), sendo a bradicinina responsável pela condução de estímulos nervosos (nociceptores). • A partir da 5-lipooxigenase: LTB4 → quimiotoxina. LTC4 / LTD4 / LTE4 → broncoconstritores, aumentam a permeabilidade vascular. Fonte: Celene Maria de Oliveira Simões Alves. CICLOOXIGENASES (COX) DE ÁCIDOS GRAXOS: • COX-1 → ciclooxigenase de expressão constitutiva na maioria das células, ou seja, existe em altas quantidades independentemente se há ou não inflamação. Inclusive, plaquetas expressam apenas COX-1. Ela produz constantemente prostanóides envolvidos em funções fisiológicas, como: citoproteção gástrica, inibição e indução de agregação plaquetária, auto-regulação do fluxo sanguíneo renal e no início do parto. • COX-2 → tem pouca expressão constitutiva, a expressão aumenta em processos inflamatórios (IL- 1, TNF-alfa). Tem expressão constitutiva maior nos rins e SNC. • COX-3: ainda está sendo estudada, para ver se ocorre de forma funcional no homem • Para inibir a inflamação, é necessário inibir COX-2, pois ela aparece mais quando há inflamação! INFLAMAÇÃO E DOR: AUTACÓIDES (HISTAMINA) A histamina é um autacóide, uma amina básica, que nos mamíferos é produzida e liberada principalmente por mastócitos e basófilos. No sangue, ela é armazenada nos basófilos. Ela atua como mediador inflamatório, sintetizada a partir do aminoácido histidina (histidina descarboxilase elimina grupo HOH). Os tecidos que contém grandes quantidades de mastócitos são a mucosa brônquica, mucosa intestinal e pele (epiderme). Os neurônios e células da mucosa gástrica também são capazes de sintetizar e liberar histamina. PRODUÇÃO/LIBERAÇÃO DE HISTAMINA → • MASTÓCITOS (tecido) • BASÓFILOS (circulação) Ela está armazenada em grânulos, quando ela é liberada ocorre DESGRANULAÇÃO Estímulos para ocorrer a desgranulação: • Alérgenos (ativam mastócitos, reconhecimento via receptores, alérgenos se ligam à anticorpos específicos, que se ligam à receptores específicos na superfície do mastócito) -> eliminação do conteúdo dos grânulos: IgE (a partir dos linfócitos B). • Primeiro contato: mastócitos sensibilizados; segundo contato: já tem Ac IgE para o alérgeno, aí ele liga ao IgE que está ligado aos receptores no mastócito -> 1 alérgeno liga à 2 moléculas IgE ligado à 2 receptores -> ativação mastocitária. Fonte: arquivo pessoal. • aumenta o cálcio dentro da célula, há produção de proteínas de fusão para as membranas, os grânulos se movimentam em direção à membrana da célula -> fusão de membranas -> desgranulação. • a histamina já tem “estoque”pronto para ser liberada. • ativação de mastócitos -> ativa via fosfolipase C-beta, que aumenta a [ ] de cálcio, e via fosfolipase A2, que participa da síntese de eicosanóides. • é isso que ocorre na hipersensibilidade do tipo I (alergia). • Agentes terapêuticos também ativam mastócitos. • Peptídeos básicos (lesão tecidual, venenos). • Exercícios físicos, picada de insetos, exposição ao calor ou frio. • A morfina é um analgésico opióide (ação no SNC) -> efeitos adversos (depressores, sedação, cardiovasculares, constipação intestinal, retenção urinária) -> morfina também causa prurido (desgranulação mastocitária -> histamina atua sobre fibras neuronais sensitivas, causando coceira). FUNÇÕES DA HISTAMINA ENDÓGENA: • Mediador inflamatório importante (vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular -> sinais cardeais da inflamação). • Papel importante na hipersensibilidade imediata (alergia ou atopia), e anafilaxia. • Regulador da secreção gástrica de HCL (células parietais gástricas: estômago), estímulo parácrino - > células enterocromafins, libera histamina e estimula HCL (PGE2 e PGI2 inibem HCL, histamina estimula -> acidez). • Modula a liberação de neurotransmissores. Fonte: Celene Maria de Oliveira Simões Alves. ANAFILAXIA → forma sistêmica extrema de hipersensibilidade imediata. Muitos mediadores liberados durante a resposta -> desgranulação mastocitária, edema de glote, hipotensão e broncoconstrição. *epinefrina RECEPTORES FARMACOLÓGICOS DA HISTAMINA • H1, H2, H3 e H4 (tipo metabotrópicos -> acoplados à proteína G) • Foco: receptores tipo H1 → acoplado à proteína Gq/G11 • Em músculo liso, células endoteliais, SNC → H1 • efeitos da histamina ao interagir com esses receptores: • H1: • na musculatura lisa: há contração. • células do músculo liso: receptores H1-> histamina+H1 (ativa receptor, agonista) -> separa as subunidades alfa e beta-gama. A alfa ativa PLC (fosfolipase Cbeta), que hidrolisa fosfolipídeos da membrana (PIP2), que tem região polar e apolar, e sobra DAG (diacilglicerol) e IP3, que vai para o retículo, e libera cálcio (aumenta cálcio intracelular) -> se liga à proteína calmodulina (CAM) -> Ca2+/CAM se liga à quinase da cadeia leve da miosina (QCLM) -> fosforila cadeias -> deslizamento actina e miosina -> CONTRAÇÃO. • inibição da miosina fosfatase -> continua fosforilada -> contração. • contração do ML brônquico: broncoconstrição, do TGI (íleo): aumenta o peristaltismo, útero, vasoconstrição (em alguns leitos vasculares: veias e artérias na pele, músculo esquelético, coronárias mais calibrosas). • relaxamento do MLV -> m. Liso vascular (vasodilatação em arteríolas mediada por NO). • reação anafilática -> hipotensão, broncoconstrição, edema de glote e desgranulação mastocitária • enzima NOS (óxido nítrico sintase) -> síntese de NO a partir de arginina, ele sai da célula endotelial e entra na fibra muscular lisa (NO ativa quanilato ciclase -> sistema efetor), GC catalisa GTP em GMPc, que ativa PKG -> fosforilação, estimula Ca2+ ATPases, diminui Ca2+, ativa miosina-fosfatase, inibe QCLM -> relaxamento. • portanto a vasodilatação vascular é óxido nítrico dependente. • aumento da permeabilidade vascular (vênulas pós-capilares): células endoteliais precisam contrair, aumenta o Ca2+ delas, altera citoesqueleto (há receptores H1 que se ligam à histamina). • edema e rubor. • prurido (estimula terminações nervosas sensitivas). • estimula secreção da mucosa nasal. • SNC: estado de alerta e vigília, inibe o apetite. Fonte: Celene Maria de Oliveira Simões Alves. Fonte: Celene Maria de Oliveira Simões Alves. • H2: • Gs (adenilato ciclase): ativa AMPc -> estimula canais de sódio, ativa PKA, Ca2+ voltagem dependente (entra Na+ e Ca2+) -> efeito inotrópico e cronotrópico positivos. • No músculo cardíaco → efeitos inotrópicos e cronotrópicos positivos. • Nas células parietais gástricas → estimula a secreção de HCL (ácido clorídrico). • A histamina não é o principal, mas tem função semelhante à adrenalina e noradrenalina no músculo cardíaco. • Via estímulo da secreção gástrica pela histamina: dependente de AMPc. Fonte: Celene Maria de Oliveira Simões Alves.
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