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Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” Departamento de Psicologia A Atuação do Psicólogo Organizacional Junto as Pessoas com Deficiência Projeto realizado, referente a disciplina Psicologia Organizacional I do curso de Psicologia Noturno ministrada pela Prof a . Cristiane Alves, pelas Arieli Alvarez RA: 722545 Beatriz Mattos RA: 725447 Francine Belotti RA: 720593 Gabriela Leão RA: 720461 Isabelle Góes RA: 725439 Nathalia Ribeiro RA:720712 Bauru Junho 2010 2 Índice 1 - Histórico_____________________________________________________03 2 - Objetivo______________________________________________________07 3 – Sobre a atuação do psicólogo organizacional e esta junto aos deficientes____________________________________________________07 4 - Método ______________________________________________________15 4.1 – Participantes_____________________________________________15 4.2 – Material__________________________________________________16 4.3 - Procedimento de coleta de dados____________________________16 4.4 - Procedimento de análise dos dados__________________________16 5 – RESULTADOS________________________________________________16 5.1 - Quanto ao recrutamento____________________________________16 5.2 - Quanto ao processo seletivo________________________________17 5.3 - Quanto ao trabalhos que realizam na empresa__________________17 5.4 - Quanto aos treinamentos___________________________________18 5.5 - Quanto a integração________________________________________18 5.6 - Quanto ao desligamento____________________________________18 5.7 - Quanto a atuação do psicólogo______________________________19 6. – DISCUSSÃO__________________________________________________19 7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS_______________________________________20 8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS________________________________21 ANEXOS________________________________________________________22 3 1 - Histórico Na antiguidade, o tratamento com deficientes assumia dois aspectos: alguns eram exterminados, por colocar em risco a sobrevivência do grupo; e outros, os protegiam e sustentavam na busca pela simpatia dos deuses, ou como gratidão pelos esforços daqueles que se mutilavam na guerra. Os povos hebreus viam na deficiência uma punição de Deus, impedindo então, os deficientes de ter acesso às questões religiosas. Na Roma Antiga e em Esparta, os pais eram autorizados a matar seus filhos defeituosos. Os hindus, os atenienses e os romanos do tempo do império davam uma atenção e proteção especial aos deficientes. Na Idade Média, sob influencia do Cristianismo, os deficientes e os doentes ficavam em casas de assistência, mantidos pelos senhores feudais, porém, com a perda de influencia do feudalismo, veio à idéia de que os deficientes deveriam participar do sistema de produção, principalmente com o renascimento, onde o assistencialismo cedeu lugar à postura profissionalizante e integrativa da PCD. Certamente, o desenvolvimento tecnológico tem auxiliado as pessoas com deficiência (PCD) a superar suas limitações, exemplo disso são os objetos como: cadeiras de rodas, bengalas, muletas, coletes, próteses, macas, veículos adaptados, camas móveis, Código Braile, etc, propiciando ao deficiente meios de trabalho e de locomoção. No que se refere especificamente ao mercado de trabalho, as inovações tecnológicas têm substituído o trabalho físico pelo intelectual, permitindo a realização de tarefas mesmo a distância, é o teletrabalho, muitas vezes, com a diminuição do número de postos de trabalho. A realização de trabalhos com auxilio da informática, por exemplo, tem permitido um maior acesso das pessoas com deficiência física no mercado de trabalho. Certamente, para aqueles que dominam novos meios de produção. Houve uma importante mudança institucional a respeito da condição da PCD a partir do Decreto 3.298, em 20/12/99, onde o deficiente passou a ser valorizado e integrado a sociedade, antes tão excludente. 4 No Brasil, a legislação sobre o acesso de pessoas com deficiência ao trabalho entrou em vigor a quase 20 anos, de acordo com as seguintes leis: *A lei nº8.112 define em até 20% o percentual de vagas em concursos públicos destinadas a pessoas com deficiência. (lei entra em vigor em 11 de dezembro de 1990); *A lei 8.213 de 24 de julho de 1991 determina uma cota de vagas para a pessoa com deficiência: -até 200 empregados .........2% -de 201 a 500 empregados ....3% -de 501 a 1.000..............4% -de 1001 em diante ..........5% Mesmo com a promulgação dessas leis, a oportunidade para a pessoa deficiente se deu com muita dificuldade e de forma muito lenta, até que o Ministério Publico começou a fazer uma fiscalização mais rigorosa, impondo punições á empresas que não estavam cumprindo a lei. De acordo com dados do Ministério do Trabalho em São Paulo, no ano de 2003, apenas 316 empresas atendiam à exigência da legislação. Em 2004, esse número cresceu para 1965 e no primeiro semestre de 2005, chegou a 2110, representando um crescimento de 7,4% no emprego de pessoas com deficiência. Com a exigência imposta pela lei também se começou a observar uma oferta crescente de vagas para pessoas com deficiência nas empresas, veiculada, principalmente, por meio da mídia, despertando a ilusória idéia de que, finalmente, o mercado de trabalho estava receptivo a essa população. Apesar das leis terem contribuído para uma abertura nas empresas para pessoas com deficiência, observa-se que o numero de pessoas com deficiência que trabalham em organizações está muito aquém do que a lei prevê. De acordo com a Relação Anual de Informações (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego, no ano de 2000, dos 26 milhões de trabalhadores formais ativos, apenas 537 mil eram pessoas com deficiência (cerca de 2% do total) De acordo com Tanaka e Manzini (2005), a falta de informações sobre a deficiência, aliada à possível crença de que quem a possui não irá corresponder ao 5 ritmo imposto pela produtividade, pode acabar gerando antagonismos quanto à absorção dessa mão-de-obra pelas empresas. Para Ferreira citado por Tanaka e Manzini (2005), a desinformação poderia produzir desconhecimento sobre as reais incapacidades e limitações do deficiente e, também, das suas potencialidades, necessidades, expectativas e sentimentos, o que acabaria conservando os preconceitos existentes em relação a essa população. O preconceito é uma atitude pré concebida, como o próprio nome diz, onde a sociedade estabelece atributos ao individuo que ela considera diferente, atributos estes que muitas vezes não condizem com a realidade, mas que foram se construindo ao longo do processo histórico dessa sociedade, em detrimento da assimilação da ideologia propagada pela classe dominante e seus interesses. Mendes (2001) e Omote (2001) argumentaram que a concepção que a sociedade tem sobre a deficiência pode influenciar nas relações sociais e, também, orientar as ações planejadas e praticadas em relação a aos deficientes. De acordo com Omote (1996), isso significa que, se a sociedade concebe que as dificuldades da pessoa com deficiência ocorrem mais em função das suas limitações orgânicas, como usualmente tem acontecido, ela adotará medidas, que visam inseri-la no mundo do trabalho, baseadas mais na natureza da deficiência do que propriamente nas suas reais potencialidades e necessidades; em decorrência disto, a culpa de qualquer insucesso, que porventura vier a ocorrer com essa população no ambiente de trabalho, acabará sempre recaindo nas condições estabelecidas a ela. Além de fatores individuais, econômicos e sociais, um outro aspectoque dificultaria a inserção da pessoa com deficiência no trabalho, apontado pela literatura científica, é a falha no processo de formação e qualificação profissional. Mesmo que o direito ao trabalho esteja assegurado por lei, é preciso que se pense em um processo muito mais complexo do que esta simples inserção; dentre eles, o preparo profissional e social da pessoa com deficiência, ―que está buscando o mercado de trabalho e também as condições estruturais, funcionais e sociais do ambiente que irá recebê-la como funcionaria, para que não se corra o risco de admiti- la por benevolência ou obrigatoriedade da lei (Tanaka e Manzini, 2005). 6 A grande dificuldade de inserção e manutenção do deficiente no mercado de trabalho está na: - Carência de qualificação profissional; - Carência dos sistemas de habilitação e reabilitação; - Falta de estímulos econômicos que facilitam a sua contratação pelas empresas. As pessoas com deficiência não necessitam de medidas preferenciais, mas sim de remoção das barreiras que impedem a sua inserção no mercado de trabalho. O sistema educacional brasileiro tem se mostrado ineficiente na medida em que ainda não é capaz de atender a todas as crianças em idade escolar, com cuidados especiais para aqueles que necessitam. Dados recentes do Censo Escolar 2000 demonstram que aproximadamente trezentos mil alunos com deficiência estão freqüentando as escolas, sendo que apenas três mil estão no ensino médio. Tal situação também decorre de um problema estrutural, como ausência de escolas especiais e profissionais educadores com formação adequada para trabalharem com esses alunos. A habilitação e a reabilitação profissional dizem respeito à adoção de medidas para habilitar ou restaurar uma capacidade produtiva na PCD com vista a integrá- la ou reintegrá-la no mercado de trabalho, porém, este não possui estrutura para atender todos os casos, devido ao alto custo. Contudo, contraditoriamente, custear essa reinserção acaba sendo mais vantajoso ao governo do que mantê-la afastada recebendo auxílio da Previdência Social. No país inteiro, são aproximadamente trinta centros de reabilitação, com poucos núcleos de reabilitação profissional, atingindo apenas 10% das cidades, se considerarmos as instituições filantrópicas e particulares. Fizemos até aqui uma breve revisão sobre o conceito e a historicidade da deficiência, assim como colocamos as leis vigentes no Brasil a respeito da empregabilidade dos deficientes. O nosso interesse nesse tema se justifica em conhecer como ocorrem os processos relacionados à rotina organizacional de forma a verificar como é dado esse suporte a pessoa deficiente. 7 2- Objetivo Analisar a conduta e atuação do psicólogo na organização referente à: - Recrutamento - Seleção - Treinamento - Inclusão junto à equipe (permanência/manutenção) 3 - Sobre a Atuação do Psicólogo Organizacional e esta junto aos deficientes Bastos estabeleceu alguns objetivos para atuação do psicólogo organizacional, na tentativa de oferecer uma visão mais abrangente dessa área de atuação. A seguir, colocamos tais objetivos. A) Realizar estudos/pesquisas com vistas à produção de conhecimentos relativos à psicologia organizacional, bem como ao planejamento ambiental, elaboração e definição de políticas de RH nas organizações. B) Desenvolver ações relativas à avaliação, aperfeiçoamento, reciclagem profissional, e a formação de mão-de-obra para integrar o quadro da organização. C) Definir e implementar programas que visem à saúde, proteção, valorização e satisfação do trabalhador, bem como facilitar o seu acesso e de seus dependentes a bens e serviços básicos. D) Desenvolver ações que permitam à adequada alocação e controle da vida funcional do trabalhador. Observe-se que tais objetivos cobrem as ações principais da área de recursos humanos. Essa visão é que confere à sua atuação um caráter não ritualístico e fragmentado. Incorpora, também, as modificações que já vêm se processando ao longo do tempo, em que o psicólogo não limita sua atuação aos processos de seleção de pessoal, mas tem se responsabilizado, crescentemente, por tarefas e/ou desafios que a situação de trabalho coloca aos recursos humanos nas organizações. Ademais, deve haver uma apreensão global dos problemas humanos na organização, pois, o psicólogo não pode ser um mero aplicador de técnicas e procedimentos. 8 Para a consecução do objetivo A foram definidas tais funções: - Contribuir para a produção teórica sobre o comportamento humano no contexto organizacional. - Fazer em equipe multiprofissional diagnostico e proposições sobre problemas organizacionais relativos à RH, ao nível sistêmico. - Analisar as atividades intrínsecas ao trabalho desenvolvido na organização para subsidiar elaboração de instrumentos necessários à administração de RH e modernização administrativa, que é elaborar e executar projetos para subsidiar planos de cargos e salários, recrutamento e seleção, treinamento, saúde ocupacional e movimentação de pessoal. Este objetivo, que aproxima o psicólogo das instâncias decisórias da organização, rompe o papel que Zanelli denominou de "reprodutores de objetivos técnicos" (p. 31) e explora a dimensão científica que toda formação do psicólogo deve ter. O fato de lidar com o comportamento humano — tanto na sua dimensão individual quanto social — deve credenciar o psicólogo ao manejo de métodos e técnicas de investigação dos problemas psicossociais inevitáveis em quaisquer contextos de trabalho. Autores como Aquino e Mendonça enfatizam a necessidade de que o profissional de RH reveja seu modelo de atuação, considerado inadequado ao cenário das relações de trabalho no Brasil hoje. Tal revisão requer a construção de um corpo sistemático de conhecimento sobre o comportamento do trabalhador brasileiro nas organizações; em conseqüência, a análise das práticas e instrumentos mais comuns na área. Já a segunda função descreve exatamente o trabalho voltado para a compreensão dos problemas humanos e sociais no âmbito das organizações (a exemplo: conflitos intergrupais, liderança, competição, motivação, satisfação, absenteísmo). À medida que o adequado atendimento das necessidades psicossociais do trabalhador se torne um imperativo para as organizações, essa função do psicólogo provavelmente ganhará mais relevo e importância. A terceira função particulariza um tipo de estudo mais freqüentemente realizado pelo psicólogo e voltado para a descrição das atividades envolvidas na 9 execução do trabalho. Tal função foi inserida no objetivo A, considerando-se a natureza básica deste tipo de trabalho para todas as demais subáreas de atuação do psicólogo organizacional (Bastos). Assim, a análise ocupacional é vista como um instrumento básico para outras atividades como treinamento, avaliação de desempenho, elaboração de planos de cargos e salários, reforma administrativa, planejamento ambiental e saúde ocupacional. O objetivo B compreende o núcleo central de ações da maioria dos órgãos de RH, que é desenvolvimento e aprimoramento de pessoal, a ele vinculam-se tais funções: - Promover treinamento e desenvolver pessoal. - Realizar avaliação de desempenho. - Implementar a política de estagio na organização. - Supervisionar as atividades do estagiário. Nessa primeira função, em que o psicólogo atua em interface estreita principalmente com o pedagogo, fica explícito o seu papel como o do profissional que, dominando os processos básicos de aprendizagem e mudança de comportamento, é capaz de planejar condições para que eles ocorram satisfatoriamente, objetivo perseguido em quaisquer ações de treinamento; fica, também, nítida a sua atuação enquanto investigador habilitado a planejar condições para avaliar a eficiência e eficácia de processos de intervenção, nas experiências educativas.A segunda função refere-se ao planejamento e execução de avaliação de desempenho do trabalhador. Tal inclusão neste objetivo prende-se ao pressuposto de que qualquer avaliação de desempenho deve pautar-se pela ótica do desenvolvimento e aprimoramento profissional e pessoal do trabalhador, não se reduzindo à simples instrumento de controle burocrático ou de produtividade. Relacionadas ao objetivo C — de apoio, valorização e assistência psicossocial ao trabalhador, as funções que integram tais objetivos são: - Desenvolver em equipe multiprofissional a política de saúde ocupacional da organização. 10 - Desenvolver ações de assistência psicossocial que facilitem a integração do trabalhador na organização. - Estabelecer em equipe multiprofissional relações em órgãos de classe. Essas funções exploram, em parte, o fato de o psicólogo ser um profissional da saúde e um especialista em relações sociais podendo, nestes dois planos, desenvolver ações que contribuam para preservar a saúde (física e mental), o desenvolvimento de relações interpessoais saudáveis e propícias à consecução dos fins organizacionais. Nessa primeira função o psicólogo, junto aos demais profissionais da área de saúde planeja e implementa ações em dois planos distintos: (1) ao nível preventivo, quando faz planejamento ambiental, acompanha o desenvolvimento de doenças ocupacionais e analisa as condições ambientais que as geram; quando contribui na segurança e higiene no trabalho; (2) no nível remediativo ao conceber e efetivamente oferecer serviços na área de saúde mental. Em organizações que há colaboradores deficientes, a implementação de práticas de gestão da diversidade implica mudanças que vão além de meros procedimentos administrativos, abrangendo mudanças culturais (Gilbert, Stead e Ivancevich, 1999) e cognitivas (Schneider e Northcraft, 1999). Na literatura encontramos mecanismos prescritivos que facilitariam a gestão da diversidade. Por exemplo, preconizar uma reestruturação das políticas de recursos humanos, focalizando o desenho de planos de carreira, a valorização da família; a criação de formas de tutoria, grupos de discussão e compensações para adoção da diversidade; e o estabelecimento de garantias sobre a lisura dos processos de valorização da diversidade (Gilbert, Stead e Ivancevich, 1999). Segundo Souza (2009), essas adaptações são classificadas em dois níveis: adaptações de grande porte: aquelas que dependem da autorização da alta administração da empresa, envolvendo modificações de amplo espectro, como a estrutura física da empresa, e adaptações de pequeno porte: que estão na esfera de autoridade dos gestores de área, funcionalidade e operacionalidade. A segunda função refere-se à assistência psicossocial, quer intervindo em problemas individuais e de relações intra e intergrupais, quer desenvolvendo 11 programas de higiene mental e facilitando o acesso do trabalhador aos benefícios sociais ou programas específicos da organização em que atuam. O aparecimento desta nova área e sua crescente importância é produto das transformações sociais maiores que trazem para o contexto organizacional a força do trabalhador enquanto categoria. O objetivo D é composto por: - Efetuar movimentação interna do pessoal. - Promover com o pessoal externo, as vagas existentes na organização. - Implantar/atualizar plano de cargos e salários. - Coordenar as ações de documentação e pagamento do pessoal. Neste objetivo está incluída a subárea tradicionalmente ocupada pelo psicólogo e, em grande parte, responsável pela imagem mais difundida do psicólogo organizacional — o recrutamento e seleção de pessoal. Na função movimentação de pessoal, o psicólogo atua no sentido de equacionar problemas internos de adaptação ao trabalho e de suprimento de problemas internos de adaptação ao trabalho e de suprimento de carência de pessoal com recursos humanos já existentes na organização. De acordo com ASSUNÇÃO, o processo de recrutamento refere-se à atração de candidatos para abastecer o processo seletivo de uma empresa. Este processo ocorre através da divulgação, pela organização, das oportunidades de trabalho e dos critérios de preenchimento das vagas, atraindo os interessados para uma seleção. Ao divulgar os critérios de preenchimento das vagas as empresas objetivam atrair candidatos potencialmente qualificados, de maneira a alcançar os objetivos de seu processo seletivo. A divulgação das oportunidades de emprego pode se dar de duas formas: internamente ou externamente. A divulgação interna aborda funcionários da própria empresa, enquanto a divulgação externa ocorre por meio de cartazes, agências, associações profissionais, anúncios nos meios de comunicação e procura em instituições educacionais. Segundo Chiavenato, citado por ASSUNÇÃO, o processo de seleção refere-se à ―obtenção e uso de informações sobre os candidatos recrutados extremamente para escolher qual deles deverá receber a oferta de emprego‖. 12 Assim, o selecionador possui o papel de identificar qual o melhor candidato para o cargo, ou seja, aquele que preencha os pré-requisitos para a função e que apresente características pessoais que se adapte ao comportamento organizacional. Alguns dos métodos mais utilizados para a seleção de pessoal são: entrevistas individuais ou coletivas, dinâmicas, testes psicológicos, testes práticos, testes escritos e testes psicotécnicos. É importante observar que o uso de determinados métodos para a seleção variam de acordo com o objetivo da mesma. No que se refere à contratação de pessoas com deficiência pelas empresas, deve-se salientar que estas devem analisar e prever alguns fatores como a quantidade de pessoas que serão contratadas, como e quando devem ser recrutadas, quais habilidades necessárias para a execução das determinadas atividades, além da qualificação necessária para o preenchimento das vagas disponíveis. De maneira geral, no processo de seleção de uma pessoa, deficiente ou não, é necessário que ocorra uma análise satisfatória dos cargos para os quais a empresa pretende contratar, sendo que no caso da contratação da pessoa com deficiência, tal análise se torna imprescindível para uma correta alocação desta pessoa. Assim, no que se refere ao processo de recrutamento e seleção de pessoas com deficiência, segundo Fernandes e Silva (2008) coexistem dois pressupostos, um que considera que o processo de recrutamento e seleção das pessoas com deficiência deve ser executado de maneira igual ao de uma pessoa considerada ―normal‖ e outro, respaldado pelo paradigma da Inclusão, que defende uma Responsabilidade Social Empresarial, no qual deve se considerar a ocorrência de adaptações, tanto no processo de recrutamento e seleção, quanto na própria estrutura organizacional. Para os autores que defendem a existência de um processo único, fatores como o sistema de saúde, de educação, de transporte e de tecnologia são tidos como de importância relevante no processo de contratação das pessoas com deficiência, na medida em que tais elementos interferem em maior ou menor intensidade na colocação dessas pessoas no mercado de trabalho. Tais aspectos 13 são considerados como não sendo de responsabilidade integral das empresas, mas também do Estado, no sentido de que essas pessoas necessitam de educação, capacitação, transporte, infra-estrutura para circular, além de atendimento médico especializado. Outro fator que influencia o processo de recrutamento e seleção da pessoa com deficiência refere-se à realização das adaptações necessárias na estrutura física da empresa, já que para que ocorra uma efetiva integração desta pessoa, deve-se garantir a acessibilidade desta aos mais diversos espaços. Segundo Carreira, citado por Fernandes e Silva (2008), um dos problemas relacionados à contratação de pessoas com deficiênciapelas empresas refere-se a seu recrutamento, devido à dificuldade de se encontrar pessoas habilitadas no mercado de trabalho. Neste sentido, este autor afirma que o processo de recrutamento da pessoa com deficiência deve ser o mesmo adotado para as pessoas não deficientes e que a empresa deve utilizar veículos de comunicação adequados para a divulgação das vagas a serem preenchidas, de forma com que estas pessoas procurem a empresa que oferece a vaga à semelhança do que ocorre com pessoas não deficientes. No entanto, segundo Fernandes e Silva (2008) o ponto de vista de Carneiro é insuficiente para o desenvolvimento de uma atuação socialmente responsável das empresas, já que esta, quando caracterizada enquanto um espaço inclusivo, tem o dever de adotar procedimentos e apoios especiais às pessoas com deficiência. Segundo o Instituto Ethos (2002), citado por FERNANDES e SILVA (2008), uma das técnicas mais utilizadas pelas empresas que desejam contratar pessoas com deficiência refere-se à terceirização deste serviço, já que existem organizações e entidades que fornecem o serviço de consultoria neste processo, auxiliando e orientando as empresas no recrutamento e seleção. Além disso, as empresas também podem recrutar as pessoas com deficiência a partir de busca em sites, agências de emprego, organizações não governamentais, instituições como o Sistema Nacional de Emprego (SINE) e através dos núcleos regionais de informações sobre deficiência do Sistema Nacional de Informações sobre 14 Deficiência. Para HEINSKI (2003), o recrutamento de pessoas com deficiência normalmente acontece a partir da divulgação externa. No que se refere ao processo seletivo, segundo Carreira, citado por FERNANDES E SILVA (2008), a utilização da técnica de entrevista deve se dar de maneira igual tanto para pessoas com deficiência quanto sem deficiência. Quando utilizada com pessoas deficientes, não se deve focar nas dificuldades da pessoa para a realização das atividades requisitadas para o cargo, mas sim em suas capacidades para o trabalho. Ainda de acordo com o mesmo autor, a pessoa com deficiência deve transmitir ao entrevistador que pode realizar um trabalho no nível de outras pessoas não deficientes, desde que respeitada suas limitações. Em sentido oposto, Nambu, citado pelos mesmos autores, acredita que o processo seletivo dessas pessoas deve ocorrer de maneira semelhante, porém não igual, ao de pessoas não deficientes. Neste sentido este autor alerta que deve existir um bom senso na utilização das ferramentas para a seleção, como no caso da aplicação de testes psicológicos, já que neste caso se deve garantir que as instruções fornecidas sejam compreendidas e que estes devem ser adaptados às necessidades dos mais variados tipos de deficiência (como no caso do Teste Psicodiagnóstico Miocinético - PMK – que apresenta adaptação para deficientes visuais). Ainda segundo o mesmo autor, o processo seletivo não deve focar na questão da deficiência como um aspecto negativo, devendo tratar deste assunto no sentido de esclarecimento das possíveis dificuldades no desempenho da função e no fornecimento de ajuda na adaptação desta pessoa no ambiente de trabalho. Afinal, as empresas refletem a visão histórica da deficiência, as quais vão desde uma atitude nitidamente segregacionista, passando por atitudes ambivalentes de integração, até práticas que desenvolvem políticas de fato mais inclusivas. Assim é que algumas empresas primeiro contratam por grupos e categorias, em trabalhos considerados inferiorizados, mantendo atitudes discriminatórias, e só depois reconhecem o desempenho, a capacidade de trabalho e as particularidades do trabalhador portador de deficiência. 15 No Paradigma de Inclusão Organizacional não podemos mais identificar apenas aqueles postos que já são plenamente acessíveis para pessoas com deficiência física, auditiva, visual e/ou mental, como as únicas posições disponíveis para essas pessoas. A reserva apenas de postos plenamente acessíveis contraria o Decreto no 3.956, de 2002, que dispõe sobre a não discriminação em razão da deficiência. A determinação do grau de acessibilidade de todos os postos é o primeiro passo para a promoção do acesso, seguido da provisão de equipamentos, instrumentos e acessórios – ajudas técnicas, para permitir e favorecer a funcionalidade dos servidores. (Souza,2009) Desse modo, Souza (2009) sugere ações de melhoria para dar condições de igualdade no trabalho às pessoas com deficiência, como a sensibilização das chefias e funcionários quanto ao potencial dos deficientes, adequação das práticas de seleção, treinamento e desenvolvimento voltadas para a inserção das pessoas com deficiência, e adaptações nas condições e instrumentos de trabalho. Portanto, as funções do psicólogo nas organizações são das mais diversificadas. Há certas tarefas que devem ser realizadas igualmente para todos os setores e colaboradores, porem em algumas funções deve haver adaptações focando qual é o individuo, o grupo e o setor com que se vai trabalhar, principalmente no âmbito do processo seletivo, treinamento e integração dos colaboradores. 4 - MÉTODO: A presente pesquisa visa investigar como ocorre na cidade de Bauru os processos relacionados à rotina organizacional no que se refere ao manejo do psicólogo com a pessoa com deficiência de forma a verificar como é dado esse suporte a esse público. 4.1 - Participantes: Foram entrevistados cinco participantes, sendo três psicólogos, uma coordenadora de uma empresa de recursos humanos e a última uma pessoa com deficiência. Os psicólogos entrevistados trabalham em empresas multinacionais, nacionais e regionais e estão ligados ao processo seletivo dessas empresas, 16 incluindo o processo de pessoas com deficiência. A coordenadora entrevistada é de uma empresa de RH, que recruta, faz cadastros, seleções e encaminha para outras empresas que solicitam vagas. A pessoa com deficiência trabalha em uma das empresas de um dos psicólogos entrevistados. 4.2 - Material: Foram utilizados dois questionários semi-estruturados, sendo um direcionado aos profissionais (anexo 1) e o outro direcionada ao funcionário com deficiência (anexo 2). 4.3 - Procedimento de coleta de dados: . Os entrevistados forneceram os dados de diferentes maneiras, de acordo com suas disponibilidades, sendo que três das entrevistas foram por telefone, uma foi como forma de questionário via e-mail e a outra foi realizada pessoalmente. Um roteiro de entrevista serviu de apoio, porém foi adaptado a situação da entrevista, por conta da dificuldade em conseguir informações formalmente. As perguntas e respostas encontram-se em anexo (anexo 3). 4.4 - Procedimento de análise dos dados: As respostas foram agrupadas conforme semelhanças e diferenças e depois comparadas entre si e entre a literatura. 5 - RESULTADOS: 5.1 - Quanto ao recrutamento: No recrutamento, os empregadores parecem se utilizar métodos convencionais, como anúncios (jornal, rádio) ou recebimento de currículos diretamente na organização, podendo ainda delegar essa tarefa a outra organização. Existe ainda a possibilidade de contatar as pessoas com deficiência através das instituições das quais fazem parte, existindo uma parceria entre empresas e essas instituições (APAE, SORRI), existindo nas instituições inclusive 17 projetos que preparam essas pessoas a como se comportarem numa entrevista, preencherem um currículo e se prepararem para o mercado de trabalho. 5.2 - Quanto ao processo seletivo: As respostas dos entrevistados inferem que essas pessoas com deficiência passam pelos mesmos procedimentos que as pessoas sem deficiência, sendo constituído por entrevistas ou aplicação de algum método de avaliação que varia de acordo com a vaga trabalhada. A diferença ocorre pontualmentena limitação que a pessoa com deficiência pode apresentar. Assim, é anexado ao currículo do candidato um laudo com especificações sobre a deficiência do candidato para que as avaliações possam ser adequadas de acordo com a necessidade de cada um. São citados então adaptações relacionadas a falta de acuidade visual, dificuldade de locomoção ou ainda deficiência auditiva. Os entrevistados relatam situações pelas quais já passaram e as providencias tomadas na situação. No caso de uma entrevista com deficiente auditivo, a mãe do candidato o acompanhou fazendo a intermediação entre o que o psicólogo falava e suas respostas. Uma pessoa com deficiência física teve o seu material de trabalho (sapato especifico) adaptado, sendo citado ainda as condições de estrutura física existentes em uma das empresas para que possam atender esse publico. O funcionário entrevistado, por sua vez, confirma as informações, contando como participou de uma entrevista e realizou uma avaliação juntamente com outros candidatos também com deficiência. 5.3 - Quanto ao trabalhos que realizam na empresa: São citados trabalhos na linha de produção e de atendimento. O funcionário entrevistado é porteiro de uma das organizações há 3 anos e se queixa de não poder mudar de cargo em tanto tempo. Acredita ter capacidade para exercer outra função e ―dar mais pela empresa‖, mas se sente desfavorecido, pois acredita existir outras vagas que se encaixam nas suas qualidades, porém não recebe apoio de seu supervisor. 18 5.4 - Quanto aos treinamentos: Segundo os relatos, os treinamentos parecem estar ligados a integração e as operações que serão executadas. Numa das multinacionais os funcionários que entram são levados a conhecer a empresa, seus procedimentos, os aspectos ligados a segurança e a qualidade, e são treinados por uma pessoa especializada a como mexer numa máquina, por exemplo, da mesma maneira que ocorre com uma pessoa sem deficiência. O funcionário relatou não ter passado por treinamento porque ―não precisa‖, sendo passadas somente algumas informações. 5.5 - Quanto a integração: Apenas uma pessoa entrevistada respondeu a essa pergunta. Nessa empresa em especifico a pessoa com deficiência quando entra parece ser integrada a política da empresa e seus procedimentos sem restrições quanto a sua deficiência, mesmo porque o psicólogo entrevistado não identifica essa demanda como uma necessidade, uma vez que não ocorrem problemas relacionados às pessoas com deficiência especificamente. Mas relata que em uma das unidades existe um interprete de libras para fazer esse acompanhamento e pretendem instituir este profissional na unidade de Bauru também. 5.6 - Quanto ao desligamento: Segundo o psicólogo da multinacional o desligamento se dá da mesma forma como com uma pessoa sem deficiência, seja por ser demitido ou por pedir demissão. A única diferença é que após ser desligado, o funcionário com deficiência é encaminhado a um médico especialista para que seja averiguado em que condições esse funcionário deixa a empresa, especialmente no que se refere ao agravamento da deficiência. 19 5.7 - Quanto a atuação do psicólogo: Segundo a fala do psicólogo da multinacional, nos parece que a atuação se restringi ao processo de seleção, uma vez que após essa fase, o funcionário só é acompanhado no que se refere atendimentos burocráticos ou imediatos. 6. - DISCUSSÃO: De acordo com a revisão bibliográfica feita as empresas representadas pelos psicólogos e profissionais aqui entrevistados parecem ser adequadas no que se refere ao processo seletivo da pessoa com deficiência. A maneira de atração de pessoal parece ser feita da mesma forma que a citada na literatura, sendo utilizados desde divulgações internas quanto externas (por meio de cartazes, agências, associações profissionais, anúncios nos meios de comunicação e procura em instituições educacionais). Os processos seletivos indicam ser respaldados pelo paradigma da inclusão, uma vez que as empresas representadas dispõem de espaços físicos adequados e identificam a necessidade de adaptação dos recursos utilizados à limitação do candidato durante o processo seletivo. Prezam ainda pela realização do processo seletivo da pessoa com deficiência juntamente com pessoas sem deficiência de forma a não tornar a seleção discriminatória e injusta. Todos os outros processos (treinamento, inclusão, desligamento, acompanhamento) parecem se dar da maneira como ocorrem com pessoas sem deficiência. Os candidatos parecem, contudo, ficarem restritos a vagas operacionais, sem grandes oportunidades de crescimento (como o porteiro que está na mesma função há tanto tempo). Contudo, as entrevistas não permitiram que fosse avaliado em função do que isso ocorre, podendo ser atribuído a falta de qualificação que os profissionais se queixam na literatura revisada. Deve-se ressaltar que as empresas aqui entrevistadas são empresas grandes, consolidadas e que parecem estar de acordo com as exigências da lei, disponibilizando de todos os recursos necessários para que essas pessoas sejam incluídas no mercado de trabalho. 20 A amostra da pesquisa, por sua vez, foi pequena contando com apenas três psicólogos, uma coordenadora de RH e um funcionário com deficiência. Os dados aqui obtidos podem não retratar fidedignamente o quadro da inclusão no mercado de trabalho, mas tal pesquisa veio a agregar muito no que se refere ao conhecimento dos procedimentos adotados na cidade de Bauru. 7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS O aumento do índice de pessoas com deficiência trabalhando em empresas parece estar atribuído a lei de cotas criadas pelo governo. Se por um lado as pessoas ainda possam encontrar dificuldades de acessibilidade e inclusão, as empresas que tem que cumprir essas cotas encontram dificuldades em achar funcionários com deficiência que sejam qualificados para atuarem no mercado. Essa carência de qualificação pode ser explicada historicamente e identificada na ineficiência do sistema educacional brasileiro que não é capaz de atender a todas as crianças em idade escolar, com cuidados especiais para aqueles que necessitam, abarcando no Ensino Médio apenas 3 mil alunos dos 300 mil em idade escolar (Senso 2000). Muitas empresas encontrando esse tipo de dificuldade, estão dando aulas nas próprias organizações, buscando dar qualificação para seus funcionários com deficiência, já que, se não os tiverem em seu quadro de cotas, tem de pagar com multa caso não cumpram o que é previsto por lei. Sendo assim, a atuação do psicólogo deve se pautar não só junto a empresa, mas também junto a pessoa com deficiência, visando conscientiza-la de que, mais do que suas limitações físicas, suas carências intelectuais também devem ser superadas. Sendo assim, após essa fase de aceitação no mercado deve haver uma preocupação referente inserção profissional da pessoa com deficiência, de forma que o indivíduo não seja mero elemento para se fazer cumprir uma lei, .mas que possa ser ativo na organização, tendo suas capacidades valorizadas e suas dificuldades adaptadas para o seu melhor desempenho. Assim, o trabalho deve 21 ser realizado também com aqueles que atuarão juntamente aos deficientes, para que seja assegurada a proposta de inclusão e acima de tudo seus direitos de cidadão. 8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS Assunção, A. C. P.: ―O recrutamento e seleção de profissionais com deficiência em São Luís”, disponível em: http://www.scribd.com/doc/17762546/O- recrutamento-e-selecao-de-profissionais-com-deficiencia-PCD, acessado em 15/06/2010. Fernandes, A. L.; Silva, S. M.(2008): ―Recrutamento e seleção do profissional portador de deficiência nas organizações: integração ou inclusão?”; disponível em http://www.facef.br/facefpesquisa/2008/nr2/v11n2artigo4.pdf, acessadoem 11/06/2010. Heinski, R. M. M. S.; ―Recrutamento da diversidade da mão-de-obra: Um desafio quando se trata de pessoas portadoras de deficiência?”; disponível em: http://guaiba.ulbra.tche.br/pesquisas/2007/artigos/administracao/236.pdf, acessado em 11/06/2010. - Tanaka, E. D. O.; Manzini, E. J. ―O que os empregadores pensam sobre o trabalho da pessoa com deficiência?”. Revista Brasileira de Educação Especial, disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 65382005000200008&lng=en&nrm=iso&tlng=pt, acessado em: 13/06/2010. - Araujo, L. A. D. A proteção constitucional das pessoas portadoras de deficiência. Brasília: Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portador de Deficiência – CORDE, 1994. - Bastos, A. V. B.; Martis-Galvão, A. H. C. ―O que pode fazer o psicólogo organizacional”. - Souza, A. L. M. ―Gestão da Diversidade de Pessoas Com Deficiência: Investigação Sobre a Inserção da Pessoa Com Deficiência em uma Organização Publica Federal”, disponível em: http://bdjur.stj.gov.br/xmlui/bitstream/handle/2011/26464/Gest%C3%A3o_Diversid ade_Ana%20L%C3%BAcia.pdf?sequence=1, acessado em 17/06/2010. 22 ANEXO 1 – Questionário direcionado aos profissionais. 1 – Idade? 2- Tempo de formada? 3- Tempo de atuação na área? 4- Qual é a sua formação acadêmica (qual instituição/ possui pós-graduação)? 5- Você trabalha com alguma abordagem especifica? Qual? 6- Há quanto tempo você atua nessa organização? 7- Quantos deficientes há na empresa? 8- De que forma ocorre o processo de recrutamento? (Procura nas instituições, entrega de currículos, anuncio em jornal, site). 9- Há um processo seletivo? De que forma ele ocorre? (Dinâmicas, testes, entrevistas) 10- Que tipo de trabalho são realizados pela organização? 11- Vocês realizam treinamentos? 12- Como ocorrem? (Em que momento, quais colaboradores participam) 13- Há um trabalho especifico de inclusão junto à equipe? 14- Como se da o processo de integração da pessoa com deficiência na organização? 15- Como você vê a sua atuação junto aos deficientes na organização? 16-Como se dá o desligamento? 23 ANEXO 2 – Questionário direcionado ao funcionário com deficiência 1- Idade 2- Quando iniciou na empresa 3- Qual cargo exerce? 4- Desde que entrou, sempre esteve nesse cargo? 5- Como foi que começou a trabalhar na empresa? Foi pela entrega de currículo? 6- Foi a uma entrevista com psicólogo? Havia mais pessoas? 7- Depois de ser chamado, teve algum treinamento? 8- Você gosta de trabalhar aqui? 9- Se sente incluído na empresa? Como os outros empregados te tratam? 24 ANEXO 3 – ENTREVISTAS Entrevista 1 – Psicólogo da Multinacional 1 – Idade: 25 anos 2- Tempo de formação: 6 meses 3- Tempo de atuação na área: 1 ano e 6 meses (já fazia estágio antes na mesma empresa) 4- Em qual universidade se formou? Fez alguma pós-graduação? Formado na Unesp- Bauru. Iniciei uma pós em administração 5- Você trabalha com alguma abordagem especifica? Qual? Então utilizo mais a sistêmica, mas meu entendimento de ser humano e de interação entre homem e trabalho vem da teoria sócio-histórica. Quando eu realizo uma entrevista eu olho mais pelo viés da comportamental, mas quando eu olho a relação homem-trabalho aqui na nossa organização, eu não consigo ver por outro prisma que não o da sócio-histórica. Mas ao mesmo tempo para entender a organização que eu trabalho hoje não tem como entender os departamentos em separado, tem que olhar tudo desde o macro ao micro, mergulhando em cada departamento, e ai entraria a teoria sistêmica, para entender como cada departamento se relaciona com o outro, para entender com o mesmo fim. 6- Há quanto tempo você atua nessa organização? Há um ano e meio 7- Algum deficiente trabalha na empresa? Sim, aqui na nossa empresa nós temos pessoas com deficiência. 8- De que forma ocorre o processo de recrutamento? (associação com instituições, entrega de currículos, anúncio em jornal, site) 25 Então aqui onde eu trabalho e não só aqui, o procedimento adotado pela maioria das multinacionais, tem uma consultoria que faz isso para nós, o anúncio no jornal, recrutamento, é um serviço terceirizado, ainda que tenha participação ativa nossa mais especificamente minha, no processo de seleção para avaliar esses candidatos. A consultoria então faz uma triagem inicial, não só com currículos mas com psicólogos da agência e depois só encaminham para nós aqueles candidatos que estão realmente dentro do perfil. . 9- Há um processo seletivo? De que forma ele ocorre? (Dinâmicas, testes, entrevistas) 10- Que tipo de trabalho realizam? Hoje, a maioria das pessoas com deficiência da empresa trabalham principalmente na área produtiva, de produção e quando essas pessoas vem para entrevista, a princípio, nós não sabemos quem tem deficiência, quem não tem deficiencia. Elas vêm, participam do mesmo grupo como qualquer outra pessoa, então numa sala de entrevista eu posso ter alguma pessoa com deficiência e outra sem deficiência, onde eu só vou ficar sabendo depois. Até recentemente aconteceu, uma candidata veio e participou do processo de seleção e quando eu a vi saindo percebi que ela tinha uma certa dificuldade em uma das pernas e aí eu confirmei com a pessoa da agência e ela me confirmou com o laudo, certinho, porque aí nós começamos a nos preocuparmos, porque deve haver toda uma adequação nossa nos equipamentos, no GPI, nos equipamentos de proteção individual, então depois da apresentação do laudo fomos buscar essa adequação para que o nosso GPI servisse nela, servisse no pé dela, porque ela tinha uma deficiência no pé. Inclusive, me lembrando agora, tem mais duas pessoas na linha de produção com adaptação no calçado com solado maior. Entrevistadora: Durante o anúncio é especificado alguma informação relativa a deficiência? Não nós não especificamos, mas também não a excluímos do processo por ela ser deficiente. 26 Entrevistadora: E ela passa pelo processo da mesma forma que os outros? Igual aos outros. O processo de seleção, a forma como nos conduzimos não exige que haja nenhuma adequação para que nos possamos conduzir a seleção, com alguém com deficiência, por exemplo, se eu tivesse alguma avaliação escrita e alguém com alguma deficiência visual, eu teria que dar um jeito de promover, de realizar essa mesma prova pra esse deficiente visual, mas isso não acontece porque o nosso processo seletivo é feito só de entrevistas e nunca chegou a acontecer. Na agencia essas pessoas ate fazem uma provinha, mas nunca chegou acontecer de um deficiente visual chegar para entrevista, mas eu acredito que se acontecer de algum deficiente visual se candidatar, aí sim nós vamos ter que avaliar o nós podemos fazer e qual recurso a gente poderia utilizar. O mesmo acontece com deficiente auditivo. Nós temos aqui um deficiente auditivo. Quando eu conduzi a entrevista a agencia me comunicou que eu teria uma pessoa com deficiência auditiva, então eu pedi que alguém da família viesse junto, para que nós conseguíssemos conversar, então a mãe acompanhou e fez toda essa intermediação. Nesse caso em especifico eu percebi que não daria para fazer uma entrevista em grupo, porque é muita informação, seria muita conversa, então eu percebi que eu precisaria fazer uma entrevista individualizada com ela, foi de certa forma uma adaptação que eu tive que fazer. 11- São realizados treinamentos? Sim passa. Passa por treinamento, então ela passa o dia todo aqui com a gente ver a parte de segurança, qualidade, de recursos humanos, depois no segundo dia ela vai para uma integração operacional, onde ela vai aprender quais são os procedimentos dentro da fábrica e tudo isso se passa no mesmo procedimento, nomesmo treinamento, tendo a pessoa deficiência ou não. 12- Como ocorrem? (Em que momento, quais colaboradores participam) 27 Temos um técnico de segurança que acompanha, um técnico de qualidade que acompanha essa integração, existe também uma pessoa, na instrução operacional propriamente dita, que ensina a pessoa a mexer na maquina, todos os processos da fabrica, é passada pelo instrutor operacional que é um funcionário treinado a dar treinamento operacional, então é alguém que já tenha noção de segurança, de qualidade, de como lidar com as pessoas, tem uma comunicação mais fluente, é alguém mais preparado para dar esse treinamento. 13- Existe um trabalho especifico de inclusão junto à equipe? Como ele ocorre? 14- Como se dá o processo de integração da pessoa deficiente na organização? Nós ainda não identificamos essa dificuldade, não identificamos nenhum problema, que qualquer outro funcionário também poderia ter, mas nós não identificamos essa necessidade pontual de fazer uma integração diferenciada com as pessoas com deficiência que nós temos aqui. Ë tranqüilo, não temos nenhum problema quanto a isto, então não tem nenhum acompanhamento diferenciado, as pessoas chegam e são recepcionadas como qualquer outra aqui. Sem também negligenciar qualquer necessidade que a pessoa tenha aqui dentro, mas com relação a demanda que nós temos aqui hoje, isso não foi identificado como necessário. Claro também que, se nós identificarmos alguém que tenha necessidade de um acompanhamento diferenciado nós agiríamos nisso. Em algumas outras plantas da empresa, nós temos tradutores de libras, mas nessa planta aqui nós ainda não temos, mas isso já está sendo implementado. 15- Como se dá o desligamento? Da mesma forma, como é feito com qualquer um, nós realizamos a entrevista de desligamento aqui, tanto um funcionário com deficiência ou sem deficiência vai passar pelo mesmo procedimento, ao ser demitido ou pedir demissão. No caso de pessoas com deficiência a única diferença é que ao entrarem essas pessoas tem 28 que apresentar um laudo, atestando a deficiência, então na saída, eles passam por um medico especialista para entender se houve agravamento da deficiência aqui conosco e tal. 16- Como você vê a sua atuação junto aos deficientes na organização? Eu não acompanho essas pessoas no dia-a-dia delas, a minha parte de acompanhamento com essas pessoas termina na seleção, eu seleciono e encaminho para fabrica e a fabrica já tem toda a estrutura para atender essas pessoas. O meu relacionamento aqui, nossa empresa é grande, temos mil funcionários, meu relacionamento com eles é de um eventual atendimento de uma necessidade mais burocrática, suponhamos de RH, então eles me procuram e a gente faz um atendimento, mas como qualquer outro, sem discriminação. ENTREVISTA 2 – Psicólogo de Empresa Regional 1- De que forma ocorre o processo de recrutamento? R: Como outro qualquer. Os candidatos são convocados para entrevista individual, então analisamos o perfil do candidato e avaliamos se ele é apto para o cargo. 2- Como ocorre o processo seletivo? R: Da mesma maneira que os outros, a única diferença é que a gente utiliza um laudo para identificar a deficiência da pessoa e a partir daí ver se existe alguma restrição que os empeça de realizar alguma avaliação, por exemplo, se o candidato tem uma dificuldade de acuidade visual, então nós vamos fazer uma adaptação para que ele não fique prejudicado no processo. Mas aqui nós temos áreas adaptadas para que possam acessar o local, rampas, para que não fiquem prejudicados. 3- Que tipo de trabalhos realizam na organização? R: Geralmente exercem a função de atendentes. 29 4- Vocês realizam treinamentos? R: Sim, mas o treinamento e acompanhamento é feito pelo representante de cada setor. 5- Há um trabalho especifico de inclusão junto à equipe? R: Não. Não há discriminação/restrição quanto a deficiência. ENTREVISTA 3 – Psicólogo de empresa Nacional 1 – Idade? R: 30 anos 2- Tempo de formada? R: 5 anos 3- Tempo de atuação na área? R: 4 anos 4- Qual é a sua formação acadêmica? R: Bacharel e formação em Psicologia e Psicóloga Perita 5- Você trabalha com alguma abordagem especifica? Qual? R: Não 6- Há quanto tempo você atua nessa organização? R: 1 ano e 8 meses 7- Quantos deficientes há na empresa? R: 09 8- De que forma ocorre o processo de recrutamento? R: Os processos de recrutamento se da pela entrega de currículos, cadastro no emprega São Paulo, Anúncios (jornais e radio) e o site. 9- Há um processo seletivo? De que forma ele ocorre? R: Por ser uma empresa de prestação de serviço, para cada função utilizamos um processo de seleção. Por exemplo, para os vigilantes existe a entrevista em grupo, testes, avaliação situacional e entrevista com o supervisor de área. Para alguns clientes enviamos três candidatos para entrevista final. 10- Que tipo de trabalho são realizados pela organização? 30 R: Recrutamento e seleção 11- Vocês realizam treinamentos? R: Treinamento de integração e treinamentos técnicos operacionais. 12- Como ocorrem? R: O treinamento de integração ocorre quando o colaborador inicia na empresa e o técnico operacional é solicitado pelo supervisor, de acordo com a necessidade do posto de serviço. 13- Há um trabalho especifico de inclusão junto à equipe? 14- Como se da o processo de integração da pessoa com deficiência na organização? 15- Como você vê a sua atuação junto aos deficientes na organização? 16-Como se dá o desligamento? Resposta das questões 13,14,15 e 16: Na Consiste, não recrutei nenhum deficiente, pois o quadro já estava completo, de acordo com a cota. Já trabalhei em uma empresa que tinha maior contato,pois a cota era alta e a rotatividade era maior. Geralmente tinha contato com instituições responsáveis em levar o deficiente para as entrevistas e nos ajudava auxiliando sua integração e atuação. Nosso trabalho era a sensibilização de todos os colaboradores através dos treinamentos, pois os deficientes também participavam de todos os treinamentos, integração, técnico operacional e comportamental. Sobre o “EMPREGA SÃO PAULO” citado na resposta 8 : é um intermediário totalmente gratuito entre cidadãos residentes no Estado de São Paulo que buscam oportunidade de trabalho e empregadores que ofertam vagas de trabalho. É uma iniciativa do governo de São Paulo junto com empresas privadas. O cidadão, esteja ele empregado ou não, tem a possibilidade de acessar as vagas de trabalho mais adequadas ao seu perfil. E para o empregador, também há disponível um cadastro de anuncio de suas vagas. ENTREVISTA 4 – Coordenadora da Empresa de RH 31 1- Empresas de pequeno porte oferecem vagas para pessoas com deficiências? A grande procura é relacionada a cotas. Até tem aquelas empresas que procuram, mas é raro. Dependemos da estrutura que a empresa disponibiliza. Não podemos selecionar um currículo de uma pessoa com cadeira de rodas para uma empresa que não tem acesso, por exemplo. 2- Então os currículos das pessoas com deficiência são separados dos demais? Não. Não são separados, mas eles tem um atestado do grau de deficiência junto ao currículo, e também nós temos que averiguar a deficiência na entrevista, por exemplo. Mas nossa empresa se preocupa em conscientizar as empresas da capacidade das pessoas portadoras de deficiência, inclusive no nosso site tem um acesso especial relacionado as pessoas portadores de deficiência. 3- E qual o objetivo desse espaço? É uma conscientização de que as pessoas com deficiência tem qualidades para estarem empregadas nas empresas também, dependendo do tipo da deficiência. É um trabalho social de empregabilidade que nossa empresa realiza. 4- Acontece de ter vagas e não ter currículos? Sim, pode acontecer.Mas nossa empresa está preparada para isso. Colocamos anúncio no classificado citando vaga para deficientes e o tipo de deficiência que procuramos, ou entramos em contato com empresas como a SORRI e a APAE. Eles nos mandam os currículos e nós mandamos para a empresa que oferece a vaga. ENTREVISTA 5 – Colaborador com deficiência 32 1- Idade: 23 anos. 2- Quando iniciou na empresa? Completo 3 anos no dia 4 de Julho. 3- Qual cargo exerce? Trabalho como porteiro 4- Desde que entrou, sempre esteve nesse cargo? Sempre, desde que entrei trabalho nesse mesmo lugar 5- Como foi que começou a trabalhar na empresa? Foi pela entrega de currículo? Não. Na verdade eu trabalhava com meu tio antes, ajudava ele no comercio trabalhava todos os dias certinho, e também fazia fisioterapia na SORRI. Ai fiquei sabendo que tinha uma vaga que poderia servir para mim. Eu encaminhei meu currículo e eles me chamaram para uma entrevista aqui na NP. 6- Foi a uma entrevista com psicólogo? Havia mais pessoas? Isso, o psicólogo que conversou com a gente. Tinha mais 3 pessoas que também eram da SORRI. Eu conhecia todo mundo, menos a psicóloga. A entrevista foi tranqüila. Depois ela pediu pra gente fazer um teste, acho que era pra gente escrever sobre nosso cotidiano, assim, falar sobre nosso dia-a-dia. Ai foi chamando um por um pra uma conversa particular. Depois de alguns dias eles me chamaram pra trabalhar aqui. 7-Depois de ser chamado, teve algum treinamento? Não tive. Não precisa né. Eles só me passaram algumas coisas 8- Você gosta de trabalhar aqui? Na verdade eu acho que posso trabalhar em outro cargo. Algo administrativ,o por exemplo. Eu gosto mais. Eu sei que tenho condicoes de ajudar mais a empresa. Não estou muito contente. Já falei com meu supervisor, mas ele diz que não tem vaga, mas eu sei que tem. Essa semana fui numa entrevista em 33 outro lugar que oferecia um cargo administrativo que eu vi no jornal, agora estou esperando a resposta. 9- Se sente incluído na empresa? Como os outros empregados te tratam? Todos me tratam com respeito. Eu me sinto bem aqui. O convívio entre os funcionários é igual, não me sinto excluído de forma alguma.
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