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PEDIATRIA GERAL Linfonodos aumentados são comuns em pediatria. A criança possui mais tecido linfóide que o adulto e apresenta resposta linfóide mais exacerbada aos antígenos externos. Seu aumento ocorre pela proliferação dos linfócitos do linfonodo ou pela infiltração de células inflamatórias extrínsecas ou malignas. Os linfonodos ou gânglios linfáticos são unidades anatômicas encapsuladas, de estrutura altamente organizada e distribuídas ao longo dos vasos linfáticos, que fazem parte do sistema linfático. É uma estrutura de defesa, diante de algum estimulo inflamatório, infeccioso ou neoplásico. Linfonodomegalia: aumento de um nódulo linfático maior que 10mm em mais de um local anatômico. É preciso de mais que um linfonodo. Se for em região epitroclear considerar maior que 5 mm e inguinais maior que 15mm. Linfadenite: aumento do linfonodo com sinais de inflamação (dor, calor, rubor e edema). O tecido linfoide aumenta rapidamente na infância, alcançando dimensões do adulto em torno dos seis anos de idade. O pico máximo de crescimento é no período pré-puberal, depois desse período ele involui. No período neonatal geralmente os linfonodos não são palpáveis, pois esta é uma fase em que há pouca estimulação antigênica. Na infância, a resposta hiperplásica do linfonodo tende a ser mais imediata e intensa que no adulto, à medida que a criança cresce os mecanismos de defesa se tornam mais específicos e a reatividade ganglionar tende a ser menos intensa e, comumente, mais localizada. A linfonodomegalia se apresenta principalmente de duas formas: o Processo transitório, autolimitado, que se resolve sem sequelas - doenças do sistema imunológico (infecciosas e inflamatórias). o Manifestação primária de uma patologia grave - doenças neoplásicas. Existem quatro questões que devem ser observadas diante de uma linfonodomegalia: 1. Quando apenas observar? 2. Quando medicar com antibióticos/ antiinflamatórios? 3. Quando proceder a investigação imediata? 4. Quando biopsiar? Epidemiologia o Benignos em 80% dos casos; o 5 a 25% de recém-nascidos; o Maior incidência entre 4 e 8 anos; o Cerca de 75% das linfonodomegalias periféricas são localizadas e dessas, 50% são observadas na região de cabeça e pescoço; o 30% das crianças nos primeiros seis meses de idade que apresentam adenomegalia nas regiões occipital e cervical o A incidência anual das linfonodomegalias inexplicadas é de 0,6% na atenção primária; 1,1% desses casos estão relacionados às malignidades. Fisiopatologia Mecanismo local ou adjacente -> estímulos antigênicos -> respostas das células dos linfonodos -> replicam o estímulo. O linfonodo é um órgão linfático de resposta, e toda vez que é ativado ele sofre um processo de: hipertrofia, ingurgitação, edema. Se o agente etiológico estiver dentro do linfonodo, além dos processos anteriores, vai supurar (pus). Caso ocorra algum erro no sistema vai hipertrofiar, ingurgitar, edemaciar e realizar uma transformação maligna. O linfonodo pode ser infiltrado por células extrínsecas; Classificação Quanto a localização Localizadas: o Comprometimento de uma ou de duas cadeias contíguas (por ex. inguinal e ilíaca); o Processo infeccioso bacteriano agudo (dentro do linfonodo/próximo ao linfonodo; o Primeira manifestação de um linfoma ou ser um tumor sólido; o Resultado de um processo tuberculoso. Generalizadas Comprometimento de cadeias não contínuas, uma acima e outra abaixo (cervical e inguinal) do diafragma, frequentemente associado a hepatoesplenomegalia. o Infecções bacterianas sistêmicas; o Processos virais (toxoplasmose, mononucleose); o Doenças inflamatórias imunologicamente mediadas o Doenças neoplásicas (lecemia). Principais causas de adenomegalia localizada: é preciso pensar em qual região o linfonodo drena: o Occipital: drena no couro cabeludo - pensar em patologias do couro cabeludo (dermatite fungica, algum trauma); o Submandibular, submentoniana e cervical: drena cavidade oral (mucosa, lábio, dentes, gengiva, língua) - gengivosomatite herpética, amigdalite, carie, linfoma; o Supraclavicular: a direita faz a drenagem de tórax e a esquerda a drenagem de abdome – tuberculose, linfomas; Linfonodos palpáveis na cervical inferior e supraclavicular, precisam ser investigados, pois estão relacionados as neoplasias. o Mediastinal – Drena a região de pulmão e mediastino. Não costumam ser palpáveis, só são vistos na radiografia de tórax. - As patologias relacionadas são fibrose cística, tuberculose, (unilateral). Eritema nodoso associado a histoplasmose ou coxidomicose, pneumomicose e sarcoidose. Podem ser causas neoplásicas como LNH, leucemia de células T, doença de Hodgkin e patologias de mediastino anterior. Outras causas incluem: cistos de duplicação Adenomegalias ovariana, cistos broncogênicos e do próprio pericárdio, teratomas e bócio subesternal. o Axilares: drenagem dos membros superiores, da parede torácica e abdominal - Paciente com artrite reumatoide com processo inflamatório em mãos e punhos é possível palpar cadeia axilar, doenças infecciosas: doença da arranhadura do gato, BCG do deltoide, tumores de partes moles e linfomas. o Epitrocleanas: drenam extremidades inferiores – infecções locais severas, tumores das extremidades. o Inguinal: drena escroto e pênis, vulva vagina, a pele do baixo abdome, períneo e região glútea, parte inferior do canal anal, extremidades inferiores – apendicite, linfogranuloma venereo, infecção urinaria, linfomas e tumores de partes moles, hernias e massas não glanglionares, lipomas, aneurismas, testículos, endometriose, ovário ou baço ectópico. o Iliaca: são vistos através da USG, não são palpáveis). Drena pelve, genitália interna e bexiga - Infecções, tumores germinativos e rabdomiasarcoma. o Popliteos: drena extremidades inferiores - infecções locais severas ou tumores de extremidades. o Abdominais pélvicos: (não são palpáveis) drenagem da pelve, extremidades inferiores, órgãos abdominais - adenite mesentérica, linfomas, neuroblastomas. Principais causas de adenomegalia generalizada: *Neoplásicas: se for localizado correlacionar com aquela região. Se for generalizado buscar por linfomas e leucemias. Quanto a evolução o Aguda: até duas semanas de início; o Subaguda: duas a seis semanas; o Crônica: mais que seis semanas. Caracterização o Adenites satélites: são linfonodomegalias localizadas, acomete uma ou duas regiões adjacentes. Algo reacional (o linfonodo não tem nada dentro). Geralmente relacionados a processos inflamatórios, viral ou bacteriano. Ex: otite, o linfonodo retroauricular aumentado. Predominam na prática clínica. Consistência fibroelastica e sinais flogísticos, consistência fibroelástica (sem sinais flogisticos = linfonodomegalia reacional); o Região supraclavicular, poplítea e ilíaca é considerado anormal: investigação diferenciada devido a relação com malignidade. No período neonatal o Qualquer região será considerada anormal; o Risco de patologias graves; o Consistência aumentada, aderentes aos planos profundos, duros, indolores, com aumento progressivo do diâmetro; (oncológicos) o Diagnóstico diferencial: formações císticas, torcicolo congênito, higroma, lipoma, costela cervical. o O que vai ajudar a diferenciar? Exames complementares e experiência do examinador. Diagnóstico Fatores importantes na avaliação: 1. Tempo de duração e aspecto evolutivo 2. Presença ou não de sintomas sistêmicos 3. Caracterização do linfonodo (localização, consistência, tamanho, mobilidade, sinais flogisticos) ▪ Racionais: elásticos, móveis, indolores, não maior que 2 ou 3cm; ▪ Neoplásicos (linfoma): duros, elásticos, pouco dolorosos, aderidos a planos profundos, coalescentes com outroslinfonodos, massa maior que 4 cm. ▪ Processo bacteriano: dolorosos, com sinais flogisticos, pouco aderidos, mais frequentemente únicos. 4. Comprometimento local e associação com drenagem de linfonodos; 5. Idade; 6. Presença de sinais/sintomas constitucionais sugestivos de doença sistêmica; 7. Presença de hepatoesplenomegalia e manifestações hemorrágicas. Anamnese o Procedência do paciente, antecedentes familiares, tempo de evolução, localização e características, contato prévio com doenças infecciosas, sinais gerais (febre, inflamação local, emagrecimento, palidez, sufusões hemorrágicas, dor abdominal, habito intestinal), uso prévio de medicamento, história vacinal. Exame físico Exame físico o Análise de toda cadeia ganglionar; o Localização, consistência, tamanho e mobilidade; o Aderência aos planos superficial e profundo; o Extensão e número de linfonodos; o Sinais de inflamação, dor, sensibilidade, edema, calor e rubor; o Associação com hepatomegalia. Considerar o linfonodo aumentado acima de 1 cm, exceto em região inguinal 1,5 cm, epitroclear e poplítea 0,5. Na infância pode considerar linfonodomegalia isolada acima de 1,5/2 cm. Exames complementares Quando tem um linfonodo com suspeita para neoplasia o Hemograma completo: - Anemia normocitica, leucopenia ou leucocitose associados a granulocitopenia e/ou blastos e plaquetopenia levam a uma coleta do mielograma; - Leucocitose com neutrofilia ou eosinofilia importantes ou linfócitos atípicos sugerem causas infecciosas, parasitárias ou virais; o Bioquímica: função renal, hepática, LDH e ácido úrico. Aumento de LDH e ácido úrico são sugestivos de neoplasias. o Sorologia: toxoplasmose, mononucleose, CMV e HIV. o PPD para tuberculose; o Radiografia de tórax (PA e perfil) – sempre pedir duas incidências. Identifica o alargamento mediastinal, possibilidade de neoplasia; (*na impossibilidade de uma tomografia realizar a radiografia) o USG abdominal e pélvica e USG do linfonodo com doppler. Se tiver fluxo sanguíneo vista no doppler para dentro do linfonodo pode ser um processo neoplásico. Biopsias – sinais de alerta o Maior que 2,5cm na ausência de sinais de infecção; o Presença persistente inexplicável de febre e perda de peso (afastar neoplasia); o Sudorese noturna (afastar tuberculose) o Linfonodomegalia generalizada associada a hepatomegalia e/ou esplenomegaliainexplicada; o Gânglio aderidos a planos profundos ou a pele, de crescimento rápido, coalescentes e endurecidos; o Localização supraclavicular ou mediastino (supraclavicular: precisa de uma investigação mais rigorosa pela possibilidade de malignidade, mediastinal: pensar em patologia mais grave como doença de hodgkin, leucemia, histoplasmose); o Aumento progressivo do gânglio ou não regressão deste em quatro semanas ou mais; o Gânglios de tamanho maior do que inicial após duas semanas de antibiótico; o Gânglios que não diminuem de tamanho após 4 a 6 semanas ou que não retornam ao tamanho normal em 8 a 12 semanas, principalmente se associados a novos sinais e ou sintomas; o Investigação negativa com gânglio se mantendo por mais de 8 semanas. Tratamento o Se a causa for bacteriana a 1ª escolha é amoxilina (com clavulanato) – 50mgkg 12/12hrs, durante 7 a 14 dias. Antibioticoterapia por via oral Antiinflamatorios não estoroidais por via oral A grande maioria não tem indicação para uso na pediatria; - Ibuprofeno: 5 – 10 mg/kg dividir de 6 ou 8h (máximo de 1200mg/dia) - Nemesulida: 50 – 100mg, 12h (crianças maiores de 12 anos); - Naproxeno 5 – 7mg/kg, 8 ou 12h.
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