Buscar

Eletiva 2 - Apostila (34)

Prévia do material em texto

Professor: André Studart Leitão
Aula 8
Lançamento, Deveres Instrumentais, 
Prescrição e Decadência
Direito Previdenciário - Custeio 
Coordenação: Dr. Wagner Ballera
01
"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A 
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).”
www.r2direito.com.br
1. Lançamento 
A ocorrência do fato gerador provoca o nascimento da obrigação principal tributária. Cria-se, daí, a 
relação jurídica entre o credor e o devedor, da qual emergem o direito de o credor exigir a prestação a que o 
devedor está adstrito e o dever deste de cumpri-la.
Todavia, em regra, a simples ocorrência do fato gerador, com o conseqüente nascimento da obrigação 
tributária, não é capaz de exigir do sujeito passivo a efetivação de seu dever obrigacional, consistente no 
pagamento do débito. Impõe-se, ainda, a prática de um ato administrativo específico que se traduz na 
declaração da existência, quantificação e exigência da prestação previdenciária. Esse ato é denominado de 
lançamento e está previsto no art. 142 do CTN.
Pela sistemática do CTN, a obrigação tributária é a relação jurídica que nasce com a ocorrência do 
fato gerador (art. 113, § 1º, do CTN). De outro lado, o crédito tributário decorre da obrigação tributária (art. 
139 do CTN), sendo constituído pelo lançamento (art. 142 do CTN).
Segundo ALBERTO XAVIER, a distinção entre obrigação tributária e crédito tributário exprime a 
consagração pelo direito positivo brasileiro da concepção de lançamento como título abstrato dotado de 
eficácia preclusiva, separando com expressões próprias, relação subjacente e relação abstrata e impedindo 
a confusão entre ambas as situações jurídicas. 
Com isso, o renomado jurista conclui que "obrigação" e "crédito" não são realidades distintas. Muito ao 
contrário, este é a própria obrigação, uma vez objeto de lançamento, ou seja, é a obrigação tributária 
titulada. Disso resulta que a obrigação não perece com a constituição do crédito, subsistindo como relação 
jurídica subjacente, e somente se extinguindo após a extinção da situação jurídica abstrata, conforme 
preceitua o art. 113, § 1º do CTN.
Seguindo a teoria dos graus sucessivos de eficácia de ALBERTO XAVIER, o lançamento acrescenta 
atendibilidade à obrigação tributária, na medida em que, após a sua ocorrência, o sujeito passivo está 
habilitado a efetuar o pagamento do tributo, e o sujeito ativo, a recebê-lo. Opera-se, com ele, a 
formalização e a determinação do quantum debetur. 
Sucede que, pelo modelo pátrio, existem tributos em que o pagamento antecede o próprio 
lançamento, o qual, às vezes, sequer adquire existência concreta. Nesses casos, a atendibilidade não 
decorre do lançamento, mas do fato gerador, isto é, ocorrido o fato, o sujeito passivo já está habilitado a 
efetuar o pagamento da dívida, e o sujeito ativo, a recebê-lo. 
Veja-se que o lançamento apresenta-se como ato nitidamente complementar. Porém, nem sempre 
adquire existência positiva concreta, como acontece nos tributos sujeitos à modalidade por homologação, 
quando se expira o prazo de homologação sem qualquer pronunciamento da Fazenda Pública. 
Até então se viu que o lançamento visa a conferir atendibilidade à obrigação tributária. Contudo, 
dependendo dos graus de atuação do contribuinte, pode-se falar em três modalidades de lançamento: a) o 
lançamento de ofício; b) o lançamento por declaração; e, c) o lançamento por homologação.
Interessa-nos, no presente estudo, o lançamento por homologação e o lançamento de ofício, por se 
tratarem das modalidades presentes na disciplina das contribuições previdenciárias. Examinemos, pois, tais 
espécies, começando por aquela.
Inicialmente, é preciso salientar a inexistência no direito brasileiro do "autolançamento". Conquanto 
Lançamento, Deveres Instrumentais, Prescrição e Decadência
02
termo corrente na doutrina e jurisprudência pátrias, essa expressão revela forte equívoco terminológico. E 
isso porque o lançamento é sempre ato privativo da autoridade administrativa, conforme disposto no art. 
142, parágrafo único do CTN. O ato do particular limita-se ao pagamento do tributo, que poderá ser 
perfeito ou não, a depender da realidade devida. 
O lançamento por homologação consiste numa conduta comissiva ou omissiva de aceitação do valor 
pago pelo devedor. Qualquer ato contrário que leve à não homologação pela autoridade do montante 
recolhido implica a alteração substancial do instituto, quando, então, o lançamento por homologação 
converte-se em lançamento de ofício.
As situações que irão ensejar o lançamento de ofício encontram-se previstas no art. 149 do CTN, 
cabendo a nós enfatizar as hipóteses constantes dos incisos V e VI, imprescindíveis para o atingimento do 
desiderato proposto. 
O inciso V cuida do lançamento de ofício, na função de substituto do lançamento por homologação. 
Cabe uma observação preliminar: quando o contribuinte se abstém por completo do dever legal de 
antecipar o pagamento, não há como se falar de lançamento por homologação, pois não há o que 
homologar, sendo certo que a homologação não pode operar no vazio. 
Segundo nos parece, o lançamento por homologação somente tem lugar quando haja prévio 
pagamento (total ou parcial) pelo contribuinte. Desse modo, a sua conversão em lançamento de ofício 
apenas é possível quando haja a inexatidão do pagamento (pagamento a menor). Ausente o pagamento 
(omissão total), não é de se falar em conversão do lançamento por homologação em lançamento de ofício, 
pois aquele inexiste; apenas cabe, diretamente, o lançamento de ofício. 
O inciso VI tem lugar nos casos de transgressão dos deveres instrumentais. Dispõe o § 3º do art. 113 
do CTN que a obrigação acessória, pelo simples fato de sua inobservância, converte-se em obrigação 
principal relativamente a prestação pecuniária.
2. A constituição do crédito previdenciário 
Acima, analisamos as três modalidades de lançamento, conferindo maior ênfase aos lançamentos por 
homologação e de ofício. 
O destaque justifica-se, porque, na Seguridade Social, normalmente, tem-se o lançamento por 
homologação e, apenas eventualmente, o lançamento de ofício. 
De efeito, no que diz respeito às contribuições devidas à Seguridade Social, é o contribuinte ou o 
responsável tributário que, por conta própria, e independentemente de qualquer provocação administrativa, 
comparece no vencimento e quita a obrigação através do pagamento do débito, cujos valores serão 
ulteriormente verificados pelo Fisco. Caso haja manifestação positiva expressa da Fazenda, opera-se a 
homologação total do pagamento. Presente o silêncio do Fisco, também se opera a homologação do 
montante recolhido, ainda que parcial, com a conseqüente extinção do crédito tributário em sua totalidade, 
inclusive no que diz respeito à parcela não satisfeita, por força da decadência.
De acordo com o § 7º do art. 33 da Lei n. 8.212/91, com redação dada pela Lei n. 9.528/97, o 
crédito da Seguridade Social é constituído por meio de notificação de débito, auto de infração, confissão ou 
documento declaratório de valores devidos e não recolhidos apresentado pelo contribuinte. 
A Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) deve ser efetivada nos casos de mora no 
recolhimento das contribuições ou de pagamento de benefício reembolsado. Consiste no documento pelo 
qual a fiscalização cientifica o devedor da existência do débito em atraso, sendo via apta à concretização do 
lançamento de ofício. Dela deve constar a discriminação precisa e clara dos fatos geradores, das 
"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A 
violação do direito autoral é crime punido com prisãoe multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).”
www.r2direito.com.br
contribuições devidas e dos períodos a que se referem.
Após o recebimento da notificação, instaura-se o processo fiscal de cobrança, e o suposto devedor 
terá o prazo de quinze dias para efetuar o pagamento, formalizar acordo para parcelamento ou apresentar 
defesa administrativa. Transcorrido o prazo quinzenal sem a manifestação do sujeito passivo, será 
automaticamente declarada a sua revelia, e considerado, de plano, procedente o lançamento. 
Outro modo de constituição do crédito previdenciário é o auto de infração, que tem lugar em caso de 
ofensa a algum dever instrumental. Também se trata de hipótese de lançamento de ofício, haja vista a sua 
perfeita subsunção ao comando previsto no art. 149, VI, do CTN.
Recebido o auto de infração, o autuado terá o prazo de quinze dias, a contar da ciência, para opor 
defesa ou efetuar o pagamento da multa com redução de cinqüenta por cento. 
Ausente o recolhimento da multa, a autoridade fiscal julgará o feito. Após a decisão, será oportunizado 
ao sucumbente o direito ao recurso. Nesse instante, prevê a legislação nova possibilidade de o autuado 
efetuar o recolhimento do débito, agora com redução de vinte e cinco por cento, até a data limite do prazo, 
ato que de igual modo gerará a extinção do crédito tributário. 
Até agora, examinamos duas hipóteses de constituição do crédito previdenciário plenamente 
compatíveis com o CTN, por se enquadrarem na definição jurídica de lançamento traçada por este diploma 
legal. Tanto a notificação de débito quanto o auto de infração constituem exemplos de lançamento de ofício. 
Todavia, a Lei n. 9.528/97, ao acrescentar o parágrafo 7º ao art. 33 da Lei n. 8.212/91, criou outras duas 
formas de constituição do crédito: a confissão e o documento declaratório de valores devidos e não 
recolhidos. 
No que diz respeito à terminologia, pensamos ser plenamente dispensável a lei mencionar, como 
veículo de constituição do crédito, o documento declaratório de valores devidos, afinal o mesmo nada mais 
é senão uma espécie de "confissão documental". Se o sujeito declara o débito, logicamente, confessa-o, 
assumindo, perante o Fisco, a condição de devedor.
Não obstante a inclusão da confissão como hipótese de constituição do crédito previdenciário propicie 
uma atuação mais eficiente da Administração Fazendária, destoa por completo da sistemática do CTN. Daí 
se questiona: haveria inconstitucionalidade dessas disposições? 
A razão dessa indagação está em que o art. 146, III, "b", da Carta da República delega ao legislador 
complementar a missão de estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente 
sobre "crédito". E parece-nos fora de dúvida que, dentre as normas gerais sobre o crédito tributário, figura a 
listagem dos casos que irão ensejar a sua constituição. 
Pelo CTN, presente a confissão ou o documento declaratório de dívida (confissão documental), 
deveria a autoridade administrativa, após o análise da exatidão do montante confessado, proceder ao 
lançamento de ofício, oportunidade em que o crédito estaria devidamente formalizado, com a conseqüente 
geração do efeito da atendibilidade.
É certo que o modelo traçado pela lei ordinária melhor se amolda à realidade atual, dispensando a 
burocracia administrativa e agilizando a satisfação creditícia. Sem embargo, questões práticas esbarram em 
determinadas formalidades imprescindíveis para a sustentação da ordem jurídica. Se as disposições 
constantes do CTN estão ultrapassadas, que sejam feitas as alterações legislativas, e não conspurcada a 
sistematicidade do ordenamento. 
Entretanto, é preciso ressaltar que a novel sistemática de constituição do crédito foi amplamente 
chancelada pela jurisprudência pátria, que se firmou no sentido de que a declaração do valor pago já 
importa na formalização do crédito, sem a necessidade de lançamento. 
"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A 
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).”
www.r2direito.com.br
03
04
3. Deveres instrumentais
O § 2º do art. 113 do CTN preceitua que a obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem 
por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da 
fiscalização dos tributos. A seguir, o § 3º do mesmo dispositivo determina que a obrigação acessória, pelo 
simples fato de sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente a penalidade 
pecuniária.
As obrigações acessórias substanciam deveres positivos (fazer) e negativos (não-fazer), sendo 
destituídas de valor patrimonial, em razão de seu caráter não pecuniário. Advirta-se, nesse contexto, que, 
quando a penalidade pecuniária ganha corpo, já não mais se tratará de obrigação acessória, tendo em vista 
a alteração substancial do instituto.
Importante atentar, ainda, para o fato de que, a despeito da elástica definição de "legislação tributária" 
constante do art. 96 do CTN, esses deveres instrumentais precisam decorrer de lei em sentido estrito (lei em 
sentido formal e material). E isso porque ninguém está obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa 
senão em virtude de lei, a teor da Constituição da República (art. 5º, II). 
A grande maioria dos deveres instrumentais previdenciários da empresa, seguindo o preceito magno 
insculpido no inciso II do art. 5º da Constituição Federal, está inserida no art. 32 da Lei n. 8.212/91. Referida 
listagem não é exaustiva, havendo outras obrigações acessórias com fundamento no mesmo diploma legal, 
a exemplo das previstas nos arts. 52 e 91.
 
4. Decadência e prescrição das contribuições de seguridade social
O exercício de um direito não pode ficar pendente indefinidamente, sob pena de gerar instabilidade 
social. Exige-se, pois, como medida necessária à segurança jurídica, que o decurso do tempo tenha 
influência tanto na aquisição, como na extinção de direitos.
No presente estudo, examinaremos a fluência temporal como causa extintiva de direitos no âmbito 
previdenciário, mais especificamente, no custeio do Sistema de Seguridade Social. Falar-se-á da decadência 
e prescrição das contribuições previdenciárias.
Porém, antes de adentrarmos na temática proposta, uma questão prejudicial se impõe: a 
constitucionalidade dos arts. 45 e 46 do plano de custeio da previdência social, Lei n. 8.212/91.
O art. 146, III, "b", da Constituição Federal dispõe caber à lei complementar o estabelecimento de 
normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre prescrição e decadência.
Todavia, o constituinte não desceu a minúcias quanto ao que caracterizaria "normas gerais de 
prescrição e decadência", remanescendo dúvidas no que diz respeito à respectiva delimitação conceitual. O 
que seriam afinal normas gerais de prescrição e decadência?
Caso se considere a fixação de prazos como norma geral, então, os arts. 45 e 46 da Lei n. 8212/91 
estariam eivados de inconstitucionalidade, por trazerem disposições diversas das constantes do CTN. Nesse 
sentido, há o entendimento majoritário dos Tribunais Regionais Federais.
Sem embargo da natureza tributária das contribuições sociais, parece-nos ausente o vício de 
inconstitucionalidade. A definição uniforme de prazos não é uma exigência razoável, devendo-se atentar, 
antes de tudo, para as especificidades (mormente as econômicas) próprias de cada sistema.
Além disso, considerando como norma geral a fixação de prazos, exaure-se praticamente o conteúdo 
material do instituto, afinal quais pontos seriam passíveis de regulação pela leide tributação? Dizendo mais 
claramente, o que poderiam ser normas específicas sobre prescrição e decadência, senão o estabelecimento 
"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A 
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).”
www.r2direito.com.br
dos respectivos prazos? 
Isso não significa dizer que a previsão do prazo previsto no CTN é despicienda. Pode, sim, ter 
aplicação, só que apenas subsidiária. Caso a lei de tributação não preveja o prazo, aplica-se o CTN. Essa 
conclusão resulta, inclusive, do disposto no parágrafo 4º do art. 150 deste Código, referente aos tributos 
sujeitos ao lançamento por homologação, quando se verifica a expressão "se a lei não fixar prazo". 
Destarte, as normas gerais estão limitadas às seguintes questões: a) método de contagem do prazo 
prescricional; b) disposições sobre a interrupção e suspensão; e, c) regras de reinício do curso do prazo. Não 
há, por conseqüência, qualquer inconstitucionalidade nos arts. 45 e 46 da Lei n. 8.213/91.
De acordo com o art. 45 do plano de custeio, o direito de a Seguridade Social apurar e constituir seus 
créditos extingue-se após 10 (dez) anos.
O prazo decenal refere-se ao prazo que tem a Seguridade Social de lançar seu crédito, ou seja, de 
formalizá-lo, conferindo-lhe existência e definindo-lhe suas dimensões valorativas.
Os termos iniciais desse prazo encontram-se fixados nos incisos do art. 45 e correspondem: a) ao 
primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído; e, b) à data em que se 
tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, a constituição de crédito anteriormente 
efetuada. 
Contudo, não se pode olvidar de que as contribuições previdenciárias estão sujeitas ao lançamento 
por homologação, e de que o art. 150, § 4º do CTN prevê regra específica para os tributos sujeitos a essa 
modalidade de lançamento, quando presente a satisfação parcial do débito. 
O que se homologa não é o lançamento, mas o pagamento (ainda que parcial), provocando-se a 
extinção total do crédito tributário, exceção feita às hipóteses dolosas consignadas no parágrafo 4º do art. 
150 do CTN. Se o Poder Público permanecer inerte durante o período legal, contado do fato gerador, o 
pagamento a menor, na prática, equivalerá a um pagamento total, haja vista a extinção do crédito tributário 
remanescente pela decadência.
Por outro lado, inexistindo antecipação do pagamento (omissão total do pagamento), o termo a quo 
será o primeiro dia do exercício seguinte ao da ocorrência do fato gerador (art. 173, I, CTN). 
Essas regras foram alteradas pelo Superior Tribunal de Justiça, cuja 1ª Seção criou, a partir da 
aplicação concorrente dos arts. 173 e art. 150, § 4º do CTN, a teoria dos cinco mais cinco. 
Com a devida vênia a esta Egrégia Corte, essa interpretação contraria os ditames legais. Isso porque 
os arts. 173 e 150, § 4º do CTN referem-se, respectivamente, a uma regra geral e a uma regra especial, não 
sendo devida a sua aplicação conjunta. 
Essa questão continua sendo alvo de controvérsia na 1ª Seção do STJ, que também já decidiu nos 
seguintes termos: a) não havendo antecipação do pagamento, o termo inicial é o primeiro dia do exercício 
seguinte àquele em que ocorreu o fato gerador, consoante a Súmula 219 do extinto Tribunal Federal de 
Recursos; b) havendo antecipação parcial do pagamento, o termo inicial é a data da ocorrência do fato 
gerador (art. 150, § 4º do CTN).
Assevere-se, finalmente, que a decadência, em regra, não admite suspensão ou interrupção durante 
seu curso. A única exceção refere-se à hipótese constante do inciso II do art. 173 do CTN (ou inciso II do art. 
45 da Lei n. 8212/91). A justificativa desta ressalva está em que se já houve o fato gerador, e o prazo anterior 
é descontado, trata-se, induvidosamente, de interrupção da decadência.
O parágrafo primeiro do art. 45 da Lei n. 8.212/91 determina que, "para comprovar o exercício de 
atividade remunerada, com vistas à concessão de benefícios, será exigido do contribuinte individual, a 
qualquer tempo, o recolhimento das correspondentes contribuições."
"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A 
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).”
www.r2direito.com.br
05
06
Entrementes, os valores cobrados não ostentam natureza tributária, por não serem prestações 
compulsórias. Dessa forma, o indivíduo pode abster de efetivar o pagamento, sem que isso provoque a sua 
inscrição em dívida ativa e sua posterior execução forçada. 
Em verdade, apesar de topicamente transparecer hipótese de perpetuidade decadencial, o parágrafo 
1º do art. 45 da Lei n. 8212/91 traz um favor legal, conforme inclusive já decidiu a 1ª Seção do Tribunal 
Regional Federal da 4ª Região. 
A situação, segundo nos parece, é uma decorrência do princípio da exceção de contrato não 
cumprido, previsto no art. 476 do Código Civil. Se o particular não cumpriu a sua obrigação de verter as 
contribuições, não há como exigir do sistema previdenciário o implemento de sua obrigação, que é 
conceder as prestações (benefício e serviços). 
Trata-se, pois, de uma figura jurídica inominada, caracterizada pelos seguintes aspectos: a) não pode 
ser exigida unilateralmente pela Fazenda Pública, o que afasta o seu caráter tributário e indenizatório; b) está 
condicionada à comprovação do exercício de atividade laboral; e, c) tem a finalidade específica de 
obtenção de benefício previdenciário. 
É medida que se impõe, haja vista a necessidade de preservação do equilíbrio financeiro e atuarial do 
sistema, sendo certo que a concessão gratuita da prestação previdenciária significaria forte incentivo às 
práticas de sonegação e elisão fiscais; e ninguém pode beneficiar-se de sua própria torpeza.
De acordo com o art. 156, V, do CTN, a prescrição extingue o crédito tributário. Disso resulta que este 
instituto, no direito tributário, apresenta traços característicos diversos daqueles do direito privado, na 
medida em que deixa de fulminar não apenas o direito de ação, para extinguir o próprio direito do crédito.
Importantes conseqüências daí sobrevêm. Em primeiro lugar, se há a extinção do crédito tributário, o 
seu pagamento é indevido, ensejando, consequentemente, em favor do interessando, o direito à repetição, 
nos termos do art. 165, I, do CTN. Ademais, com a extinção da relação de direito material, cessa a causa 
jurídica que fundamentaria a cobrança do crédito, podendo, então, o magistrado reconhecer de ofício a 
dívida prescrita.
Desse modo, é de se concluir que a diferença fundamental entre a prescrição e a decadência no direito 
tributário não se baseia nas conseqüências jurídicas de efetivação, pois ambas geram a extinção do direito 
ao crédito. A real distinção está na fase do processo de positivação em que cada instituto se opera. Enquanto 
a decadência opera na fase de constituição administrativa do crédito, a prescrição opera no momento do 
exercício do direito de ação.
O termo a quo da prescrição é o momento da constituição definitiva do crédito, somente podendo 
considerá-la definitiva, conforme entendimento dos Tribunais Superiores, após a notificação do contribuinte 
acerca da decisão proferida no processo administrativo fiscal, consideradas eventuais defesas e recursos. 
O art. 46 da Lei n. 8.212/91 estabelece prazo decenal para a cobrança dos créditos constituídos da 
Seguridade Social, aqui se repetindo as mesmas considerações empreendidasà decadência no que diz 
respeito à constitucionalidade desse prazo. 
A prescrição, diferentemente da decadência, admite suspensão e interrupção.
Na suspensão, o termo anteriormente decorrido é computado. Já a interrupção implica reinício da 
contagem de todo o prazo, desprezando-se o período anterior. Assevere-se, porém, que o reinício da 
recontagem não depende apenas da ocorrência da hipótese interruptiva, mas da verificação de requisito 
imprescindível para o seu curso: a inércia do credor. Assim, para o reinício da contagem, urge que o ente 
credor proceda com negligência, mantendo-se inerte na promoção de atos de impulsão processual. 
De acordo com o art. 174, I, do CTN, são hipóteses de interrupção do prazo prescricional: a) o 
"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A 
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).”
www.r2direito.com.br
despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; b) o protesto judicial; c) qualquer ato judicial que 
constitua em mora o devedor; d) qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe em 
reconhecimento do débito pelo devedor. 
A suspensão da prescrição não encontra tratamento normativo expresso. Entrementes, as suas 
hipóteses decorrem, por dedução lógica, da suspensão da exigibilidade do crédito tributário, afinal se o 
crédito não é exigível, não há como se admitir a fluência do prazo prescricional. E, nos termos do art. 151 do 
CTN, suspendem a exigibilidade do crédito e, consequentemente, a prescrição previdenciária: a) a 
moratória; b) o depósito do seu montante integral; c) as reclamações e os recursos, nos termos das leis 
reguladoras do processo tributário administrativo; d) a concessão de medida liminar em mandado de 
segurança; e) a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; 
e, f) o parcelamento.
5. Bibliografia
AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2000.
BALERA, Wagner. Decadência e prescrição das contribuições de Seguridade Social. In: Contribuições sociais: 
questões polêmicas. Coord. Valdir de Oliveira Rocha. São Paulo: Dialética, 1996.
__________. Decadência e Prescrição no Direito Previdenciário. In: A Previdência Social Hoje: homenagem a 
Anníbal Fernandes. Coord. Sergio Pardal Freudenthal. São Paulo: LTr, 2004.
BITTAR, Djalma. Relação jurídica instrumental. São Paulo: LTr, 2002.
BORGES, José Souto Maior. Lançamento tributário. São Paulo: Malheiros, 1999.
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. São Paulo: LTr, 
2005.
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 1996. 
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de direito tributário brasileiro. Rio de Janeiro: Forense, 2005.
DE SANTI, Eurico Marcos Diniz. Decadência e Prescrição no Direito Tributário. São Paulo: Max Limonad, 
2004.
GONCALVES, Carlos Roberto. Direito civil: parte geral, volume 1. São Paulo: Saraiva, 2003.
__________. Direito Civil: direito das obrigações, volume 5. São Paulo: Saraiva, 2003.
__________. Direito Civil: direito das obrigações: parte especial, volume 6, tomo I. São Paulo: Saraiva, 2002.
HORVATH, Estevão. Lançamento tributário e "autolançamento". São Paulo: Dialética, 1997.
IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. Rio de Janeiro: Impetus, 2004.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Malheiros, 2005.
MARTINS, Sergio Pinto. Direito da Seguridade Social. São Paulo: Atlas, 2005.
PAULSEN, Leandro. Direito Tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 
Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005.
VELLOSO, Andrei Pitten. ROCHA, Daniel Machado da. JÚNIOR, José Paulo Baltazar. Comentários à Lei do 
Custeio da Seguridade Social. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral. São Paulo: Atlas, 2003.
VIEIRA, Marcos André Ramos. Manual de direito previdenciário. Niterói: Impetus, 2005.
XAVIER, Alberto. Do lançamento no direito tributário brasileiro. Rio de Janeiro: Forense, 2005.
"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A 
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).”
www.r2direito.com.br
07

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Materiais recentes

Perguntas Recentes