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Psicologia Positiva

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DISCIPLINA: Psicologia Positiva 
PROFº: ____________________________ 
 
 
 
2 
 
 
 
 
EMENTA 
DISCIPLINA: Psicologia Positiva 
PROFESSOR: 
DATA: 
CARGA HORÁRIA: 60 h 
POLO: 
 
EMENTA 
Psicologia positiva é o estudo científico do que faz a vida valer à pena. É um chamado para que a 
ciência e a prática psicológica se preocupe tanto com a força quanto com a fraqueza. Ou seja, que 
esteja tão interessada em construir as melhores coisas da vida quanto em consertar o pior, e tão 
preocupada em tornar a vida de pessoas normais feliz do que com a cura de patologias. 
 
OBJETIVOS 
 
 Desenvolver conhecimento teórico e habilidades práticas da liderança positiva para o 
desenvolvimento humano; 
 Aperfeiçoar a habilidade de comunicação assertiva, relacionamento interpessoal de alta 
eficiência, gestão de conflitos, identificação de talentos, dentre outros. 
 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 
 
 A Psicologia Positiva; 
 Qualidade de Vida; 
 Trabalho; 
 Lazer; 
 Relacionamentos sociais; 
 Bem-Estar Subjetivo; 
 O Afeto Positivo e o Afeto Negativo; 
 A satisfação; 
 Resiliência; 
 Psicologia positiva no Brasil: uma revisão sistemática da literatura (Artigo Científico) 
 
 
METODOLOGIA / RECURSOS DIDÁTICOS 
 
Aulas expositivas e interativas. Leitura e discussão de textos. Orientações para produção de 
trabalhos. Acesso à internet. 
 
AVALIAÇÃO 
 
https://www.vittude.com/blog/fala-psico/psicoterapia-e-ciencia/
https://www.vittude.com/blog/fala-psico/qual-o-segredo-para-ter-uma-vida-feliz/
3 
 
 
 
Avaliação Presencial: 
Frequência, participação, produção e apresentação de trabalhos. 
 
Avaliação à Distância: 
Produção de resenha e avaliação de website. 
 
 
FONTES DE PESQUISA 
BIBLIOGRAFIA: 
Referências: 
 
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[S.l.]. (2015). Disponível em https://psicologado.com.br/abordagens/psicologia-positiva/a-
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https://psicologado.com.br/abordagens/psicologia-positiva/a-psicologia-positiva-uma-mudanca-de-perspectiva
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7 
 
 
 
A Psicologia Positiva: uma mudança de perspectiva 
Resumo: Neste artigo buscou-se apresentar a psicologia positiva, uma psicologia que se interessou 
em tratar as características positivas do ser humano, que tornam a vida digna de ser vivida, muitas 
vezes deixadas de lado pela psicologia de modo geral. Ainda, fazer um levantamento sobre alguns 
dos estudos recentes de algumas destas características, mostrando os seus fatores promotores e os 
adversos. 
 
Palavras-chave: Psicologia Positiva, Qualidade de Vida, Afetos, Resiliência. 
 
1. Introdução 
A Organização Mundial de Saúde (OMS, 1998) define saúde não mais apenas como ausência de 
doença e sim com um estado de bem-estar físico, psíquico, social e espiritual. A partir desta 
concepção, o papel das ciências da saúde não é apenas a prevenção e a cura, mas a promoção de 
saúde. Desta maneira, torna-se necessário o entendimento mais completo do ser humano, que abranja 
não só a patologia, mas também inclua suas virtudes e potenciais, para se entender o significado de 
promoção de saúde. Neste cenário, a psicologia se inseriu buscando estudar as características 
positivas dos seres humanos, promotoras de saúde e bem-estar. 
2. A Psicologia Positiva 
Em 1998, o psicólogo Martin Seligman assumiu a presidência da Associação de Psicologia 
Americana (APA), e partir de então, passou a proferir discursos e escrever artigos em favor de uma 
psicologia que olhasse para o lado positivo do ser humano, olhando potenciais e virtudes, 
denunciando que a psicologia negligenciava esse aspecto da existência humana, preferindo sempre 
compreender o homem como neurótico e patológico. 
Em 2000, em um artigo intitulado: “Psicologia Positiva: uma introdução”, Seligman e 
Csikszentmihalyi denominaram de psicologia positiva, o conjunto de trabalhos e esforços da 
psicologia interessados em estudar os fenômenos positivos da existência humana. A partir deste 
impulso dado por Seligman e Csikszentmihalyi houve o aumento de incentivos nesses estudos, não 
apenas nos EUA, mas no mundo inteiro; conferências, cursos, financiamentos e prêmios oferecidos 
a pesquisadores, mostrando que o movimento da psicologia positiva esta em pleno desenvolvimento 
(PALUDO e KOLLER, 2007). Isso ocasionou um crescente aumento nos campos de estudo que 
tivessem esse olhar ao ser humano: bem-estar subjetivo ou felicidade, resiliência, qualidade de vida, 
altruísmo, etc. (Schultz e Schultz, 2005). Atualmente, a psicologia positiva se encontra em crescente 
consolidação, em 2006 foi criado o seu primeiro periódico oficial, com o nome: Journal of Positive 
Psychology (CALVARETTI, MULLER e NUNES, 2007). 
Seligman e Csikszentmihalyi (2000) definiram psicologia positiva como o estudo dos traços 
positivos, das emoções positivas e das instituições positivas. A psicologia positiva busca, então, 
compreender como, porque e sob quais condições as positivas emoções, positivas instituições e 
positivos traços aparecerem (SELIGMAN, STEEN, PARK e PETERSON, 2003). Portanto, a 
psicologia positiva não é um sistema psicológico de pensamento, mas um convite a psicólogos de 
diversas orientações a estudar o lado positivo do ser humano (SIMOTON e BAUSMEISTER, 2005 
https://psicologado.com.br/abordagens/psicologia-positiva/a-psicologia-positiva-uma-mudanca-de-perspectiva
https://psicologado.com.br/psicologia-geral/introducao/as-emocoes
8 
 
 
 
apud COSTA e PASSARELI, 2007), porém parte do pressuposto que os seres humanos são capazes 
de viver de maneira virtuosa e com felicidade (SELIGMAN, STEEN, PARK e PETERSON, 2005). 
De maneira que a intenção não é acabar ou substituir os estudos sobre as patologias e neuroses 
humanas e sim, complementar e oferecer uma visão mais completa do ser humano, que o abranja de 
suas virtudes até suas franquezas (SELIGMAN, et al, 2003). 
O discurso e ideais desses psicólogos em muito lembram os dos psicólogos humanistas e para muitos, 
os grandes precursores (SCHULTZ e SCHULTZ, 2005). 
Seligman, Steen, Park e Pertenson (2003) destacam o pioneirismo de Rogers e Maslow em estudar a 
saúde mental e o bem-estar, sendo inclusive Maslow o primeiro a usar o nome psicologia positiva, 
em um capítulo de seu livro: “Motivação e Emoção” de 1954, que tinha como título: “Para uma 
Psicologia Positiva” (GONÇALVES, 2006). 
Outra característica comum se refere à concepção de personalidade, como coloca Vianna (2005), para 
a psicologia positiva, o homem é capaz de ser auto-organizado, autodirigido e adaptável. Esta 
concepção vai de encontro com as noções de personalidade de Maslow e Rogers, psicólogos 
humanistas. Paludo e Koller (2007) afirmam que houve um resgate dos conceitos e objetivos da 
psicologia humanista, havendo importantes discussões entre as relações entre a psicologia positiva e 
a psicologia humanista, com os psicólogos humanistas se dividindo em dois grupos, os que aceitam 
as ideias de Seligman (RESNICK e SERLIN, 2002, TAYLOR, 2001) e os que a rejeitam 
(PAVAREM, 2001 e SOLODOD, 2000). 
Porém Seligman e Csikszentmihalyi (2000) apontam que a falta de rigor metodológico e resultados 
inconsistentes determinaram a decadência da psicologia humanista, o que constitui algumas das 
diferenças entres ambas as psicologias, pois a psicologia positiva apresenta um método sistemático e 
cientifico. Csikzentmihalyi (1999) afirma ainda, como diferença entre as duas, a ingenuidade presente 
na psicologia humanista que considerava a realização humana se daria apenas de forma positiva, o 
mesmo afirma que o homem pode se realizar de com resultados péssimos e destrutivos aos outros e 
si próprio. 
O fluxo é umafonte de energia psíquica que concentra a atenção e motiva a ação. Como as outras 
formas de energia ele é neutro, pode ser usado para finalidades construtivas ou destrutivas. O fogo 
pode ser usado para nos aquecer em uma noite gelada ou para incendiar uma casa. O mesmo é verdade 
quanto à eletricidade ou à energia nuclear. Tornar a energia disponível para uso humano é uma 
realização importante, mas aprender a usá-la bem é pelo menos igualmente essencial 
(Csikszentmihalyi, 1999, p. 135). 
Guzzo (2006) coloca em evidência o perigo da psicologia positiva servir de alicerce da ordem social 
dominante, legitimando suas práticas de dominação. Ao contrário, a psicologia positiva deve usar seu 
conhecimento para promover as virtudes e assim estimular o senso crítico e a busca por uma vida 
mais digna e mais justa para todos. É importante ressaltar que é uma questão é inerente a qualquer 
descoberta científica; o uso que se faz destas descobertas, pois apenas o avanço científico não garante 
que seu uso seja benéfico aos seres humanos, sendo necessária sabedoria e ética na aplicação deles, 
como afirma o filósofo Bertrand Russel (1956), não sendo diferente das descobertas feitas pela 
psicologia positiva. 
A preocupação que está presente em Guzzo (2006) é de que a psicologia positiva crie a concepção de 
um ser humano invulnerável e super poderoso, que é capaz de sozinho ser feliz e superar todas as 
adversidades. Esta preocupação é respondida pelos psicólogos que seguem esta orientação, pois em 
https://psicologado.com.br/psicologia-geral/introducao/as-emocoes
9 
 
 
 
nenhum momento é negligenciado o fato dos seres humanos também terem patologias e fraquezas e 
a importância do meio sociocultural para a superação de adversidades e promoção de felicidade 
(SELIGAMN e CSIKSZENTMIHALYI, 2000). 
A psicologia tradicionalmente se mostra avessa às visões positivas de homem. Guzzo (2006) aponta 
a necessidade do rigor metodológico para o estudo das potencialidades e virtudes humanas, pois a 
falta de um conhecimento anterior na área e o desejo de romper com o viés negativo presente da 
tradição psicológica aponta para a necessidade de superar a cientificidade presente nesta tradição. 
Somente este rigor metodológico, juntamente com os resultados empíricos, dará credito os postulados 
positivos, podendo então fazer a psicologia a obter uma visão positiva de homem (SELIGAMN e 
CSIKSZENTMIHALYI, 2000). 
Seligman at al (2003) afirmam que os resultados de suas pesquisas podem apresentar algo de universal 
sobre a natureza humana, como as seis virtudes que foram encontradas em quase todas as culturas ao 
redor do mundo; sabedoria, coragem, humanidade, justiça, temperamento e transcendência. De 
maneira que, tais características são tão importantes, que a existência destas é necessária para que 
haja sociedade entre os seres humanos. 
O papel principal da psicologia é ajudar as pessoas a serem felizes (Seligman, 2004), pois como 
colocam Seligman e Ciskszentmihalyi (2000) as pessoas buscam uma vida rica e com significado, o 
que é muito maior do que apenas viver livre de patologias. 
Nossa mensagem é lembrar que o campo da psicologia não é somente o estudo da patologia, fraqueza e 
danos; é também o estudo da força e virtude. Tratamento não é somente consertar o que está quebrado; é 
alimentar o que é melhor. Psicologia não é somente uma filial da medicina preocupada com saúde e doença; 
é muito mais. É sobre trabalho, educação, amor, crescimento; e viver (SELIGAMN e CSIKSZENTMIHALYI, 2000, 
p.7). 
Em artigo publicado em 2003, Seligman, Steen, Park e Peterson procuram, através de um estudo em 
empírico, verificar a eficácia da psicologia em promover felicidade individual. Neste estudo, foram 
testadas seis intervenções psicológicas, das quais três mostraram eficácia em ocasionar felicidade 
individual e ao mesmo tempo, regredir sintomas como a depressão. 
Haase, Lacerda, Lima e Lana-Peixoto (2005) em um artigo que teve como referência a psicologia 
positiva mostraram a eficácia desta como abordagem compensatória em pacientes com esclerose 
múltipla, superando as abordagens que apenas objetivavam apenas restituição funcional. As 
abordagens compensatórias, ao contrário, objetivam a promoção de bem-estar e qualidade de vida ao 
paciente. Os pacientes numa abordagem positiva compensatória adquirem autonomia e senso de 
controle e assim, aumentando seus índices bem-estar subjetivo e qualidade de vida (HAASE et al, 
2005). 
Tanto nas abordagens usadas no estudo de Seligman et al (2003), quanto na usada por Haase at al 
(2005), empregou se o uso de uma agenda positiva para os pacientes, estimulando o insight. O 
trabalho de Haase et al (2005) evidencia a tendência postulada pela psicologia positiva, de que 
pessoas desejam explorar suas potencialidades e viverem com felicidade, pois tais pacientes, que 
eram portadores de esclerose múltipla, não lutavam apenas para retornar a seu estado inicial e sim, 
para retomar o curso de seu desenvolvimento. 
Portanto, a tendência da psicologia positiva para a promoção de uma vida virtuosa, se alinha à 
concepção de saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS, 1998), segundo a qual, saúde é um 
estado de bem-estar físico, psíquico, social e espiritual. Ao desenvolver as forças e virtudes do ser 
10 
 
 
 
humano, está se proporcionando a possibilidade uma vida mais saudável (LEMOS e 
CAVALCANTE, 2006) e com os resultados das investigações da psicologia positiva sobre estes 
fatores abre-se a possibilidade do trabalho do psicólogo no planejamento de saúde pública 
(CALVETTI, MULLER e NUNES). 
2.1 Qualidade de Vida 
A qualidade de vida é um dos constructos que tem despertado o interesse dos pesquisadores da 
psicologia positiva, entre os psicólogos Seligman (2004), Csiskzentmihalyi (1999) e Diener (1984), 
entre outros. Ela apresentou um “bomm” nas pesquisas na década de 50, com o interesse da 
Organização das Nações Unidas (ONU) em estudar fenômenos relativos a ela (Pereira, 1997). O 
campo ainda é confuso, não há uma delimitação exata do que é qualidade de vida, sendo ela estudada 
de diferentes formas por diferentes ciências e ainda não existindo um consenso para sua definição 
teórica (SOUZA e CARVALHO, 2003). 
O meio social é então o que define o que é qualidade de vida, da mesma maneira que define o que é 
uma boa qualidade de vida (GONÇALVES, 2006). Procurando um entendimento amplo da qualidade 
de vida, que abrangesse múltiplos fatores, a OMS usa cinco dimensões para compreendê-la; 1) saúde 
física, 2) saúde psicológica, 3) nível de independência (em aspectos de mobilidade, atividades diárias, 
dependência de medicamentos e cuidados médicos e capacidade laboral), 4) relação social e 5) meio 
ambiente (SOUZA e CARVALHO, 2003). 
A qualidade de vida, portanto, não pode ser estudada apenas em níveis materiais e quantitativos, como 
feito em grande proporção em outra época (SOUZA e CARVALHO, 2003). Antigamente se 
acreditava que os índices do produto nacional bruto (PNB) representavam o nível de desenvolvimento 
social de uma nação, mas estes índices se revelaram insuficientes para revelar tal desenvolvimento. 
Campbell (1976) exemplifica este fato mostrando que nas décadas de 60 e 70, os Estados Unidos 
apresentaram um crescimento econômico sem igual na história do país até então, mas junto com o 
crescimento econômico, cresceram os índices de criminalidade, violência, abuso de drogas, 
fragmentação das famílias, entre outros, notando se a desigualdade entre o PNB e os índices 
sociais. Então o estudo da qualidade de vida se apresentou como uma possibilidade de um estudo 
mais apropriado sobre o nível desenvolvimento social de uma nação (CAMPBELL, 1976, PEREIRA, 
1997). 
Apesar disso, não se deseja a exclusão do estudo de fatores econômico ao falar-se da qualidade de 
vida. Os fatores econômicos representam parte das condições objetivas da vida de uma nação ou 
pessoa, não se podendoesquecer as percepções e os pensamentos das pessoas sobre estas condições. 
Desta maneira a qualidade de vida é dividida em dois componentes; as condições objetivas, as 
estudadas como índices de bem-estar objetivo (BEO) e as percepções destas condições, referindo 
aqui, ao bem-estar subjetivo (BES) (PEREIRA, 1997). Portella, Bastos e Pereira (2005) em sua 
pesquisa com idosos observaram que uma série de fatores ajuda a promover o BES e a qualidade de 
vida, entre eles: saúde física e mental, satisfação, senso de auto-eficácia, controle cognitivo, 
competência social, renda e continuidade de papéis sociais. 
Segundo Mihaly Csikszentmihalyi (1999), a aquisição de uma boa qualidade de vida envolve vários 
aspectos; um deles é o investimento do tempo que a pessoa mantém em suas atividades diárias e a 
qualidade que se consegue obter nessas atividades. Ele divide as atividades em três tipos: manutenção, 
produção e de lazer. As de manutenção são as quais as pessoas fazem para se cuidar: cuidar de si, da 
casa, etc; as de produção são as relacionadas ao trabalho; e o lazer é o que se faz no tempo livre, 
quando não se está nem produzindo, nem se cuidando. 
11 
 
 
 
Sobre os efeitos qualitativos, ele diz que: “Os efeitos psicológicos das atividades não são lineares, 
mas dependem de sua relação sistêmica com tudo que fazemos (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 
41)”. Isto significa que não existem atividades que obrigatoriamente causam prazer e satisfação, mas 
que estas atividades estão ligadas a circunstâncias do momento em que são realizadas, por exemplo: 
o ato de comer já foi visto em pesquisas que traz bom humor e satisfação, mas isso ocorre apenas se 
gastamos um determinado tempo comendo (5% do tempo desperto), se comêssemos o dia inteiro ou 
apenas mais do que sentimos vontade, isso já não traria felicidade e bom humor. Cuidados pessoais 
costumam serem atividades neutras. 
2.1.1 Trabalho 
A maneira como se encara o trabalho é fundamental para se entender a qualidade de vida, pois o 
trabalho, geralmente, ocupa um terço do tempo disponível para atividades de uma pessoa. Então, a 
maneira como o trabalho é experienciado se torna algo que não pode ser ignorado no entendimento 
da qualidade de vida. Porém, o trabalho é uma experiência ambígua, tanto levando em consideração 
o relato das pessoas, quanto os pensamentos de grandes filósofos e pensadores 
(CSIKSZENTMIHALYI, 1999). 
Se pensarmos no entendimento do trabalho pela filosofia, veremos que os filósofos gregos não 
atribuem nenhum valor ao trabalho, colocando que o verdadeiro valor humano só poderia ser 
alcançado no ócio, onde as pessoas poderiam investir o tempo em atividades criativas e alcançar a 
excelência do espírito. Esse raciocínio filosófico grego pode ser melhor compreendido se observamos 
que na época grega, o trabalho era realizado pelos escravos e o objetivo da vida do homem de posses 
era conquistar terras para que não precisasse trabalhar. O pensamento sobre o trabalho foi mudando, 
assim como a atitude das pessoas em relação a ele e a forma como ele era executado 
(CSIKSZENTMIHALYI, 1999). 
Na contemporaneidade, o trabalho pode levar uma pessoa a obter a realização pessoal, sentimentos 
de bem-estar e prazer (Csikszentmihalyi, 1999), mas apesar disto não podemos negligenciar as 
dificuldades contemporâneas para a obtenção de satisfação no trabalho; o trabalho é sempre 
momentâneo, as pessoas estão sempre em um trabalho passageiro para aumentar sua qualificação 
para a busca do próximo trabalho. Desta maneira, não estabelece uma relação afetiva com o seu fazer 
no trabalho e nem um vínculo afetivo, com as pessoas neles, pois estão sempre de passagem, obtendo 
ao invés disso, relações de competição com tais pessoas (HELOANI e CAPITÃO, 2003). 
Apesar de tais contingências, o trabalho também pode ser uma atividade prazerosa, algumas 
características foram vistas que causam bem estar no trabalho: metas claras, feedback não ambíguo, 
senso de controle, desafios de acordos com a habilidade do trabalhador. É comum que no trabalho, 
as pessoas alcancem as experiências mais positivas de seu dia, isso acontece porque nele as pessoas 
enfrentam desafios e estabelecem metas e por isso, durante a atividade, se encontram altamente 
concentrados, usando o máximo de sua atenção (CSIKSZENTMIHALYI, 1999). 
Observa se que um grande número de pessoas bem sucedidas não atribui ao trabalho um peso e o 
colocam como uma parte integrante de seu dia - dia. Mas, também seria fácil observar um grande 
número de pessoas bem sucedidas insatisfeitas com o trabalho, o que deixa claro que não são 
condições externas apenas que determinam o grau de satisfação com o trabalho e sim a maneira como 
a pessoa experimenta-o, portanto constata-se o grau de responsabilidade individual, estando em jogo, 
as escolhas e o modo como o qual o indivíduo se relaciona com o trabalho. Porém, por mais 
satisfatório que seja o trabalho, uma melhor qualidade de vida não é alcançada somente com 
experiências nele. Deve se atentar para as atividades de lazer e os relacionamentos pessoais, que o 
ocupam o chamado tempo livre (CSIKSZENTMIHALYI, 1999). 
12 
 
 
 
2.1.2 Lazer 
Lazer é a atividade que realizamos voluntariamente, no tempo livre, sem o objetivo de produção. 
Csikszentmihalyi (1999) o divide em lazer ativo (esportes, artes, hobbys) e lazer passivo (ver 
televisão, ler livros sem desafios, somente ficar com os amigos, etc.). Os estudos relacionados a 
atitudes sobre o lazer são poucos, um dos motivos é falta de instrumentos de medida validados para 
verificar estas atitudes (FREIRE e FONTE, 2007). 
Por incrível que pareça administrar o tempo livre é uma tarefa difícil, que muitas pessoas não 
conseguem realizar, sendo então durante esse momento comum experienciar sentimentos negativos 
como: tédio e depressão. 
No entanto, os sinais sugerem o oposto: é mais difícil desfrutar o tempo livre do que o trabalho. Ter lazer a 
sua disposição não melhora a qualidade de vida, a menos que a pessoa saiba usá-lo de maneira eficaz; o lazer 
não é de modo algum algo que a pessoa aprenda a fazer automaticamente (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 
670). 
 Porém também é comum que pessoas experimentem os melhores sentimentos durante o lazer, 
principalmente no lazer ativo. Visto que se podem experimentar tanto os sentimentos mais positivos 
quanto os mais negativos no lazer, a administração do tempo livre para uma apreciação dele é 
fundamental para uma boa qualidade (CSIKSZENTMIHALYI, 1999). 
Nas pesquisas realizadas se verificou que o lazer ativo é o maior provedor de sentimentos positivos 
(Csikszentmihalyi 1999), isso ocorre porque durante as atividades esportivas, artísticas e outras, se 
alcança à experiência de fluxo, ou seja, uma experiência de total atenção e concentração na atividade, 
com isso produzindo uma sensação de bem estar completa, de maneira a não permitir a ocorrência de 
sentimentos negativos. Ao contrário, o lazer passivo: ficar com amigos, ver televisão e ler romances 
superficiais é um grande provedor de sentimentos negativos como tédio, pensamentos depressivos, 
apatia e raramente produzem fluxo. Isso não quer dizer que essas atividades são ruins e 
obrigatoriamente produziram esses sentimentos. 
Como nos outros ingredientes da vida, o que importa é a dosagem. O lazer passivo torna se um problema 
quando uma pessoa o usa como principal – ou única – estratégia para ocupar o tempo. A medida que esses 
padrões se transformam em hábitos, começam a ter efeitos definidos na qualidade de vida como um todo 
(CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 71). 
Pois na verdade todos precisam desses momentos de total relaxamento, para poder descansar sua 
energia psíquica, e se preparar para as novas atividades do dia a dia. O excesso de lazer passivo é que 
tende a produzir esses sentimentos negativos, além disso, influenciar outros momentos da vida da 
pessoa, com o aumento de sua apatia, atrapalhar seus relacionamentossociais e habilidade criativa 
(CSIKSZENTMIHALYI, 1999). 
Porque, então, as pessoas consomem demasiadamente o lazer passivo, visto que um cidadão comum, 
em pesquisas americanas, passa várias horas em frente à televisão, mesmo não tendo sentimentos 
positivos em relação a isso? Acontece que a comodidade leva ao consumo do lazer passivo, já que 
essas atividades amenizam a ansiedade e não se despende trabalho para realizá-las 
(CSIKSZENTMIHALYI, 1999). 
13 
 
 
 
2.1.3 Relacionamentos sociais 
O ser humano é um ser gregário, esse fato parece um consenso dentro da psicologia, deste modo 
procura por relacionamentos sociais, ou seja; estar com o outro. O resultado da díade eu e outro é o 
objeto de estudo da psicologia; de maneira mais especifica o que está díade produz em cada um 
(GONÇALVES, 2006). Visto estas afirmações, a relação social é intrínseca ao homem e a maneira 
como esta é conduzida e o que vai se produzir dela pode levar tanto a felicidade e ao crescimento 
psicológico como a infelicidade e a estagnação psíquica (CSIKSZENTMIHALYI, 1999). 
Então, os relacionamentos sociais, tanto podem ser uma fonte de prazer, quanto gerar ansiedade, tédio 
e outros sentimentos negativos. Além disso, a inserção no meio é algo que estar para além de qualquer 
escolha individual, pois desde que nasce o homem é colocado no meio social e dele precisa pra sua 
formação e proteção (CSIKSZENTMIHALYI, 1999). 
Muito se tem dito sobre como o ser humano pode obter bons relacionamentos sociais. Segundo 
Csikszentmihalyi (1999) existem duas regras básicas para se obter um relacionamento produtivo: a 
existência de compatibilidade de metas e a disponibilidade para investir na meta do outro. De acordo 
com sua pesquisa, as experiências mais positivas das pessoas são quando elas estão com os amigos. 
O que é facilmente explicado, pois as amizades oferecem uma possibilidade de estímulos emocionais 
positivos e uma possibilidade de desenvolvimento do potencial humano, através de estímulos 
emocionais que provocam um movimento interno. Gonçalves (2006) mostra através de pesquisas 
empíricas que pessoas com uma grande rede de relacionamentos sociais apresentam um índice de 
felicidade maior do que as que têm pouco ou não têm relacionamentos sociais. 
Um grupo de amigos também pode ser maléfico ao desenvolvimento psicológico humano, podendo 
promover o congelamento da auto-imagem. Isso acontece em relações superficiais, como algumas 
nos grupos do condomínio ou do trabalho, pois estas relações acabam caindo em rotinas e se tornando 
“lugares seguros” onde as pessoas podem se acomodar, assim não oferecendo estímulos para o 
crescimento pessoal. “Em vez de promover crescimento as amizades muitas vezes oferecem um 
casulo seguro onde nossa auto-imagem pode ser preservada sem precisar mudar” 
(CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 83). 
O mesmo acontece nos relacionamentos sociais entre pais e filhos, ambientes socialmente favoráveis 
serve entre outros, como grande promotor de resiliência para crianças (YUNES, 2003, CYRULNIK, 
2004). Os pais que se relacionam bem com os filhos promovem uma rede de apoio social fundamental 
para a resiliência (YUNES, 2003), e um ambiente socialmente favorável no início da vida serve como 
estimulador para a formação de uma personalidade resiliente, e o contrário também, relacionamentos 
ruins entre pais e filhos na primeira infância tende a formar personalidades neuróticas (CYRULNIK, 
2004). 
Então a relação com o outro, que é inerente ao ser humano, não podendo o homem fugir dela, é decisiva 
para a qualidade de vida e o desenvolvimento humano. Dela podem surgir os aspectos mais positivos da 
existência, quanto os mais negativos, visto que bons relacionamentos são promotores de bem-estar e 
resiliência e maus relacionamentos, destruidores de tais características. 
2.2 Bem-Estar Subjetivo 
O bem-estar subjetivo (BES) vem sendo objeto de estudo de vários teóricos da psicologia. Os estudos 
nesta área começaram nos EUA e Inglaterra e se expandiram pelo mundo, despertando o interesse de 
vários pesquisadores em diferentes países como: Brasil, Alemanha, França, Israel, Espanha, 
Finlândia, etc. No Brasil e no mundo, o estudo do bem-estar subjetivo cresceu bastante a partir do 
14 
 
 
 
ano 2000, são mais de cinquenta periódicos científicos que contam com artigos sobre o bem estar 
subjetivo (PEREIRA, 1997). 
Este fato está provavelmente ligado com o esforço de cientistas como Seligman e Csiskszentmihalyi 
em implantar a psicologia positiva que pode ser datada a partir do ano 1998, onde ocorreu a eleição 
de Seligman para a APA (Associação de Psicologia Americana) e, após isso, ele proferiu discursos 
em congressos e simpósios e fez publicações em favor de uma psicologia positiva que coloca em foco 
os potencias e virtudes humanas, o mesmo fez Csiskszentmihalyi e outros, o que provocou grande 
entusiasmo entre os psicólogos e uma crescente valorização dos estudos de aspectos positivos, no 
qual, aparece o bem-estar subjetivo, talvez, como o principal estudo da psicologia positiva 
(SCHULTZ e SCHULTZ, 2004), o que Seligman (2004) afirma também. O estudo do bem-estar 
subjetivo permite um entendimento do funcionamento das potencialidades humanas, de como estas 
se processam, colocando em foco o lado positivo do ser humano (PASSARELI e SILVA, 2007) e 
entender o que diferencia as pessoas felizes das infelizes (DIENER, 1984). 
Seligman (2004) afirma que o termo bem-estar subjetivo e termo felicidade podem ser usados como 
sinônimos para a psicologia, ambos tem o mesmo significado, sendo o objetivo maior da psicologia 
positiva o estudo do que proporciona bem-estar subjetivo ou felicidade. Diener, Oishi e Lucas (2003 
apud Costa e Pereira 2007) explicam melhor esta concepção, afirmando que a felicidade, prazer ou 
satisfação seria um entendimento do senso comum para o que a psicologia classifica como bem-estar 
subjetivo. Vianna (2005) diferencia as duas coisas, afirmando que felicidade é um estado onde 
predominam os afetos positivos sobre os negativos e bem-estar subjetivo é um estado de conforto e 
harmonia, assim uma pessoa com alto nível de bem-estar subjetivo experimenta em sua vida 
satisfação e emoções de contentamento e alegria (afetos positivos) com frequência e tristeza e 
angustia (afetos negativos) com baixa frequência e o inverso acontecendo com pessoas com baixos 
índices de bem estar subjetivo. 
Existe uma série de divergências sobre o bem-estar subjetivo (COSTA e PEREIRA, 2007), que vão 
desde as definições até uso de escalas. Diener (1984) divide em três grupos as definições de bem-
estar subjetivo e felicidade; primeiro uma definição baseada nos critérios aristotélicos, que se baseia 
em critérios externos como virtudes e santidade, o segundo é o critério geralmente usado por cientistas 
sociais que é focado nas questões que levam a evolução da vida das pessoas e o terceiro grupo, o mais 
usado por psicólogos e em estudos individuais, é a preponderância dos afetos positivos sobre os afetos 
negativos. 
Um exemplo deste critério é a definição de adotada por Vianna (2005), ela usa o termo bem-estar 
subjetivo como o que as pessoas sentem e pensam sobre sua própria vida, a partir do próprio ponto 
de referência. Então nesse modelo, o que é valorizado nas pesquisas do BES é o relato da pessoa. 
Albuquerque e Tróccoli (2004) argumentam que condições externas como saúde, conforto, virtude, 
não devem fazer parte das definições de BES, pois este seria uma experiência interna individual 
(CAMPBELL, 1976), mas os autores não excluem tais fatores dos estudos, colocando que eles 
influenciam o BES. 
O conceito de bem-estar subjetivo tem sido mais comumente explorado através dos componentes: 
satisfação com a própria vida, afeto positivo e afeto negativo, componentes estes que foram propostos 
por Andrews e Withey (1974 apud Vianna 2005), e ainda, como cita Pereira (1997), o componente 
de fatores psicossociaisda saúde: auto-estima, timidez, lócus de controle, alienação, desamparo, 
desesperança, estresse, ansiedade, apatia, otimismo, desesperança, motivação, entre outros. Refere-
se a como as pessoas avaliam sua qualidade de vida, a partir de seus próprios referenciais, suas 
próprias crenças. 
15 
 
 
 
A avaliação é feita com o foco na experiência interna da pessoa, valorizando seu relato como elemento 
principal, portanto as crenças individuais sobre seu próprio estado subjetivo são essenciais para a 
pesquisa. Esta avaliação leva em conta aspectos emocionais e cognitivos, pois a pessoa faz uma 
avaliação racional de satisfação com a vida em relação ao trabalho, casamento, lazer e também usa 
de seu estado humor para fazer essa avaliação, levando em consideração estados subjetivos de longa 
duração e não aspectos passageiros de sua experiência (DIENER, SUH, OISHI, 1997 apud Vianna 
2005). 
Diener (1984) afirma que pessoas que identificam a vida de maneira positiva contribuem para um 
melhor bem-estar subjetivo e pessoas que avaliam negativamente suas experiências, contribuem 
negativamente para seu bem-estar subjetivo, colocando que bem-estar subjetivo e personalidade estão 
fortemente interligados. Seligman (2004) enumera uma série de vantagens das pessoas otimistas em 
relação as pessimistas, as pessoas otimistas têm menor predisposição à depressão, maior rendimento 
do seu potencial escolar, no trabalho e nos esportes, além das pessimistas apresentarem uma saúde 
pior. 
As principais teorias e modelos explicativos do bem-estar subjetivo vêm sendo apresentados, 
historicamente, em dois grandes blocos opostos denominados bottom-up versus top-down. As teorias 
iniciais de bem-estar subjetivo estavam preocupadas em identificar como os fatores externos, as 
situações e as variáveis sócio-demográficas afetavam a felicidade. As teorias de bottom-up referem 
se as circunstâncias que entorno do BES, se busca conhecer os aspectos externos que influem na 
felicidade, o que torna as pessoas mais felizes (GONÇALVES, 2007). Estas abordagens mantêm 
como base o pressuposto de que existem necessidades humanas universais e básicas, e que a 
satisfação, ou não, destas viabiliza a felicidade. Outros fatores associados por essas teorias são as 
experiências de eventos prazerosos diários estando relacionados ao afeto positivo, assim como o 
oposto, eventos desprazerosos associados a afetos negativos. Mais ainda, a satisfação e a felicidade 
resultariam do acúmulo desses momentos específicos, dessas experiências felizes (DIENER, 
SANDVIK e PAVOT, 1991 apud GIACOMONI). 
As teorias de Top-Down tentam compreender como processos internos influenciem no BES, 
processos como: genética, traços de personalidade ou valores pessoais (Gonçalves, 2006). Um 
exemplo de pesquisas com teorias de Top-Down são as sobre as diferenças do BES entre pessoas 
individualistas e pessoas coletivistas. De acordo com as pesquisas, os individualistas tendem a 
experimentar sentimentos de bem-estar mais intensos, o que se explica por sua tendência a seguir 
seus desejos e buscar sua auto-realização, porém estes apresentam um maior número de deprimidos 
e taxas de suicídios, o que se explica por estes se isolarem mais e os coletivistas apresentam menor 
BES, porém apresentam menor número entre os deprimidos, o que pode ser explicado por sua 
estrutura mais segura (TAYLOR e ARMOR, 1996 apud ALBUQUERQUE e TRÓCCOLI, 2004). 
Várias relações são feitas com o bem-estar subjetivo, ele pode ser relacionado com a felicidade, 
satisfação, afeto positivo, afeto negativo, anomia, estresse, desesperança, desamparo entre outros, 
além disso, se busca o estudo do BES nos grupos; de adolescentes, jovens, adultos, idosos, religiosos, 
não casados, casados, solteiros e condições sociais, familiares e financeiras, etc (PEREIRA, 2007). 
Pereira (1997) faz uma ressalva, e separa bem-estar subjetivo e bem-estar objetivo, sendo bem-estar 
objetivo as circunstâncias que cercam a pessoa, com a renda, a saúde e família e o bem-estar subjetivo 
como as pessoas interpretam essas circunstâncias. 
Uma busca constante é relacionar o BES com a saúde, como não poderia ser diferente, já um elemento 
importante da psicologia positiva é relacionar estados subjetivos à saúde (PALUDO e KOLLER 
16 
 
 
 
2008) e a própria Organização Mundial de Saúde define saúde como “um estado completo, bem-estar 
físico, mental e social, e não consiste somente em ausência de doença ou enfermidade” (OMS, 1998). 
Diener, Suh e Oishi (1997 apud Vianna 2005) enfatizam que, bem-estar subjetivo e saúde mental não 
são a mesma coisa, para exemplificar eles colocam que uma pessoa pode estar em delírio, longe de 
um bom estado de saúde mental, mas se sentindo extremamente bem. Portanto BES e saúde não são 
sinônimos, mas o BES é necessário para estar bem com a vida, no entanto não sendo o único fator 
(ALBUQUERQUE e TROCCÓLI, 2004). 
Seligman (2004) mostra as emoções positivas são bons indicadores de saúde e longetividade, não 
especificando qual é causa e qual é consequência, se uma boa saúde causa um bom bem-estar 
subjetivo, ou ao contrário, um alto bem-estar subjetivo causa uma boa saúde ou ainda, se existe um 
efeito circular, ambos sendo causa e consequência. Uma explicação para esse fato é que o afeto 
positivo estaria mais presente em pessoas com bom funcionamento biológico, ou seja, com uma saúde 
favorável (STEPTOE, WADLE e MARMOT, 2005 apud PASSARELI e SILVA, 2007). De acordo 
com essa hipótese, as pessoas estariam inclinadas a ter um alto BES porque tem boa saúde e não ao 
contrário. 
Algumas pesquisas corroboram com isso, como Chatters (1988 apud GUEDEA et al, 2006) que 
enfatizou que idosos com boa saúde tendem a avaliar melhor o BES do que idosos com saúde ruim. 
Outros pesquisadores sugerem a outra hipótese, Taylor (2000 apud COSTA e PEREIRA, 2007) 
afirma que pessoas otimistas, que conseguem usar seus recursos psicológicos para encontrar sentido 
em suas experiências conseguem retardar o curso de doenças, como o a AIDS. 
Esse raciocínio pode ser aplicado a outros elementos de pesquisa do BES, como por exemplo, de 
acordo com pesquisas, o grupo de casados apresenta maior bem-estar subjetivo que solteiros 
(PEREIRA, 1997), porém não se pode concluir se as pessoas permanecem casadas por terem alto 
BES ou por permanecerem casadas possuem alto BES, é provável que aja um causa cíclica, estando 
um influenciando no outro constantemente, pois como observa Csikszentmihalyi (1999) a causalidade 
no desenvolvimento humano é cíclica. 
Outra pesquisa constante é compreender a influência financeira sobre o bem estar subjetivo. Algumas 
pesquisas apontam para uma elevada superioridade do BES entre pessoas de países ricos em relação 
às pessoas de países pobres (DIENER, DIENER e DIENER1995 apud ALBURQUERQUE e 
TROCCÓLI, 2004). 
Ao reparar falhas nesses modelos, alguns teóricos (DIENER, 1996, FEIST, 1995, e brief 1993, apud 
COSTA e PEREIRA, 1997) proporam uma teoria bidirecional do BES, que propõem uma intersessão 
entre as teorias de top down e de bottom up, com um modelo de causas bidirecionais, onde a 
personalidade e circunstâncias externas interfeririam no BES, por haver sempre a pessoa que 
interpreta as circunstâncias da vida (BRIEF, 1993, apud COSTA e PEREIRAB, 2007), não havendo 
um determinismo nem da personalidade, nem das circunstâncias da vida em relação ao BES e sim os 
dois fatores conjuntamente agindo. 
O BES é composto do afeto positivo, do afeto negativo, da satisfação com a vida e felicidade, que é 
a maior presença de afetos positivos em relação a negativos (GONÇALVES, 2007). 
2.2.1 O Afeto Positivo e o Afeto Negativo 
Segundo Watson, Clark e Tellegem (1998, apud Vianna 2005), afeto é a junção de humores e 
emoções, que seriam o nível inferior da estrutura hierárquica dos afetos, estes, corresponderiam ao 
17 
 
 
 
nível superior dessa estrutura. O afeto positivo diz respeito principalmenteao nível de entusiasmo, 
atividade e atenção, e o afeto negativo, por sua vez, designa o nível de angústia e insatisfação, onde 
estão incluídos sentimentos como: raiva, culpa, desgosto, medo, entre outros. Logo, altos níveis de 
afeto positivo representam um estado de satisfação e alta energia, e altos níveis de afeto negativo 
representam tristeza e letargia. 
Pesquisas mostram que de acordo com a intensidade, as pessoas que experimentam alto nível de 
emoções positivas, também experimentariam alto nível de emoções negativas, proporcionalmente 
(DIENER, LARSEN, LEVINE e EMMOUNS, 1985, LARSEN e DIENER (1987) e SCHIMMACK 
e DIENER, 1997 apud GONÇALVES, 2006), porém em relação a freqüência, essa relação é 
inversamente proporcional, quanto mais uma pessoa experimenta afetos positivos, menos 
experimenta afetos negativos, o que faz da frequência um melhor instrumento na avaliação do BES. 
Desde o estudo de Bradburn, em 1960, que concluiu que afeto positivo e negativo são relativamente 
independentes um do outro, a relação entre os dois componentes tem sido controversa. Entretanto, 
atualmente, há extensa evidência mostrando que níveis proporcionais de afeto negativo e positivo são 
dependentes, mesmo quando diferentes instrumentos de medidas são usados (DIENER, 1984). 
2.2.2 A satisfação 
A satisfação é o julgamento feito pelo indivíduo a partir de seu quadro referencial, acerca de sua 
qualidade de vida, sua satisfação com a própria vida de uma forma geral, ou seja, de acordo com 
Lucas, Diener e Suh (1996 apud Gonçalves, 2007) o processo de avaliação se dá quando a pessoa 
examina aspectos reais, considerando aspectos bons e aspectos ruins e chega a uma conclusão geral 
de sua qualidade de vida, levando em conta o mínimo de conteúdo emocional. Campbell (1976) 
ressalta ainda que a satisfação é a parte cognitiva do BES. Essa avaliação varia de acordo com as 
crenças, o que lhe é importante, vai depender das experiências prévias que cada um teve, das 
expectativas e valores. 
Segundo Glazter (1987), a satisfação pode ser entendida em níveis diferentes, como: a satisfação com 
todo um domínio da vida (ex. satisfação com a vida afetiva), satisfação com a vida em geral, satisfação 
com determinados aspectos de um domínio (VIANNA, 2005). Ela estaria ainda influenciando as 
emoções, dependendo do que se pensa pode-se estar diminuindo ou aumentando as emoções positivas 
e negativas (DIENER; SUH; OISHI, 1998, citado por PEREIRA, 2007). O mesmo autor ainda afirma 
que a satisfação pode ser proporcional com os objetivos de vida do indivíduo, desse modo, pessoas 
com projetos de vida com previsão de recompensa em longo prazo estariam mais insatisfeitas que 
pessoas com objetivos menos difíceis de alcançar. 
Há ainda quem chame atenção para a diferença entre a satisfação associada ao objetivo alcançado e 
a satisfação relativa ao objetivo não alcançado e resignado (STRUMPEL apud PEREIRA, 2007). 
Pereira (2007) ressalta que estas pessoas se sentem satisfeitas, mas os sentimentos relacionados são 
diferentes, enquanto uma tem a satisfação da vitória, do sucesso, a outra tem satisfação pela 
resignação. Existe relação entre felicidade e satisfação, mas a satisfação pode existir sem a felicidade 
e vice-versa. Pessoas infelizes e satisfeitas são resignadas perante a vida, apresentando esperança em 
relação ao futuro, enquanto pessoas felizes e satisfeitas apresentam sentimentos de realização e já as 
pessoas infelizes e insatisfeitas sentem se frustradas. 
2.3 Resiliência 
O Termo resiliência vem da física, sendo comumente usada em engenharia, para indicar a propriedade 
de um material de retornar ao estado inicial após abalo. De uns 30 anos para cá, a psicologia pegou 
18 
 
 
 
emprestado o termo e vem usando como a capacidade de superação de adversidades (YUNES, 2003). 
Notou-se que as pessoas apresentam reações diferentes a experiências negativas, algumas declinando 
e não retomando o seu desenvolvimento psicossocial e espiritual e outras conseguindo crescer com 
tais experiências (CASSOL e de ANTONI, 2006). A partir de então, pesquisadores criaram interesse 
a entender tais mecanismos, que passaram a serem conhecidos como resiliência. 
A psicologia ainda não especificou o constructo resiliência, sendo que ela apresenta variações em seu 
uso. Pode se dizer que a primeira vez que a resiliência foi estudada foi pelo psiquiatra E. J. Anthony, 
que estudou crianças com competências e saúde inabaladas, apesar de estarem sobre condições 
adversas e estressantes, mas o termo usado não foi resiliência e sim, invulnerabilidade (WENER e 
SMIYH, 1992, p. 4 apud YUNES, 2003). 
Logo surgiram críticas ao termo usado por Anthony, por dar a falsa idéia que essas crianças não 
sofreriam com as circunstâncias do meio, com isso psicólogos arguiram que o termo mais apropriado 
seria resiliência, por ser mais condizente com a realidade humana de estar em constantes trocas com 
o meio ambiente, de maneira que esta não tem sinonímia com invulnerabilidade (ZIMMEMAN e 
ARUNKMAR 1994 apud YUNES, 2003), pelo contrário o sofrimento faz parte do desenvolvimento 
de qualquer pessoa (CYRULNIK, 2004). A resiliência conta a história de pessoas que enfrentam 
adversidades e conseguem fazendo uso de suas forças e do que se encontra de positivo em seu meio 
ambiente e do contexto de sua vida seguir adiante e construir sua história (POLLETTTO e KOLLER, 
2006). 
O Manual de Diagnóstico e Estatístico das Perturbações Mentais IV (DSM-IV) diferencia eventos 
traumáticos de outros eventos estressores da vida, existindo uma gravidade necessária para a 
caracterização do trauma (Oliveira, 2007). Alguns autores (CYRULNIK, 2002 e PERES, 
MERCANTE e NASELLO, 2005) se referem à resiliência normalmente como a superação de 
traumas; trauma, que segundo a origem da palavra significa uma lesão causada por um agente externo 
(PEREZ, MERCADANTE e NASELLO, 2005). Porém, de uma maneira geral, a resiliência é 
estudada como um enfrentamento de qualquer tipo de adversidade, incluindo além do trauma, 
dificuldades de enfrentamento diário como: pobreza, orfandade, maus tratos, entre outros (POLETTO 
e KOLLER, 2006). 
É comum o desenvolvimento de transtornos psicopatológicos após um evento traumático. Pesquisas 
mostram que 60% a 90% das pessoas sofrem um evento traumático ao longo da vida, destes número 
8% a 9% desenvolvem o Transtorno de evento pós traumático (TEPT) (Kessler, Sonnega, Bromet, 
Hugles e Nelson 1995 apud Borges, Kristensen, Dell`Aglio, 2006). O TEPT, de acordo com o DSM 
IV, é caracterização pelos sintomas de evitação, revivescência e hiperexcitabilidade (Oliveira, 2007), 
o que causa um sofrimento significativo e um prejuízo funcional (Borges, Kristensen e Dell´Aglio, 
2006). Alguns autores (Borges, Kristensen e Dell`Aglio, 2006, Peres, Mercante, Nasello, 2005) 
buscam compreender a atuação resiliente de pessoas nestas contingências, tanto na compreensão de 
porque algumas pessoas desenvolvem o TEPT e outras não, como nos fatores que auxiliam sua 
superação. Indivíduos inseguros, com falta de controle pessoal e alienação são mais prováveis a 
desenvolver o TEPT. Peres, Mercante e Nasello (2005) afirmam que a recuperação da memória de 
eventos traumáticos, em situações como psicoterapia, ocasiona uma reestruturação cognitiva e 
emocional perante o trauma, de maneira que, o paciente pode resignificar o evento traumático. 
A resiliência é comumente estudada na interação de fatores de risco e proteção, juntamente com a 
invulnerabilidade. A palavra risco foi inicialmente usada na economia, na antiguidade, ao se referir a 
possíveis perdas marítimas, que eram reduzidas ao valor dos custos da mercadoria. Após isso passou 
a ser utilizada pela epidemiologia e pela medicina, e chegando a saúde mental, através da avaliação 
19 
 
 
 
as formas de risco psicossocial (CASSOL e de ANTONI, 2006). O risco apresenta diferentes formas 
dependendo das característicasindividuais e contextuais (YUNES, 2003). 
Os fatores de risco facilitam o desenvolvimento de problemas emocionais, físicos e/ou sociais 
(CASSOL e de ANTONI, 2006, p. 180). Os fatores de proteção são os que servem para amenizar os 
efeitos dos eventos estressores e de risco Esses fatores podem ser de origens individuais ou 
ambientais, podendo ter características biológicas ou adquiridas, de acordo com a experiência de vida 
de cada um, também podem se originar de fatores ambientais, aí se encontrando a importância do 
meio social e familiar. A família pode prover uma rede de apoio e proteção social e o meio ambiente 
prover proteção através das políticas públicas de educação, moradia, saúde e outras. (De Antoni, 
Barone, Koller, 2006). A origem e significado do termo invulnerabilidade dentro dos estudos de 
resiliência foram discutidas no segundo parágrafo deste tópico, porém atualmente os termos 
vulnerabilidade e invulnerabilidade vêm sendo usados de maneira um pouco diferente da inicial, se 
referindo à características individuais que predispõem a pessoa a maior ou menor possibilidade ao 
desenvolvimento de problemas emocionais, psíquicos ou comportamentais (RUTTERES, 1987 apud 
CASSOL e de ANTONI, 2006). 
Existe afinidade nos estudos sobre resiliência ao se afirmar à capacidade humana de adaptação em 
contexto de adversidades e riscos significativos (Polleto e Koller, 2006). De acordo com Moraes e 
Rabinovich (1996 apud Polletto e Koller, 2006), resiliência é manter o desenvolvimento normal em 
situações diversas, Cyrulnik (2004) problematiza essa questão, afirmando que a resiliência não é o 
mesmo que adaptação, a adaptação pode ser maléfica, uma vez que o indivíduo adaptado pode ser 
aquele subserviente às normas sociais, rígidos e dominado pela cultura e que a resiliência se referiria 
a uma superação de adversidades, em direção à uma maior autenticidade, espontaneidade e 
criatividade do sujeito. 
As crianças diante do trauma não podem deixar de se adaptar. Mas a adaptação nem sempre é um benefício: 
a amputação, a submissão, a renúncia a torna-se si mesmo, a busca da indiferença intelectual, o esfriamento 
afetivo, a desconfiança, a sedução do agressor certamente constituem valores da adaptação, defesas não 
resilientes (CYRULNIK, 2004, p 129). 
Uma das grandes questões que apareceu quando se fala de resiliência é: qual o método deve ser 
utilizado na pesquisa? A proposta metodológica para o estudo da resiliência deve estar de acordo com 
o modo em que a resiliência é concebida, pois a resiliência é um conceito que vem sendo entendido 
de várias formas, não havendo consenso e gerando vários questionamentos, se ela é inata ou 
adquirida, se é permanente ou circunstancial, se é uma adaptação ou uma superação das adversidades 
e uma questão mais ampla, se é um traço individual ou um processo circunstancial interelacional entre 
pessoa e ambiente (LIBÓRIO, CASTRO e COELHO, 2006). 
Martineu (1999 apud Yunes, 2003) acredita que existem hoje três formas que orientam as pesquisas 
sobre resiliência. Uma delas refere se ao estudo dela como resistência, buscando traços de 
personalidade comuns às pessoas resilientes e condições em que tais traços aparecem ou surgem, 
onde a pesquisa faz uso de rigorosos estudos psicométricos, com análise estatística dos dados obtidos. 
O outro é o discurso experiencial, o foco das pesquisas é a história de vida das pessoas e por último 
o discurso da resiliência como algo em constante construção (LIBÓRIO, CASTRO e COELHO, 
2006). 
Os autores brasileiros e os mais usados como referências em suas pesquisas normalmente estudam a 
resiliência como um processo dinâmico, isso implica no uso de uma metodologia preocupada em 
compreender como os fatores protetivos como: família, traços positivos de personalidade e ambiente 
interagem e fornecem os resultados positivos. Assim, privilegia-se uma avaliação mais qualitativa do 
20 
 
 
 
que quantitativa. Nestas pesquisas são levadas em consideração, não apenas os fatores de risco em si, 
mas a interpretação que as pessoas fazem desses fatores (LIBÓRIO, CASTRO e COELHO, 2006). 
Cecconello e Koller (2003 apud Libório, Castro e Coelho 2006) usaram como método a inserção 
ecológica, um estudo longitudinal, no qual se acompanhou famílias em situações de risco: pobreza e 
moradias situadas em comunidades violentas, no qual conversou-se, observou-se e entrevistaram-se 
as famílias para a coleta dos dados de pesquisa. Yunes (2001) usou com método a entrevista reflexiva. 
Em pesquisas européias, Boris Cyrulnik (2004, 2007) tem acompanhado longitudinalmente o 
desenvolvimento de crianças vítimas de trauma. 
Outra questão também bastante controvérsia é sobre a personalidade; existe um tipo personalidade 
mais resiliente do que outros? Esta questão apresenta inúmeras respostas, porém Boris Cyrulnik 
(2004) responde de maneira clara. Segundo este autor existe a formação de uma personalidade mais 
resiliente; sendo esta mais criativa e com maior capacidade para amar, mas isso não é estático, 
podendo apresentar variações ao longo da vida de cada pessoa. Para esta formação da personalidade 
resiliente, o fator mais importante seria no início da vida, em qual ambiente o bebê é criado. O bebê 
percebe as respostas sensoriais que o meio dá a seus comportamentos, a partir destas respostas vai 
criando sua personalidade, os seus traços mais fortes, que o guiaram em sua conduta diante da vida. 
Porém, tais traços de personalidade, não se referem a características fixas, como: timidez ou 
extroversão, e sim; a autenticidade, criatividade e espontaneidade diante as circunstâncias. No fim, 
é certo é que a resiliência é sempre construída na relação do indivíduo com o meio ambiente (ASSIS, 
PESCE, AVANCI e NJAINE, 2005). 
O estudo das emoções também vem contribuindo para o entendimento da resiliência. Seguindo uma 
tendência biológica evolucionista, o modelo de Broaden and Build Theory é um exemplo de como a 
biologia vem sendo usada. Segundo o Broaden and Build Theory, as emoções negativas e positivas 
são complementares em relação à adaptação, as emoções negativas (medo, raiva, ódio) estruturam as 
possibilidades de respostas a um evento, permitindo uma resposta rápida e a emoções positivas ao 
contrário ampliam a possibilidade de respostas, possibilitando a construção de recursos pessoais, 
então, a resiliência é um desses recursos construídos (PALUDO e KOLLER, 2006). O humor também 
é uma estratégia para o enfrentamento psíquico de adversidades (CYRULNIK, 2002). 
Apesar disso, o estudo de resiliência associado a processos biológicos ainda é escasso, mas o campo 
biológico é extenso para estudos na área, pois já é sabido que o organismo apresenta capacidade de 
uma resposta a situações estressoras, se defendendo destas. Além disso, estudos de neurociências 
apresentam a neuroplasticidade como característica dos processos resilientes (BORGES, 
KRISTENSEM e DELL´ALGIO, 2006). A neuroplasticidade é a capacidade do cérebro de modificar 
sua estrutura e função de acordo com a experiência. Apesar de haver divergências sobre como 
acontece o processo da neuroplasticidade, é certo que qualquer processo resiliente só é possível 
devido a ela (HASSE e LACERDAD, 2004). 
A psicoterapia é um grande promotor de resiliência. O vínculo terapeuta e paciente promove uma 
experiência emocional significativa e um ambiente seguro para a promoção de resiliência (Borges, 
Kristensem e DEll´ Algio, 2006; Habigzang e Koller, 2006, Peres, Mercante e Nasello, 2005)). Então, 
o a função do psicoterapeuta na promoção de resiliência não é meramente um trabalho intelectual e, 
além disso, um trabalho de suporte emocional. 
Aprender e crescer a partir de experiências positivas e negativas de vida e desenvolver a capacidade de lidar 
com adversidades severas são aspectos cruciais a serem trabalhados em psicoterapia. Entretanto, os 
psicoterapeutas não devem dizer intelectualmente aospacientes “como fazer isso”, e sim facilitar através da 
21 
 
 
 
vivência terapêutica, a autocompreensão sobre a possibilidade de escolher dinâmicas psicológicas preditoras 
de melhor qualidade de vida (PERES, MERCADANTE e NASELLO, 2005, p. 136). 
Apesar de nestes estudos o enfoque terapêutico usado ser o cognitivo-comportamental, tal afirmação 
leva aos estudos do potencial humano da psicologia humanista, quando nas décadas de 50 e 60. 
Rogers (1961) afirmava que o papel do terapeuta era criar um ambiente favorável para que o cliente 
retomasse o seu crescimento psicológico, quando este interrompido. 
A resiliência é um dos constructos que fazem parte desse novo campo de estudos da psicologia; a 
psicologia positiva, pois enfatiza aspectos virtuosos, saudáveis e positivos das pessoas no 
enfretamento e superação de adversidades, para o estabelecimento de uma vida igualmente virtuosa 
e significativa (YUNES, 2003). Os estudos sobre a resiliência cresceram com a psicologia positiva 
(PALUDO e KOLLER, 2006), hoje pesquisadores antigos, no campo como o inglês Rutters, 
continuam a produzir bastante e a partir do início deste século um grande número de trabalhos e 
pesquisas no campo começaram a emergir, como o do etólogo, neurocientista e psicanalista Boris 
Cyrulnik, que a partir das décadas de 80 e 90 começou uma intensa investigação na Universidade de 
Paris com crianças vítimas de trauma de guerra. No Brasil, destacam-se os grupos de pesquisadores 
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Instituição de ensino de pós-graduação 
no Rio de Janeiro: Fiocruz. Além, de alguns outros vários pesquisadores, espalhados por diversas 
instituições no Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 
Psicologia positiva no Brasil: uma revisão sistemática da 
literatura 
 
 
Juliana da Rosa PurezaI; Cláudia Helena Corazza KuhnII; Elisa Kern de CastroIII; 
Carolina Saraiva de Macedo LisboaIV 
IMestre em Psicologia Clínica pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - (Psicóloga Clínica em 
Consultório Particular) Porto Alegre - SP - Brasil 
IIMestre em Psicologia Clínica (em andamento) - (Psicóloga Clínica em Consultório Particular) 
IIIDoutorado em Psicología Clínica y de La Salud. - (Professora adjunta da Universidade do Vale 
do Rio dos Sinos) 
IVDoutorado em Psicologia - (Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da 
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul) 
 
 
 
RESUMO 
A Psicologia Positiva é um paradigma teórico que se encontra em expansão no Brasil. A proposta 
da Psicologia Positiva é estudar os fundamentos psicológicos do bem-estar e da felicidade, assim 
como os pontos fortes e as virtudes humanas. Para refletir sobre as produções científicas nesta 
área no Brasil, este artigo teve como objetivo apresentar uma revisão sistemática da literatura 
científica nacional em Psicologia Positiva considerando o período das primeiras publicações (anos 
90) até 2012. Utilizou-se o descritor "Psicologia Positiva" e a revisão foi realizada em bases de 
dados de publicações nacionais SciELO, BVS e BDTD. Constatou-se que houve um crescimento 
pouco expressivo e não-linear nas publicações científicas nesta área no país. Encontraram-se 
poucos estudos brasileiros que se propuseram a estudar a psicologia positiva com rigor científico, 
o que permite concluir que a produção de pesquisas brasileira nesta área ainda é limitada. Com 
relação aos construtos teóricos, observou-se que o bem-estar é o tema central da maioria dos 
estudos, e foram identificados sete diferentes instrumentos de pesquisa utilizados para avaliação 
de diferentes construtos da psicologia positiva. Foram encontrados também estudos que 
verificaram a efetividade de intervenções em Psicologia Positiva, sugerindo a aproximação nas 
áreas de psicologia clínica, da saúde e escolar. 
Palavras-chave: bem-estar; psicologia positiva; revisão sistemática. 
 
ABSTRACT 
Positive Psychology is a theoretical paradigm that is expanding in Brazil. The Positive Psychology 
proposal is tostudy the psychological fundamentals of well-being and happiness, as well as the 
strengths and human virtues. To discuss about scientific production on this field in Brazil, this 
article aimed to present a systematic review of national scientific literature about Positive 
Psychology considering the period of its initial publications until 2012. The descriptor "Positive 
Psychology" was used and the review was conducted in databases of national publications 
SciELO, BVS and BDTD. Little and nonlinear scientific publications increase was found in this 
23 
 
 
 
area. Few Brazilian studies have proposed to study positive psychology with scientific rigor, what 
allows to conclude that Brazilian research's production in this area is still limited. Considering 
the theoretical constructs, well-being was the focus of the majority of studies and seven different 
survey instruments used to evaluate different constructs of positive psychology were also 
identified. Studies that assessed the effectiveness of interventions in Positive Psychology were 
found, suggesting an approach and application in clinical, health and school psychology areas. 
Keywords: positive psychology; systematic review; welfare. 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
A Psicologia Positiva é a área da psicologia que estuda os fundamentos psicológicos do bem-
estar e da felicidade, bem como os pontos fortes e virtudes humanas (Seligman, 2011). É 
composta por três pilares essenciais, que se referem aos três níveis de atuação da psicologia 
positiva: 1) o nível básico ou subjetivo, que diz respeito ao estudo dos elementos da felicidade, 
bem-estar e outros construtos relacionados; 2) o nível individual, que diz respeito a traços e 
características individuais positivas; e 3) o nível grupal, que se refere a virtudes cívicas e 
instituições com características e traços de funcionamento positivos, que induzem os indivíduos 
à felicidade (Giacomoni, 2002; Rodrigues,2010; Seligman, 2004; Seligman & Csikszentmihalyi, 
2000). 
Um dos marcos históricos da Psicologia, fundamental para a compreensão da trajetória da 
Psicologia Positiva, é a inserção da Psicologia no mercado de trabalho devido à Segunda Guerra 
Mundial. Neste momento, a área da Psicologia começa a focar seus esforços e a sua atenção no 
sofrimento psíquico em função das demandas criadas no período pós-guerra (Seligman, 2004; 
Seligman & Csikszentmihalyi, 2000). No início da década de 70, observa-se uma explosão de 
estudos científicos acerca de problemas psicológicos, bem como do efeito negativo de ambientes 
estressores (Giacomoni, 2002). Além disto, neste momento, a área da saúde de um modo geral 
também estava sofrendo alguns processos de mudança: em 1947, a Organização Mundial da 
Saúde introduz o modelo biopsicossocial para compreensão do conceito de saúde, contrapondo-
se ao modelo biomédico vigente da época e ampliando este conceito para englobar também 
aspectos relacionados à qualidade de vida (WHO, 1947). 
Somente em 1998 que esse movimento de mudança do enfoque na ênfase do sofrimento ao 
foco na saúde começar a atingir a psicologia, com o nascimento da psicologia positiva e a 
presença de Martin Seligman na presidência da American Psychological Association (APA). 
Anteriormente a este momento, a Psicologia havia deixado de lado estudos e pesquisas acerca 
dos aspectos positivos do ser humano, considerando em suas práticas principalmente os 
aspectos relacionados ao sofrimento (Seligman & Csikszentmihalyi, 2000; Paludo, & Koller, 
2007). A proposta da Psicologia Positiva era a de que a Psicologia deveria focar na construção 
das forças do sujeito para tratar e prevenir as desordens psicológicas (Seligman, 2002). Desde 
então, diversos estudos vêm sendo realizados nessa área em temáticas como felicidade, 
otimismo, resiliência, emoções positivas, experiências de flow e, em especial, o tema do bem-
estar, que é o tema central da psicologia positiva(Seligman, 2011). 
O surgimento de estudos utilizando o termo bem-estar é identificado quando cientistas sociais e 
do comportamento começam a se interessar pelo estudo e pela pesquisa sistemática da 
felicidade, investigada através do construto de bem-estar subjetivo (Giacomoni, 2002). Porém, 
existe atualmente na literatura uma forte discussão a respeito do hedonismo característico do 
uso deste termo, que muitas vezes vincula as experiências de bem-estar apenas a experiências 
24 
 
 
 
de prazer e gratificação, desconsiderando outros aspectos da experiência de felicidade humana 
(Seligman, 2004, 2011). Em função disso, recentemente o conceito de bem-estar foi 
reestruturado a partir da Psicologia Positiva, e é compreendido a partir de cinco elementos 
fundamentais: emoções positivas, engajamento, sentido, realização e relacionamentos positivos 
(Seligman, 2011). 
No Brasil, a porta de entrada para a Psicologia Positiva ocorreu através dos estudos sobre 
resiliência, em função dos fatores de vulnerabilidade e das situações de riscos existentes no 
contexto brasileiro. O termo resiliência refere à capacidade de adaptação frente à um contexto 
de mudança, pela utilização de recursos positivos para enfrentar as adversidades (Sapienza & 
Pedromônico, 2005; Souza & Cerveny, 2006). De fato, o primeiro livro de Psicologia Positiva 
escrito por autores brasileiros intitula-se "Resiliência e Psicologia Positiva: interfaces do risco à 
proteção", e consiste em uma coletânea de dez artigos científicos escritos por 16 colaboradores 
no período de 2004 a 2006 (Dell'Aglio, Koller & Yunes, 2006). O movimento de expansão da 
Psicologia Positiva no Brasil também teve como importante marco a criação da Associação de 
Psicologia Positiva da América Latina (APPAL) em 2010, e com a realização da 1º Conferência 
Brasileira de Psicologia Positiva no Rio de Janeiro, em 2011. 
Atualmente, a Psicologia Positiva está em processo de expansão dentro da ciência psicológica e, 
se esse movimento é inicial no cenário internacional de pesquisa, mais recente é o seu 
aparecimento no Brasil (Paludo & Koller, 2007). Compreender o panorama da Psicologia Positiva 
no Brasil é importante para maior entendimento e apropriação deste paradigma pelos psicólogos 
em âmbito nacional. Dessa forma, o presente artigo teve como objetivo apresentar uma revisão 
sistemática da literatura científica nacional em psicologia positiva. 
 
MÉTODO 
A revisão sistemática de literatura realizada neste estudo utilizou as seguintes bases de dados: 
SciELO Brasil, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) Brasil, e a Biblioteca Digital Brasileira de Teses 
e Dissertações (BDTD). A SciELO é uma biblioteca eletrônica que abrange uma coleção 
selecionada de periódicos científicos brasileiros. A BVS Brasil é parte integrante da Biblioteca 
Virtual em Saúde para América Latina e Caribe, e tem por objetivo convergir as redes temáticas 
brasileiras da BVS e integrar as redes de fontes de informação em saúde. Já a BDTD é um portal 
que integra os sistemas de informação de teses e dissertações existentes nas instituições de 
ensino e pesquisa brasileiras, estimulando o registro e a publicação de teses e dissertações no 
meio eletrônico. A presente pesquisa foi realizada nas três bases separadamente, e as bases de 
dados elencadas foram escolhidas por serem consideradas bases de dados virtuais de referência 
para publicações nacionais. 
Para a realização da pesquisa foi utilizado o descritor "psicologia positiva", com o filtro de que o 
descritor deveria aparecer no título. Esse critério foi adotado para excluir estudos que apenas 
mencionavam o tema da psicologia positiva ou que foram realizadas em outras áreas do saber, 
de modo a identificar apenas os estudos da área da Psicologia que apresentavam como foco 
principal do estudo a psicologia positiva. 
Foram incluídos nesta busca todos os estudos que estivessem publicados em periódicos, revista 
especializadas ou indexados nas referidas bases de dados até setembro de 2012. Foram 
excluídos documentos que estivessem apresentados em duplicata entre as bases, cujo tema não 
contemplasse o objetivo proposto neste estudo, ou que não estivessem disponíveis no meio 
digital. A análise dos dados dos documentos indicados foi realizada através de uma ficha de 
leitura, que buscou identificar quais os conceitos teóricos utilizados, procedimentos 
metodológicos e os principais resultados dos estudos encontrados. 
Após a busca realizada, foram identificados inicialmente 34 documentos. Destes, doze foram 
excluídos por apresentarem duplicatas na revisão, dois por se tratarem de livros impressos e 
25 
 
 
 
mais um por não estar disponível na íntegra em formato digital. Dessa forma, a revisão final 
contemplou um total de dezenove documentos, sendo dezesseis artigos, uma tese de doutorado 
e duas dissertações de mestrado. O procedimento de busca de artigos adotado nesta revisão 
pode ser identificado na Figura 1. 
 
 
 
RESULTADOS 
No que se refere à quantidade de publicações observase que aparentemente o crescente 
interesse científico nesta área não está acontecendo de forma expressiva no Brasil (Aznar-Farias, 
& Oliveira-Monteiro, 2006; Barros, Martín & Pinto, 2010; Calvetti, Muller & Nunes, 2007; Cuadra-
Peralta, Fuentes-Soto, Madueño-Soza, Veloso-Besio, & Meneses, 2012; Graziano, 2005; Haase, 
Kamei, 2012; Marques, 2007; Lacerda, Lima, & Lana-Peixoto, 2005; Omar, Paris, Uribe Delgado, 
Silva Junior, & Souza, 2011; Paludo & Koller, 2007; Passareli, & Silva, 2007; Pérez-Ramos, & 
Pérez-Ramos, 2004; Pocinho &Perestrelo, 2011; Prati & Koller, 2011; Siqueira & Padovam, 2008; 
Scorsolini-Comin, 2009; Scorsolini-Comin & Santos, 2010; Scorsolini-Comin & Santos, 2011; 
Yunes, 2003). O aumento de publicações nesta área apresentou um crescimento pouco 
expressivo e não-linear, como pode ser visto na Figura 2. 
 
 
 
Com relação aos delineamentos de pesquisa utilizados, também foi observado que ainda 
encontram-se poucos estudos brasileiros que se propõem a estudar a psicologia positiva a partir 
metodologias científicas. Das publicações encontradas, treze consistiam em revisões não-
sistemáticas da literatura, e apenas seis apresentavam estudos empíricos, sendo quatro estudos 
quantitativos, um estudo qualitativo e um estudo com delineamento misto. 
É importante enfatizar que todos os documentos encontrados foram considerados para a 
avaliação da quantidade de publicações em Psicologia Positiva no Brasil, uma vez que este estudo 
também teve como objetivo analisar a frequência de publicações ao longo do tempo. Todavia, 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872012000200006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt#fig1
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872012000200006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt#fig2
26 
 
 
 
para a análise mais aprofundada dos estudos, optou-se por eleger apenas os estudos empíricos, 
uma vez que este artigo tem como principal interesse analisar a produção científica nacional da 
Psicologia Positiva. As informações referentes aos estudos empíricos analisados podem ser 
identificadas na Tabela 1. 
Com relação aos construtos teóricos pesquisados nos estudos encontrados, observou-se que o 
bem-estar é o tema central em quatro dos estudos identificados (Graziano, 2005; Marques, 
2007; Scorsolini-Comin & Santos, 2011; Scorsolini-Comin, 2009). Além disso, outros temas 
como a satisfação em determinadas áreas da vida, (laboral ou conjugal) (Cuadra-Peralta, et al., 
2012; Scorsolini-Comin, 2009), experiências de flow (Scorsolini-Comin, 2009; Kamei, 2012), 
emoções positivas (Scorsolini-Comin & Santos, 2011), saúde geral (Marques, 2007), auto-
estima (Marques, 2007), habilidades sociais (Cuadra-Peralta, et al., 2012), e felicidade (Cuadra-
Peralta, et al., 2012) também foram investigados. Os construtos teóricos identificados nesta 
revisão podem ser vistos na Figura 3.

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