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Neurologia Ana Catarina Dutra Rebelo - MEDICINA Página 1 de 3 Raciocínio diagnóstico E DF neurológico O princípio da pluralidade – a pluralidade não deve ser determinada sem necessidade. O princípio da parcimônia – não há por que fazer com mais o que pode ser feito com menos. ❖ Diagnóstico diferencial - Dois exercícios básicos 1. Onde está a lesão? 2. O que é a lesão? Destruição, liberação, irritação. Doença orgânica X doença psicogênica. ❖ Distúrbios dos hemisférios cerebrais Subcortical: hemi, hiperreflexia, reflexos patológicos, espasticidade, geralmente não há dor e nem acometimento de esfíncteres. Cortical: afasia, apraxia, astereognosia, comprometimento da discriminação entre 2 pontos, perda de memória, crises epilépticas. Núcleos da base: distúrbios de movimento (hipocinético, hipercinético, balismo, coreia, atetose etc.), parkinsonismo. Doenças do cerebelo: dificuldade de marcha, incoordenação, disartria, nistagmo, hipotonia. Tronco cerebral: decusação das pirâmides, tratos sensitivos, saída dos pares cranianos, síndromes cruzadas. Doenças do tronco encefálico: déficits cruzados, geralmente pacientes conscientes, sem confusão mental ou afasia, hiperreflexia, reflexos patológicos, dor é rara, distúrbios esfincterianos apenas se bilateral, pode haver vertigem, ataxia, disfagia, náuseas, vômitos e movimentos oculares anormais. Neuropatias cranianas: pode acometer seletivamente um ou às vezes mais de um nervo acometidos. Não há nesses casos anormalidades de tratos longos, vertigem, ataxia, sintomas semelhantes e achados característicos de doença intrínseca do tronco cerebral. Mielopatias: padrões característicos de anormalidades clínicas, com déficit motor e sensitivo em determinada distribuição. Radiculopatias: déficit motor (padrão miótomo) ou sensorial (dermátomo), diminuição do reflexo nas distribuições das raízes acometidas, dor é comum, limitação de movimento, não há reflexos patológicos, nem disfunção intestinal ou vesical. Neuropatias periféricas: predomínio distal em boa parte dos casos, perda de sensibilidade, diminuição ou ausência de reflexos, ausência de reflexos patológicos, ausência de acometimento intestinal ou vesical. Doenças de junção neuromuscular: fraqueza muscular proximal simétrica, acometimento bulbar, fraqueza flutuante. Miopatias: fraqueza proximal e assimétrica, reflexo preservado inicialmente, sem reflexos patológicos, sem perda sensitiva. Neuropatias ➢ Geralmente são distais - Células de Schawnn, células satélites: sustentação. - Raízes dorsais e ventrais. - Plexos braquial e lombrossacral. - Nervos cranianos, exceto I e II e o primeiro centímetro do VIII. - Nervos periféricos sensitivo-motores, sensitivos ou motores. - Dermátomo, miótomo. ➢ Propedêutica: 1) Avaliação clínica neurológica: síndrome e topografia 2) Eletroneuromiografia 3) Biópsia de nervo 4) Imagem: radiografia, USG, TC, RMN 5) Laboratório e análise do LCR 6) Avaliação genética ➢ SNP - Fraqueza muscular (paresia ou plegia) – mono, bi ou tetraparesia - Anestesia ou hipostesia tátil-dolorosa-térmica - Déficit proprioceptivo (cinético-postural), palestésico (vibratório) e barestésico (pressão). - Arreflexia ou hiporreflexia osteotendinosa. - Atrofia ou hipotrofia muscular - Fasciculações, câimbras Polineuropatias Sd. de Guillan-Barré Neurologia Ana Catarina Dutra Rebelo - MEDICINA Página 2 de 3 - Tetraplegia progressiva ascendente - Hipo ou arreflexia tendinosa profunda - Fase progressiva evoluindo em até 4 semanas - Distribuição simétrica - Envolvimentos de nervos cranianos, sobretudo fraqueza da musculatura facial - Pode haver alteração de sensibilidade, mas predomina a perda de força muscular - Disfunção autonômica - Infecção prévia (4 semanas): viral (IVAS) ou Campylobacter jejuni - Existe forma desmielinizante e axonal ❖ Como conduzir 1) Se houver suspeita: internar o paciente, por conta da piora que ele pode apresentar e para fazer o tratamento 2) Liquor: dissociação proteino-citológica (primeiros 7-10 dias), se houver aumento de proteína – pensar em HIV, solicitar teste 3) Eletroneuromiografia: para formas desmielinizantes ou axonais 4) Anticorpos: antigangliosídeos (anti-GM1a, anti- GQ1b, dentre outros) → Tratamento: Imunoglobulina EV 400 mg/kg/dia durante 5 dias → Plasmaférese (2 a 3L de plasma por sessão): 4 a 6 sessões ao longo de 2 semanas. → NÃO UTILIZAR CORTICOIDES POIS PODEM PIORAR O QUADRO → Não é indicado rastreamento PIDC Polineuropatia inflamatória desmielinizante crônica - Tetraparesia proximal simétrica - Hipo ou arreflexia tendinosa profunda - Déficit sensitivo distal de fibras grossas (propriocepção cinético-postural), palestesia (vibração) e barestesia (pressão) - Evolução superior a 8 semanas - O paciente pode evoluir com crises Formas não clássicas: DADS (polineuropatia desmielinizante simétrica distal) e MADSAM (Lewis- Summer – polineuropatia desmielinizante multifocal) ❖ Como conduzir 1) Análise de liquor: hiperproteinorraquia 2) RM: espassamento focal e realce do gadolíneo nas raízes nervosas ou nos plexos braquiais ou lombrossacral 3) Primeiramente pode ser confundido com Guillan-barret, assim tratamos o paciente e se evoluir por mais de 4 semanas, pensar em PIDC e assim tratar 4) Avaliar neoplasia subjacente, sobretudo hematológica – hemograma, eletroforese de proteínas, dosagens de kappa e lambda, osso – radiografia e cintilografia → Tratamento: corticoesteroides (metilprednisolona 1g/dia EV e manutenção mensal 1g/mês por 6 meses); imunoglobulina 2g/kg/5 dias e manutenção mensal 1g/kg/mês por 6 meses; plasmaférese 4-6 sessões → Imunossupressores: azatiprina, ciclofosfamida, ciclosporina, micofenolato e rituximabe → Reavaliação clínica e eletroneuromiografia após. Doença de Charcot-Marie-Tooth (CMT) - Neuropatia hereditária mais comum - Responde até 80% das neuropatias de etiologia indeterminada - Formas: CMT 1, 2, 3, 4, ligada ao X etc. - Fraqueza distal nas pernas: predomínio compartimento anterior (fibular), posteriormente, coxa e MMSS, poupa musculatura da cintura pélvica e escapular e tronco - Paciente consegue manter uma certa postura sentada - Marcha escarvante (pé caído) - Nervos periféricos espessos e palpáveis - Déficit proprioceptivo e palestésico - Arreflexia, inicialmente tornozelos (aquileu) - Piora lentamente progressiva ❖ Diagnóstico: eletroneuromiografia e avaliação genética (PNT22) - Pé cavo e dedos em martelo - “Garrafa de champagne invertida” - Histopatologia: “bulbo de cebola” – não se faz mais por conta da avaliação genética já disponível. Neuropatia diabética A: neuropatia de fibras finas Neurologia Ana Catarina Dutra Rebelo - MEDICINA Página 3 de 3 B: radiculoplexopatia C: Moneuropatia ou mononeuropatia múltipla D: Neuropatia autonômica Neuropatia craniana isolada: III nervo (oculomotor) → Tratamento: controle da glicemia → Controle da dor: duloxetina, pregabalina, gabapentina, antidepressivo tricíclico (amitriptilina), opioide (oxicodona). Mononeuropatia múltipla - Desmielinizante: doença de Hansen - Axonal: vasculites - Síndrome deficitária sensitiva-motora, distal e assimétrica 3 causas principais: diabetes, hanseníase e vasculites. Doença de Hansen - Mycobacterium leprae: bacilo álcool resistente (BAAR) - Evolução insidiosa: período pré-clínico (incubação) – média de 8 anos - Associada a formas cutâneas: virchowiana, borderine, tuberculoide - Tropismo por nervos: áreas frias (joelho, cotovelo- cubital, lobo da orelha) - Espessamento de tronco nervoso - Hanseníase neural pura: mononeuropatia múltipla; características desmielinizantes, comprometimento intrafascicular do nervo. - Anticorpo anti PGL1. Síndrome do túnel do carpo - Parestesia, hipostesia nos dedos I, II e III e metade lateral doIV - Diminuição da força na abdução do polegar - Sinal de Phalen: parestesia nos referidos dedos com postura mantida em flexão do punho - Comumente associada à atividade manual, porém há correlação com doenças sistêmicas (osteoartrose, tenossinovite, tumores, doença tireoidiana, amiloidose). ❖ Diagnóstico: 1) USG 2) Eletroneuromiografia – graduação da intensidade da lesão, fator prognóstico e de definição terapêutica (conservadora ou cirúrgica) → Tratamento: conservador – órteses (grau 1 e 2) → Cirúrgico: descompressão (grau 3 ou mais) Paralisia facial periférica Quando idiopática: paralisia de Bell - O paciente apresenta paralisia de toda uma hemiface, diferente da central que apresenta apenas desvio da rima labial em um dos lados - Fraqueza de hemiface de rápida instalação progredindo em 48h (ocasionalmente até 5 dias) - Presença de dor retroauricular na região da mastoide precedendo ou acompanhando a fraqueza - Hiperacusia - Disgueusia (gosto metálico) ❖ Etiologias 1) Idiopática 2) Síndrome de Ramsay-Hunt (varicela zoster) 3) Doença de Lyme 4) HIV (soroconversão) 5) Neoplasias 6) OMA 7) Trauma → Tratamento: corticoide – prednisolona 1mg/kg/dia por 7 dias → Prognóstico: recuperação completa ou quase completa em 85% dos pacientes entre 3 a 8 semanas → Fisioterapia
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