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Psicologia para concursos

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Giovana Dal Bianco Perlin
Brasília
2010
 2010 Vestcon Editora Ltda.
Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/2/1998. 
Proibida a reprodução de qualquer parte deste livro, sem autorização prévia expressa por escrito do 
autor e da editora, por quaisquer meios empregados, sejam eletrônicos, mecânicos, videográficos, 
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também à editoração da obra, bem como às suas características gráficas.
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www.vestcon.com.br
Publicado em 2/2010
(LPP03)
DIRETORIA EXECUTIVA
Norma Suely A. P. Pimentel
DIREÇÃO DE PRODUÇÃO
Maria Neves
SUPERVISÃO DE PRODUÇÃO
Dinalva Fernandes
EDIÇÃO DE TEXTO
Cláudia Amorim 
Reina Terra Amaral
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Ariadna Neves dos Santos
REVISÃO
Naiane B. Francischetto
CAPA
Agnelo Pacheco
Bertoni Design
Perlin, Giovana Dal Bianco.
Psicologia para concursos: Psicologia clínica. / Giovana Dal Bianco Perlin. – Brasília: Vestcon, 2010.
294 p. ; 21 cm.
ISBN 978-85-381-0389-9
1. Psicologia. 2. Psicologia Clínica I. Título.
CDU 159
A todos os profissionais de Psicologia, 
por uma real valorização e pelo reconhecimento de nossa
profissão no Brasil, principalmente no âmbito do serviço público.
À minha família, Maurício, Ariella, Manuella e Jamili.
1“Todo o poder emana do povo (...).”*
* BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Art. 1°, parágrafo único.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................17
TEORIAS DA PERSONALIDADE ..................................................................21
1. Teoria Psicanalítica Clássica – Freud ..................................................22
1.1 Estrutura ......................................................................................23
1.2 Processo .......................................................................................26
1.3 Estágios do Desenvolvimento ......................................................31
2. Teoria Centrada na Pessoa – Carl Rogers ...........................................33
2.1 Estrutura ......................................................................................34
2.2 Processo .......................................................................................34
2.3 Autoconsciência e Congruência ...................................................35
2.4 Método Clínico.............................................................................36
3. Abordagem Comportamental ............................................................39
3.1 Watson .........................................................................................40
3.2 Estrutura ......................................................................................42
3.3 Processo .......................................................................................44
3.4 Aplicação ......................................................................................48
4. Teorias Congitivas e Cognitivo-Comportamentais .............................49
4.1 Estrutura e Processo ....................................................................51
4.2 Piaget e Vygotsky .........................................................................56
4.3 Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) ...................................57
4.4 Novos Caminhos da Teoria Cognitiva ...........................................60
5. Outras Teorias da Personalidade .......................................................61
5.1 Adler ............................................................................................61
5.2 Jung e a Psicologia Analítica.........................................................62
5.3 Sullivan .........................................................................................66
5.4 Erikson – Teoria Psicossocial do Desenvolvimento ......................68
Questões de Concursos ..........................................................................70
TEORIAS E TéCNICAS PSICOTERáPICAS ..................................................83
1. Definição de Psicoterapia ..................................................................83
2. Modelo Básico de Condução .............................................................84
3. Tipos de Psicoterapia .........................................................................85
3.1 Abordagens Comportamental e Cognitiva ..................................85
3.2 Abordagens Psicanalíticas ...........................................................94
3.3 Abordagem Humanista-Existencial............................................102
3.4 Psicodrama ................................................................................108
3.5 Abordagens Sistêmicas ..............................................................110
Questões de Concursos ........................................................................112
PSICOPATOLOgIA .....................................................................................121
1. Termos Classificatórios ou Descritivos Importantes ........................121
2. Classificação e Descrição das Psicopatologias .................................126
2.1 Transtornos Geralmente Diagnosticados pela Primeira vez
 na Infância ou Adolescência ......................................................127
2.2 Delirium, Demência, Transtorno Amnéstico e Outros
 Transtornos Cognitivos ..............................................................134
2.3 Transtornos Relacionados a Substâncias ...................................135
2.4 Esquizofrenia e Outros Transtornos Psicóticos ..........................136
2.5 Transtornos do Humor ..............................................................139
2.6 Transtornos de Ansiedade .........................................................141
2.7 Transtornos Somatoformes .......................................................143
2.8 Transtorno Factício ....................................................................144
2.9 Transtornos Dissociativos ..........................................................145
2.10 Transtornos Sexuais e da Identidade de Gênero .....................146
2.11 Transtornos Alimentares ..........................................................148
2.12 Transtornos do Sono ................................................................149
2.13 Transtornos do Controle dos Impulsos não Classificados
 em Outro Local ........................................................................149
2.14 Transtornos de Ajustamento ....................................................150
2.15 Transtornos da Personalidade .................................................151
2.16 Transtornos dos Movimentos Induzidos por Medicamentos ...152
2.17 Problemas de Relacionamento ................................................152
2.18 Problemas Relacionados ao Abuso ou Negligência .................153
2.19 Condições Adicionais que Podem ser um Foco de
 Atenção Clínica ........................................................................153
Questões de Concursos ..........................................................................154
AVALIAÇÃO PSICOLógICA ......................................................................169
1. Psicodiagnóstico ..............................................................................170
1.1 Processo ....................................................................................174
1.2 Enquadramento.........................................................................175
1.3 Técnicas e Instrumentos ............................................................176
Questões de Concursos ........................................................................177
2. Técnicas de Entrevista......................................................................179
2.1 Sequência Temporal das Entrevistas Diagnósticas .....................182
2.2 Enquadre ...................................................................................184
3. Anamnese ........................................................................................186
4. Testes Psicológicos ...........................................................................189
4.1 Critérios para a Utilização dos Testes Psicológicos ....................190
4.2 A Escolha do Teste .....................................................................191
4.3 A Aplicação do Teste ..................................................................199 
4.4 Classificação de Testes...............................................................200
4.5 Inventários, Técnicas Projetivas, Técnicas Gráficas ....................205
5. Testes Psicomotores ........................................................................212
5.1 Teste Gestáltico Visomotor de Bender ......................................212
5.2 Bateria Piaget-Head ...................................................................213
Questões de Concursos ........................................................................213
APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS, LAUDOS E RELATóRIOS ................219
1. Manual de Elaboração de Documentos Decorrentes de
 Avaliações Psicológicas ....................................................................219
Questões de Concursos ........................................................................233
PSICOTERAPIA Em CONTEXTOS E PRObLEmAS ESPECífICOS ............239
1. As Várias Aplicações da Psicoterapia ...............................................239
2. Variação dos Prazos Conforme os Objetivos e as Diferenças
 Individuais ........................................................................................240
3. Tipos de Psicoterapia e Alguns Problemas Específicos ....................241
4. Psicoterapia Breve: Diagnóstico, Técnicas e Tratamentos ................243
4.1 Diagnóstico ................................................................................244
4.2 Técnicas .....................................................................................245
4.3 Tipos de Intervenção Verbal do Terapeuta ................................245
4.4 Tratamento ................................................................................246
5. Tratamento de Dependências Químicas ..........................................248
5.1 Sintomas ....................................................................................249
5.2 Delirium Tremens.......................................................................250
5.3 Diagnóstico ................................................................................251
5.4 Tratamento ................................................................................253
TRAbALhO Em EqUIPES mULTIDISCIPLINARES ...................................257
1. O Psicólogo na Equipe de Saúde ......................................................260
éTICA PROfISSIONAL ...............................................................................263
Questões de Concursos ........................................................................280
RESOLUÇõES DO CONSELhO fEDERAL DE PSICOLOgIA......................283
Questões de Concursos ........................................................................285
gAbARITO .................................................................................................287
REfERÊNCIAS bIbLIOgRáfICAS .................................................................291
APRESENTAÇÃO
Olá, caros companheiros de caminhada e colegas de profissão! 
Antes de começarmos com o método tradicional para passar em concur-
so – muito estudo – gostaria de oferecer algumas sugestões para a constru-
ção de um percurso mais saudável de estudo voltado para o sucesso que, em 
nosso caso, significa a aprovação.
De fato, o concurso representa uma oportunidade muito grande de êxito 
para o profissional da Psicologia, tanto em termos de estabilidade profissio-
nal e de ambiente de trabalho, quanto de uma boa recompensa remunerató-
ria. Para que esta conversa seja rápida, apresento para vocês alguns tópicos 
que podem cooperar para a melhor utilização deste material de estudo e, 
então, para a esperada conquista.
Estudar Psicologia, principalmente Psicologia Clínica, implica ampliar mui-
to nosso conhecimento geral sobre essa área. Todos sabemos que não existe 
hoje referência a uma Psicologia, mas, sim, a muitos fazeres psicológicos e 
teorias psicológicas. Na nossa profissão, geralmente sabemos muito sobre a 
abordagem teórica que utilizamos em nossa prática. Mas, em se tratando de 
concursos públicos, vamos precisar saber além do nosso conhecimento apli-
cado. Pessoalmente, analiso o quão problemática é a visão sobre a Psicologia 
Clínica ao observar uma prova de concurso. Na verdade, uma prática coerente 
utiliza uma abordagem teórica para fundamentar a avaliação ou diagnóstico 
e a psicoterapia. Mas vocês verão que, nas provas, várias teorias e diferentes 
formas de entender os fenômenos psicológicos são abordadas. Muitas vezes, 
são feitas referências a teóricos pouco conhecidos ou conhecidos apenas por 
uma abordagem teórica específica, o que pode dificultar um pouco o estudo. 
Nesse sentido, vocês precisam, para se destacarem nas primeiras posições, 
saber o máximo em termos gerais. Infelizmente, as vagas para psicólogos são, 
ainda, escassas, girando em torno de uma a quatro vagas por concurso. Assim, 
estar entre os primeiros é uma prioridade. Por outro lado, vários órgãos estão 
incluindo o cargo de psicólogo nos seus quadros. Isso é notório nos últimos 
anos.
Sei que os colegas devem estar pensando que é muito conteúdo... E para 
nós, psicólogos, é mesmo! Isso porque não há uma Psicologia, mas ciências 
psicológicas, e é claro que cada um de nós se voltou mais para uma área ou 
abordagem que para outra. E isso é até lógico e coerente, conforme já dis-
cutimos. Mas infelizmente o processo seletivo para o serviço público ainda 
apresenta muitos problemas e, para nós, o problema se mostra dramático 
quando exige que conheçamos detalhes de várias abordagens. Mas vamos 
tentar organizá-las de modo que tenhamos condições de responder às ques-
tões apresentadas. E, em concursos, esqueçam a ideia de que a Psicologia 
não pode ser objetiva!
Outra questão que gostaria de esclarecer é que estamos longe, mas es-
tamos próximos. Isso significa que, já que nosso objetivo não é a excelência 
acadêmica, mas, sim, o alcance de um resultado positivo em instrumentos de 
avaliação de conhecimento, vou utilizar uma linguagem bem acessível e que 
possibilite que, mesmo que estejamos a distância, vocês possam sentir que 
estamos próximos. Assim, utilizo constantemente a primeira pessoa e chamo 
vocês para brincadeiras e reflexões de simples visualização. Procurei, duran-
te o livro, apresentar exemplos acessíveis, pois como já discutido, diante da 
variedade de posturas teóricas adotadas na Psicologia Clínica, um colega que 
trabalhe com a orientação psicanalítica pode nem se lembrar mais da abor-
dagem comportamental.
Ainda é importante recomendar que leiam, façam os exercícios e escolham 
algum material extra que é indicado ao final de cada tema. Algumas pessoas 
aprendem melhor ou retêm melhor o conteúdo quando lançam mão de instru-
mentos diferentes de aprendizado. Assim, se você gosta de filmes, assista aos 
filmes... Se você prefere ler, leia a leitura adicional. Como o objetivo é um con-
curso, vamos condensar o conteúdo de forma a ver uma boa parte do que geral-
mente é cobrado nas provas para nossa área. Para se aprofundarem no conteúdo, 
leiam os textos sugeridos. Em um livro como este, é quase impossível – ou mesmo 
improdutivo – esgotar todas as possibilidades de todos os editais. 
Mas, sem dúvida, vamos abordar a maioriados temas mais cobrados, 
dando subsídios para que vocês possam resolver as questões de forma mais 
segura e com um conhecimento amplo dos temas.
Agora, mãos à obra!
Grande abraço!
Giovana Perlin
INTRODUÇÃO
De acordo com o dicionário Houaiss, a palavra ‘clínica’ deriva do grego 
klinikê que significa, de forma geral, “cuidados médicos a um doente acamado”. 
Tradicionalmente, quando se fala em clínica, se faz referência a doença, diag-
nóstico e tratamento, o que nos remete à origem da clínica psicológica: o 
modelo médico. Essa origem não causa estranhamento, já que um dos teó-
ricos considerados por muitos como “pai da Psicologia”, Freud, era médico. 
A Psicologia Clínica adotou um formato similar ao modelo médico quanto 
ao manejo das doenças mentais e/ou psicológicas, sendo herdeira direta da 
Psiquiatria.
Segundo Schneider (2002) 
O método clínico foi pensado como sendo o levantamento e a análise 
de fatos através da observação, de entrevistas e da análise das pro-
duções do sujeito. A atividade fundamental que embasa o trabalho 
psicológico e que viabiliza os objetivos citados é o diagnóstico, que é 
considerado a característica central do trabalho clínico.
A definição de Psicologia Clínica é controversa, assim como é a própria 
definição de Psicologia. Se tradicionalmente a clínica tem sido vista como um 
espaço para o diagnóstico e cura do indivíduo em sofrimento psíquico, atu-
almente ela passa a ocupar mais espaços de atuação. Hoje a clínica se volta 
para questões sociais e contextuais, não apenas focando a pessoa que está 
em atendimento, mas toda a sua história e seu contexto social. Por exemplo, 
ao lidarmos com um casal na clínica psicológica, não entendemos mais a falta 
de intimidade apenas sob a perspectiva de um problema localizado em um 
dos cônjuges. A avaliação é ampliada para a rotina do casal: os dois trabalham 
fora em tempo integral? Têm filhos? Fazem cursos de educação continuada? 
PSICOLOGIA PARA CONCURSOS: PSICOLOGIA CLÍNICA
18
Se a resposta for positiva, o olhar da clínica ultrapassa os campos individuais 
e se lança para os contextos. Um casal na pós-modernidade pode encontrar 
problemas além-subjetividade para criar ou manter espaços para o desenvol-
vimento da intimidade. A ampliação da clínica é discutida por Dutra (2004)
É nesta direção que se percebe o crescimento de uma tendência na 
Psicologia Clínica, a qual se centraria na ênfase de uma concepção de 
subjetividade resultante de uma construção social e histórica. Assim, 
modifica-se a noção de sujeito e, com ela, a postura diante do ato clí-
nico. Tal movimento em direção ao contexto social constitui-se num 
movimento teórico-metodológico até então pouco pensado no âmbito 
da Psicologia Clínica tradicional. E surge da necessidade de construção 
de um saber que reflita, também, a realidade brasileira, e que possa 
problematizar as práticas até então ainda não pensadas na dimensão 
sociocultural.
No entanto, podemos sintetizar que a Psicologia Clínica define-se, 
inicialmente, como um método, na medida em que postula a avaliação e o 
diagnóstico da situação e da história do sujeito concreto que demanda sua 
atuação. Esse método inclui ferramentas ou tecnologias de mudança de um 
estado atual para um outro desejado ou mais saudável.
Por outro lado ela se circunscreve em termos de uma área de atuação, 
seja em uma perspectiva individual e/ou grupal (famílias, equipes de traba-
lho etc.). E, ainda, se coloca como uma área de produção de conhecimento, 
ao ter como função, a partir da realização de pesquisas ou da sua prática, a 
elaboração de teorias e concepções acerca da realidade psicossocial e dos 
sujeitos nela inseridos, estejam em situação de sofrimento psíquico ou não.
Independentemente do tipo de atividade realizada ou do cliente/
paciente a ser tratado, é fundamental que a clínica psicológica seja pauta-
da numa base epistemológica e metodológica coerente. Isso significa que 
o entendimento acerca da realidade, do mundo e da pessoa devem estar 
alinhados à perspectiva teórica que, por sua vez, é a base para o diagnós-
tico e a intervenção ou, no caso da pesquisa, a compreensão e análise de 
fenômenos. 
Assim, o psicólogo deve estar atento para a coerência entre três pilares:
– a base epistemológica;
– a base teórica;
– a base metodológica.
INTRODUÇÃO
19
Um bom psicólogo clínico tem, alinhadas e coerentes, as respostas 
para quatro questões:
1) O que é a realidade e como a acessamos?
2) Quem é a pessoa?
3) O que é a doença ou problema?
4) Qual é a cura ou resolução e como promovê-la?
Responder a essas questões é o ponto de partida para uma clínica psi-
cológica coerente e pautada no método científico. De forma geral, essas res-
postas se encontram no que chamamos de teorias psicológicas. 
As teorias psicológicas são o ponto de partida para a ação em Psicolo-
gia. Isso porque é preciso todo um arcabouço explicativo e/ou compreensivo 
para lidar com os fenômenos psicológicos. Por exemplo, se utilizamos a teoria 
psicanalítica para compreender um fenômeno psicológico, tomamos por pon-
to de partida que as pessoas nascem com potencial para serem agressivas ao 
defender os seus desejos e vontades. Isso implica que existe a necessidade de 
regras e limites para que ela se adéque à vida em sociedade. Já se adotamos 
a perspectiva behaviorista, vamos partir da ideia de que a pessoa nasce e vive 
tentando se adaptar ou responder ao ambiente, ou seja, não é naturalmente 
agressiva, mas pode vir a ser caso configure uma necessidade para se adaptar 
melhor a um ambiente. Nesse sentido, ao lidar com um caso de adolescente 
violento com os colegas, certamente vamos nos apoiar em nossa perspectiva 
teórica, que irá explicar então o comportamento de forma diferente e, por 
consequência, irá conduzir a uma terapêutica de forma coerentemente di-
ferente. No caso da abordagem comportamental, o psicólogo realizaria uma 
análise do comportamento e seguiria com estratégias para adequar o com-
portamento da pessoa. No caso do psicanalista, ele seguiria com uma análise, 
com uma escuta diferenciada e com foco na relação transferencial.
A maior parte das teorias psicológicas se originou da tentativa de en-
tender a personalidade das pessoas. E é disto que trata o capítulo seguinte: 
teorias da personalidade.
Assim, iremos neste livro começar por uma exposição geral das prin-
cipais teorias explicativas da personalidade. Depois, iremos discutir teorias 
psicológicas que não necessariamente se detiveram em compreender a 
personalidade, mas que possuem um peso importante para a compreensão 
dos fenômenos psicológicos e desenvolveram método para lidar com eles. 
PSICOLOGIA PARA CONCURSOS: PSICOLOGIA CLÍNICA
20
Junto com as teorias, vamos apresentar as principais técnicas e métodos en-
volvidos nas psicoterapias que derivam das teorias.
A seguir, entramos em temas da clínica psicológica que são recorren-
tes em concursos para psicólogo: psicopatologia, psicodiagnóstico e avalia-
ção psicológica. Em psicopatologia veremos os descritores do DSM-IV para 
as principais psicopatologias e discutiremos os principais sintomas. Em psico-
diagnóstico e avaliação psicológica, veremos um pouco de psicometria e as 
principais tecnologias dentro de medidas em Psicologia e dentro de avaliação 
psicológica que são autorizadas pelo CFP.
Finalmente, estudaremos a psicoterapia em contextos e problemas 
específicos. Terapia breve, conjugal e familiar, alcoolismo e abuso de substân-
cias estão entre os temas que serão abordados.
Assim, terminaremos o primeiro volume da série Psicologia para Con-
cursos, entendendo ser uma tarefa desafiadora diante da amplitude de pos-
sibilidades de atuações em Psicologia ou, melhor falando, nas ciências psico-
lógicas.
TEORIAS DA
PERSONALIDADE
Todos nós, em um momento ou outro da vida, já ouvimos ou proferi-
mos a frase: “essa menina tem personalidade forte, né?!” Quando falamos 
isso, normalmente, nos referimos a um conjunto de características da pessoa 
que a tornam únicaou que a tornam parecida com outras pessoas. O con-
ceito de personalidade não é muito diferente do senso comum. Para Pervin 
e John (2004, p. 23), “a personalidade representa aquelas características da 
pessoa que explicam padrões consistentes de sentimentos, pensamentos e 
comportamentos”. Isso quer dizer que existe certa regularidade ou consistên-
cia em nossos comportamentos ou forma de existir que faz com que possa-
mos encontrar comunalidades e diferenças entre as pessoas.
A questão da comunalidade e da diferença é importante, pois só fa-
lamos em tipos e testes de personalidade porque podemos comparar, por 
meio de teorias e/ou instrumentos, uma personalidade com outra, criando 
grupos parecidos e diferentes de personalidades. Assim, podemos dizer que 
uma pessoa tem a personalidade mais “forte” do que a outra porque realiza-
mos uma comparação entre conjuntos de características psicológicas de uma 
pessoa e outra ou um grupo.
Mas qual é a base ou a referência para a realização da comparação? Ou 
seja, o que é uma personalidade forte e uma fraca? Ou mesmo, o que é uma 
personalidade normal? Essas questões são relevantes, pois nos remetem à 
importância das teorias da personalidade. As teorias é que nos dão suporte 
na tarefa de comparar ou tipificar as personalidades.
Entre as tantas teorias da personalidade que fazem parte das ciências 
psicológicas, optei por apresentar as mais conhecidas e as que mais têm apa-
recido em concursos. As teorias tentam explicar o “o quê”, o “como” e o “por-
quê” do funcionamento psicológico humano. Cada teoria vai apresentar suas 
proposições sobre a estrutura da personalidade, ou seja, seus aspectos mais 
PSICOLOGIA PARA CONCURSOS: PSICOLOGIA CLÍNICA
22
estáveis e duradouros, e sobre processo e funcionamento, referindo-se aos 
aspectos motivacionais da personalidade.
É importante que ao estudarmos uma teoria da personalidade tenha-
mos em mente que o autor da obra se baseou em uma visão de mundo ou de 
realidade para realizar suas observações e para construir suas problematiza-
ções e conclusões. Em linhas gerais, atentar para esses aspectos, que podem 
ser entendidos como a base em que a teoria foi gestada, é atentar para os 
aspectos epistemológicos da teoria. 
Campbell, Lindzey e Hall, em seu livro Teorias da Personalidade, agru-
pam as teorias psicológicas em quatro grandes famílias que compartilham de-
terminadas características de base. São elas as abordagens psicodinâmicas, 
que focalizam a motivação inconsciente e os conflitos internos resultantes; as 
teorias estruturais, que se concentram nas diferentes tendências comporta-
mentais dos indivíduos; as perspectivas experienciais, que se concentram na 
forma como as pessoas experienciam o seu mundo e percebem a realidade; 
e as teorias da aprendizagem, que estudam mais os processos de desenvolvi-
mento dos comportamentos do que as resultantes deles.
1. TEORIA PSICANALÍTICA CLÁSSICA – FREUD
A teoria psicanalítica clássica é considerada a origem das abordagens 
psicodinâmicas. Uma das abordagens mais usadas no Brasil, na Argentina e 
na França, possui mais de 100 anos de utilização e frequentemente se apre-
senta como conteúdo de concursos na área de Psicologia Clínica. 
Um primeiro ponto sobre a orientação psicanalítica é que raramente 
nas provas de concursos encontramos referência a Lacan. Assim, vamos abor-
dar neste livro apenas a abordagem clássica, ou seja, freudiana. Ao contrário 
do que ocorre com Lacan, Freud tem comparecido sem falta aos certames.
A teoria psicanalítica da personalidade quebrou muitos tabus na sua 
época. Um dos maiores foi o que comumente conhecemos como “a terceira 
decepção da humanidade”. Depois que tivemos de reconhecer que a Terra 
não era o centro do universo (Nicolau Copérnico) e, ainda, que não éramos, 
como pensávamos, fruto de uma criação inspirada, mas simplesmente des-
cendentes de um mesmo ancestral do macaco (ideias da teoria da evolução 
das espécies, de Darwin), Freud apresenta a postulação de que “o eu não é 
dono do seu próprio nariz”. Ou seja, no inconsciente ocorre uma série de 
processos sobre os quais não temos controle e que, mesmo assim, tomam 
TEORIAS DA PERSONALIDADE
23
grande espaço em nossas vidas. Comecemos a falar aqui sobre os fundamen-
tos estruturais da teoria psicanalítica clássica.
1.1 Estrutura
Inicialmente Freud postulou o que ficou conhecido como a primeira 
tópica ou formulação sobre a estrutura da personalidade. Para Freud a vida 
psíquica poderia ser descrita com relação ao grau em que estamos conscien-
tes dos fenômenos, apresentando as seguintes estruturas psíquicas: 
1) consciente: pequena parte da mente, incluindo tudo aquilo de que 
estamos cientes num dado momento;
2) pré-consciente: parte do inconsciente que pode facilmente tornar-se 
consciente. As porções da memória que são facilmente acessíveis 
fazem parte do pré-consciente. Elas podem incluir lembranças de 
ontem, as ruas onde moramos, certas datas comemorativas, nos-
sos alimentos prediletos, o cheiro de certos perfumes e uma gran-
de quantidade de outras experiências passadas. O pré-consciente é 
como uma vasta área que abriga as lembranças das quais a consci-
ência precisa para desempenhar suas funções;
3) inconsciente: como o próprio nome já diz, aqui estão elementos não 
lembrados, instintivos – que nunca foram conscientes e que não são 
acessíveis à consciência – e conteúdos que foram excluídos da cons-
ciência, censurados e reprimidos. De acordo com Freud este material 
não é esquecido ou perdido, e, sim, impedido de ser lembrado. Apesar 
de não serem acessíveis à consciência, continuam influenciando nosso 
comportamento de maneiras diferentes, sem que tenhamos “ciência” 
disso e sem que apresentem qualquer lógica predeterminada, nem 
mesmo em relação ao tempo. De acordo com Freud (2006, p. 123-198)
aprendemos pela experiência que os processos mentais inconscientes 
são em si mesmos atemporais. Isso significa em primeiro lugar que não 
são ordenados temporalmente, que o tempo de modo algum os altera, 
e que a ideia de tempo não lhes pode ser aplicada. 
 Para Freud a maior parte da mente é inconsciente. Ali estão os prin-
cipais determinantes da personalidade, as fontes da energia psíqui-
ca, as pulsões e os instintos.
Vamos ver como esse conteúdo já foi explorado em concurso.
PSICOLOGIA PARA CONCURSOS: PSICOLOGIA CLÍNICA
24
1. (FCC/TRE-SE/Psicologia/2007) Sigmund Freud partiu da premissa de que há 
conexões entre todos os eventos mentais. Quando um pensamento ou sen-
timento parece não estar relacionado aos pensamentos e sentimentos que 
o precedem, as conexões estão no inconsciente. No inconsciente estão ele-
mentos instintivos, que nunca foram conscientes e que não são acessíveis à 
consciência e, também, material que foi excluído
a) da vida cotidiana, sublimado e expresso.
b) da psique, digerido e acomodado.
c) do pré-consciente, tornando-se consciente.
d) do mundo instintivo, emergindo na esfera mental consciente.
e) da consciência, censurado e reprimido.
2. (Cespe/PM-AC/2007) Freud define o inconsciente como um fenômeno positi-
vo, isto é, que é dado diretamente à observação.
Comentário
Como vimos, o inconsciente não é acessível, muito menos observável. E lembrem-se de 
que um dos postulados mais importantes de Freud foi acerca da natureza misteriosa e 
“velada” da psique humana.
Depois dessa formulação – importante lembrar que ela se chama pri-
meira tópica – Freud resolve revisar esse modelo topográfico do aparelho 
psíquico (topográfico porque ele o dividiu em locais ou lugares) e criou um 
modelo funcional, em que cada elemento possui uma responsabilidade, ape-
sar de interagirem e influenciarem um ao outro. Para a segunda tópica a es-
trutura do aparelho psíquico é formada, então, por três elementos:
Id: representa a fonte de toda a energia pulsional. Imaginem um bebê 
mimado, que quer as coisas na hora em que dá vontade, independentemente 
de haver possibilidade ou não de se realizar o seu desejo. Como é um bebê,também não tem noção de perigo, de tempo, de responsabilidade, de moral 
ou bons costumes: ele quer e pronto! Esse é o id. Ele é movido pelo que se 
denomina princípio do prazer. Quer sentir essa realização – ou satisfação da 
necessidade que levará ao prazer – independentemente de qualquer outra 
coisa. O id corresponde ao Inconsciente da primeira tópica. Ele abriga as pul-
sões de vida, ou sexuais, e de morte, ou agressivas, que são as energias bási-
cas que nos fazem funcionar. 
Vamos ver a forma como a FCC já abordou isso.
TEORIAS DA PERSONALIDADE
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3. (FCC/TJ-PE/Analista Judiciário/Psicólogo/2007) Segundo Freud, o id é a parte 
fundamental da personalidade, fonte de
a) todas as energias instintivas e que assim fornece o dinamismo de base à 
personalidade.
b) matizes afetivos e pejorativos que representa um mecanismo patológico.
c) energias subconscientes que atuam diretamente no estabelecimento do 
material do superego.
d) forças semiconscientes que atuam no desenvolvimento da personalidade.
e) energias que detém a ideia inaceitável no plano social.
Então, já sabemos que no id estão as fontes de energia para nosso 
funcionamento psíquico, tanto as de vida quanto as de morte ou agressivas 
(também chamadas de energia de destruição). Vejam outra questão que fala 
das energias (atentem para a possibilidade de aparecerem termos como ins-
tintos, pulsões ou energias como sinônimos).
4. (FCC/MPE-PE/Psicólogo/2006) Freud concluiu que os instintos ativos em todo 
o aparelho psíquico podiam ser divididos em dois grupos: os instintos de
a) amor e ódio.
b) prazer e indução. 
c) vida e destruição.
d) razão e emoção.
e) ação e reação.
Comentário
Nessa questão eles utilizaram o termo destruição para o instinto de morte, a fim de difi-
cultar o entendimento.
Superego: é o oposto do id. Enquanto o id – como um aluno me disse 
em aula – é “sem noção”, o superego opera para controlar nosso compor-
tamento de acordo com as regras da sociedade. Ele pode acionar mecanis-
mos de recompensa quando, de acordo com ele, estamos indo bem ou nos 
comportando bem (orgulho, sentimento de sucesso e amor-próprio), como 
pode acionar mecanismos punitivos quando nos comportamos mal (culpa, 
sentimento de inferioridade). O superego é um mecanismo de controle que 
PSICOLOGIA PARA CONCURSOS: PSICOLOGIA CLÍNICA
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se desenvolve com base na educação que recebemos em cultura. Pode ser 
mais rígido – pessoas que são extremamente críticas consigo, perfeccionis-
tas – ou flexível – capacidade de tolerar o erro, de perdoar a si e aos outros.
Ego: pobre do ego... Também chamado de eu, ele fica no meio destes 
dois – um que é “muito louco” e o outro que é extremamente tradicional – 
tentando manter a pessoa no nível da realidade. Sua função – lembremos que 
são estruturas funcionais – é expressar e satisfazer os desejos do id de acordo 
com a realidade (avaliando as possibilidades e a viabilidade de determinada 
vontade) e as demandas do superego. Se o id funciona segundo o princípio 
do prazer, o ego opera conforme o princípio da realidade. Na verdade, o ego 
é uma espécie de gestor da estrutura psíquica, pois tenta atender ao id e ao 
superego, dentro de avaliações de relação custo-benefício e dentro dos re-
cursos e possibilidades da realidade. Para isso ele utiliza diversas estratégias, 
mas sua autonomia é relativamente pequena, pois ele tem de dar conta da 
tarefa muitas vezes sem recursos. 
Freud descreveu o ego como uma parte do id que, por influência do 
mundo exterior, teria se diferenciado. É como se, ainda muito pequenos, ti-
véssemos somente o id, com suas necessidades advindas de resquícios instin-
tuais e, no contato com a realidade, fôssemos moldando uma parte do id até 
que se “transformasse” em ego. 
Vamos ver uma questão?
5. (FCC/MPE-PE/Psicólogo/2006) Freud, o primeiro em assinalar a existência de 
um “ego”, encara essa instância como o resultado de um processo repetido 
de transformações das tendências inconscientes mais superficiais, em con-
tato com a realidade exterior, e graças à intervenção da percepção
a) aderente.
b) inconsciente.
c) presente. 
d) consciente.
e) pré-consciente. 
1.2 Processo
Falamos de forma geral sobre a estrutura do aparelho psíquico para a 
psicanálise. Passemos agora para o processo. Falar apenas da estrutura não 
TEORIAS DA PERSONALIDADE
27
é o bastante. Afinal, se temos uma estrutura como um carro, por exemplo, 
além das rodas, lataria, motor etc., há algo que faz com que tudo isso funcio-
ne: o combustível. Freud era um médico, mas antes disso era um fisiologis-
ta aplicado. Isso explica, em parte, os caminhos pelos quais foi organizando 
seu pensamento. Para Freud o que fazia a estrutura psíquica funcionar era 
a circulação dos instintos ou energias de vida (sexuais ou libido) e de morte 
(agressivas), a partir das mesmas leis que regem outros sistemas energéticos. 
Isso implica que a energia pode ser alterada e transformada, mas, essencial-
mente, ainda é a mesma energia circulando. 
Essa energia pode ser investida em algo ou alguém, da mesma forma 
como quando temos um montante de dinheiro e investimos 60% em ações 
da Petrobrás. Sobram apenas 40% para outras coisas. Compreender a movi-
mentação de energia dessa forma implica ter um entendimento econômico 
do processo psíquico. A esse investimento de energia sexual – libido – Freud 
chamou catexia, que tem sido entendida como o próprio desejo.
Catexia é o processo pelo qual a energia libidinal disponível na psique é 
vinculada ou investida na representação mental de uma pessoa, ideia 
ou coisa. A libido que foi catexizada perde sua mobilidade original e 
não pode mais mover-se em direção a novos objetos. Está enraizada 
em qualquer parte da psique que a atraiu e segurou.1
Vamos a mais questões?
6. (FCC/MPE-PE/Psicólogo/2006) O ego vincula a energia às expressões psíqui-
cas de objetos externos, cuja vinculação é denominada
a) projeção.
b) acomodação
c) regulação.
d) transferência. 
e) catexe. 
7. (FCC/MPE-PE/Psicólogo/2006) Freud denominou de Metapsicologia o seu 
sistema não inteiramente formulado de investigação de todo o processo psí-
quico sobre três aspectos: dinâmico, topográfico e
1 Disponível em: <http://gballone.sites.uol.com.br/freud.html>.
PSICOLOGIA PARA CONCURSOS: PSICOLOGIA CLÍNICA
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a) fenomenológico. 
b) econômico. 
c) espiritual.
d) sexual.
e) reacional. 
Na mesma linha de pensamento, Freud sinalizava que todo o compor-
tamento é determinado pelo aparelho psíquico e daí vem aquela história de 
que “nada é por acaso”, ou de que “nos sabotamos” sem saber, entre outras 
expressões que nos remetem a um determinismo psíquico. Determinismo 
psíquico refere-se ao fato de que, para Freud, todos os eventos psíquicos e 
comportamentais podem ser explicados e compreendidos com a análise do 
histórico de vida da pessoa. Assim, o desenvolvimento dela vai depender de 
como percebeu o mundo e como experienciou e absorveu as experiências. 
Vejam como a FCC cobrou isso. 
8. (FCC/MPE-PE/Psicólogo/2006) Freud utilizou a expressão “determinismo psí-
quico” para refutar as teorias psicológicas de faculdades e tipos, que susten-
tavam o caráter genérico, na espécie, das características e traços predomi-
nantes do comportamento. Freud assinalou que o comportamento humano 
é uma função de motivações
a) determinantes.
b) causais.
c) frustradas pela não satisfação de necessidades.
d) emocionais.
e) provocadas pela ação de regulação do sistema psíquico e cinestésico. 
9. (FCC/TRE-SP/Analista Judiciário/Psicologia Clínica/2004) Sigmund Freud ini-
ciou seu pensamento teórico assumindo que não há nenhuma descontinui-
dade na vida mental, já que acreditava que nada ocorre ao acaso, muito 
menos os processos mentais. Denominou esse processo de
a) elaboração mental.
b) processos inconscientes.
c) instintos básicos.
d) id.
e) determinismo psíquico.
TEORIAS DA PERSONALIDADE
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Na dinâmica do funcionamento já vimos que a energia, ou instinto, 
não se dissipa por si: se não for expressada é transformada,“dividida”, desvia-
da, mas continua ali alimentando a estrutura. A interação entre a expressão e 
a inibição de instintos forma as bases dos aspectos dinâmicos da teoria psica-
nalítica, ou seja, há uma enorme mobilidade de instintos no funcionamento 
psíquico. De acordo com Pervin e John (2004, p. 23), a chave para toda essa 
dinâmica ou mobilidade é o conceito de ansiedade. Aliás, ansiedade é algo 
que conhecemos muito bem em se tratando de concursos.
Para Freud ansiedade é uma experiência emocional dolorosa que re-
presenta uma ameaça ou um perigo para a pessoa. Pode ser desencadeada 
por algum estímulo físico ou externo, como a sede ou o trânsito caótico, como 
pode ser a repetição de uma experiência dolorosa ou traumática do passado. 
Dificilmente a pessoa consegue localizar a origem da ansiedade. Como a an-
siedade é um processo constante, as pessoas desenvolvem mecanismos de 
defesa contra a ansiedade. E aí nós comemos demais, sofremos o famoso 
“apagão” na hora da prova etc.
Vejamos rapidamente os principais mecanismos de defesa que foram 
postulados por Freud:
1) projeção: o que é interno e inaceitável é projetado para fora da 
pessoa e é então considerado externo. Vocês já assistiram ao filme 
Carrie, a Estranha? Nesse filme a mãe da Carrie acha que a garota só 
pensa em se encontrar com rapazes... A pobre da Carrie nem esta-
va pensando nisso... Quem estava? A mãe! Como a sexualidade era 
algo insuportável para ela, o ego se defendeu projetando na filha 
desejos que eram dela, mas que ela não poderia suportar.
2) negação: é a própria não aceitação da realidade. Uma forma de ne-
gação é a exposição de pessoas ao contato com o HIV e outras DSTs 
ou mesmo a gravidez. Aquele pensamento “ah... não vai acontecer 
comigo...” é um mecanismo de defesa diante da exposição direta ao 
risco. Importante ressaltar que a negação não é necessariamente 
negativa. Em algumas situações, principalmente quando ela é adap-
tativa, pode constituir recurso para superar eventos extremamente 
traumáticos.
3)	formação	reativa: se caracteriza pela adoção de uma atitude de sen-
tido oposto a um desejo que tenha sido recalcado, constituindo-se, 
então, numa reação contra ele. Um exemplo é a mãe que possui 
PSICOLOGIA PARA CONCURSOS: PSICOLOGIA CLÍNICA
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desejos recalcados de violência contra o filho e o superproteje, ou 
seja, cuida de forma exacerbada.
4) racionalização: o comportamento é interpretado de forma que pa-
reça razoável e aceitável, mas suas motivações estão ocultas, ina-
cessíveis. É como se fosse uma mentira inconsciente que fica no 
lugar daquilo que foi reprimido.
5) repressão: talvez o principal mecanismo de defesa. Aqui, o pensa-
mento, a ideia ou o desejo é descartado da consciência. A máxima 
é “o que não sabemos ou não lembramos não pode nos ferir”. Im-
portante lembrar que há um gasto grande de energia para manter 
o conteúdo reprimido fora da consciência. Isso implica um grande 
desgaste psicológico.
6) sublimação: enquanto os outros mecanismos de defesa enfrentam 
os instintos diretamente e, de modo geral, impedem a sua descarga, 
na sublimação o instinto é transformado em um canal novo e útil. 
Para Freud, a essência da civilização está contida na capacidade da 
pessoa de sublimar energias sexuais e agressivas.
Vamos ver mais algumas questões.
10. (Cespe/Semaf-RN/2004) As funções dos mecanismos de defesa na aborda-
gem psicodinâmica incluem [julgue os itens]
a) regulação e controle dos afetos dolorosos.
b) síntese e integração das atitudes, valores, afetos e comportamentos.
c) mediação do sofrimento psíquico.
d) proteção do ego.
e) aumento das resistências à mudança.
Comentário
Vejam que os mecanismos de defesa fazem esse controle dos afetos dolorosos, me-
diando o sofrimento psíquico e protegendo o ego. Mas não são integradores e muito 
menos sintetizam. Eles impedem a quebra total da psique, permitindo que a pessoa 
sobreviva psiquicamente por intermédio de uma regulação do que pode ou não ser 
vivido emocionalmente.
TEORIAS DA PERSONALIDADE
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11. (FCC/PM-MA/Psicólogo/2006) Devido ao fato de a ansiedade ser tão de-
sagradável, a criança desenvolve técnicas para enfrentá-la ou defender-se 
dela. São as respostas de confronto e os mecanismos de defesa que ajudam 
a criança a evitar ou reduzir as dolorosas sensações de ansiedade. Quan-
do a criança recusa-se a lembrar o evento produtor de ansiedade ela está 
usando o mecanismo de defesa denominado 
a) projeção.
b) negação.
c) afastamento.
d) repressão.
e) formação reativa.
12. (FCC/Metrô-SP/Psicologia/2008) Um problema fundamental na comunica-
ção interpessoal e talvez, principalmente, entre pessoas com cargos de au-
toridade, é despertar a capacidade de defesa nos receptores. Quando um 
empregado inventa justificativas para um comportamento que adotou no 
trabalho e que ele inconscientemente considera que esse comportamento 
é injustificável, está fazendo uso do mecanismo de defesa de
a) negação.
b) sublimação.
c) rejeição.
d) formação reativa.
e) racionalização.
1.3 Estágios do Desenvolvimento
A teoria psicanalítica apresentou estágios de desenvolvimento psicos-
sexual das pessoas. Para Freud a personalidade, e assim as psicopatologias, 
têm suas etiologias ancoradas na forma como os estágios foram vivenciados. 
Problemas, dificuldades ou experiências deletérias na passagem de um está-
gio para outro podem fazer com que haja uma fixação posterior no estágio. 
São quatro os estágios descritos por Freud:
– fase oral: ocorre logo após o nascimento. A fonte primária de prazer 
e satisfação do bebê é representada pela boca e pelo ato da sucção.
– fase anal: segundo e terceiro ano de vida. A região anal e o controle 
esfincteriano passam a ser investidos de energia.
– fase fálica: quatro a cinco anos de idade. A fonte de prazer maior 
encontra-se da região genital e a atenção se concentra nas diferenças 
PSICOLOGIA PARA CONCURSOS: PSICOLOGIA CLÍNICA
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anatômicas. Nessa fase ocorre a valorização do pênis em ambos os 
sexos. Tanto o menino quanto a menina percebem que ele possui um 
pênis e ela não, construindo a fantasia de que o pênis dela foi retirado 
(castrado). Foi em cima dessa fantasia que Freud estabeleceu a ideia 
do Complexo de Édipo, que, segundo o estudioso (1980, p. 81), 
é a descoberta da possibilidade de castração tal como provada pela vi-
são dos órgãos genitais femininos que impõe ao menino a transforma-
ção de seu Complexo de Édipo e o conduz à criação de seu superego, 
iniciando assim todos os processos que se destinam a fazer o indivíduo 
encontrar lugar na comunidade cultural [...] 
Por outro lado, 
inteiramente diferentes são os efeitos do Complexo de Castração na 
mulher. Ela reconhece o fato de sua castração e com ele também a su-
perioridade do homem e sua própria inferioridade, mas não se rebela 
contra esse estado de coisa [...] (FREUD, 1980, p. 82). 
Espera-se que a menina transmita a excitação erógena do clitóris 
para a vagina. Tornou-se um conceito psicanalítico que o orgasmo 
“normal” e “maduro” seja o orgasmo vaginal, enquanto o orgasmo 
clitoriano reteria algo de infantil, regressivo e neurótico.2
– fase genital: por fim, após a resolução do Édipo, ocorre um período 
de latência, o qual se encerra com o retorno da atenção dos adoles-
centes aos órgãos sexuais. A sexualidade adulta se dá com o prazer 
dos genitais.
Vamos ver outra questão.
13. (FCC/PM-MA/Psicólogo/2006) A semelhança de Piaget e Freud era que a 
criança atravessa estágios. O estágio em que se inicia o processo de identifica-
ção com o pai do mesmo sexo, devido ao Complexo de Édipo, é denominado 
a) fálico.
b) oral.
2 Atualmente, principalmente na área de terapia sexual, sabe-se que o clitóris é o principal responsável pelo 
orgasmo feminino, o que enfraquece essa posição psicanalítica tradicional.
TEORIAS DA PERSONALIDADE
33
c) anal.
d) sexual.
e) genital. 
14. (FCC/TJ-PE/2007) A teimosia obstinada que não se reduz nem pela argu-
mentação, nem pelos elementos objetivos exteriores é reconhecida comoum mecanismo de
a) introjeção.
b) fixação.
c) regressão.
d) formação reativa.
e) projeção.
2. TEORIA CENTRADA NA PESSOA – CARL ROGERS
O próprio nome dessa abordagem já fala um pouco sobre ela: está 
voltada para os sentimentos, percepções, autoavaliações, autorrealizações e 
processos de mudança das pessoas. Trata-se de uma abordagem experien-
cial. Como o foco é na pessoa, é como se ela própria conduzisse o seu proces-
so de melhora, com a ajuda do psicólogo. Em outras palavras, o psicólogo não 
dirige a terapia, pois é o cliente quem possui o saber sobre a sua experiência. 
Com base humanista e um passeio epistemológico pela fenomenologia, ou 
seja, voltada para a compreensão dos fenômenos relacionados à experiên-
cia, o material clínico e experiencial foi de fundamental importância para o 
desenvolvimento dessa abordagem, cujo pressuposto é que as pessoas usam 
sua experiência para se definirem.
15. (Uesp/PGJ-PA/2009) Qual dos autores abaixo é o fundador das terapias 
não	diretivas?
a) Kurt Lewin
b) Jacob Levy Moreno
c) Frederick Perls
d) Carl Rogers
e) Melanie Klein
PSICOLOGIA PARA CONCURSOS: PSICOLOGIA CLÍNICA
34
2.1 Estrutura
O principal conceito dessa teoria é o de self, que representa um con-
junto organizado de percepções. É um processo dinâmico e fluido, não cons-
tituindo uma entidade estática. Pode ser entendido como um elemento 
integrador do campo de experiência. O autoconceito expressa o padrão de 
organização de percepções associadas com o self. Há dois tipos de self em 
nossa estrutura:
– self real: como a pessoa vê a si mesma;
– self ideal: como a pessoa gostaria de ser.
2.2 Processo
A perspectiva de Rogers acerca da personalidade enfatizava a mudan-
ça. Essa visão de movimento levou esse estudioso a uma ênfase na autorrea-
lização, ou seja, na plenitude das potencialidades inerentes à pessoa.
O conceito de autorrealização envolve a tendência de um organismo 
de crescer a partir de uma entidade simples até uma entidade complexa. De 
caminhar da dependência para a independência, da fixidez e rigidez para um 
processo de mudança e liberdade de expressão. 
Mais uma questão?
16. (FCC/PM-MA/Psicólogo/2006) Carl Rogers denominou sua abordagem te-
rapêutica de terapia centrada no cliente (ou centrada na pessoa) porque
a) não considerava os elementos da rede familiar, mas punha o foco no 
cliente.
b) propunha ao cliente um ambiente descontraído, fazendo uso de técni-
cas de relaxamento para liberação do material inconsciente.
c) colocava a responsabilidade de mudança na pessoa dona do problema.
d) era o cliente que lá estava e podia responder às questões feitas pelo 
terapeuta.
e) entendia que a família tinha um papel periférico na cura do cliente.
TEORIAS DA PERSONALIDADE
35
2.3 Autoconsistência e Congruência
Para a terapia centrada na pessoa, dois aspectos da relação do self com 
a experiência são críticos tanto para a terapia quanto para a pesquisa: a con-
gruência e a autoconsistência. O organismo funciona no sentido de manter 
uma consistência ou uma ausência de conflitos ou de contradições entre as 
autopercepções. Funciona também de forma a manter uma congruência en-
tre as percepções do self e as experiências. De forma geral, e para entender-
mos esse conceito, vamos a um exemplo. Uma pessoa que se vê como gorda 
tende a se comportar de maneira consistente com essa percepção, comendo 
bastante, usando roupas largas etc. Mas se a pessoa se vê como gorda e não 
come – na anorexia, por exemplo – está em um estado de incongruência. Re-
sumindo, a incongruência é um estado de discrepância entre o self percebido 
e a experiência real. Sua ocorrência gera ansiedade.
Rogers denuncia os processos defensivos que as pessoas utilizam para 
lidar com a ansiedade: a distorção do significado da experiência e a negação 
da existência da experiência.
Negação: para preservar a estrutura do self da ameaça, ocorre uma 
negação da expressão consciente, ou seja, a pessoa não lembra.
Distorção: mais comum, permite que a experiência chegue à consci-
ência, mas de uma forma que a torne consistente com o self. Um exemplo 
de distorção é quando a pessoa se acha incapaz de passar em um concurso 
público. Quando ela passa, diz: “foi sorte!” Não se acha capaz de ter um resul-
tado como esse e, então, para não ir de encontro à sua autopercepção e para 
lidar com a ansiedade, distorce a realidade. 
Um conceito importante para Rogers que foi acrescentado mais tar-
diamente às suas formulações teóricas é o de necessidade de aceitação. 
Essa necessidade é definida como a busca de afeto, amor, respeito, simpa-
tia e aceitação e seria observada na necessidade que o bebê tem de amor 
e afeição. A forma como os pais ou cuidadores disponibilizam aceitação às 
crianças influenciará diretamente na forma de elas lidarem com conflitos do 
autoconceito. Se a criança é aceita apenas a partir de relações condicionais, 
ela tenderá a negar suas experiências, experimentando rompimentos entre 
o self e o organismo. Como exemplo, se a criança só recebe amor quando é 
“boazinha”, ela poderá negar qualquer sentimento de raiva, tanto para pre-
servar sua imagem de “boazinha” – autoconceito – como para receber afei-
ção e aceitação dos pais. 
PSICOLOGIA PARA CONCURSOS: PSICOLOGIA CLÍNICA
36
Vamos ver outra questão da FCC.
17. (FCC/TJ-PE/Analista Judiciário/Psicólogo/2007) Rogers vê a infância como 
uma ocasião especialmente crucial para o desenvolvimento da persona-
lidade, do mesmo modo que o fazem os teóricos psicodinâmicos. Como 
muitos neofreudianos, ele enfoca os efeitos duradouros dos primitivos 
relacionamentos sociais. Todos precisam de consideração positiva, calor e 
aceitação dos outros significantes. As crianças, na opinião de Rogers, farão 
qualquer coisa para satisfazer essa necessidade. Acredita que, com o fito 
de obter aprovação parental, as crianças muitas vezes
a) atuam de forma dissimulada para buscar na figura paterna ou materna 
a aceitação.
b) desenvolvem um autoconceito como padrão organizado sobre si e atra-
vés dele desenvolvem mecanismos de defesa que atuam para ajustar-se 
ao afastar-se da figura parental.
c) distorcem ou negam suas próprias percepções, emoções, sensações e 
pensamento.
d) atuam de forma sedutora para com a figura paterna ou materna a fim de 
obter afeto positivo ou negativo.
e) não reagem às agressões que sofrem com medo de serem abandonadas 
pelas pessoas que fazem parte do seu ciclo familiar.
Como vimos, as crianças acionam mecanismos de defesa como a nega-
ção e a distorção diante de uma situação conflitante para o self e para serem 
aceitas, amadas e admiradas.
2.4 Método Clínico
Tema que tem sido cobrado com certa frequência nos concursos é o 
método clínico de Rogers. Esse estudioso foi criticado por muitos devido à 
ausência da descrição efetiva de um método ou uma sistematização técnica. 
A afirmação de que não existem técnicas rogerianas, por mais paradoxal que 
seja, não deixa de exprimir uma característica primordial dessa prática tera-
pêutica tal como Rogers a concebe. Para ele, o terapeuta deve se esforçar, 
tão plenamente quanto possível, em se conduzir como pessoa, e não como 
especialista. Seu papel consiste em pôr em prática atitudes e concepções 
fundamentais relativas ao ser humano. Mais uma vez, voltemos ao nome da 
TEORIAS DA PERSONALIDADE
37
abordagem – centrada na pessoa – o que nos remete que o maior especialis-
ta em seu problema é o próprio indivíduo. 
Nesse sentido, só parece ser possível falar em técnica, na terapia cen-
trada no cliente ou na pessoa, como um meio para se chegar a um fim, pois 
Rogers mostra de forma muito clara como chegar a um sucesso em terapia, 
por meio do que ele chama de três atitudes facilitadoras. Essas três atitudes 
não se centram nem somente no terapeuta, nem somente no cliente, mas, 
principalmente, na relação dos dois.
1)	 Consideração	 positiva	 incondicional: consiste em considerar o 
cliente como um todo, sem submetê-lo a qualquer tipo de julgamento de 
valores sociais, paraque ele possa experimentar-se livremente, sem qualquer 
empecilho ou bloqueio de sua consciência aos seus sentimentos ou atitudes. 
Segundo Rogers (1992, p. 564),
[...] o comportamento do orientador minimiza influências prejudiciais 
sobre as atitudes expressas. A pessoa, normalmente, sente-se motiva-
da a comunicar seu próprio mundo especial e os procedimentos utili-
zados encorajam-na a isso [...] 
2)	Empatia: é a capacidade de colocar-se no lugar do outro como se 
fosse o outro. Envolve fazer com que esse outro saiba que está sendo com-
preendido e respeitado, mesmo que, na relação, haja uma gama de diferen-
ças entre ele o terapeuta. Aliás, a diferença, para uma abordagem centrada 
na pessoa, é algo fundamental, pois implica saúde, “ser você mesmo”, no 
sentido de não se deixar guiar por um outro referencial, que não o da sua 
própria avaliação como sujeito livre.
3)	Autenticidade: trata-se da capacidade do terapeuta de ter abertu-
ra para a alteridade do cliente, sem precisar se esconder por trás de uma 
máscara de profissionalismo, tendo acessível, à sua consciência, os dados do 
momento em que se desenvolve a relação e expressar o que sente ou pensa 
a qualquer momento em que achar conveniente.
Convém lembrar que Rogers utilizava o termo atitudes para designar algo 
que não poderia ser praticado de forma forçada ou superficial e fora do contexto 
de uma relação terapêutica específica com cada indivíduo. Portanto, implicam 
atitudes vividas e experienciadas no momento de uma relação específica, tendo 
essas atitudes um total imbricamento entre si. Se formos lembrar que a abor-
dagem tem fundamento fenomenológico-existencial – já que estamos a toda 
hora falando da importância da experiência e da sua percepção – fica mais fácil 
PSICOLOGIA PARA CONCURSOS: PSICOLOGIA CLÍNICA
38
compreender que não se trata de ações pré-fabricadas para determinadas situa-
ções, mas sim da percepção e construção da experiência conjunta. 
Veja como isso apareceu em concurso.
18. (FCC/MPE-PE/Psicólogo/2006) Rogers concentrou suas preocupações em 
torno das atitudes que devem ser desenvolvidas caso se queira, realmente, 
promover alterações benéficas na personalidade dos clientes. Três condi-
ções são necessárias por parte do psicólogo terapeuta:
a) congruência e autenticidade; consideração positiva incondicional e 
compreensão empática do cliente.
b) capacidade de leitura do não verbal; empatia condicional e compreen-
são dos símbolos inconscientes.
c) capacidade de escuta desenvolvida; empatia condicional e assertividade.
d) assertividade; capacidade de provocar associações livres e comunicação 
indutiva. 
e) maturidade; experiência comprovada na condução de grupos de ajuda e 
capacidade de escuta desenvolvida. 
Comentário
Aqui a FCC tentou ser malvada... Notem que ela reúne os conceitos de congruência e au-
tenticidade, que podem ser vistos como sinônimos mesmo. Ser autêntico é estar de acordo 
ou congruente com o self! O restante das condições se apresentam conforme o nosso tex-
to: consideração positiva incondicional e empatia. Cuidado para não confundir ou “deixar 
passar”, na prova, consideração condicional e incondicional. Como vimos, para Rogers, a 
questão da condicionalidade não é benéfica para o desenvolvimento da pessoa. 
Vejamos outra questão.
19. (FCC/PM-MA/Psicólogo/2006) Carl R. Rogers propôs a terapia centrada no 
paciente, acreditando que ela atende a uma pessoa ao
a) intervir na modificação de um comportamento apontado pelo cliente.
b) identificar para ela os comportamentos a serem modificados. 
c) revelar seu próprio dilema com um mínimo de intrusão por parte do 
terapeuta.
d) aconselhar e moldar o indivíduo a fim de produzir o resultado desejado.
e) desempenhar o papel de terapeuta, apresentando uma fachada calorosa.
TEORIAS DA PERSONALIDADE
39
Comentário
Vamos ver alternativa por alternativa?
a)	 intervir	na	modificação	de	um	comportamento	apontado	pelo	cliente: se para Ro-
gers a terapia é uma construção em que ele não é o especialista, ele não vai inter-
vir... O cliente é que irá agir na modificação.
b)	 identificar	para	ela	os	comportamentos	a	serem	modificados: muito menos! É o 
cliente que terá o trabalho de identificar, facilitado pela relação com o terapeuta, os 
problemas de sua experiência.
c)	 revelar	seu	próprio	dilema	com	um	mínimo	de	intrusão	por	parte	do	terapeuta: 
aqui sim! O terapeuta participa de forma não intrusiva e não diretiva. Já vimos uma 
questão anterior que fala da não diretividade de Rogers.
d)	 aconselhar	e	moldar	o	indivíduo	a	fim	de	produzir	o	resultado	desejado: já fala-
mos que, para Rogers, a diretividade implica falta de espontaneidade e de autenti-
cidade. Nada feito!
e)	 desempenhar	o	papel	de	 terapeuta,	apresentando	uma	 fachada	calorosa: aqui 
o “calorosa” pode até nos atrapalhar, não? Já que Rogers fala tanto em aceitação 
e afeto... Mas não caiam nessa! Para Rogers, o terapeuta é uma pessoa envolvi-
da num processo... Ele não é um especialista – na verdade, podemos dizer que o 
especialista é o cliente, já que ele é quem mais conhece sua própria história. Essa 
questão ainda nos faz lembrar que se desempenhamos “o papel de terapeuta” não 
estamos sendo autênticos e espontâneos... Como vimos, são conceitos fundamen-
tais e permeiam toda a abordagem centrada na pessoa. Além disso apresentar uma 
fachada também envolve falta de espontaneidade e autenticidade.
3. ABORDAGEM COMPORTAMENTAL
Na verdade não existe uma única abordagem comportamental. Mas ge-
ralmente o que é cobrado na prova é a visão geral do Behaviorismo Radical, 
de Skinner. Poderíamos citar ainda como comportamentalistas Watson, Hull, 
Guthrie ou Tolman. Mas, sem dúvida, Skinner foi o mais influente represen-
tante do comportamentalismo. Importante frisar que dentro das abordagens 
comportamentais há diferentes posturas e podemos encontrar discussões 
acaloradas entre os defensores das diferenças entre Behaviorismo Metodo-
lógico, Behaviorismo Radical, Análise do Comportamento e outros. Mas, para 
fins de concurso, uma visão geral será suficiente. De forma geral, o behavioris-
mo postula que o comportamento deve ser entendido como a relação entre o 
indivíduo e seu ambiente físico, histórico e social. É importante, igualmente, 
ressaltar uma sutil diferença entre Behaviorismo Radical e Análise do Compor-
PSICOLOGIA PARA CONCURSOS: PSICOLOGIA CLÍNICA
40
tamento. Enquanto o primeiro se refere a uma filosofia de ciência, a segunda 
seria sua expressão na Psicologia, ou seja, temos outras ciências behavioristas 
(ramos da economia comportamental, antropologia, marketing) e a Análise do 
Comportamento seria a ciência do comportamento humano.
3.1 Watson
Watson foi o fundador das abordagens comportamentais, também 
chamadas behavioristas (behavior = comportamento). A ideia desse pesqui-
sador era tornar a Psicologia uma ciência aplicável aos animais e seres huma-
nos. Para isso, a Psicologia tinha de limitar-se ao estudo dos comportamen-
tos observáveis, direta ou indiretamente. A Psicologia podia, então, medir 
as respostas utilizando o método experimental e, a partir dele, conseguir um 
grau de objetividade superior ao do método introspectivo.
Observe como o Cespe cobrou a questão da observação do comporta-
mento como método de base.
20. (Cespe/PM-AC/2007) O método do comportamentalismo, proposto por 
Watson, corresponde ao de qualquer ciência como a observação e a expe-
rimentação dos comportamentos observáveis.
21. (Cespe/PM-AC/2007) Watson, reformulando a teoria comportamental de 
Skinner, propõe que o objeto de estudo da Psicologia deve ser o comporta-
mento do sujeito interagindo com o seu meio ambiente.
Comentário
O erro está em dizer que Watson reformulou a teoria de Skinner: Watson foi o fun-
dador das abordagens comportamentais ou behavioristas. Isso implica que ocorreu o 
contrário: Skinner inseriu mudanças na teoria de Watson. Essa discussão nos habilita a 
responder a próxima questão.
22. (Cespe/PM-AC/2007) O projeto da teoria comportamentalde Skinner apro-
xima-se intimamente do projeto de Watson, sendo possível reuni-los em 
uma mesma análise.
TEORIAS DA PERSONALIDADE
41
Comentário
Para Watson, os comportamentos constituem a resposta (R – reações físicas) de um 
indivíduo a um determinado estímulo (E – objetos exteriores). A base do Behaviorismo 
de Watson postula que	um	estímulo	provoca	sempre	a	mesma	resposta.
Nesse sentido, não só seria possível prever os comportamentos, mas, igualmente, con-
trolar a produção desses comportamentos (E → R). Watson desprezou a hereditarie-
dade como responsável por tipos de personalidade, que atribuía exclusivamente à ex-
periência no meio e ao condicionamento do comportamento. Princípios fundamentais:
• o comportamento compõe-se inteiramente de secreções glandulares e movimentos 
musculares, sendo, portanto, redutível a processos físico-químicos;
• existe sempre uma resposta a todo e qualquer estímulo; toda resposta tem alguma 
espécie de estímulo;
• os comportamentos mais complexos podem ser entendidos como cadeias (redes) de 
reflexos mais simples.
23. (Cespe/PM-AC/2007) No comportamentalismo de Watson, os estudos psi-
cológicos consideram parcialmente a experiência subjetiva, tornando-a 
acessível aos métodos objetivos da ciência.
Comentário
Já vimos que, para Watson, apenas o acessível e observável interessava. Portanto, sub-
jetividade nem era cogitada!
24. (Cespe/PM-AC/2007) O estudo com animais, ou com sujeitos não huma-
nos, não representa obstáculo para o comportamentalismo de Watson, 
pois seu interesse não está na vivência do sujeito.
Comentário
Sei que isso soa estranho na contemporaneidade, mas, para Watson, o comportamen-
to era resultado de uma fórmula (E → R) e essa fórmula se aplicava aos animais e 
seres humanos. Para esse pesquisador, da mesma forma que se ensina ou adestra um 
cachorrinho, se ensina ou adestra uma criança. Vejam o que ele falou:
Deem-me uma dúzia de crianças sadias, bem constituídas e a espécie 
de mundo que preciso para as educar, e eu garanto que, tomando qual-
quer uma delas, ao acaso, prepara-la-ei para se tornar um especialista 
PSICOLOGIA PARA CONCURSOS: PSICOLOGIA CLÍNICA
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que eu selecione: um médico, um comerciante, um advogado e, sim, 
até um pedinte ou ladrão, independentemente dos seus talentos, in-
clinações, tendências, aptidões, assim como da profissão e da raça dos 
seus antepassados.
3.2 Estrutura
Na teoria de Skinner não encontramos muitos elementos estruturais, 
como vimos em Freud – ego, id, superego – e em Rogers – self real e self ideal. 
Isso é devido à própria filosofia de ciência adotada por Skinner: seu propósito 
é descrever as relações funcionais entre eventos comportamentais e suas va-
riáveis de controle e, para ele, descrever é explicar. Com isso, Skinner se afas-
ta de teorias científicas hipotético-dedutivas e se alinha às teorias indutivas, 
nas quais maior ênfase é dada à coleta e sistematização de dados antes de se 
postular explicações hipotéticas. 
Outro fator que caracteriza a análise do comportamento é a impor-
tância atribuída à dependência contextual das ações humanas, ou seja, o 
que um organismo faz depende muito do ambiente e contexto histórico em 
que ele se encontra. Disso decorre que comportamento	pode	ser	definido	
como a maneira pela qual um indivíduo age e reage em suas interações 
com	o	seu	meio	ambiente	e	em	resposta	aos	estímulos	que	dele	 recebe. 
O comportamento não é apenas visível. Pensamentos ou sentimentos, em-
bora não sejam visíveis, são comportamentos chamados de encobertos ou 
privados. Aqui, podemos ver, são infundadas as principais críticas ao beha-
viorismo skinneriano: apensar de muitos enfatizarem que ele desumaniza e 
ignora o mundo subjetivo de cada um de nós, na verdade o behaviorismo 
skinneriano afirma apenas que esses fenômenos, legítimos e extremamente 
relevantes para a compreensão do ser humano como um todo, não devem 
ser vistos como agentes iniciadores do comportamento e, sim, como mais 
uma manifestação comportamental que precisa ser explicada a partir da inte-
ração indivíduo-ambiente.
Sempre que pensamos em Psicologia Comportamental nos lembramos 
dos ratinhos... Mas vocês lembram por quê? Porque estávamos em um la-
boratório estudando como os ratinhos respondem a determinados estímu-
los. Essa é uma característica do behaviorismo: a ênfase no método experi-
mental. Assim como a psicanálise adota como seu método por excelência o 
TEORIAS DA PERSONALIDADE
43
estudo de caso, e a Psicologia Social se mune de questionários, surveys e da-
dos observacionais, o behaviorismo pode ser caracterizado pela adoção do 
método experimental (sempre que possível) e ênfase no controle de variáveis. 
É equivocado pensar, entretanto, que a Psicologia Experimental se resume ex-
clusivamente à análise do comportamento. Muitas pesquisas em Psicologia 
Social e Psicologia Cognitiva se valem do método experimental, enquanto di-
versas investigações analítico-comportamentais atuais fazem uso de métodos 
outros, como questionários, estudos de caso e observações naturalísticas. 
Lembram que passamos por inúmeras horas de treinamento antes de 
iniciarmos as atividades laboratoriais especificamente? Pois é. Isso se deu 
porque, para o estudo do comportamento, a unidade de análise fundamental 
é a resposta e para entender o conceito de resposta na Análise do Comporta-
mento (AC) é necessário entender que não se define resposta por movimen-
tos musculares, mas pela relação do homem com seu ambiente. Fica fácil 
pensar assim quando lembramos que o pensamento pode ser considerado 
uma resposta (desde que relacionado a um contexto) e não requer o movi-
mento de nenhum músculo.
Uma resposta pode variar desde uma resposta reflexa, como salivar 
diante de uma lasanha suculenta, até um comportamento complexo, como 
resolver uma questão de concurso. O processo de aprendizagem – que é cen-
tral para Skinner – envolve a modelagem de determinados comportamentos 
por meio da manipulação do ambiente em que ocorrem.
É incorreto dizer que aprendemos sempre por meio de modelagem, 
pois no contato com contingências naturais “aprendemos” sem necessitar de 
alguém que nos modele. Modelagem pode ser definida como um processo 
deliberado de incluir uma resposta no repertório comportamental de um or-
ganismo por meio de aproximações sucessivas e reforço diferencial. Quan-
do, em questões de concursos, vocês se depararem com frases que remetam 
à influência das condições ambientais, prestem atenção, pois muito provavel-
mente a questão se refere a abordagens comportamentais ou sistêmicas – que 
vamos ver adiante.
Skinner diferencia as respostas que são eliciadas por estímulos conhe-
cidos – como piscar o olho quando cai um cisco – e as respostas que não po-
dem ser atribuídas a nenhum estímulo: respostas operantes. Neste caso, não 
conseguimos detectar o estímulo no ambiente e podemos identificar mais cla-
ramente as variáveis de controle das repostas nas consequências dos compor-
tamentos. Para Skinner, está na natureza biológica dos organismos terem suas 
repostas sensíveis às suas consequências (vide modelagem). Assim, temos:
PSICOLOGIA PARA CONCURSOS: PSICOLOGIA CLÍNICA
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1) comportamento respondente: inclui todas as respostas dos seres 
humanos e de muitos organismos que são eliciadas por modificações espe-
ciais de estímulos do ambiente.
2) comportamento operante: abrange uma quantidade maior de ativi-
dades humanas, incluindo todos os movimentos de um organismo os quais, 
em algum momento, têm um efeito sobre ou fazem algo no mundo ao redor. 
O comportamento operante opera sobre o mundo.
Personalidade não era um termo muito aproximado das formulações 
de Skinner e podemos ver que apenas os livros e textos mais recentes defen-
dem uma teoria da personalidade behaviorista. Como deve estar claro até 
aqui, não devemos procurar elementos estruturais que definam o modo de 
ser de uma pessoa, sob a ótica behaviorista. Como em algumas teorias da 
Psicologia Social, uma grande ênfase é dadaao ambiente no qual uma pessoa 
se insere historicamente e devemos entender os padrões de comportamento 
de um indivíduo (como ele age, ou seja, sua personalidade) como fruto de 
seu aprendizado. 
Vamos ver uma questão.
25. (FCC/TRT-23ª Região/2007) Personalidade é definida por B. F. Skinner como
a) um conjunto de padrões de reforçamento.
b) a visibilidade das causas de seu comportamento.
c) padrões de aprendizagem de homens e animais.
d) uma série de padrões de emoções como resposta.
e) uma coleção de padrões de comportamento. 
3.3 Processo
A teoria de Skinner é, na verdade, uma teoria da aprendizagem. Gran-
de parte de suas formulações se deram na tentativa de explicar como as pes-
soas se comportam, por que se comportam e como elas aprendem a se com-
portar de determinada forma. Basicamente as pessoas se comportam com 
base em experiências de aprendizado passadas, nas quais os eventos (sociais, 
históricos e culturais) se encadearam de forma a reforçar um comportamen-
to. A fim de entender esse processo, apresento alguns conceitos importan-
tes. Para entender plenamente o que uma pessoa faz, seria necessário, para 
TEORIAS DA PERSONALIDADE
45
Skinner, compreender os níveis de seleção filogenético (suas características 
como membro de uma espécie), ontogenético (história individual e única de 
vida de um organismo) e cultural (padrões e práticas culturais do grupo social 
no qual o organismo se insere).
Vejam esta questão.
26. (Uesp/PGJ-PA/2009) Qual a oposição que a Psicologia Behaviorista Radical 
(skinneriana) faz aos testes psicológicos para seleção de pessoal?
a) A Psicologia Cognitiva não tem uma proposta funcionalista capaz de 
compreender o comportamento das pessoas na situação de trabalho.
b) A racionalidade humana é que finalmente será determinante do com-
portamento das pessoas selecionadas, independentemente dos testes a 
que se submetam.
c) Esses testes limitam a previsibilidade do comportamento futuro, pois se 
restringem a caracterizar propriedades internalizadas pelos indivíduos, 
independentemente da condição real de trabalho.
d) A noção de livre-arbítrio, que é determinante do comportamento huma-
no, não pode ser captada por esses testes.
e) Esses testes não medem sentimentos que, segundo Skinner, constituem 
a base causal do comportamento humano.
Comentário
Essa questão nos remete à análise do comportamento, que só pode ser realizada me-
diante a análise de um contexto específico. Para o behaviorismo, correto seria se a 
avaliação do candidato fosse realizada no contexto real de trabalho, com possibilida-
de de se analisar o padrão de comportamento diante de determinados eventos, para, 
então, se tentar prever a ocorrência do comportamento no futuro e as condições para 
que ele ocorra.
I – Reforço
É um evento que, ao ser apresentado ou retirado como consequência 
de uma resposta, aumenta sua probabilidade de ocorrência futura. Lembram-se 
do ratinho? Se o ato do ratinho privado de água de bater na alavanca for se-
guido de acesso à água, a chance de esse rato bater na alavanca novamente 
se eleva. Nem sempre é fácil achar um reforço adequado para determinar 
um comportamento... Como o de estudar, por exemplo! Isso porque o que 
PSICOLOGIA PARA CONCURSOS: PSICOLOGIA CLÍNICA
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funciona como reforçador varia de organismo para organismo. Claro que, 
como compartilhamos uma história de reforço semelhante (no caso dos 
brasileiros), esperamos que grande parte das pessoas compartilhem certos 
eventos como reforços. Mas as particularidades da história de vida de cada 
um são visíveis na diferença de gostos que podemos ter. Pensem em estilos 
musicais. Duas pessoas com estilos de vida bem semelhantes podem odiar o 
gênero musical de preferência um do outro.
Há reforços positivos e negativos. Os positivos são aqueles apresen-
tados para reforçar comportamentos, como a bala que se dá para a criança 
que tirou notas altas. Já o reforço negativo é a retirada de algum elemento 
desagradável, que tenha como consequência aumentar a probabilidade de 
um comportamento no futuro. Dois aspectos importantes: o primeiro deles 
refere-se ao fato de que reforço, seja ele positivo ou negativo, sempre au-
menta a probabilidade de comportamentos, por definição. Assim, não é pos-
sível reforçar uma ação e essa ação não se tornar mais frequente. Caso isso 
aconteça, o estímulo usado como consequência da ação não era um refor-
ço. O segundo aspecto é que não é possível determinar o que é reforço sem 
dizer para qual comportamento e sem especificar as consequências de sua 
apresentação contingente à um comportamento. Não é correto dizer que um 
chocolate é um reforço e nem que um milhão de euros é reforçador, se não 
especificarmos as consequências desses estímulos sobre comportamentos. 
Um chocolate somente é reforço para um indivíduo se sua apresentação, em 
consequência de um comportamento, elevar a probabilidade desse compor-
tamento no futuro. 
II – Punição 
A punição difere-se do reforçamento negativo porque apresenta um 
estímulo aversivo que faz com que a resposta diminua de frequência. Nova-
mente, para definir um evento como punitivo, deve-se atentar para as conse-
quências de sua apresentação: se o comportamento diminui de frequência 
após a apresentação de um evento ambiental, trata-se de punição positiva. 
Se diminui de frequência após a retirada de algum evento, trata-se de puni-
ção negativa. Uma surra não é necessariamente uma punição. Embora para 
a maioria das crianças funcione assim, em alguns casos ela aumenta a proba-
bilidade de comportamentos (principalmente se dessa forma a criança eleva 
a probabilidade de comportamentos carinhosos, em razão de remorso do 
TEORIAS DA PERSONALIDADE
47
agressor, em seguida). Assim, podemos observar situações em que uma surra 
não puna efetivamente comportamento algum. 
Skinner sempre se posicionou favorável a estratégias de reforço positi-
vo para modelar comportamentos, seja em casa, na escola, na clínica ou em 
organizações, em oposição ao controle aversivo (nome dado a esquemas de 
reforçamento negativo, punição positiva e negativa). Com isso, sempre que 
possível (e na maioria das vezes é!), devemos buscar modelar comportamen-
tos apresentando estímulos positivos.
III – Condicionamento Respondente 
O processo de condicionamento respondente é uma forma simples 
de aprendizagem. É um dos processos adotados pelos behavioristas na ex-
plicação de aprendizagens simples, mas está envolvido também nos mais 
complexos comportamentos humanos, como pensamento, linguagem e fun-
damentalmente nas emoções. Nesse tipo de condicionamento o processo é 
organizado de forma a ocorrer: 
– um estímulo neutro; 
– um estímulo incondicionado, ou seja, um estímulo que em circuns-
tâncias normais provocaria uma resposta específica; 
– a resposta específica. 
Ao prever de forma sistemática o estímulo incondicionado (em outras 
palavras, ao ser apresentado contingente à apresentação do estímulo incon-
dicionado), o estímulo neutro adquire propriedades eliciadoras do estímulo 
incondicionado, ou seja, faz com que o estímulo neutro passe a ser um estí-
mulo condicionado, o que provoca resposta semelhante àquela que o estí-
mulo incondicionado já provocava. Um exemplo desse processo é a famosa 
salivação condicionada dos cães, de Pavlov. Fazendo uma campainha soar 
sistematicamente antes de apresentar comida a um cão, condicionou-se o es-
tímulo neutro (som da campainha), que passou a provocar salivação do cão, 
resposta antes provocada só pela própria apresentação da comida. Assim, 
antes do condicionamento respondente, o cão ouvia uma campainha e nada 
acontecia. Após o condicionamento, ao ouvir a campainha o cão já salivava, 
relacionando-a ao alimento. Para que o condicionamento ocorra com rapidez 
é preciso obedecer à ordem dos estímulos (primeiro, o neutro; depois, o in-
condicionado). É necessário também que seja bem curto o período de tempo 
entre a ocorrência dos dois. 
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