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a interposição de parasitas entre o capitalista e o trabalhador assala- riado, o subarrendamento do trabalho (subletting of labour). O ganho dos intermediários decorre exclusivamente da diferença entre o preço do trabalho que o capitalista paga e a parte desse preço que eles real- mente deixam chegar ao trabalhador.381 Esse sistema chama-se na Inglaterra caracteristicamente de swating-system (sistema de suador). Por outro lado, o salário por peça permite ao capitalista concluir com o trabalhador principalmente — na manufatura com o chefe de um grupo, nas minas com o quebrador de carvão etc., na fábrica com o operador de máquina propriamente dito — um contrato de tanto por peça, a um preço pelo qual o próprio trabalhador principal se encarrega da contratação e pagamento de seus trabalhadores auxiliares. A ex- ploração dos trabalhadores pelo capital se realiza aqui mediada pela exploração do trabalhador pelo trabalhador.382 Dado o salário por peça, é naturalmente do interesse pessoal do trabalhador aplicar sua força de trabalho o mais intensamente possível, o que facilita ao capitalista elevar o grau normal de intensidade.383 Do mesmo modo, é interesse pessoal do trabalhador prolongar a jornada de trabalho, pois com isso sobe seu salário diário ou semanal.384 Ocorre, assim, a reação já descrita ao tratarmos do salário por tempo, abs- traindo o fato de que o prolongamento da jornada de trabalho, mesmo OS ECONOMISTAS 184 381 "Se o produto do trabalho passa por muitas mãos, a cada uma delas cabendo parte do lucro, enquanto apenas o último par de mãos executa o trabalho, então ocorre que o pa- gamento que finalmente alcança a trabalhadora é lamentavelmente inadequado." (Child. Empl. Comm. II Rep. p. LXX, nº 424.) 382 Mesmo o apologético Watts observa: “Seria uma grande melhoria do sistema de salários por peça se todos os ocupados em determinado trabalho fossem participantes do contrato, cada um conforme suas capacidades, ao invés de um só homem estar interessado em estafar seus camaradas em seu próprio proveito”. (Op. cit., p. 53.) Sobre as infâmias desse sistema, cf. Child. Empl. Comm. Rep. III. p. 66, nº 22; p. 11, nº 124; p. XI, nº 13, 53, 59 etc. 383 Esse resultado desenvolvido naturalmente é muitas vezes artificialmente aumentado. No Engineering Trade de Londres, por exemplo, vale como truque tradicional “que o capitalista escolha um homem de força e destreza superiores para chefe de certo número de traba- lhadores. Ele lhe paga trimestralmente ou em outro prazo um salário adicional sob a combinação de que fará todo o possível para incentivar seus colaboradores, que apenas recebem o salário ordinário, a uma extrema emulação. (...) Sem mais comentários, isso explica a queixa dos capitalistas sobre a paralisação da atividade ou da habilidade e força de trabalho superiores (stinting the action, superior skill and working power) pelas Trade’s Unions”. (DUNNING. Op. cit., pp. 22-23). Sendo o autor mesmo trabalhador e secretário de uma Trade’s Union, isso poderia ser considerado exagero. Mas veja-se, por exemplo, a highly respectable enciclopédia agronômica de J. Ch. Morton, artigo “Labourer”, onde esse método é recomendado aos arrendatários como eficaz. 384 "Todos os que são pagos por peça (...) obtêm vantagem numa transgressão dos limites legais do trabalho. Essa disposição de fazer horas extras é de se observar particularmente nas mulheres, que são ocupadas como tecelãs ou dobradeiras." (Rep. of Insp. of Fact., 30th April 1858. p. 9.) “Esse sistema de salários por peça, tão vantajoso para o capitalista (...) tende diretamente a incentivar o jovem oleiro a realizar muito trabalho excessivo durante os 4 ou 5 anos em que é pago por peça, mas por preço baixo. Essa é uma das grandes causas às quais se deve atribuir a degeneração física dos oleiros.” (Child. Empl. Comm. I Rep. p. XIII.)
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