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gabi_fran_ Gabrielle França, CESUPA 2021 Anatomia das VAI O ar entra no trato respiratório superior através da boca e do nariz e passa pela faringe, uma passagem comum para os alimentos, para os líquidos e para o ar. Da faringe, o ar flui através da laringe para a traqueia, Esses anéis se estendem para dentro do tórax, onde se ramificam (divisão 1) em um par de brônquios primários, um brônquio para cada pulmão. Nos pulmões, os brônquios ramificam-se repetidamente (divisões 2-11) em brônquios progressivamente menores, formam os bronquíolos, pequenas passagens flexíveis com uma parede formada por músculo liso. Traqueia É uma passagem tubular para o ar, de aproximadamente 12 cm de comprimento e 2,5 cm de diâmetro. Sua parte anterolateral é formada por uma série de 16 a 20 anéis cartilaginosos incompletos em forma de C, que asseguram uma via aérea sempre aberta. Sua porção posterior é transposta por uma parede muscular chata, na qual há o músculo traqueal involuntário. Trata-se de um músculo liso que une as extremidades dos anéis. Essas cartilagens fornecem rigidez estrutural para a traqueia e suas fibras elásticas longitudinais internas permitem que ela se estique e se desloque inferiormente durante a inspiração. Na bifurcação traqueal existe um marco anatômico conhecido como carina, que é uma crista apontando superiormente em sua superfície interna. Localiza-se anteriormente ao esôfago e estende-se da laringe até a margem superior da quinta vértebra torácica (T5), na qual se divide em brônquios principais direito e esquerdo. A função da traqueia é transportar o ar que entra e sai dos pulmões, e seu epitélio impulsiona o muco com resíduos em direção à faringe para expulsão pela boca. Sua luz (ou lúmen) tem um diâmetro transverso médio de 12 mm em adultos. Brônquios A traqueia se bifurca nos brônquios principais direito e esquerdo, com cada brônquio passando pelo hilo de seu respectivo pulmão. Os brônquios podem ser divididos em três tipos com base no seu tamanho, função e estrutura histológica: os brônquios primários (principais), secundários (lobares) e terciários (segmentares). Os Anéis Cartilaginosos são substituídos pelas Placas Cartilaginosas, as quais apresentam formato irregular e são distribuídas em um arranjo linear ao redor de toda a circunferência CONTEXTUALIZAÇÃO: Algumas desordens são importantes para tratar na traqueia, como o engasgo (e seu reflexo de expulsão) e a presença de corpo estranho (que pode gerar uma obstrução da respiração). Além desses há também as malformações embriológicas como a agenesia traqueal e a fistula traqueal. E doenças adquiridas como estenose traqueal e traqueomalácia. da parede, conferindo aos Brônquios um formato circular ou cilíndrico, ao contrário do formato ovoide com uma parede posterior achatada que a traqueia exibe. À medida que os Brônquios diminuem de tamanho devido a ramificação, as Placas Cartilaginosas tornam-se menores e menos numerosas. Finalmente, as Placas desaparecem no ponto onde as vias respiratórias alcançam o diâmetro de cerca de 1 mm, onde o ramo é designado Bronquíolo. O Brônquio principal direito é maior e mais largo, além de possuir um curso mais vertical que o esquerdo, este é o motivo pelo qual as partículas estranhas aspiradas vão preferencialmente para o brônquio direito e atingem o pulmão direito. O Brônquio principal esquerdo é menos vertical, menos largo, menos curto. segue inferolateralmente, inferiormente ao arco da aorta e anteriormente ao esôfago e à parte torácica da aorta, para chegar ao hilo do pulmão. Brônquio (secundário) lobar; um para cada lobo pulmonar (três para o pulmão direito e dois para o pulmão esquerdo). Brônquio (terciário) segmentar; um para cada segmento broncopulmonar, que por definição são os segmentos pulmonares supridos pelos brônquios segmentares e ramo segmentar associado da artéria pulmonar. Os brônquios segmentares sofrem múltiplas divisões, eventualmente resultando nos bronquíolos. Bronquíolos A segunda transformação observada na parede do Brônquio Intrapulmonar é a adição de Músculo Liso para formar uma camada circunferencial completa. O Músculo Liso se torna uma camada cada vez mais evidente à medida que a quantidade de cartilagem diminui. Inicialmente, o Músculo Liso é disposto em feixes entrelaçados formando uma camada contínua. Nos Brônquios menores, o Músculo Liso pode parecer descontínuo. Os bronquíolos surgem dos brônquios segmentares e suprem cada Lóbulo Pulmonar, os quais são subdivisões dos Segmentos Broncopulmonares. Um único Bronquíolo, em conjunto com um Alvéolo (suprido pelo Bronquíolo) constitui a menor unidade funcional da estrutura pulmonar, denominada Unidade Bronquiolar Respiratória. Eles são ductos condutores de ar que medem 1mm ou menos de diâmetro. Esses ductos se ramificam repetidamente, originando os Bronquíolos Terminais, que também se ramificam, originando os Bronquíolos Respiratórios. Os bronquíolos respiratórios abrem-se em pequenos sacos conhecidos como alvéolos através de pequenos ductos alveolares. Pleura A pleura é uma bolsa serosa que consiste nas camadas parietal e visceral. A pleura parietal está em contato com as paredes da cavidade torácica e o mediastino, enquanto a pleura visceral se adere no tecido pulmonar. O espaço entre estas duas camadas é chamado de cavidade pleural. Ele é preenchido com cerca de 20 mililitros de líquido seroso, que ajuda a reduzir a fricção durante a respiração. Os limites ou bordas da cavidade pleural são marcados utilizando-se linhas retas para estrategicamente posicionar e mensurar os órgãos internos. Todas estas linhas são horizontais ou verticais, e se originam de um marco anatômico específico: Nível da sexta costela direita e da quarta costela esquerda, na linha média anterior Nível da décima segunda costela, na linha escapular Nível da oitava costela, na linha hemiclavicular Nível da décima costela, na linha axilar média Pulmão Os pulmões são os nossos dois órgãos respiratórios. Eles encontram-se lateralmente no interior das cavidades pleurais do tórax. A árvore brônquica conduz ar para dentro e para fora dos pulmões. São separados um do outro pelo coração e por outras estruturas do mediastino, que divide a cavidade torácica em duas câmaras anatomicamente distintas. Os pulmões se estendem desde o diafragma até, ligeiramente, acima das clavículas, e se situam contra as costelas, anterior e posteriormente. Cada pulmão possui uma base, um ápice, duas superfícies (costal e mediastinal) e três margens (anterior, posterior e inferior). A base encontra- se sobre o diafragma, enquanto o ápice se projeta em direção à abertura torácica superior. A face medial é de grande interesse, pois contém o hilo pulmonar. O hilo pulmonar é uma passagem para a artéria pulmonar, duas veias pulmonares e o brônquio principal, além de nervos e vasos linfáticos. Os dois pulmões não são idênticos: PULMÃO DIREITO: Os lobos pulmonares direitos são separados por duas fissuras; oblíqua e horizontal. O pulmão direito três lobos: o inferior, superior e médio, que se subdividem, emitindo 10 segmentos broncopulmonares. A superfície mediastinal do pulmão direito está em contato com o coração, a veia cava superior, a veia cava inferior, a veia ázigos e o esôfago. As impressões destas estruturas podem ser vistas na superfície medial do pulmão. PULMÃO ESQUERDO: o pulmão esquerdo possui somente dois lobos; superior e inferior, e 8 segmentos pulmonares. Os lobos são separados por uma única fissura oblíqua. A superfície mediastinal do pulmão esquerdo demonstra impressões das seguintes estruturas: o coração, o arco aórtico, a aorta torácica e oesôfago. Os pulmões e a pleura visceral são supridos pelo plexo pulmonar anterior e pelo plexo pulmonar posterior, que, como indiciado por seus nomes, se encontram anteriormente e posteriormente à bifurcação traqueal. A fonte de inervação simpática para o plexo é o tronco simpático, enquanto a fonte parassimpática é o nervo vago. Eles atuam de maneira sincronizada,com a estimulação simpática levando à broncodilatação, e a parassimpática levando à broncoconstrição. A linfa dos pulmões drena para os linfonodos traqueobrônquicos, que se encontram ao redor dos brônquios principais e lobares, e ao longo das laterais da traqueia. Depois essa linfa segue aos troncos broncomediastinais direito e esquerdo que drenam ao Ducto Toráxico. Os pulmões possuem dois sistemas circulatórios: funcional e nutritivo. O SISTEMA CIRCULATÓRIO FUNCIONAL, ou pulmonar, consiste em duas artérias pulmonares e quatro veias pulmonares. As artérias pulmonares se originam do tronco pulmonar, e levam sangue desoxigenado do ventrículo direito para os pulmões. Ao se dividir em vasos menores e finalmente nos capilares pulmonares, elas atingem a superfície respiratória dos pulmões. Por outro lado, os pares direito e esquerdo de veias pulmonares carregam sangue oxigenado dos pulmões para o átrio esquerdo do coração. O SISTEMA CIRCULATÓRIO NUTRITIVO dos pulmões se refere à circulação brônquica. As artérias brônquicas fornecem oxigênio ao tecido dos pulmões, suportando a função primária de troca gasosa dos mesmos. As 4 artérias brônquicas se originam da aorta torácica: artéria brônquica direita, duas artérias brônquicas esquerdas e artérias brônquicas superiores. Por outro lado, as veias brônquicas drenam o tecido pulmonar para o átrio direito através das veias pulmonares ou ázigos. Alvéolos Os alvéolos são as unidades terminais da árvore respiratória. A definição completa de alvéolo é que são finas proeminências das paredes dos bronquíolos respiratórios, especializados em trocas gasosas. Os alvéolos são encontrados em grupos chamados de sacos alveolares. O tecido entre dois espaços aéreos alveolares adjacentes é denominado Parede Septal ou Septo Alveolar. A fina parede dos alvéolos é o local onde a troca gasosa ocorre. Juntamente com os capilares, os alvéolos formam a membrana respiratória, cujas camadas são: as células escamosas dos alvéolos, a membrana basal de um alvéolo, a membrana basal do capilar e o endotélio do capilar. Histologia das VAI Traqueia A parede da traqueia divide-se em lâminas: CAMADA MUCOSA: formada pela lâmina epitelial de epitélio colunar ciliado pseudoestratificado ou Tecido epitelial pseudoestratificado ciliado com células caliciformes que alcançam a superfície luminal, e células basais, e uma lâmina própria que é constituída de fibras reticulares e elásticas. A Lâmina Própria é um Tecido Conjuntivo Frouxo típico. Ela é muito celular, contendo numerosos Linfócitos, muitos dos quais infiltram o epitélio, Plasmócitos, Mastócitos, Eosinófilos e Fibroblastos. CAMADA SUBMUCOSA: consiste no tecido conjuntivo areolar, que contém glândulas seromucosas e seus duetos. Contém as Glândulas Submucosas, compostas de Ácinos secretores de muco. Seus ductos consistem em um epitélio simples cúbico e se estendem pela lâmina própria para liberar seu produto, maioria de glicoproteínas, na superfície epitelial. CARTILAGEM HIALINA: formada 16 a 20 anéis horizontais incompletos de cartilagem hialina, assemelham-se à letra C e estão empilhados um em cima do outro, sendo mantidos juntos por tecido conjuntivo denso. Podem ser percebidos através da pele, abaixo da laringe, a parte aberta de cada anel da cartilagem em forma de C está orientada posteriormente para o esôfago, envolvida por uma membrana fibrosa. CAMADA ADVENTÍCIA: composta por tecido conjuntivo areolar é efetiva na ligação da traqueia aos tecidos circundantes. As células da Traqueia são: CÉLULAS COLUNARES CILIADAS: Os Cílios proporcionam um movimento de varredura coordenado da Camada Mucosa. CÉLULAS MUCOSAS (CALICIFORMES): Acumulam Grânulos de Mucinogênio em seu citoplasma. CÉLULAS EM ESCOVA: células colunares com Microvilosidades Rombas, receptoras. CÉLULAS GRANULARES E BASAIS Brônquios Assim como a traqueia os brônquios principais contêm anéis incompletos de cartilagem e são revestidos por epitélio colunar ciliado pseudoestratificado. Os Anéis Cartilaginosos são substituídos pelas Placas Cartilaginosas, as quais apresentam formato irregular e são distribuídas em um arranjo linear ao redor de toda a circunferência da parede, conferindo aos Brônquios um formato circular ou cilíndrico, ao contrário do formato ovoide com uma parede posterior achatada que a traqueia exibe. À medida que os Brônquios diminuem de tamanho devido a ramificação, as Placas Cartilaginosas tornam-se menores e menos numerosas, as Placas desaparecem no ponto onde as vias respiratórias alcançam o diâmetro de cerca de 1 mm, onde o ramo é designado Bronquíolo. A segunda transformação observada na parede do Brônquio Intrapulmonar é a adição de músculo liso para formar uma camada circunferencial completa. O Músculo Liso se torna uma camada cada vez mais evidente à medida que a quantidade de cartilagem diminui. A TÚNICA MUCOSA na árvore bronquial muda de epitélio colunar ciliado pseudoestratificado nos brônquios principais, brônquios lobares (secundários) e brônquios segmentares (terciários) para epitélio colunar simples ciliado, com algumas células caliciformes nos bronquíolos maiores, para basicamente epitélio cúbico simples ciliado sem células caliciformes em bronquíolos menores, para, em grande parte, epitélio cúbico simples não ciliado nos bronquíolos terminais. Possui CAMADAS SEMELHANTES À TRAQUEIA, com adição de uma CAMADA MUSCULAR contínua de Músculo Liso nos Brônquios mais calibrosos. E a CAMADA CARTILAGIOSA com as Placas Cartilaginosas observadas nessas estruturas. Bronquíolos Inicialmente, os Bronquíolos de maior diâmetro inicialmente têm um Epitélio Pseudoestratificado Colunar Ciliado que gradualmente se transforma em um Epitélio Simples Colunar Ciliado à medida que o ducto se estreita. As Células Caliciformes estão presentes nos Bronquíolos maiores. As Placas Cartilaginosas, características dos Brônquios, estão ausentes nos Bronquíolos. Em vez disso, pequenos elementos de cartilagem podem estar presentes, particularmente nos pontos de ramificação. Uma camada relativamente espessa de MÚSCULO LISO está presente na parede de todos os Bronquíolos. Os Terminais são revestidos por um epitélio simples cúbico no qual as células de clara estão entremeadas com as Células Ciliadas. Além disso, são encontradas Células em Escova e Granulares em menor quantidade. CÉLULAS DE CLARA: são células não ciliadas que têm uma projeção característica arredondada ou em forma de cúpula na superfície apical. Elas possuem um retículo endoplasmático rugoso bem desenvolvido, um complexo de golgi supranuclear ou lateral, numerosos grânulos secretores e cisternas no retículo endoplasmático liso, conferindo a esse tipo celular características de células secretoras de proteína. Elas secretam um Agente Tensoativo, uma lipoproteína que impede a adesão luminal caso as paredes das vias respiratórias colabem, sobretudo durante a expiração. Além disso, produzem uma proteína conhecida como Proteína Secretora das Células De Clara (CC16), que é um componente abundante da secreção das Vias Respiratórias. Ducto Alveolar Esses ductos iniciam efetivamente a porção respiratória. São formados por ramificação dos bronquíolos respiratórios e apresentam-se como condutos longos e tortuosos. A característica principal desse segmento é apresentarinúmeros alvéolos e sacos alveolares em suas paredes. O revestimento dos ductos alveolares é epitélio do tipo pavimentoso simples. Esses ductos são as últimas porções a apresentar em sua estrutura células musculares lisas. Os alvéolos são pequenas evaginações em forma de saco, encontradas nos sacos alveolares. O ducto alveolar termina em um alvéolo simples ou em sacos alveolares formados por inúmeros alvéolos. Cada parede alveolar é comum a dois alvéolos vizinhos, por isso denomina-se parede ou septo interalveolar. Este septo consiste em duas camadas de epitélio pavimentoso simples separado por capilares sanguíneos, fibras reticulares e elásticas, fibroblastos e substância fundamental amorfa do conjuntivo. Além disso, ele apresenta quatro tipos celulares distintos: CÉLULAS ENDOTELIAIS DOS CAPILARES: as mais numerosas e com núcleo um pouco menor e alongado que o das células de revestimento, o endotélio é do tipo contínuo e não fenestrado PNEUMÓCITOS TIPO I: também chamado de célula epitelial de revestimento, tem núcleos achatados e distantes, com grande citoplasma. Essas apresentam microvilos curtos em alguns pontos e existem também desmosomas ligando duas células epiteliais vizinhas. PNEUMÓCITOS TIPO II: chamados de células septais, são menos frequentes que as células epiteliais de revestimento, aparecem de preferência em grupos de duas ou três células nos pontos em que as paredes alveolares se tocam. A principal característica dessas células é a presença de corpos lamelares na região basal do citoplasma, eles são responsáveis pelo aspecto vesiculoso do citoplasma à microscopia óptica e produzem substância surfactante cuja função principal é reduzir a tensão superficial sobre os alvéolos impedindo o colabamento. MACRÓFAGOS ALVEOLARES: também chamados células de poeira, são encontrados no interior dos septos interalveolares e na superfície dos alvéolos. Os macrófagos alveolares localizados na camada surfactante que limpam a superfície do epitélio alveolar são transportados para a faringe, de onde são deglutidos. Ventilação No mundo médico, respiração é definida como ventilação pulmonar, descrita como a movimentação do ar entre a atmosfera e os alvéolos pulmonares. Ela envolve um ciclo de dois eventos: inspiração, quando o ar se move para dentro dos pulmões e expiração, quando o ar sai dos pulmões. A ventilação é um dos quatro componentes da respiração, sendo os outros três: difusão gasosa, transporte gasoso e regulação. Introdução O fluxo de ar obedece a Lei dos gases, portanto ele ocorre sempre que houver um gradiente de pressão. O fluxo global de ar, como o fluxo sanguíneo, ocorre de áreas de maior pressão para áreas de menor pressão. Na ventilação, o fluxo global de ar a favor de gradientes de pressão explica por que ocorrem trocas gasosas entre o meio externo e os pulmões. O movimento do tórax durante a respiração cria, nos pulmões, condições de pressões alta e baixa alternadas. O ar movido durante a respiração pode ser dividido em quatro volumes pulmonares: (1) volume corrente, (2) volume de reserva inspiratório, (3) volume de reserva expiratório e (4) volume residual. O volume de ar que se move durante uma única inspiração ou expiração é denominado volume corrente (Vc). O volume adicional inspirado, acima do volume corrente, representa o seu volume de reserva inspiratório (VRI). A quantia de ar expirado vigorosamente após o final de uma expiração espontânea é o volume de reserva expiratório (VRE). O quarto volume não pode ser medido diretamente, mesmo se você soprar o máximo de ar que puder, ainda restará ar nos pulmões. O volume de ar presente no sistema respiratório após a expiração máxima é chamado de volume residual (VR). A respiração é um processo ativo que requer contração muscular que cria o gradiente de pressão. No sistema respiratório, os músculos da caixa torácica e o diafragma funcionam como uma bomba, uma vez que a maior parte do tecido pulmonar é um fino epitélio de troca. Quando esses músculos se contraem, os pulmões expandem-se, uma vez que estão presos à parede interna do tórax pelo líquido pleural. Os músculos primários envolvidos na respiração espontânea são o diafragma, os intercostais externos e os escalenos. A inspiração Para que o ar possa se mover para dentro dos alvéolos, a pressão dentro dos pulmões deve ser mais baixa do que a pressão atmosférica. De acordo com a lei de Boyle, um aumento no volume gera uma redução na pressão. Durante a inspiração, o volume torácico aumenta quando certos músculos esqueléticos da caixa torácica e o diafragma se contraem. Quando o diafragma contrai, ele desce em direção ao abdome. A contração do diafragma causa de 60 a 75% da modificação do volume inspiratório durante uma respiração espontânea normal. O movimento da caixa torácica cria os 25 a 40% restantes da modificação do volume. OBS: Durante a respiração forçada, outros músculos do tórax e do abdome podem ser requisitados a auxiliar. Exemplos de situações fisiológicas nas quais a respiração é forçada incluem exercícios, tocar um instrumento de sopro e soprar um balão. Durante a inalação, os músculos intercostais externos e escalenos contraem e tracionam as costelas para cima e para fora. O movimento das costelas durante a inspiração tem sido comparado a uma ação de alavanca, que eleva toda a caixa torácica e consequentemente o esterno (as costelas movem-se para cima e para longe da coluna), e também com um movimento de alça de balde, uma vez que há um aumento da distância lateral entre as paredes do balde (as costelas movem-se para fora). A combinação desses dois movimentos amplia a caixa torácica em todas as direções. À medida que o volume torácico aumenta, a pressão diminui, e o ar flui para dentro dos pulmões. Quando a inspiração inicia, os músculos inspiratórios contraem, e o volume torácico aumenta. Com o aumento do volume, a pressão alveolar diminui cerca de 1 mmHg abaixo da pressão atmosférica e o ar flui para dentro dos alvéolos. A mudança do volume torácico ocorre mais rapidamente do que a velocidade do ar fluindo para dentro dos pulmões, e, assim, a pressão alveolar atinge o seu valor mais baixo no meio do processo de inspiração. Como o ar continua a fluir para dentro dos alvéolos, a pressão aumenta até a caixa torácica parar de expandir-se, imediatamente antes do término da inspiração. O movimento do ar continua por mais uma fração de segundo, até que a pressão dentro dos pulmões se iguala à pressão atmosférica. A Expiração Ao final da inspiração, os impulsos dos neurônios motores somáticos para os músculos inspiratórios cessam, e os músculos relaxam. A retração elástica dos pulmões e da caixa torácica leva o diafragma e as costelas para as suas posições originais relaxadas, da mesma maneira que um elástico esticado retorna ao seu tamanho original quando é solto. Devido ao fato de a expiração durante a respiração em repouso envolver a retração elástica passiva, em vez da contração muscular ativa, ela é chamada de expiração passiva. Como os volumes pulmonares e torácicos diminuem durante a expiração, a pressão de ar nos pulmões aumenta, atingindo cerca de 1 mmHg acima da pressão atmosférica. A pressão alveolar é agora maior do que a pressão atmosférica, de modo que o fluxo de ar se inverte, e o ar move-se para fora dos pulmões. No final da expiração, o movimento de ar cessa quando a pressão alveolar novamente se iguala à pressão atmosférica. O volume pulmonar atinge o seu valor mínimo dentro do ciclo respiratório. Nesse ponto, o ciclo respiratório terminou e está pronto para ser iniciado novamente com a próxima respiração. A expiração ativa ocorre durante a exalaçãovoluntária e quando a ventilação excede 30 a 40 ciclos ventilatórios por minuto. Ela usa os músculos intercostais internos e os músculos abdominais – Obliquo Interno, Externo e Transverso - os quais não são utilizados durante a inspiração. Esses músculos são coletivamente chamados de músculos expiratórios. A contração abdominal puxa as costelas inferiores para dentro e diminui o volume abdominal, ações que deslocam o intestino e o fígado para cima. As vísceras deslocadas empurram o diafragma para cima, para dentro da cavidade torácica, e o volume do tórax diminui passivamente ainda mais. A Pleura aqui A ventilação requer que os pulmões, os quais não podem se contrair ou se expandir por conta própria, movam-se em associação com a contração e o relaxamento do tórax. Como observamos, os pulmões estão inseridos no saco pleural. A superfície dos pulmões é coberta pela pleura visceral, e a porção pleural que reveste a cavidade torácicaé chamada de pleura parietal. As forças de coesão do líquido intrapleural promovem a adesão dos pulmões à caixa torácica. A pressão intrapleural no fluido entre as membranas pleurais é normalmente subatmosférica. Esta pressão subatmosférica surge durante o desenvolvimento fetal, quando a caixa torácica associada com sua membrana pleural cresce mais rapidamente que o pulmão. As duas membranas pleurais são mantidas unidas pelo líquido pleural, de modo que os pulmões são forçados a se estirarem, a fim de se adaptarem ao maior volume da cavidade torácica. Ao mesmo tempo, no entanto, o recolhimento elástico dos pulmões cria uma força direcionada para dentro, que tenta puxar os pulmões para longe da caixa torácica. Complacência e elasticidade A ventilação adequada depende da habilidade dos pulmões de se expandirem normalmente. A maior parte do trabalho respiratório é gasto para superar a resistência elástica dos pulmões e da caixa torácica ao estiramento. Clinicamente, a habilidade do pulmão de se estirar é chamada de complacência. A COMPLACÊNCIA refere-se à quantidade de força que deve ser exercida sobre um corpo para o deformar. No pulmão, podemos expressar a complacência como uma alteração do volume (V), que é resultado de uma força ou pressão (P) exercida sobre o pulmão: �V/�P. Um pulmão de alta complacência pode ser estirado facilmente, já pulmão com baixa complacência requer mais força dos músculos inspiratórios para ser estirado. A complacência é o inverso da ELASTÂNCIA (recuo elástico), que é a capacidade de resistir à deformação mecânica. A elastância também se refere à capacidade que um corpo tem de voltar à sua forma original quando a força que promove a sua deformação é removida. Um pulmão que é estirado facilmente (alta complacência) provavelmente apresenta perda do seu tecido elástico e, assim, não voltará ao seu volume de repouso quando a força que o mantém estirado cessa (baixa elastância). O Surfactante A tensão superficial é uma propriedade muito importante dos pulmões, criada pela fina camada de fluido entre as células alveolares e o ar. Em qualquer interface ar-liquido, a superfície do liquido esta sob tensão, como uma fina membrana sendo esticada. A tensão superficial alveolar é semelhante à tensão superficial que existe em uma bolha esférica, embora os alvéolos não sejam esferas perfeitas. A tensão superficial criada pelo fino filme de líquido é direcionada para o centro da bolha e cria pressão no interior dela. A lei de LaPlace é uma expressão dessa pressão. Ela estabelece que a pressão (P) dentro de uma bolha formada por uma fina película de líquido é uma função de dois fatores: a tensão superficial do líquido (T) e o raio da bolha (r). Essa relação é expressa pela equação: P = 2T/r. Normalmente, contudo, nossos pulmões secretam um surfactante que reduz a tensão superficial, principalmente em alvéolos menores. Os surfactantes são uma mistura que contém proteínas e fosfolipídeos, como dipalmitoilfosfatidilcolina, que são secretados para o espaço de ar alveolar pelas células alveolares tipo II (pneumócitos tipo II). Em geral, a síntese de surfactante inicia na 25ª semana de desenvolvimento fetal sob a influência de vários hormônios. OBS: A diminuição da complacência pulmonar afeta a ventilação, pois mais trabalho deve ser realizado para estirar um pulmão mais rígido. Essas condições patológicas são chamadas de doenças pulmonares restritivas. A produção normalmente atinge níveis adequados na 34ª semana (cerca de 6 semanas antes do parto normal). Os bebês que nascem prematuramente sem concentrações adequadas de surfactante em seus alvéolos desenvolvem a síndrome da angústia respiratória do recém- nascido (SARRN). Doenças neuromusculares Qualquer doença neuromuscular que enfraqueça os músculos esqueléticos ou lesione seus neurônios motores pode afetar a ventilação. Com a diminuição da ventilação, menos ar “novo” entra nos pulmões. Além disso, a perda da habilidade de tossir aumenta o risco de pneumonia e de outras infecções. Se os escalenos de um indivíduo estão paralisados, a inspiração ocorre primariamente pela contração do diafragma. A observação de pacientes com disfunções neuromusculares revelou que, embora a contração do diafragma aumente o volume torácico por movê-lo em direção à cavidade abdominal, ela também tende a puxar as costelas inferiores para dentro, trabalhando contra a inspiração. Em indivíduos normais, sabemos que as costelas inferiores se movem para cima e para fora durante a inspiração, em vez de para dentro. O fato de não haver movimento para cima e para fora das costelas em pacientes com os escalenos paralisados nos diz que, normalmente, os escalenos devem contribuir para a inspiração, levantando o esterno e as costelas superiores.
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