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O PROCESSO SAÚDE-DOENÇA, SUA DIMENSÃO HISTÓRICO-SOCIAL E OS DETERMINANTES SOCIAIS DO ADOECIMENTO Prof: Luciana Borges Marcia Hennig Pedro Xavier Prof.: Lucia Ramos Luciana Borges Marcia Hennig Pedro Rocha AISF I • Mesmo quando uma nova forma de ver o mundo ou uma nova prática social se torna hegemônica, não são abolidas as formas preexistentes. • Os estudos mostram a permanência de conceitos mágicos, religiosos e empíricos na sociedade contemporânea, em todos os estratos sociais, que orientam o processo saúde-doença. •Os traços característicos do profissional de saúde em cada época, estão determinados pela atitude da sociedade ante o corpo humano e ante aos valores relativos à saúde e à doença. ANTIGUIDADE Sobrenatural Empirismo / relação causal Práticas mágico-religiosas Doenças carenciais, traumáticas, hereditárias e infecciosas O QUE É A DOENÇA? Explicações para as enfermidades Magia ou feitiçaria Religião ou violação de um tabu Introdução de um espírito Perda da alma QUEM EXPLICA A DOENÇA? O ars pestilencials A TEORIA MIASMÁTICA O MÉTODO ANTIGUIDADE CLÁSSICA Civilização greco-romana e a medicina Hipocrática Epidemias infecciosas e traumatismos de guerra. Olhar direcionado para a saúde – “equilíbrio entre o ambiente, modo de vida e elementos da natureza humana”. Doença como processo natural – a terapia era basicamente ajudar as forças naturais, sempre no sentido de favorecer ou não prejudicar o paciente. Farmacoterapia direcionada para os humores, dietética e pedagogia. Cuidado com a saúde pública como o mais importante dos deveres – alta densidade populacional em Roma. Textos hipocráticos e de Platão descrevem notáveis diferenças entre os modos de adoecer nas distintas classes sociais. Muitas pestes alteraram o rumo da História e foram vistas como castigos divinos, porém as descrições textuais sugerem quadros infecciosos (crescimento da pólis, fluxo migratório, guerras, saneamento). A caridade cristã Doente digno de compaixão Queda do Império Romano Europa Ocidental: Hegemonia do Cristianismo Europa Oriental: Medicina Hipocrática – criação de escolas médicas IDADE MÉDIA QUEM CUIDA DA DOENÇA? RENASCIMENTO Nobreza feudal dizimada pelas Cruzadas e pelas Epidemias Centralização política e unificação dos Estados nacionais – investigações marítimas, científicas e apoio à arte Novas patologias, doenças tropicais, carenciais e sexualmente transmissíveis Quem explica a doença? Anatomia, filosofia, fisiologia e patologia baseadas na observação e experimentação Elevação da cirurgia à categoria de ciência Investigação dos domínios da natureza e aplicação de métodos matemáticos na produção da ciência. Funcionamento do organismo humano por leis mecânicas. Preocupação com os problemas técnicos do cotidiano (mineração, navegação...). Saúde baseada na experimentação e emprego de instrumentos especiais (microscópio). Novos métodos de tratamento dos doentes mentais. Olhar clínico X saúde coletiva. IDADE MODERNA Quem explica a doença? O micróbio e a relação com a doença: 1854 - Louis Pasteur - Lille – França 1894 - Albert Calmette e Camille Guerin - BCG Teoria Unicausal Assepsia Busca de Vacinas Drogas Nascimento da Medicina Social Base para a organização da Saúde do mundo atual Medicina de Estado: Alemã registros / normalização da prática/ funcionários de saúde pública Medicina Urbana: Francesa controle dos espaços/ ambiente/ condições de vida Medicina da Força de Trabalho: Inglesa controle médico dos pobres MODELO DE ASSISTÊNCIA: SEGREGACIONISTA Reestruturação de hospedarias e conventos Santas Casa Lazaretos Sanatórios Asilos Base do hospital moderno Origem do hospital Antecedentes: O Hospital Medieval não era um local especializado nas práticas curativas, mas um local onde se depositavam os doentes para aguardar a morte, o principal corpo profissional dos hospitais era religioso e não médico, estes eram contratados pelos primeiros e realizavam visitas aos internados. Origens: O Hospital Militar após a introdução das armas de fogo - que elevaram o custo do treinamento dos soldados e exigiram maior cuidado com a vida dos mesmos - onde se começou a: organizar melhor os espaços; disciplinar as práticas; e intervir sobre o meio, de forma a reduzir as chances de infecção; o que levou à valorização da figura do médico. Profissional de saúde com livre iniciativa, competição de mercado e com valoração individual do homem. Nova ordem econômica. Corporações e sociedades X escolas médicas. Academias como berço da ciência. Regulamentação da prática transferida para o Estado. Prestação de serviço remunerado e filantropia cristã. Avanço técnico X desenvolvimento social. Seguros de saúde para classes trabalhadoras expandiram o mercado de trabalho Revolução Industrial Incremento de doenças infecciosas, acidente industrial, neurose e doenças profissionais Expansão urbana Consumo Expansão demográfica sem precedentes IDADE CONTEMPORÂNEA Mudanças demográficas e novos padrões de morbimortalidade Teorias multicausais Tecnificação do diagnóstico terapêutico Superespecialização e hospitalocentrismo Alargamento dos direitos sociais do paciente Novas formas de proteção e controle pelo Estado Retomada do componente mágico – cura pelo ato à distância. A revolução tecnológica gera questionamento em relação ao seu impacto na saúde e incremento exagerado de custos Duas respostas vem sendo observadas: procura de práticas alternativas e reforma do Estado e dos sistemas de saúde Maior conhecimento e informação dos pacientes Redução de doenças infecciosas/ recrudescimento de doenças reemergentes Causas externas (acidentes, violência, problemas nutricionais, estresse, neuroses, adição) Doenças metabólicas e crônico-degenerativas Alterações em mecanismos biomoleculares e genéticos “A Política de Saúde ” VIGILÂNCIA SANITÁRIA VIGILÂNCIA AMBIENTAL VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA FATORES DETERMINANTES DA DOENÇA Endógenos: Fatores determinantes que, no quadro geral da ecologia da doença, são inerentes ao organismo e estabelecem a receptividade do indivíduo. Herança genética. Anatomia e fisiologia do organismo humano (fatores constitucionais). Estilo de vida. Exógenos: Fatores determinantes que dizem respeito ao ambiente. Ambiente biológico: determinantes biológicos. Ambiente físico: determinantes físico-químicos. Ambiente social: determinantes sócio-culturais. DUPLA ECOLÓGICA: HOSPEDEIRO E MEIO AMBIENTE Ambiente Físico Ambiente Biológico Ambiente Social Interação complexa com o ambiente HOMEM Estilo de Vida Herança Genética Anatomia Fisiologia Fatores determinantes biológicos Biológicos Infecções Âmbito da Microbiologia e Entomologia médicas O resultado do relacionamento da população humana com uma ou mais espécie com conseqüente advento de diversos agravos à saúde. FATORES DETERMINANTES FÍSICOS E QUÍMICOS Naturais: Previsíveis: Nos permitem estimar as possíveis conseqüências e, desta forma, adotar medidas que possibilitem reduzir seus efeitos (dependem dos conhecimentos prévios no assunto). Imprevisíveis: Acidentes naturais. Desastres ou calamidades naturais. FATORES DETERMINANTES FÍSICOS E QUÍMICOS Artificiais: Acidentais: Acidentes ou desastres antrópicos. Ambiente natural: “Efeito estufa”, “buraco na camada de ozônio”. Ambiente antrópico: Impacto de tecnologias sofisticadas que, fora de controle, atingem o próprio ambiente antrópico (energia nuclear, acidentes com produtos químicos perigosos). FATORES DETERMINANTES FÍSICOS E QUÍMICOS Artificiais: Produzidos: De uso programado e continuado (riscos antrópicos) POLUIÇÃO Poluição conseqüente (desenvolvimento industrial): Gasese partículas na atmosfera, substâncias químicas no meio hídrico e resíduos sólidos no meio terrestre. Poluição pressentida (consecução de certa finalidade): Defensivos agrícolas, medicamentos, agentes tóxicos e nocivos usados em conflitos armados. FATORES DETERMINANTES SOCIAIS A aquisição de conhecimentos sobre os determinantes sociais parte do estudo da desigualdade social, tida como geradora de agravos à saúde, traduzidos em morbidade e mortalidade. FATORES DETERMINANTES SOCIAIS Categorias gerais desses determinantes: ◦ Comportamentais Psicossociais: Relacionados à personalidade do indivíduo. Hábitos e estilos de vida: sexualidade, étnicos (relacionados à cultura), adquiridos. Organizacionais: Estruturais, Ocupação, Família, Nível socioeconômico CONCEITOS DE SAÚDE PROMOÇÃO X PREVENÇÃO PROMOÇÃO & PREVENÇÃO ?????? PROMOÇÃO ... A Promoção da Saúde está relacionada a um conjunto de valores : vida, saúde, solidariedade, equidade, democracia, cidadania, participação, parceria, desenvolvimento, justiça social, revalorização ética da vida. PREVENÇÃO A Prevenção concebida pela ótica economicista foi rapidamente incorporada pelo modelo capitalista, adaptando-se a lógica do paradigma da biomedicina, gerando a necessidade de incorporar a tecnologia adequada para essas ações. Assim, desenvolveu-se a prática dos exames de “chekup” e a indústria da prevenção. Prevenção Primária Promoção de Saúde ◦ Moradia adequada ◦ Alimentação adequada ◦ Áreas de lazer ◦ Escolas ◦ Educação em todos os níveis Prevenção Primária Proteção Específica Imunização Saúde ocupacional Higiene pessoal e do lar Proteção contra acidentes Aconselhamento genético Controle dos vetores Prevenção Secundária Diagnóstico Precoce ◦ Inquéritos para descoberta de casos na comunidade ◦ Exames periódicos, individuais, para detecção precoce de casos ◦ Isolamento para evitar a propagação de doenças ◦ Tratamento para evitar a progressão da doença Prevenção Secundária Limitação da Incapacidade Evitar futuras complicações Evitar seqüelas Prevenção Terciária Reabilitação (evitar a evolução para a incapacidade total) Reinserção no mercado de trabalho NÍVEIS DE PREVENÇÃO Autores Primário Secundário Terceário Leavel e Clark Promoção da Saúde Diagnóstico precoce Reabilitação Proteção específica Tratamento adequado Limitação da incapacidade Universidade de Columbia Promoção de Saúde Diagnóstico precoce Limitação da incapacidade Proteção específica Tratamento adequado Reabilitação Itoh e Lee Promoção da saúde Diagnóstico precoce Limitação da incapacidade Proteção específica Tratamento adequado Reabilitação Cuidados de custodia CONCEPÇÃO DE SAÚDE Concepção biológica Concepção Processo Saúde Doença Caso Definido “a priori” Classificação de patologias Não definido “a priori” Identificado no modo de andar a vida Determinação do caso Alterações fisiopatológicas Resultantes do modo de vida das pessoas Expressão do caso Indivíduo doente Indivíduos que vivem, adoecem, morrem segundo a sua inserção na organização social Coletivo Somatória de indivíduos Expressão do resultado das tensões sociais que formam classes e frações de classes ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE Concepção biológica Concepção processo SD Objeto do trabalho Indivíduo doente Indivíduos como expressão da forma peculiar de viver, adoecer e morrer das diferentes classes sociais. Coletivos Divisão técnica de trabalho Especialização médica Solução multidisciplinar de problemas de saúde Processo de trabalho Individual Coletivo. Em equipe Produto Cura de doentes Alteração do perfil de morbimortalidade das diferentes classes e frações de classes sociais - enfrentamento das desigualdades Relação de trabalho Alienado Consciência sanitária da população e dos trabalhadores
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