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SBDG – Caderno 156 Afetividade: um elemento da Dinâmica dos Grupos 1 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos – SBDG em parceria com as Faculdades Monteiro Lobato – FATO Coordenação: Eliane de Melo Meira Rank, Laucemir Silveira Afetividade: um elemento da Dinâmica dos Grupos Aracelli Bianchin Cássia Santana Ribeiro* Resumo – O presente artigo tem como objetivo identificar como se dá a afetividade nos grupos. Para tanto, utilizou-se metodologia de caráter exploratório com tipologia de estudo de caso de um grupo de produção teatral Bispo. Identificou-se os elementos manifestos que demonstram a afetividade de grupo e as emoções e afetos nos comportamentos dos membros do grupo. A pesquisa foi qualitativa e utilizou a análise de fenômenos, tendo como insumo a observação dos ensaios do grupo, e atribuição de significados ao processo observado por meio da pesquisa bibliográfica e de campo. A partir das discussões e do resultado da pesquisa, concluiu-se que a afetividade não está relacionada tão somente com sentimentos de bem estar, mas se refere à relação do ser humano com o outro, independente de ser agradável ou não o sentimento desta relação. Além disso, identificou-se que há afetividade de grupo, demonstrada em um sentimento que prevalece, sendo compartilhado consciente ou inconscientemente pelos membros. Palavras-chave – Afetividade. Afetividade de grupo. Sentimentos. Abstract – The goal of the present article is to identify how affectivity happens in a group based on a case study of the theatrical group Bispo. It was identified the elements manifested which demonstrated the affectivity of the group and the sentiments and feelings manifested through the behaviour of the members of the group Bispo. The research was qualitativy and used the phenomena analysis, having as input the observation of the rehearsals of the group Bispo, and attribution of meanings to the process observed through bibliographical and field research, being the last one the application of a questionnaire. Based on the discussions and the result of the research, it was concluded that affectivity is not only related to the feeling of well-being, but also to the relationship between a human being and another, independently whether it is pleasant or not the feeling of this relationship. Besides, it was identified that there is affectivity in the group, demonstrated in a sentiment that prevails, being it shared conciously or unconciously by the members. Keywords – Affectivity. Group's affection. Feelings. * Aracelli Bianchin – Graduada em Turismo (UNIOESTE-PR), pós-graduada em Gestão Ambiental (UTFPR) e em Dinâmica dos Grupos (FATO/SBDG). Atua como coordenadora de projetos socioambientais e como educadora. E-mail: bianchin.aracelli@gmail.com. Cássia Santana Ribeiro – Graduada em Turismo (UNIOESTE-PR), pós-graduada em Ecoturismo (FECEA), Educação e Gestão Ambiental (FECEA) e em Dinâmica dos Grupos (FATO/SBDG). Atua como turismóloga e educadora ambiental. E-mail: cassiasantana@hotmail.com. SBDG – Caderno 156 Afetividade: um elemento da Dinâmica dos Grupos 2 INTRODUÇÃO O simples fato de estar na presença do outro promove forças físicas e químicas necessárias para que ocorram reações nos indivíduos. O convívio em grupo permitiu ao ser humano expandir suas potencialidades, desenvolver a linguagem, habilidades e inteligências. É pelo contato com o outro que ocorrem as oportunidades de conhecer a si mesmo, como afirmou Arthur Bispo do Rosário, protagonista do texto no qual o grupo observado prepara um espetáculo de teatro: “Nascer é renascer do outro” (SILVA, 2003, p. 13). Assim, relacionar-se é uma condição de desenvolvimento que permite ao ser humano evoluir. Na essência da sua constituição biológica, este carrega consigo necessidades naturais de se relacionar, de buscar aceitação, de dar e receber afeto, de sentir e viver experiências de amor, fundamentos estes que permeiam o afetivo (MATURANA, 2004). Para compreender algumas dessas condições humanas, somadas aos fenômenos afetivos que ocorrem nos grupos, este estudo teve como objetivo identificar como se dá a afetividade de grupo e identificar os elementos manifestos que demonstram essa afetividade, assim como as emoções e afetos manifestos nos comportamentos dos participantes do grupo de produção teatral Bispo.1 1 METODOLOGIA A metodologia foi orientada segundo os objetivos, de caráter exploratório com tipologia de estudo de caso.2 Quanto à forma de abordagem, a pesquisa foi qualitativa e utilizou da interpretação de fenômenos, tendo como insumo a observação dos ensaios do grupo, e atribuição de significados ao processo estudado, por meio da aplicação de questionário.3 A aproximação ao grupo deu-se por intermédio de um dos membros, que introduziu as autoras. Dada a confirmação em consenso de todos os membros, iniciou-se a observação presencial durante os ensaios do grupo. 1 Conforme Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, nenhuma pessoa física ou jurídica será identificada neste artigo. 2 O grupo do espetáculo teatral Bispo autorizou expressamente servir de objeto de estudo para as autoras deste artigo. 3 O questionário encontra-se no Apêndice A. SBDG – Caderno 156 Afetividade: um elemento da Dinâmica dos Grupos 3 As autoras acompanharam o grupo no período de 12 de abril a 21 de junho de 2012, totalizando nove encontros presenciais com o grupo, com cerca de 18 horas de observação. Nesse período, o grupo teve outros quatro ensaios, apenas com os atores, os quais não foram observados. O Grupo de produção cênica Bispo é composto por nove pessoas, sendo um diretor, um dramaturgo, dois atores, uma figurinista, dois assistentes de produção e dois membros assistentes administrativos. O grupo, ora com todos os membros, ora com apenas os participantes do núcleo cênico – diretor, dramaturgo e atores – foi acompanhado pelas autoras. 2 REFERENCIAL TEÓRICO A fundamentação teórica deu sustentação para entendimento de como se dá a afetividade em grupo. Esta se apresenta pela contextualização do ser humano e sua condição natural de se relacionar, aborda conceitos de emoções, afeto e amor nos grupos e, por fim, a afetividade de grupo. 2.1 O inerente ao humano “Não podemos evitar nossa biologia. E, além disso, para quê evitá-la se ela nos constituiu? O melhor é conhecê-la” (MATURANA, 1998, p. 72). De acordo com a teoria do cérebro trino do psicólogo Macleam apud Andrews (2009) os seres humanos possuem três camadas cerebrais que se desenvolveram em vários estágios durante o passado evolucionário, definidas como: reptiliano que dá origem aos mecanismos de agressão e comportamento repetitivo; o sistema límbico circundando o reptliano, o qual determinou comportamentos importantes para sobrevivência e permitiu ao ser humano escolher o que lhe agrada ou não, desenvolvendo funções afetivas, como cuidado das fêmeas com suas crias; e a última camada, o neocórtex envolvendo o restante do encéfalo, onde nasce a racionalidade que possibilita ao ser humano desenvolver tarefas intelectuais (LEDOUX, 2001). Entre os estudiosos da evolução humana, para o recorte deste artigo, se destacam as contribuições de Charles Darwin sobre a linguagem emocional. A partir de Darwin, a emoção foi vista como um fenômeno somático que segue um modelo adaptativo e SBDG – Caderno 156 Afetividade: um elemento da Dinâmica dos Grupos 4 evolutivo. Ele identificou que “as principais atitudes expressivas demonstradas pelo homem e pelos animais inferiores são hoje inatas ou herdadas – isto é, não foram aprendidas pelo indivíduo” (DARWIN apud LEDOUX, 2001, p. 99). Ainda, Darwin descobriu que independentemente da raça e da cultura, há nos seres humanos semelhanças entres as expressões,especialmente as faciais. O mesmo autor defende a importância das expressões emocionais para a espécie humana ao afirmar que: [..] os movimentos no rosto e no corpo, qualquer que seja a sua origem, são por si sós tremendamente importantes para o nosso bem estar. Funcionam como os primeiros meios de comunicação entre mãe e filho; ela sorri aprovadoramente e assim encoraja seu bebê a trilhar o caminho certo, ou franze o cenho em desaprovação. Facilmente percebemos solidariedade na expressão do outro; desse modo, nossos sentimentos são atenuados e nossa satisfação ampliada; consequentemente fortalecem-se os bons sentimentos. As expressões imprimem vivacidade e energia à palavra falada. Revelam os pensamentos e intenções de outras pessoas com mais autenticidade do que as palavras, que podem ser falseadas (DARWIN apud LEDOUX, 2001, p. 100). Ratificando as conclusões de Darwin, a Biologia do Conhecimento proposta por Maturana e Varela (2001) defende que a racionalidade não é o eixo do humano, que este se encontra no entrelaçamento entre razão e emoção. Segundo os autores, a linguagem possibilitou que o cérebro se desenvolvesse, por meio das relações, da cooperação, das interações consensuais, do encontro com o outro. Desta forma considera-se que a linguagem é uma conquista do ser humano ao se relacionar em grupo e não como ser isolado (MATURANA; VARELA, 2001). Assim, entende-se que a linguagem nasceu da emoção, em seu sentido etimológico, que significa mover-se para fora. E para existir esse movimento para o externo, os estímulos originados das interações grupais foram de vital importância. Essa perspectiva, que pressupõe a linguagem como fenômeno biológico relacional somada à observação do cotidiano humano, é vista por Maturana (2004) como um processo denominado linguajear, neologismo que faz referência ao ato de estar na linguagem, definido como: “interações recorrentes, sob a forma de um fluxo recursivo de coordenações comportamentais consensuais” (MATURANA, 2004, p. 9). Não se trata da linguagem enquanto o ato de falar, as palavras, os gestos, as posturas corporais participam como elementos consensuais que constituem a linguagem. SBDG – Caderno 156 Afetividade: um elemento da Dinâmica dos Grupos 5 Ao viver, o ser humano, experiencia diversas emoções que entrelaçam com o linguajear, e este entrelaçamento é a conversa. Para ele faz parte da condição humana, se relacionar e desenvolver-se pela relação que estabelece com os outros e com o mundo, e confirma “efetivamos o nosso ser biológico no processo de existir como seres humanos ao viver imersos no conversar” (MATURANA; VERDEN-ZOLLER, 2004, p. 9). A convivência pela linguagem caracteriza a cultura humana e por consequência, os fenômenos grupais. 2.2 Emoções, afeto e amor nos grupos 2.2.1 Emoções De acordo com processo evolutivo do ser humano, as emoções se desenvolveram como especializações fisiológicas e comportamentais. Nos primórdios, as emoções permitiram ao ser humano sobreviver em ambientes hostis e, também, procriar (LEDOUX, 2001). Durante muito tempo, as emoções foram vistas como desequilíbrio originado de instintos primitivos. Descartes ao constituir a célebre frase: “Penso, logo existo”, propõe a separação entre emoção e razão, valorizando a racionalidade como elemento essencial para a existência humana. A visão da racionalidade como única via de acesso legítima ao real culminou e reverberou na psicologia, e ainda ocorre essa perspectiva de que as emoções são impulsos e por isso devem ser controladas (MELLO, 2008). Neste sentido, entende-se que o ser humano na sua totalidade pensa e sente, e em sua personalidade passa por sentimentos, emoções provocados pelas experiências do viver, moldados pela relação com os outros. As emoções resultam das interpretações cognitivas das situações e a atividade fisiológica deve ter uma representação cognitiva para que possa influenciar uma experiência emocional (LEDOUX, 2001). Para o mesmo autor, a mente não existe sem a emoção, os indivíduos se tornam o que ele chama de almas de gelo. Assim compreende- se que toda ação humana traduz uma emoção que a motiva, mesmo as ações mais automáticas ou repetitivas são oriundas de um estado emocional que as define. Espinosa deu especial atenção a afetividade e o autor Damásio (2000) ao estudar suas contribuições, organizou as emoções em três categorias, a saber: SBDG – Caderno 156 Afetividade: um elemento da Dinâmica dos Grupos 6 Emoções de fundo – são expressas por movimentos sutis no corpo, podendo ser agradáveis ou desagradáveis. Uma emoção de fundo mantida por muito tempo gera um humor e se destacam os seguintes sentimentos de fundo: “fadiga, energia, excitação, bem-estar, mal-estar, tensão, descontração, arrebatamento, desinteresse, estabilidade, instabilidade, equilíbrio, desequilíbrio, harmonia, discórdia” (DAMASIO, 2000, p. 362). Emoções primárias ou universais – surgem como reação rápida a diferentes estímulos, por exemplo, raiva, tristeza, medo, zanga, nojo, surpresa, alegria. Emoções secundárias ou sociais – Se originam da convivência do indivíduo em grupo, sendo influenciadas por este e pela cultura, como a vergonha, o ciúme, a culpa, compaixão, embaraço, simpatia, orgulho, entre outros. Ratificando as autoras Almeida e Mahoney (2007) que analisaram as contribuições de Henry Wallon, a afetividade faz parte do ser humano, enquanto indivíduo integral, síntese dos conjuntos funcionais (afetivo, motor e cognitivo). Wallon defende que numa relação dialética entre aspectos afetivos e intelectuais é a emoção que estabelece o vínculo entre o sujeito e o meio. É a exteriorização da afetividade, é a sua expressão corporal, motora. Tem um poder plástico, expressivo e contagioso; é o recurso de ligação entre o orgânico e o social: estabelece os primeiros laços com o mundo humano e, através deste, com o mundo físico e cultural. As emoções compõem sistemas de atitudes reveladas pelo tônus (nível de tensão muscular), combinado com intenções conforme as diferentes situações. Das oscilações viscerais e musculares se diferenciam e se estabelecem os padrões posturais para medo, alegria, raiva, ciúme e tristeza, etc. (ALMEIDA; MAHONEY, 2007, p. 17). Assim, entende-se que as emoções envolvem aspectos cognitivos, avaliativos e simbólicos, é um processo particular de cada um, mas sua origem e efeitos são sociais. É possível que estados emocionais tornam-se mais evoluídos à medida que o indivíduo desenvolve-se na relação com diferentes contextos socioculturais e em relação ao seu momento de vida. As manifestações corporais, as reações em geral provocadas pela emoção variam conforme as experiências vivenciadas. Assim, embora as emoções sejam vividas no presente, em sua complexidade carregam a temporalidade: passado, presente e futuro (VIGOTSKY, 1993). Isso significa que em um grupo todas as emoções vividas por seus membros nessas três temporalidades mediarão os afetos no aqui e agora (SAWAIA, 2006). SBDG – Caderno 156 Afetividade: um elemento da Dinâmica dos Grupos 7 O grupo, definido como um conjunto de pessoas que se relacionam, sendo cooperativas de explicitação e de transformação das relações que se constroem a partir da história de cada membro, da história do grupo e da cultura (PAGÈS, 1982), apresenta em seu processo diversas manifestações de emoção, e esta tem a capacidade de estabelecer vínculos entre os membros e dos membros com o meio. No olhar de Moscovici (1985, p. 87), o encontro de um indivíduo com o outro gera interação, “o simples fato de estar na presença do outro modifica o contexto perceptivo de cada um, promovendo interação”. Assim, entende-se que a experiência coletiva de emoções como raiva, medo, ansiedade, alegria, entre outras, pode contribuir para o processo de desenvolvimento do grupo. Partindo do pressuposto que as emoções interferem nas formas dese relacionar, os membros de um grupo podem fortalecer os vínculos se compartilharem suas emoções, sentidas no aqui e agora. 2.2.2 Afeto Afecção significa os afetos em ação, trata-se do movimento dos corpos e da relação causa-efeito, isto é, o efeito de um sobre o outro. Quando os afetos agem, se manifestam, ocorrem reações para quem recebe e também para quem os expressam. Neste sentido, as afecções que alteram a potência do corpo, da alma e do processo do pensar, segundo Espinoza são afetos. Neste linear, uma afecção neutra que não provoque reações consequentemente não terá dimensão afetiva (ESPINOZA, 1957). Os afetos, resultantes dos movimentos em órgãos e sentidos, compõem a vida dos indivíduos e dos grupos, como integradores da vida psíquica, possibilitando a compreensão das relações humanas. Segundo Damásio (2000, p. 431), “afeto é aquilo que você manifesta (exprime) ou experimenta (sente) em relação a um objeto ou situação, em qualquer dia de sua vida”. Deste modo, os afetos não são apenas de ordem interior, para que se origine é necessária a relação com o outro, e ao estabelecer essas conexões, e por exercerem influência e consequência na sua manifestação, os afetos são considerados como forças. Espinoza, (1957) tratava a afetividade como elemento essencial do ser humano e para a constituição da ética. A autora Sawaia (2006, p. 86) cita as contribuições de Espinoza sobre afetividade: “afetividade é a capacidade do ser humano de afetar e ser afetado (affectus), ao mesmo tempo em que representa o resultado corpóreo e mental dessas afecções”. SBDG – Caderno 156 Afetividade: um elemento da Dinâmica dos Grupos 8 O filósofo considera que cada indivíduo tem poder e potência de afetar e ser afetado. Para ele, a essência da vida não está baseada apenas na sobrevivência, mas também na beleza da capacidade do ser humano em se expandir, de realizar sua potência inerente à sua existência. Essa expansão ou evolução ocorre por meio das experiências, ou pelos encontros, como defende o filósofo Espinoza (1957). É no contato com os outros, outras mentes e corpos, que acontece a oportunidade dessa potência/força aumentar ou diminuir em cada individuo. Deste modo, afetos são movimentos de transição, passagem de um estado de potência para outro. Por exemplo, se os indivíduos se encontram em estado de alegria, os corpos, pensamentos, emoções constituem um mundo alegre, e os efeitos disso irão aumentar a capacidade de agir de cada um, se o estado é contrário, a capacidade diminui (SAWAIA apud ESPINOZA, 2006). Sob essa perspectiva, Espinoza (1957) afirma que os afetos contêm o poder de promover a autonomia corporal e intelectual nos indivíduos. No entanto, para que a potência seja aumentada é preciso liberdade para expressar os afetos; ambientes hostis e rígidos não contribuem para o desenvolvimento do individuo e do grupo (SAWAIA, 2006). Para Espinoza os afetos de ordem primitiva são desejo, alegria e tristeza, os secundários, derivados dos primitivos, são amor e ódio (GLEIZER, 2005). 2.2.3 Amor Pergunte a todo e qualquer ser humano que possa verbalizar seus entendimentos, o que é amor. Certamente você encontrará inúmeras definições em diferentes vocábulos, e em sua grande maioria – e sem medo do exagero, a intenção primeira dos pesquisados será a de manifestar que este é um sentimento do bem. Mesmo para os que desacreditem que ele exista já se entregam dizendo o inverso de bem estar que o amor possa provocar. Amor (s.m.): 1. Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa. 2. Afeição, amizade, carinho, simpatia, ternura. 3. Inclinação ou apego profundo a algum valor ou a alguma coisa que proporcione prazer, entusiasmo, paixão. 4. Muito cuidado, zelo, carinho (DICIONÁRIO AURÉLIO). SBDG – Caderno 156 Afetividade: um elemento da Dinâmica dos Grupos 9 No entendimento e vivências das autoras, dentre todos os sentimentos mais comuns às formas de relacionamento dos seres humanos, o amor é o que mais move, realiza, aprofunda. “É inevitável a descoberta do amor e a busca do seu aprendizado como o maior valor da vida humana” (MONTEIRO, 1997, p. 90). Esta pesquisa contempla este que é dos sentimentos mais citados e cultuados pelos poetas, compositores, religiosos, espiritualistas e romancistas. Entender a importância do amor se faz necessário para a evolução, conforme afirma a autora: o amor funciona como força de agregação irresistível no universo, e é inútil tentar defini-lo [...] sendo o amor desafio para o crescimento interior, exige de cada ser humano o reconhecimento de suas fragilidades, bem como a necessidade de aceitação da presença do outro, sem a qual não existe a manifestação amorosa (MONTEIRO, 1997, p. 21). Amar é uma experiência íntima, e que se manifesta em distintas formas de amor. Essa experiência de sentir amor é pessoal e intransferível e determina a relação do ser humano com o mundo e com o outro. Dentre as diferentes formas de amar, o amor fraterno é a mais fundamental espécie de amor, inclui sentimento de responsabilidade, de cuidado, de respeito pelo outro e alicerça todos os outros tipos, como por exemplo, o amor materno, amor paterno, amor de Deus, entre outros. Amor fraterno é a expressão do amor entre iguais e tem como objetivo a preservação da espécie e a manutenção dos vínculos. Faz parte da natureza de todo animal. Protegendo o semelhante, cada ser protege a si mesmo, garantindo a sobrevivência do grupo (MONTEIRO, 1997, p. 130). A mesma autora afirma que o amor fraterno elimina a valorização das diferenças excludentes e fortalece o núcleo de humanidade comum a todos os seres humanos, o que nos leva a entender que os seres humanos sentem necessidade de dar e receber por serem interdependentes e relacionais. Comparando a referência da autora com as relações grupais, pode-se pensar que se há de fato a vivência do amor fraterno em grupo, em qualquer que seja seu grau evolutivo, se torna difícil o indivíduo abandonar o semelhante. É o que Monteiro (1997) afirma: quando se sente parte do outro, se sente parte do grupo. Essas formas de amar podem fazer parte da interação do ser humano com o mundo desde seu primeiro contato. A afetividade é preposta desde qualquer relação do SBDG – Caderno 156 Afetividade: um elemento da Dinâmica dos Grupos 10 ser humano com o outro. Nesse primeiro contato não necessariamente predominará de imediato um sentimento de bem-estar. Mas certamente seu conteúdo trará emoção e sentimento adjacentes (PAGÈS, 1982) e o amor poderá ser um deles. Monteiro (1997, p. 74) defende que o “amor é uma vivência única, à qual muitas pessoas se impedem devido a dificuldades pessoais que não foram elaboradas”, como agir na defensiva e eliminar medos. Percebe-se que vivenciar a experiência grupal traz oportunidade para lidar com essas questões na prática. Compreende-se que o amor pode facilitar a experiência grupal, uma vez que, no geral, facilita a integração entre os seres. Pela força do amor, as diferenças se integram e se complementam (MONTEIRO, 1997). Assim, em grupo o relacionamento pode se tornar mais integralizado, os membros podem se consolidar apresentando sentimentos e emoções de bem-estar por estarem envolvidos pelo sentimento de amor. 2.3 Afetividade dos grupos Afetividade é um conjunto de respostas subjetivas e definidas, expressas sob a forma de sentimentos, sensações, estados emocionais, desejos e humores. A afetividade leva a experiência, dá tom à vida, quer seja de sofrimento, quer seja de alegria (KELLY; SPOOR, 2005). Conceitos de afeto e de amor e algumas formas de amar que foram apresentadas acima contribuem para contextualizar a motivação que impulsiona as autoras a estudar as relações grupais e a afetividade dos grupos. Bion (1975) afirma que o grupo adquire uma unanimidade de pensamento e de objetivo, que transcende aos indivíduos,e chama esse movimento de mentalidade grupal. E ainda, denomina como cultura do grupo, o que se resulta da oposição conflitiva entre as necessidades da mentalidade grupal e as necessidades de cada indivíduo. Este autor não estava longe de conhecer uma afetividade coletiva já que, para ele, o grupo é um objeto mental específico que, como tal, suscita emoções e sentimentos. Entendemos que o grupo é regido pelo seu clima afetivo, às vezes estimulado por um dos membros, às vezes estimulado por um líder, e em todo momento expressado em situação de comunidade afetiva. Também Pagès (1982) afirma que, em todo grupo, em qualquer momento, existe um sentimento dominante, compartilhado por todos os membros do grupo, com sutilezas SBDG – Caderno 156 Afetividade: um elemento da Dinâmica dos Grupos 11 individuais. Esse sentimento é, em geral, inconsciente e governa a vida do grupo em todos os seus níveis. Para Schutz (1989), estes níveis na vida do grupo são as três dimensões que ocorrem numa ordem no desenvolvimento dos grupos, a saber: inclusão, controle e abertura. As questões da inclusão, a decisão de quem está dentro ou fora do grupo, são as primeiras a surgir, seguidas pelas questões de controle (estar por cima ou por baixo) e, finalmente, pelas questões afetivas (estar próximo ou distante) (SCHUTZ, 1989, p. 110) Entende-se que o grupo manifesta sua afetividade durante toda sua existência e, portanto, em suas três fases de desenvolvimento. Vale ressaltar que essas fases em alguns momentos do grupo se misturam, podendo inverter a ordem cronológica dependendo dos fatos que possam ocorrer com o grupo. Mas, em todos os momentos vividos, o grupo demonstrará sua afetividade, independente de qual fase esteja predominando (SCHUTZ, 1989). Os níveis de expressão dessa afetividade variam conforme as formas de expressão dos sentimentos individuais e coletivos, mais ou menos diretas. Os sentimentos grupais conscientes ou inconscientes do grupo é que dão vida aos fenômenos grupais e permitem aclarar suas relações (PAGÈS, 1982). A afetividade do grupo é manifestada, alimentada e percebida pelos sentimentos expressos. Não necessariamente por sentimentos de bem estar é composta essa afetividade, como afirma Boff (1997). No ser humano coexistem sentimentos opostos que se complementam num movimento de aprendizado e valorização de um e de outro, tais como amor-ódio, atração-rejeição, apreço-desdém, alegria-tristeza, euforia-apatia, medo- coragem, reconhecimento-inveja, tranquilidade-ansiedade, dentre outros. Assim também a afetividade do grupo está presente em todas as formas de expressar e de recusar ao mesmo tempo a relação com o outro, sendo sentimentos positivos ou negativos. Para Pagès (1982) a afetividade está até mesmo na construção de um acordo, de um conluio inconsciente entre os membros, expressada em comportamentos individuais que se aproximam num fenômeno de convergência, à medida que os movimentos afloram à superfície aparente e consciente. SBDG – Caderno 156 Afetividade: um elemento da Dinâmica dos Grupos 12 [...] temores informulados governam a vida do grupo muito mais do que os dados objetivos do problema em discussão: a argumentação entre os componentes, os conflitos de interesses aparentes, as teias e alianças no grupo, a própria configuração topológica dos participantes, a presença ou ausência de certa forma de comando, são outras tantas maneiras de expressar esses temores e ao mesmo tempo de se defender deles (PAGÈS, 1982, p. 263). Os sentimentos são expressos e na medida em que o grupo vai se percebendo como um corpo, sem individualismos, sem diferenças, e assim se constrói uma fusão, como numa unidade afetiva, sentida coletivamente. Os membros experienciam a consciência do Eu e a consciência do Nós e se faz a relação confusa, mas essencial de reconhecimento de si com o outro (PAGÈS, 1982). Até mesmo os comportamentos que expressam os sentimentos de defensividade individual são representações inconscientes de defensividade do grupo, podendo ser de um conflito coletivo inconsciente. Seguindo este entendimento, “as manifestações individuais podem ser interpretadas como reações de defesa contra uma experiência inconsciente coletiva”, observa Pagès, (1982, p. 274). Como conceber a origem de afetividade grupal? Pagès (1982) não encontra outra solução senão admitir que a afetividade está ligada à natureza das relações coletivas e estas são de imediato de natureza afetiva. Assim, há uma condição primeira e indissociável da relação com o outro, que é o sentimento. Sendo sempre afetiva a relação do ser humano no contato imediato com o outro, se ressalta que o sentimento vivido com e pelo outro, consciente ou inconscientemente, permite que o ser humano esteja em condição de não-indiferença ao outro (MONTEIRO, 1997). Para Pagès (1982) os que aparentemente demonstram o contrário usam máscaras. A indiferença é a segunda sensação e remete a uma sensibilidade imediata, que essa sim é primeira. Entende-se assim que não há interação com o outro que não seja vivida. Em todo momento de relação inicial, de um contato vivido, o sentimento é dado de imediato. Contudo, explicar a relação afetiva pode parecer desnecessário. Porém, se acredita que os sentimentos relacionais do grupo podem e devem ser estudados para encontrar a relação fundamental do laço de união grupal. A experiência afetiva da relação que os membros do grupo compartilham pode ser inconsciente, escondida, mas é ela quem governa a vida do grupo. Pagès (1982) sabiamente conclui que a vida do grupo é a constante experiência de seus membros em se relacionar em diálogo e construção de grupo. SBDG – Caderno 156 Afetividade: um elemento da Dinâmica dos Grupos 13 Neste contexto, o que se propôs com este estudo, foi identificar a afetividade de grupo do grupo Bispo. No próximo item serão apresentados os elementos identificados de afetividade deste grupo, que correspondem ao momento vivido no período de observação por estas autoras, assim como, a relação desses elementos identificados com as emoções e os sentimentos de afeto e de amor expressados pelo grupo. 3 A AFETIVIDADE DE GRUPO NO GRUPO BISPO Conforme metodologia definida para identificar como se dá a afetividade nos grupos, se utilizou de estudo de caso do grupo teatral Bispo. Para isso, as autoras observaram os ensaios do espetáculo e, no último dia, realizou-se a aplicação de questionário. Neste recorte, seguem trechos do relato de observação e as conclusões das autoras dos ensaios e, também, os resultados do questionário. 3.1 Observação do grupo Bispo As autoras observaram o grupo no período de 12 de abril a 21 de junho, totalizando 09 encontros presenciais com o grupo, de acordo com a agenda e disponibilidade do mesmo. O grupo, ora completo de todos os membros, núcleo cênico (dramaturgo, diretor e atores) e produção (apoios e figurinista), ora com apenas os membros do núcleo cênico, foi acompanhado pelas autoras que registraram em manuscritos suas observações dos encontros visitados. Para que essas nove observações fossem contempladas neste artigo, se extraiu de cada uma, passagens mais relevantes para a identificação da afetividade de grupo. A seguir estão as observações dos momentos em que o grupo demonstrou comportamentos de afeto e de amor entre si; momentos em que as emoções apareceram declaradas ou em elementos sutis; momentos em que aparentemente a afetividade esteve totalmente controlando a vida do grupo. 1º Dia de observação: 12 de abril de 2012 Percebeu-se que o grupo se cumprimentava neste dia com abraços e beijos, quase em unanimidade dos membros, na chegada ao encontro. Durante o encontro o grupo SBDG – Caderno 156 Afetividade: um elemento da Dinâmica dos Grupos 14 demonstrou alguns comportamentos de afeto: abraços e beijos, quando trocam opiniões sobre a tarefa do ensaio e a distribuiçãode funções. A afetividade do grupo é de harmonia, de positividade e entrosamento. O cuidado com o outro nas falas e expressões de feedback e a segurança em manifestar suas opiniões demonstra sentimento de amor fraterno entre os membros. 2º Dia de observação: 19 de abril de 2012 Neste encontro, a discussão de conflitos da rotina e logística do grupo nos encontros foi pauta de maior diálogo entre os membros. Percebeu-se que a troca de feedbacks no grupo foi segura e tranquila. O diretor ouviu sempre que o grupo se manifestava. O grupo se manifestou e participou das tarefas espontaneamente. Mesmo os membros que demonstraram mais agitação, que pareciam estar mais emocionados com o diálogo, pareceu que se sentiam a vontade para falar, sugerir, opinar, dar feedback. Alguns membros evidenciam uma vontade de dar certo, de ir em frente, resolver os desafios de logística do grupo. A afetividade neste encontro nos parece uma mescla de afeto, no sentido de integração do grupo em buscar soluções para seu funcionamento, e de emoções motivadoras para o desenvolvimento do mesmo. 3º Dia de observação: 25 de abril de 2012 Apenas 04 membros do grupo participaram deste encontro e estes se comportaram como um subgrupo. Estavam: ator, atriz, diretor e dramaturgo – o núcleo cênico do grupo. O ensaio transcorreu com muita emoção por conta do exercício com o texto que foi bastante intenso. Os membros faltantes foram lembrados com pesar de não estarem presentes participando do momento de emoção e de não estarem cumprindo suas tarefas individuais. Os membros expuseram suas emoções e expectativas com relação ao grupo e pediram ao diretor que fosse convocada uma conversa com o grupo todo para esclarecer o mal estar e levantaram hipóteses do que poderia estar acontecendo. O diretor disse: ‘Estou triste por não ter o registro! (se referindo à ausência dos demais membros do grupo) Em seguida o dramaturgo disse: ‘Eu faço! Vou começar a fazer então!’ O grupo começou a tratar dessa dificuldade, se falou em dar feedback aos demais membros. A atriz expôs que deveria haver certa cobrança: ‘precisamos que a produção trabalhe!’ e complementou: ‘Criou-se essa mentalidade: ah eles estão lá viajando (se referindo ao ensaio) e nós não precisamos acompanhar!’ SBDG – Caderno 156 Afetividade: um elemento da Dinâmica dos Grupos 15 O grupo demonstra insegurança com relação ao seu funcionamento e evidencia conflitos. A afetividade do grupo parece estar pautada no desconforto, na frustração e na disputa de poder. 4º Dia de observação: 03 de maio de 2012 Neste encontro foi realizada a reunião convocada para acertos de funcionamento do grupo. No início um dos membros da produção chamou a atenção para começar a reunião: “então, vocês que chamaram a reunião..” Alguém chamou o diretor de chefe, e ele respondeu: “aqui não tem chefe”.’ Neste encontro foi agregado novo membro ao grupo para contribuir com a produção nos registros dos ensaios. O diretor apresentou o histórico do motivo da chamada da reunião. Nas falas, o grupo se subdividiu em dois subgrupos – produção e núcleo cênico, como já vinha acontecendo, e se apresentaram com duas lideranças. Quando se abriram os diálogos logo o grupo retornou para assuntos já discutidos e pendentes, e divagaram nessas pendências, defenderam-se e se justificaram e voltaram ao passado, fugiram para assuntos de fora, abriram parênteses de pendências. Mas, um dos membros chamou o grupo para o foco da reunião e verbalizou que o grupo estava fugindo. Este seguiu sugerindo que todos os membros podiam e deviam trazer soluções para as questões de logística. O grupo patinou em justificativas, o clima de conflito não foi bem elaborado e o grupo fugiu dos sentimentos e falou do “lá e então”. A mesma pessoa que chamou a atenção para o foco da reunião interrompeu novamente e disse que precisava ir embora, desmobilizando o grupo. Ao final, o diretor disse que ficou muito feliz com o que ocorreu com o grupo e disse que se sentia ‘incomodado com o ensaio, quando é dia de ensaio o foco tem que ser no ensaio, já que o tempo é curto e que não seja tratado de outros assuntos’. E complementou: ‘sinto-me chateado, desmotivado quando isso acontece’. O grupo manifesta sua afetividade em conflitos declarados de defensividade e fuga. A atriz, membro ativa na busca do desenvolvimento do grupo, aparece como porta- voz declarando sua insatisfação com os diálogos de “lá e então”. Contudo, a manifestação de membros que trazem questões não resolvidas, faz com que o grupo tome contato com os conflitos instalados e que devem ser enfrentados. Ainda assim, o grupo se defende do não realizado e não trata o conflito. A afetividade do grupo parece pairar no enfrentamento e no medo de verbalizar suas dificuldades com o outro e com o grupo. SBDG – Caderno 156 Afetividade: um elemento da Dinâmica dos Grupos 16 5º Dia de observação: 17 de maio de 2012 Neste encontro, o grupo teve que lidar com a falta quase completa de logística, visto que o espaço onde estavam se encontrando já estava se desativando e o diálogo girou em torno desta nova realidade: encontrar um novo local para o grupo. O encontro não passou de 40 minutos e várias e superficiais sugestões foram dadas para o novo local e a continuidade dos encontros. Os membros falavam desestimulados e sem energia. Nada definido, um dos membros do grupo quis encerrar justificando cansaço, desgaste e vontade de ir embora. Todos os membros concordam e pedem para irem embora. A afetividade do grupo neste encontro veio fortemente pela expressão corporal dos membros, estampada nos rostos cansados, nas expressões confusas em que pareciam não entender nada do que se falava e através do comportamento de apatia em relação ao que estava acontecendo, que era lidar com a mudança do espaço físico e novamente com a ausência de alguns membros do grupo. O grupo parece não querer lidar com a problemática do espaço. O coro do grupo pela vontade de ir embora demonstra a afetividade inconsciente de fuga do conflito a ser resolvido. “O grupo é igual à soma de seus membros” (Pagès, 1982, p. 297). 6º Dia de observação: 24 de maio de 2012 Para este encontro o local escolhido foi a casa do ator, visto que o local onde o grupo se encontrava não poderá mais ser utilizado. O grupo avalia o ambiente e o escolhe como novo local de encontro. Brindam comemorando a conquista. O ator, num movimento aparentemente instintivo – talvez por estar em sua casa, inicia a reunião. Conta das últimas discussões do núcleo cênico e as apresenta aos demais, junto com a atriz e o diretor. O dramaturgo não participara deste encontro. Compartilham o 'novo' texto e o discutem no grande grupo. Dialogando sobre o texto, a atriz exclama: ‘Ah gente! Quero fazer isso logo!’ O grupo parece exclamar a necessidade de realizar, sair do “lá e então”, e partir do aqui e agora para se desengasgar dos atrasos, das ausências, das fugas. A afetividade do grupo neste momento é de ansiedade mesclada com euforia pelo novo. Supomos que para distrair a ansiedade da mudança do espaço físico e a fuga dos conflitos ainda não resolvidos, o grupo escolhe falar das possibilidades do novo: da nova sala, do novo texto, das tarefas. SBDG – Caderno 156 Afetividade: um elemento da Dinâmica dos Grupos 17 7º Dia de observação: 31 de maio de 2012 Novamente o grupo começou com quase 01 hora de atraso. O grupo se reuniu em outro ambiente e não na casa do ator, escolhida no encontro passado como local de ensaios. O grupo sentiu dúvida em iniciar sem o diretor, e conversas paralelas surgiam e seguiram até a confirmação de que o diretor chegaria em breve, e como numa aprovação por parte dele, o grupo conseguiu enfim iniciar. Após a leitura do texto que o dramaturgo apresentou com atualizações, iniciaram-se os feedbacks e o dramaturgo disse: ‘Gostaria de ouvir as críticas sinceras’. E quandoem unanimidade o grupo não aprovou as alterações de texto, ele afirmou: ‘eu tinha certeza que vocês não iam gostar’. A atriz questionou se o grupo estaria com o mesmo objetivo e falou de seus sentimentos sobre o texto apresentado. Neste momento o dramaturgo respondeu de imediato: ‘Agora vai me ajudar, ninguém disse o que queria com o texto até agora’. O atraso constante no início dos encontros, a espera do diretor para que o encontro se realize, e a ansiedade demonstrada nas falas do dramaturgo com relação à realização da tarefa, é o que parece gerir a afetividade do grupo neste dia. A afetividade do grupo falou do conflito com as mudanças e a fuga de tomar contato com as dificuldades. O sentimento do grupo, verbalizado em alguns feedbacks ao dramaturgo e dele para com o grupo, demonstra ansiedade pelo andamento do trabalho e do próprio grupo – desenvolvimento, resolução de pendências, contato com conflitos internos. 8º Dia de observação: 14 de junho de 2012 Novamente somente os quatro membros do núcleo cênico compareceram ao encontro. O diretor iniciou o encontro e o grupo voltou na questão da necessidade dos registros dos ensaios. O diretor afirmou que sua ambição enquanto diretor é o processo ser bem feito, ser o diferencial e propôs estabelecer carga horária e disciplina ao grupo para que essas ausências fossem solucionadas. O dramaturgo exclamou sua insatisfação com ênfase: Vamos fazer isso senão essa p... não vai rolar! A gente mesmo faz a iluminação. O diretor fugiu convidando os três membros para um churrasco para discutirem o que fazer. O ator começou a contextualizar, culpou as circunstâncias (tempo, troca de local de ensaio), e falou como se sentia: ´Estou ansioso, mas não tem que fazer de um jeito louco!´ O grupo permaneceu um tempo debatendo ideias de como fazer sem os demais SBDG – Caderno 156 Afetividade: um elemento da Dinâmica dos Grupos 18 membros. E decidiram se dividir para cumprirem com as necessidades de logística, como água, registro, texto, figurino, dentre outras tarefas da produção. O comportamento do grupo reforça sua subdivisão em dois grupos. O conflito ainda não confrontado referente às tarefas não cumpridas por parte da produção volta a alimentar a afetividade do grupo com sentimentos que nos parecem ser de insegurança e relacionados à disputa de poder. 9º Dia de observação: 21 de junho de 2012 No horário combinado, 19h, apenas o ator chegou para o encontro. Ele trouxe café, chá, comida, responsabilidades assumidas pelo grupo no último encontro. Somente 45min depois chegaram os demais membros e desta vez com alguns membros da produção. Os atores contaram um pouco ao diretor como foi o ensaio de quinta-feira passada que ele não estava. A atriz lembrou que não houve acompanhamento da produção e reforçou que, se eles tivessem registro, iriam longe. O registro neste encontro foi feito por um membro da produção que apenas cumpriu a tarefa de filmar não se integrando ao processo. Outro membro registrou manualmente a construção da cena enquanto leu um livro de uso pessoal. Comportamentos se repetem com atrasos, desinteresse pelo processo de construção do grupo por parte da produção, ao mesmo tempo em que o núcleo cênico segue experimentando os ensaios e a proposta de desenvolvimento do texto e do espetáculo. Mais uma vez a afetividade do grupo nos parece ser de insegurança e omissão em relação ao enfrentamento das pendências. 3.2 Pesquisa com questionário no grupo Bispo Em complementação às observações dos ensaios do grupo Bispo, realizou-se a aplicação de um questionário com objetivo de identificar a percepção dos membros sobre os fenômenos afetivos do grupo, seus sentimentos enquanto membros do grupo, e também identificar características da dinâmica do grupo, como confiança, honestidade e abertura. Entre os membros, 66% (6 pessoas) apresentam perfil artístico: diretor, dramaturgo, atores, figurinista e assistentes de produção. O questionário foi respondido SBDG – Caderno 156 Afetividade: um elemento da Dinâmica dos Grupos 19 por 77% (7 pessoas) dos membros do grupo, os quais estavam presentes no dia da aplicação. Assim, o universo dos resultados é de 7 membros. Como resultados o grupo Bispo apresenta um propósito comum que o constitui enquanto grupo: a produção de um espetáculo teatral. O objetivo comum significa a nutrição do ideal, da existência do grupo. Conforme identificado no questionário ao responder a pergunta sobre o que motivou cada membro a ser parte do grupo, todos apresentam respostas focadas na tarefa, isto é, na possibilidade de crescimento enquanto profissional ligado às artes cênicas e na execução do espetáculo. Apenas um dos membros se refere à amizade do grupo como elemento motivador ao fazer a seguinte afirmação: “Gosto pelo teatro, a amizade dos profissionais que me convidaram e o respeito pelo profissionalismo dos mesmos”. Neste sentido, é importante considerar que dos nove membros, sete tinham amizade anterior, tanto que isso somada a vontade dos membros em desenvolverem ações artísticas culminou na formação do grupo. Quando se perguntou sobre a avaliação do desenvolvimento do grupo, 86% (06 membros) dos membros citaram a palavra dificuldade, apenas 14% (1 membro) não utilizou essa palavra, mas declarou também certo desconforto ao dizer: o ritmo do grupo é lento. Os membros denunciam os conflitos, mas mantém uma expectativa positiva em relação ao espetáculo. Um dos membros reforça uma questão que buscou debater no grupo: a necessidade de participação da produção em todos os ensaios. Esse assunto foi tema de uma das reuniões e o grupo optou por manter o bem estar e não tratar o assunto. Este membro do grupo afirmou no questionário: “Parte do grupo está bem empenhada em ver a peça se realizar, mas parte não sente a necessidade de estar tão envolvida no momento. Não que todos não queiram ver o projeto se realizar, mas alguns, como eu, não veem a necessidade de uma presença tão constante nos ensaios”. Outro conflito que o grupo não buscou tratar, e que foi expresso por 28% (2 membros), se refere a busca de patrocínio financeiros para o espetáculo. Outro membro cobra maior engajamento ao citar: “creio que estaríamos mais adiantados se tivéssemos mais comprometimento, dedicação e organização”. Um membro lembra das dificuldades que surgem no cotidiano do grupo como falta de sala para ensaios, falta de recursos, atrasos para o início dos ensaios. Ao perguntar sobre como cada um se sentia enquanto membro do grupo, as respostas apresentaram emoções de alegria, medo, orgulho e excitação. Os dois membros SBDG – Caderno 156 Afetividade: um elemento da Dinâmica dos Grupos 20 que durante os ensaios observados assumiam o papel de porta-voz, isto é, denunciavam a ansiedade vivida pelo grupo, relatavam emoções de medo e orgulho. Um deles respondeu declarando um afeto de medo, afirmando:“me sinto feliz, mas confesso que as vezes fico com medo de não conseguirmos levar para o público o que estamos sonhando e trabalhando meses”. O outro membro respondeu da seguinte forma: “Sinto-me bem, embora perceba que, algumas vezes tudo fica dependendo de mim. Disso eu não gosto, mas entendo que os colegas vivem em outra velocidade”. Ao responder essa mesma pergunta, um membro do grupo expressa amor ao dizer: “como igual; estou com meus pares. São pessoas especiais e que me fazem sentir especial também”. Nas observações, este membro apresentou facilidade em expressar suas opiniões e sentimentos. Em contrapartida, outro membro expressa seu desconforto, ao dizer: “por não participar de todas as reuniões me sinto um pouco alheio. Além disso, como no momento tenho outras atividades, às vezes, sinto que é uma sobrecarga”. O mesmo membro, não expôs esse desconforto no momento em que o grupo debateu a participação de todos nos ensaios – produção e núcleo cênico. Este mesmo membroescreveu sobre seu desejo como se despedisse do grupo ao afirmar: “Que consigam (o membro não se inclui) concretizar suas (o membro não se inclui) expectativas, principalmente com relação aos atores, que realizem (o membro não se inclui) algo de que tenham orgulho”. Em comparação com os demais membros que fizeram os seguintes comentários em relação ao seu desejo como membro do grupo: “Que a gente consiga fazer um bom trabalho e levá-lo para o público (...)” e “Que o nosso trabalho chegue até o fim, com essa energia de troca (...)”. O questionário também checou como os membros identificam o sentimento que está governando a vida do grupo. Entre os membros 72% (5 membros) declarou o sentimento de motivação, de esperança na realização do espetáculo, com os seguintes comentários: “Fé, no sentido de acreditar que vai dar tudo certo”; “Motivação”; “O de certo. O de escolha importante para cada um e de que realizaremos nosso intento”; “Como a peça está tomando corpo, sinto um entusiasmo maior por parte de todos”. Enquanto 28% (2 membros), declararam os seguintes sentimentos: “Que vai acontecer o espetáculo, mas ainda há preocupação e um pouco de insegurança”. Ainda se buscou identificar como os membros do grupo Bispo percebem a confiança e honestidade, isso porque as autoras optaram por checar se o grupo identifica SBDG – Caderno 156 Afetividade: um elemento da Dinâmica dos Grupos 21 suas dificuldades nestes aspectos. Entre os membros 72% responderam que sempre os conflitos são aceitos e negociados abertamente, seguido de 14% que afirmaram que isso ocorre com frequência e 14% afirmou que acontece raramente. Nesta questão evidencia- se diferenças nas opiniões da forma com o grupo lida com suas dificuldades. Para a afirmação: há confiança entre os membros do grupo, 40% identifica que a confiança é sempre presente, seguido do mesmo percentual que acredita que ocorra com frequência, e 20% afirmou que há confiança ocasionalmente. Também, ao serem questionados quanto a vontade para expressar suas opiniões no grupo, 86% respondeu afirmando que sempre se sentem a vontade, enquanto 14% comentou que isso ocorre frequentemente. Em contrapartida, 40% dos membros afirmam que ocasionalmente os membros do grupo são irresponsáveis e dependentes, seguido de 40% que concorda que isso ocorre, embora raramente, e 20% dos membros afirma ser frequente. A leitura dessas informações revela que os membros identificam confiança e honestidade, mas dificuldades de expressões de autenticidade, alguns membros reconhecem e outros membros negam essas dificuldades, evitando o contato. Nota-se que a divisão técnica de subgrupos – produção e núcleo cênico – gerou uma divisão clara de envolvimento com o grupo: a produção não participa dos debates em grupo, apenas executa as tarefas demandadas pelo núcleo cênico. As consequências disso foram ocorrendo, e o grupo buscou tratá-las, houve reuniões, mas o debate se manteve na tangente, não aprofundou os sentimentos dos membros. Essa divisão o grupo, reforçada pela fala de um dos membros – “Parte do grupo está bem empenhada em ver a peça se realizar, mas parte não sente a necessidade de estar tão envolvida no momento (...)” – leva a supor que o grupo não está produzindo sinergia. Outro fator que se soma a esse contexto é o não tratar dos sentimentos do aqui e agora, Schutz (1989) afirma que negar o sentimento impede que o indivíduo e o grupo tenham uma vivência plena. Considerando que as “manifestações individuais estão sempre ligadas a sentimentos coletivos” (PAGÈS, 1982, p. 274), os comportamentos observados no grupo Bispo: atrasos constantes por todos os membros do grupo; idas ao banheiro e para fumar durante as reuniões; citações como resolver as dificuldades fazendo um churrasco no domingo, ou apenas mandar um email para tratar das dificuldades e, comparando as respostas trazidas pelo questionário com as observações, se pode considerar que os SBDG – Caderno 156 Afetividade: um elemento da Dinâmica dos Grupos 22 fenômenos afetivos que permeiam a vida do grupo Bispo no aspecto inconsciente são os sentimentos de insegurança e ao mesmo tempo esperança, isto é, o sentimento de realização da tarefa em grupo. CONSIDERAÇÕES FINAIS Embora tendo sido investigados o afeto, a afetividade e o amor nesta pesquisa, foi possível identificar que afetividade não está relacionada tão somente com sentimentos de bem estar, mas se refere à relação do ser humano com o outro, independente de ser agradável ou não o sentimento desta relação. No grupo em estudo, Bispo, identificou-se a forma como a afetividade se manifesta pelos comportamentos, emoções e sentimentos dos membros que imprimem a afetividade de grupo. De tal modo, se constatou que o grupo Bispo, no período estudado, apresenta sua afetividade de grupo preponderantemente baseada na insegurança. Para as autoras a produção deste artigo contribuiu para o amadurecimento enquanto ser humano e para sua atuação como futuras coordenadoras de grupos. A experimentação no papel de observadoras potencializou habilidades como escuta ativa, análise dos fatos sem julgamento, controle de ansiedade e euforia, e, principalmente, entendimento de grupo. E ainda, enquanto grupo, as autoras vivenciaram diferenças e complementações peculiares, como por exemplo, ser mais objetiva e a outra mais discursiva, a agenda de uma não bater com a da outra, um dia uma está mais ansiosa e no outro, ambas estarem ansiosas, e tantos momentos e características que trouxeram a esta dupla um desejo enorme em pesquisar afetividade de grupos com a maior assertividade possível. Conclui-se que a afetividade é o sentimento da essência grupal seja este proveniente de emoções agradáveis ou não, de momentos de conflito ou relacionados a tarefas realizadas, explicitado em palavras declaradas ou em comportamentos sutis ou mesmo linguagem não verbal, e, sobretudo, que traduz o momento afetivo predominante do grupo. Entende-se com isso que toda emoção e sentimentos são importantes para o crescimento de seus membros e do grupo, dependendo de como são abordados. A dinâmica de como o grupo lida com essa afetividade é o que proporciona a oportunidade, aos seus membros, de se desenvolverem e se entenderem como grupo. SBDG – Caderno 156 Afetividade: um elemento da Dinâmica dos Grupos 23 Entende-se que questões relevantes sobre funcionamento deste grupo, com sua organização, conflitos e a forma como lida com poder, merecem estudo específico não contemplado nesta pesquisa. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Laurinda R.; MAHONEY, Abigail A. Afetividade e aprendizagem: contribuições de Henri Wallon. São Paulo: Loyola, 2007. ANDREWS, Susan. Módulo II – Curso de Biopsicologia. Porongaba: Instituto Visão Futuro, 2009. BION. W. R. Experiências com grupos: os fundamentos da psicoterapia de grupo. 2. ed. Rio de Janeiro: Imago; São Paulo: USP, 1975. BOFF, Leonardo. A águia e a galinha. Petrópolis: Vozes, 1997. DAMÁSIO, Antonio. O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. ______. 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SBDG – Caderno 156 Afetividade: um elemento da Dinâmica dos Grupos 25 APÊNDICE A Questionário aplicado aos pesquisados 1) O que te motivou a fazer parte deste grupo? ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________ 2) Como você se sente como membro deste grupo? ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________ 3) Como você avalia o desenvolvimento deste grupo até o momento. ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________ 4) Qual o sentimento dominante do grupo neste momento? ________________________________________________________________ _______ 5) Qual o seu desejo mais intimo em relação ao grupo? ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ _____________________ 6) Assinale a coluna correspondente às afirmações abaixo: S em pr e F re qu en te m en te O ca si on al m en te R ar am en te N un ca N ão s e ap lic a. Os conflitos são aceitos e negociados abertamente. Há confiança entre os membros do grupo. Sinto-me a vontade para expressar minhas opiniões Os membros do grupo são irresponsáveis e dependentes.
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