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1. Compreender a biologia viral (classificação, replicação, morfologia, patogênese, composição) além de formas de transmissão e o mecanismo de uma infecção viral Classificação da infecção viral: ● Quanto ao tipo da infecção ○ Infecções agudas ■ O termo infecção aguda indica a produção rápida de vírus seguida da resolução e eliminação rápida da infecção pelo hospedeiro. ● Essas infecções podem ser localizadas quando se restringem aos tecidos e órgãos que inicialmente foram utilizados como porta de entrada pelo vírus. ○ Infecções persistentes ■ Ao contrário das infecções agudas, as infecções persistentes não são eliminadas rapidamente e as partículas virais ou produtos virais continuam a ser produzidos por longos períodos ■ As infecções persistentes são subdivididas em 3 tipos: ● Infecção crônica – o vírus é continuamente replicado e excretado. ● Infecção de evolução lenta – caracteriza-se por longos períodos de incubação. O desenvolvimento da doença tem um curso longo, progressivo e frequentemente fatal. ● Infecções latentes - O vírus persiste numa forma "não infecciosa” com períodos intermitentes de reactivação. O período de latência de uma virose é definido como o período em que o vírus permanece no organismo sem provocar manifestações clínicas. Geralmente no período de latência não há detecção de partículas virais. ● Taxonomia viral ○ Os vírus podem ser agrupados de acordo com as suas propriedades físicas, químicas e biológicas, assim como as das células que infectam. ○ Quanto ao genoma dos vírus, este pode ser constituído por fita simples (ss) ou dupla (ds), linear ou circular, de polaridade positiva ou negativa. ○ Classificação de Baltimore ■ Classe I - DNA de fita dupla - Ex: Adenovírus, Herpesvírus e Poxvírus. ■ Classe II - DNA de fita simples positiva - Ex: Parvovírus ■ Classe III - RNA de fita dupla - Ex: Reovírus, Birnavirus ■ Classe IV - RNA de fita simples positiva - Ex: Picornavírus e Togavírus ■ Classe V - RNA de fita simples negativa - Ex: Ortomixovírus e Rhabdovirus ■ Classe VI - RNA de fita simples positiva, com DNA intermediário no ciclo biológico do vÌrus - Ex: Retrovírus ■ Classe VII - DNA de fita dupla com RNA intermediário - Ex. Hepadnavírus Replicação viral ● Ciclo viral ○ Adsorção ■ É a ligação de uma molécula presente na superfície da partícula viral com os receptores específicos da membrana celular do hospedeiro ■ Os fatores que vão influenciar nessa etapa são: ● Temperatura ● pH ● Envoltórios de glicoproteínas ○ Penetração ■ É a entrada do vírus na célula. Esta pode ser feita de duas maneiras: fusão e viropexia. ● A fusão é quando a membrana celular e o envelope do vírus se fundem, permitindo a entrada deste no citosol da célula. ● Viropexia é uma invaginação da membrana celular mediada por receptores e por proteínas, denominadas clatrinas, que revestem a membrana internamente. ■ Esses dois processos dependem da temperatura adequada, por volta de 37ºC ○ Desnudamento ■ Neste processo, o capsídeo é removido pela ação de enzimas celulares existentes nos lisossomos, expondo o genoma viral. Além disso, se observa a fase de eclipse, onde não há aumento do número de partículas infecciosas na célula hospedeira. ○ Síntese viral ■ A síntese viral compreende a formação das proteínas estruturais e não estruturais a partir dos processos de transcrição e tradução ■ Íntima relação com a divisão de classes de Baltimore ● Vírus de classes I, III, IV e V: O processo de tradução do RNA mensageiro ocorre no citoplasma da célula hospedeira. ● Já no vírus classe II: Ocorre no núcleo ● Classe VI: Enzima chamada Transcriptase reversa, responsável pela síntese de DNA a partir de RNA ● Classe VII: Formação de um RNA intermediário ■ Mas em todas as classes o RNA mensageiro sintetizado vai se ligar aos ribossomas, codificando a síntese das proteínas virais ○ Montagem e maturação ■ Nessa fase, as proteínas vão se agregando ao genoma, formando o nucleocapsídeo. ■ A maturação consiste na formação das partículas virais completas, ou vírions, que, em alguns casos, requerem a obtenção do envoltório lipídico ou envelope. Este processo, dependente de enzimas tanto do vírus quanto da célula hospedeira, podendo ocorrer no citoplasma ou no núcleo da célula. De uma forma geral, os vírus que possuem genoma constituído de DNA condensam as suas partes no núcleo, enquanto os de RNA, no citoplasma ○ Liberação ■ A saída do vírus da célula pode ocorrer por lise celular ou brotamento. ● Na lise celular (ciclo lítico), a quantidade de vírus produzida no interior da célula é tão grande que a célula se rompe, liberando novas partículas virais que vão entrar em outras células. ● Geralmente, os vírus não envelopados realizam este ciclo, ao passo que os envelopados saem da célula por brotamento. Neste caso, os nucleocapsídeos migram para a face interna da membrana celular e saem por brotamento, levando parte da membrana. Patogênese ● A doença viral ocorre em consequência da infecção viral em um hospedeiro, o qual pode apresentar ou não sinais e sintomas clínicos. Em muitos casos, a infecção viral não é capaz de causar alterações clínicas visíveis no indivíduo, infecção inaperente (que não é ou está aparente) ou subclínica. ● Algumas infecções virais podem causar o que chamamos de síndrome ○ Que consiste em um grupo de sinais e sintomas específicos ● ● Na infecção localizada, a replicação viral permanece próxima ao sítio de entrada do vírus. Exemplo: pele, trato respiratório e gastroentérico. Na infecção sistêmica ou disseminada, o espalhamento do agente pelo organismo ocorre em várias etapas, como entrada, disseminação para os linfonodos regionais, viremia primária e disseminação para órgãos suscetÌveis Composição ● Núcleo (genoma) ○ ácido nucléico ■ DNA ■ RNA ● Capsídeo (composto por capsômeros) ○ Empacotamento ○ Proteção do ácido nucléico ○ Transporte do ácido nucléico ○ para outras células ○ Fornece a especificidade para a ○ adsorção ● Envelope (derivado de membranas, com proteínas codificadas pelo vírus) ○ Função das proteínas ■ Protegem o ácido nucléico ■ Ligam-se a receptores nas células ■ Penetram na membrana celular ■ Ajudam a replicar o ácido nucléico (alguns) ■ Iniciam o programa de replicação (alguns) ■ Modificam a célula hospedeira (alguns) Mecanismos de transmissão ● Trato respiratório ○ O trato respiratório é a principal via de entrada do vírus no organismo. Seus mecanismos de defesa compreendem: a presença de células epiteliais ciliadas, muco, anticorpos secretórios da classe A, células fagocitárias alveolares, dentre outros. Alguns desses mecanismos auxiliam na remoção de partículas estranhas. ○ Muitas vezes, os vírus ultrapassam essas barreiras, principalmente quando há um imunocomprometimento. Inicialmente, esses agentes se replicam nas células epiteliais, produzindo uma infecção localizada, podendo ser disseminada, rapidamente, com o auxílio dos fluÌdos locais. ○ Exemplos ■ Vírus da Influenza ■ Rinovírus ■ Adenovírus ● Trato gastrointestinal ○ Nesta via a infecção é dada principalmente pela ingestão de alimentos ou água contaminados, podendo ocorrer também pelo compartilhamento de talheres e copos utilizados por pessoas infectadas. A via de entrada é a orofaringe, onde esses agentes se concentram ou são transportados para o trato gastrointestinal. ○ O trato gastrointestinal, por sua vez, é protegido contra os agentes infecciosos por imunoglobulinas secretoras (IgA), muco, ácidos gástricos, sais biliares, enzimas proteolíticas, dentre outros. Além desses, o peristaltismo é um importante mecanismo para manter o alimento e o agente em movimento, dificultando o estabelecimento da infecção. ○ Exemplos (causam infecção localizada na boca e orofaringe) ■ Citomegalovírus ■ Vírus Herpes Simplex ● Trato genitourinário ○ É uma via de entrada para varios tipos de vírus, principalmente os que utilizam via sexual ○ O pH, a microbiota e o muco local constituem uma importante proteção desta via. ○ Exemplos (infecção localizada no trato genitourinário)■ Virus Herpes Simplex ■ Vírus do Papiloma ● Conjuntiva ○ O acometimento da conjuntiva pode se dar por infecção dos olhos pelas mãos ou objetos contaminados. Pode ser causada, na maior parte das vezes, por um Adenovírus, que normalmente causa o resfriado comum, permitindo a transmissão por gotículas de tosse e por espirros ● Sangue ○ A infecção do sangue pode ocorrer por meio de compartilhamento de seringas, transfusão sanguínea e transplante de órgãos. A proteção desta via, além da pele e da mucosa (porta de entrada), é o próprio sistema imunitário, já que envolve componentes sanguíneos (células, sistema complemento, imunoglobulinas, etc.) para o combate da infecção. ● Vetores ○ Alguns vírus, denominados Arbovírus, são transmitidos estritamente por vetores, como os mosquitos, os quais têm o papel de carregá-los e transmiti-los, através da picada, para os hospedeiros vertebrados. ○ Exemplos ■ Vírus da dengue ■ Febre amarela ● Transmissão vertical ○ Esta transmissão ocorre da mãe para o filho e pode ser, via placenta ou congênita, no momento do parto ou perinatal , ou ainda pela exposição pós parto, via amamentação ○ Como barreiras de proteção, a mãe passa para seu filho, por via placenta, imunoglobulinas IgG e pela amamentação, em especial no colostro, IgA. O feto e o recém-nascido, por sua vez, produzem a IgM em resposta a uma infecção. ○ Exemplos ■ Vírus da rubéola ■ Citomegalovírus 2. Reconhecer a defesa do organismo ao vírus (Resposta imune inata e adquirida) Respostas imunes ● Sistema Imune Inato ○ A imunidade inata (natural) é assim denominada porque está presente desde o nascimento e não precisa ser aprendida através da exposição de um invasor. ■ Assim, ela oferece uma resposta imediata a invasões estranhas. ○ Entretanto, seus componentes tratam todos os invasores estranhos basicamente do mesmo modo. ○ Não possui memória dos encontros ■ Não se lembra de antígenos estranhos específicos ○ Glóbulos brancos presentes na imunidade inata: ■ Monócitos (que se desenvolvem em macrófagos) ● Quando ocorre uma infecção, os monócitos se deslocam para os tecidos. Ali, durante cerca de 8 horas, os monócitos aumentam consideravelmente de tamanho e produzem grânulos no seu interior, tornando-se macrófagos. Esses grânulos encontram-se cheios de enzimas e outras substâncias que ajudam a digerir as bactérias e outras células estranhas. ■ Neutrófilos ● Eles são fagócitos que ingerem bactérias e outras células estranhas. Os neutrófilos contêm grânulos que liberam enzimas que ajudam a matar e a digerir estas células. ■ Eosinófilos ● Podem ingerir bactérias, mas também visam as células estranhas que são demasiado grandes para serem ingeridas. Os eosinófilos contêm grânulos que liberam enzimas e outras substâncias tóxicas quando se deparam com células estranhas. Estas substâncias fazem furos nas membranas das células alvo. ■ Basófilos ● Os basófilos não ingerem células estranhas. Contêm grânulos repletos de histamina, uma substância presente nas reações alérgicas. Quando os basófilos se deparam com alérgenos (antígenos que causam reações alérgicas), eles liberam histamina. A histamina aumenta o fluxo de sangue para os tecidos danificados, resultando em inchaço e inflamação . ■ Células natural killer ● As células natural killer levam o nome de “natural killer” (matadoras naturais), porque estão preparadas para matar assim que se formam. As células natural killer reconhecem e aderem às células infectadas ou às células cancerígenas e, então, liberam enzimas e outras substâncias que danificam as membranas externas destas células. As células natural killer são importantes na defesa inicial contra as infecções virais. ■ Mastócitos ● Os mastócitos estão presentes nos tecidos. Sua função é semelhante àquela dos basófilos no sangue. Quando encontram um alérgeno, eles liberam histamina e outras substâncias envolvidas em reações inflamatórias e alérgicas. ■ Sistema de complemento ● É composto por mais de 30 proteínas que atuam em sequência: Uma proteína ativa outra, que ativa outra, e assim por diante para defender contra a infecção. Esta sequência é denominada cascata do complemento. ● Funções ○ Matar as bactérias diretamente ○ Ajudar a destruir as bactérias, aderindo a elas e facilitando, deste modo, a sua identificação e ingestão por parte dos neutrófilos e dos macrófagos ○ Atrair os macrófagos e os neutrófilos ao foco do problema ○ Neutralizar os vírus ■ Citocinas ● As citocinas são as mensageiras do sistema imunológico. Quando um antígeno é detectado, os glóbulos brancos e outras células do sistema imunológico produzem citocinas. ● tipos ○ Algumas citocinas estimulam a atividade. Elas estimulam determinados glóbulos brancos a tornarem-se matadores mais eficazes e atraem ainda outros glóbulos brancos ao foco do problema. ○ Outras citocinas inibem a atividade, ajudando a concluir uma resposta imunológica. ○ Outras citocinas, denominadas interferons, afetam a reprodução (replicação) dos vírus. ● Sistema imune adquirido ○ A imunidade adquirida (adaptativa ou específica) não se encontra presente desde o nascimento. É adquirida. ■ O processo de aprendizagem começa quando o sistema imunológico de uma pessoa encontra invasores estranhos e reconhece substâncias não próprias (antígenos). ■ Então, os componentes da imunidade adquirida aprendem a melhor maneira de atacar cada antígeno e começam a desenvolver uma memória para aquele antígeno. ■ A imunidade adquirida leva tempo para se desenvolver após a primeira exposição a um novo antígeno. Entretanto, posteriormente, o antígeno é lembrado e a resposta subsequente àquele antígeno é mais rápida e eficaz comparada à resposta que ocorreu após a primeira exposição. ○ Glóbulos brancos responsáveis pela imunidade adquirida: ■ Linfócito (células T e células B) ● Os linfócitos permitem ao organismo lembrar os antígenos e distinguir o que próprio do que não é próprio do corpo e é prejudicial (inclusive vírus e bactérias). Os linfócitos circulam através da corrente sanguínea e do sistema linfático , passando para os tecidos quando a sua presença é necessária ● Células T ○ As células T se desenvolvem a partir de células-tronco na medula óssea que se deslocaram para um órgão no tórax chamado timo. Lá, elas aprendem a distinguir antígenos próprios de não próprios para não atacar os tecidos próprios do corpo. ○ As células T maduras são armazenadas nos órgãos linfóides secundários (linfonodos, baço, amígdalas, apêndice e placas de Peyer no intestino delgado). Estas células circulam na corrente sanguínea e no sistema linfático. Após elas se depararem com uma célula infectada ou anormal, elas são ativadas e buscam estas células em particular. ○ para serem ativadas, as células T precisam da ajuda de outra célula imunológica, que quebra os antígenos em fragmentos (chamado processamento do antígeno ) ■ É o mecanismo biológico implementado por cada célula do organismo capaz de apresentar um antígeno (em MHC I ou MHC II), que permite a expressão dos peptídeos antigênicos sobre moléculas do complexo principal de histocompatibilidade. Este processo é de fundamental importância e é a base da imunidade adaptativa, uma vez que "instrui" os linfócitos T a responder especificamente aos antígenos presentes no organismo ○ Em seguida, a célula T se multiplica e se especializa em diferentes tipos de células T. Esses tipos incluem ■ Células T killer (citotóxicas) aderem aos antígenos em células infectadas ou anormais (cancerígenas, por exemplo). As células T killer matam estas células fazendo furos em suas membranas e injetando enzimas nas células. ■ Células T auxiliares ajudam outras células imunológicas. Algumas células T auxiliares ajudam as células B a produzirem anticorpos contra antígenos estranhos. Outras ajudam a ativar as células T killer para matar células infectadas ou anormais, ou ainda ajudam a ativar os macrófagos, permitindo que eles ingiram células infectadas ou anormais de forma mais eficaz. ■ Células T supressoras (reguladoras) produzemsubstâncias que ajudam a encerrar a resposta imunológica ou por vezes, evitam que ocorram certas respostas prejudiciais. ● Células B ○ As células B são formadas na medula óssea. As células B possuem locais específicos na sua superfície (receptores), aos quais os antígenos podem aderir. ○ A principal finalidade das células B é produzir anticorpos, que marcam um antígeno para atacar ou neutralizar diretamente. As células B também podem apresentar o antígeno a células T, que são então ativadas. ○ Resposta imunológica primária: Primeiramente, quando as células B se deparam com um antígeno, o antígeno adere ao receptor, estimulando as células B. Algumas células B se transformam em células de memória, lembrando aquele antígeno específico, e outras se transformam em plasmócitos. As células T auxiliares ajudam as células B neste processo. Os plasmócitos produzem anticorpos que são específicos para os antígenos que estimulam a sua produção. Após o primeiro encontro com um antígeno, a produção de anticorpos específicos demora alguns dias. Por isso, a resposta imunológica primária é lenta. ○ Resposta imunológica secundária: Depois disto, no entanto, sempre que as células B se depararem com o antígeno novamente, as células B de memória rapidamente reconhecem um antígeno, se multiplicam, se transformam em plasmócitos e produzem anticorpos. Esta resposta é rápida e eficaz. ■ Células dendríticas ● As células dendríticas residem na pele, nos linfonodos e nos tecidos de todo o organismo. A maioria das células dendríticas são células apresentadoras de antígenos . ○ Ou seja, elas ingerem, processam e apresentam antígenos, permitindo que as células T helper reconheçam o antígeno. As células dendríticas apresentam fragmentos de antígenos às células T nos linfonodos. ● Outro tipo de célula dendrítica, a célula dendrítica folicular, está presente em linfonodos e apresenta antígenos brutos (intactos), que foram ligados com um anticorpo (complexo antígeno-anticorpo) às células B 3. Caracterizar os tropismos virais por determinados tecidos. Caracterização ● o tropismo viral, que é a capacidade de um vírus infectar especificamente determinadas células de um organismo vivo. ● Por exemplo, o vírus HIV, infecta os linfócitos T CD4+, porque essas células do sistema imune têm receptores para ele se ligar. Linfócitos são um dos tipos dos nossos glóbulos brancos do sangue que atuam no sistema de defesa do corpo humano. ● Assim, esse tropismo é determinado pelos receptores presentes em determinadas células do hospedeiro. Os receptores para os vírus geralmente são proteínas que fazem parte do organismo hospedeiro. ● Então, o vírus vai interagir com essa célula e em seguida invadi-la. Neste caso, nossas células se tornam “fábricas” produtoras de novas partículas virais. Assim, uma célula infectada pode gerar muitos vírus que se disseminam pelo organismo infectando outras células saudáveis ● 4. Explicar a resposta (Antígeno e Anticorpo), definir anticorpos e caracterizar os tipos de imunoglobulinas (mecanismo de produção e ação ao longo da evolução viral) Resposta antígeno anticorpo ● Caracterização ○ Anticorpo ■ São uma proteína em forma de Y, produzida pelos plasmócitos ■ Pode ser encontrada no sangue ou como receptor de superfície do linfócito B ■ Se divide em duas cadeias ● ● Leve ○ Vai se encontrar na parte mais externa ● Pesada ○ Compõe o corpo do anticorpo ● Região constante ○ Igual em quase todos anticorpos ○ Só cadeia pesada ● Região variável ○ Feito para um determinado agente específico ○ Cadeia leve e pesada ■ Funções ● Opsonização ○ Cobrir o microorganismo e outras partículas para que sejam mais facilmente reconhecidos pelos fagócitos ● Neutralização ○ Preenchem receptores de superfície num vírus ou local de ativação de enzima microbiana para impedir seu funcionamento próprio ○ Ocupam o local de ligação dos microorganismos ● Aglutinação ○ Se agregam e juntam várias células em um aglomerado ● fixação do complemento ○ ativação da via clássica que resulta em ruptura de células e vírus ● Precipitação ○ Fazer com que antígenos sejam agregados em pequenas partículas ■ Tipos de cadeia pesada ou anticorpos ● ● IgG ○ Monômero, produzido pelos plasmócitos e células de memória, mais prevalente, atravessa a placenta ● IgD ○ Monômero, apenas serve como receptor em células B ○ não é um anticorpo circulante ● IgE ○ envolvido em reações alérgicas e infecções parasitárias ● IgA ○ Pode ser um monômero ou até mesmo o dímero ○ circula no sangue, dímero em mucosas e secreções serosas, como o leite materno ● IgM ○ Cinco monômeros (pentâmero) ○ Primeira classe produzida quando se encontra novo Antígeno (grande, captura vários antígenos) ○ Antígeno ■ Substância que provocam respostas imune em linfócitos específicos ■ A propriedade de se comportar se chama antigenicidade ● Definida por tamanho ● Formato ● Acessibilidade ● Estranheza ao próprio ■ Epítopo ● Grupo molecular pequeno reconhecido por linfócitos ● Um só antígeno pode possuir muitos epítopos diferentes ■ Tipos de antígenos ● Haptenos ○ Moléculas pequenas que não causam resposta, a não ser quando estão presas a outras substâncias ● Aloantígenos ○ Marcador de superfície celular que ocorrem em alguns membros da mesma espécie mas não em outros ● Superantígenos ○ Estimulantes potentes de células T, provocam resposta imune exacerbada (síndrome do choque tóxico) ● Alérgeno ○ Antígeno que provoca reação alérgica (podendo até ter um choque anafilático) ● Autoantígeno ○ Moléculas próprias que causam reação imune (doença autoimune) ○ Resposta Imune ■ Exposição ● 10-12 dias para iniciar a produção de IgM (período lag, enquanto você está doente) ● Na segunda exposição a produção de IgM e IgG já inicia nos primeiros 3 dias (resposta anamnéstica) ● ● Resposta antígeno-anticorpo ○ Antígeno - molécula que vai desencadear uma resposta imunológica, através de: ■ Linfócitos T ■ Linfócitos B ○ Anticorpo - proteína produzida por um glóbulo branco específico, função reconhecer o antígeno ○ Sistema chave-fechadura ■ Cada anticorpo específico vai reconhecer apenas um antígeno ■ Tudo começa nos fagócitos que vão apresentar o antígeno as células (linfócito CD4 ou auxiliador) - da ordem ao linfócito B (para produzir os anticorpos, Quantidade mais baixa e longa - resposta primária) ■ Começam a se diferenciar em células de memória imunológica (da próximas vez tendo uma resposta bem maior em quantidade e qualidade) 5. Compreender o agente etiológico, agente transmissor e o ciclo do vírus da dengue e suas variações temporais da evolução das manifestações da doença (diferenciar período de latência e incubação), classificação de dengue e critérios de gravidade Dengue ● Agente etiológico ○ O vírus da dengue é um arbovírus do gênero Flavivírus e pertencente à família Flaviviridae. Apresenta quatro sorotipos, denominados Den-1, Den-2, Den-3, Den-4 . No Brasil, já foram registrados os quatro tipos. Ao que tudo indica, o Den-3 é o tipo mais virulento, seguido pelo Den-2, Den-4 e Den-1. O tipo 1 é o mais explosivo dos quatro, ou seja, causa grandes epidemias em curto prazo e alcança milhares de pessoas rapidamente. ● Agente transmissor ○ Os vetores são mosquitos do gênero Aedes. Nas Américas, a espécie Aedes aegypti é a responsável pela transmissão da dengue. Outra espécie, Aedes albopictus, embora presente no Brasil, ainda não tem comprovada sua participação na transmissão, embora na Ásia seja um importante vetor ● Ciclo do vírus da dengue ○ O ciclo de transmissão da dengue se inicia quando o mosquito Aedes aegypti, vetor da doença no Brasil, pica uma pessoa infectada. ■ O vírus multiplica-se no intestino médio do vetor e infecta outros tecidos chegando finalmente às glândulas salivares. Uma vez infectado, o mosquito é capaz de transmitir enquanto viver. ■ Não existe transmissão da doença através do contato entre indivíduos doentes e pessoas saudáveis. ■ Após a picada do mosquito, inicia-se o ciclo de replicação viral nas células estriadas,lisas, fibroblastos e linfonodos locais, a seguir ocorre a viremia, com a disseminação do vírus no organismo do indivíduo. ■ Os primeiros sintomas como febre, dor de cabeça e mal-estar surgem após um período de incubação que pode variar de 2-10 dias. Uma vez infectada por um dos sorotipos do vírus, a pessoa adquire imunidade para aquele sorotipo específico. ■ O tempo de latência, necessário para o surgimento dos sintomas, é em geral de 5 a 6 dias. ● Classificação ○ Dengue clássica ■ O quadro clínico é muito variável. ■ A primeira manifestação é a febre alta (39° a 40°), de início abrupto, seguida de cefaléia, mialgia, prostração, artralgia, anorexia, astenia, dor retroorbital, náuseas, vômitos, exantema e prurido cutâneo. Hepatomegalia dolorosa pode ocorrer, ocasionalmente, desde o aparecimento da febre. Alguns aspectos clínicos dependem, com freqüência, da idade do paciente. ■ A dor abdominal generalizada pode ocorrer, principalmente nas crianças. Os adultos podem apresentar pequenas manifestações hemorrágicas, como petéquias, epistaxe, gengivorragia, sangramento gastrointestinal, hematúria e metrorragia. ■ A doença tem uma duração de 5 a 7 dias. Com o desaparecimento da febre, há regressão dos sinais e sintomas, podendo ainda persistir a fadiga. ○ Febre hemorrágica da dengue (FHD) ■ Os sintomas iniciais são semelhantes aos da dengue clássica, porém evoluem rapidamente para manifestações hemorrágicas e/ou derrames cavitários e/ou instabilidade hemodinâmica e/ou choque. ■ Os casos típicos da FHD são caracterizados por febre alta, fenômenos hemorrágicos, hepatomegalia e insuficiência circulatória. Um achado laboratorial importante é a trombocitopenia com hemoconcentração concomitante. ■ A principal característica fisiopatológica associada ao grau de severidade da FHD é a efusão do plasma, que se manifesta através de valores crescentes do hematócrito e da hemoconcentração. ■ Entre as manifestações hemorrágicas, a mais comumente encontrada é a prova do laço positiva. ● A prova do laço consiste em se obter, através do esfigmomanômetro, o ponto médio entre a pressão arterial máxima e mínima do paciente, mantendo-se esta pressão por 5 minutos; quando positiva aparecem petéquias sob o aparelho ou abaixo do mesmo. ● Se o número de petéquias for de 20 ou mais em um quadrado desenhado na pele com 2,3 cm de lado, essa prova é considerada fortemente positiva. ■ Nos casos graves de FHD, o choque geralmente ocorre entre o 3º e 7º dia de doença, precedido por um ou mais sinais de alerta. ■ O choque é decorrente do aumento da permeabilidade vascular seguido de hemoconcentração e falência circulatória. ■ É de curta duração e pode levar ao óbito em 12 a 24 horas ou à recuperação rápida após terapia antichoque apropriada. ● ● ● 6. Discutir os diferentes tipos de exames no diagnóstico da dengue, a finalidade de cada um e interpretar laudos laboratoriais associados a suspeita clínica de dengue. Exames ● Específicos ○ A comprovação laboratorial das infecções pelo vírus da dengue faz-se pelo isolamento do agente ou pelo emprego de métodos sorológicos - demonstração da presença de anticorpos da classe IgM em única amostra de soro ou aumento do título de anticorpos IgG em amostras pareadas (conversão sorológica) ○ Isolamento: é o método mais específico para determinação do sorotipo responsável pela infecção. A coleta de sangue deverá ser feita em condições de assepsia, de preferência no terceiro ou quarto dia do ínicio dos sintomas. Após o término dos sintomas não se deve coletar sangue para isolamento viral. ○ Sorologia: os testes sorológicos complementam o isolamento do vírus e a coleta de amostra de sangue deverá ser feita após o sexto dia do início da doença. ● Inespecíficos ○ Dengue clássica ■ Hemograma: a leucopenia é achado usual, embora possa ocorrer leucocitose. Pode estar presente linfocitose com atipia linfocitária. A trombocitopenia é observada ocasionalmente. ○ Febre hemorrágica da dengue - FHD ■ Hemograma: a contagem de leucócitos é variável, podendo ocorrer desde leucopenia até leucocitose leve. A linfocitose com atipia linfocitária é um achado comum. Destacam-se a concentração de hematócrito e a trombocitopenia (contagem de plaquetas abaixo de 100.000/mm3 ). ■ Hemoconcentração: aumento de hematócrito em 20% do valor basal (valor do hematócrito anterior à doença) ou valores superiores a 38% em crianças, a 40% em mulheres e a 45% em homens). ■ Trombocitopenia: contagem de plaquetas abaixo de 100.000/mm3 . ■ Coagulograma: aumento nos tempos de protrombina, tromboplastina parcial e trombina. Diminuição de fibrinogênio, protrombina, fator VIII, fator XII, antitrombina e α antiplasmina. ■ Bioquímica: diminuição da albumina no sangue, albuminúria e discreto aumento dos testes de função hepática: aminotransferase aspartato sérica (conhecida anteriormente por transaminase glutâmico-oxalacética - TGO) e aminotransferase alanina sérica (conhecida anteriormente por transaminase glutâmico pirúvica - TGP). 7. Discutir sobre a importância da relação médico paciente na orientação do caso, bem como a prevenção e prognóstico, o papel social do estudante de medicina da qualidade de vida das pessoas
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