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QGIS Aplicado ao Ordenamento Territorial Municipal Para versões 2.18.x do QGIS Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 1 Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Itaqui – RS 2018 2 Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Copyright © 2018: Sidnei Luís Bohn Gass e Dieison Morozoli da Silva TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – O livro é gratuito podendo ser impresso. A violação dos direitos autorais (Lei Federal 9.610 de 1998) é crime (Art. 184 do Código Penal). Depósito Legal na Biblioteca Nacional de acordo com o Decreto Federal 1.825, de 20/12/1907. Lembre-se que os autores são seus professores; respeite o trabalho e o tempo dedicado a elaboração desta publicação. Em caso de uso em publicações, faça a devida citação. EDITORA ILLUMINARE Caixa Postal 49 — Torres — RS — 95560-000 www.editorailluminare.com.br Capa e diagramação Sidnei Luís Bohn Gass Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) GASS, Sidnei Luís Bohn SILVA, Dieison Morozoli da G192 – S340. QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal. Sidnei Luís Bohn Gass. Dieison Morozoli da Silva. Torres: Editora Illuminare, 2018. Bibliografia ISBN 978-85-85005-06-1 1. Geografia. 2. Literatura Brasileira I. Título. CDD: 869.4 CDU: 821.134.3-3 Este livro está disponível no endereço http://porteiras.s.unipampa.edu.br/sigpampa/publicacoes/ Imagem da capa A imagem utilizada na capa é uma sobreposição de dados utilizados para as demonstrações dos processamentos ao longo do livro, a saber: imagem de relevo sombreado, dados altimétricos e dados de declividade gerados a partir de imagens SRTM pelo projeto TOPODATA do INPE; dados da vegetação oriundos do projeto RADAMBRASIL; fragmento de composição colorida de imagem do satélite Sentinel-2. QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 3 Conheça os autores Sidnei Luís Bohn Gass Natural do município de Santo Cristo, RS, possui graduação em Geografia, Licenciatura Plena e Bacharelado, Especialização em Humanidades, Mestrado e Doutorado em Geografia. Possui mais de vinte anos de experiência nas áreas de ordenamento territorial, cartografia e geoprocessamento. É professor da Universidade Federal do Papa, Campus de Itaqui, RS, e atua também como professor colaborador no Programa de Pós-Graduação em Geografia do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E-mail para contato sidneibohngass@gmail.com Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/8556854861596499 Site https://sidneibohngass.wordpress.com/ Dieison Morozoli da Silva Natural do município de Itaqui, RS, possui graduação em Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia e é aluno do curso de Engenharia Cartográfica e de Agrimensura da Universidade Federal do Pampa, Campus de Itaqui. E-mail para contato dieison.ufp@gmail.com Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/0116359981757404 4 Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sobre o QGIS O QGIS é um Sistema de Informações Geográficas (SIG) de código aberto, licenciado segunda a licença pública geral GNU, e é um projeto oficial da Open Source Geoespatial Foundation (OSGeo). Funciona em Linux, Unix, MAC OSX, Windows e Android e suporta inúmeros formatos de vetores, rasters e bases de dados e funcionalidades. Pelas suas características de código aberto, permite que os usuários desenvolvam plug-ins escritos em Python ou em C++, potencializando sobremaneira o seu uso a partir de uma densa rede de usuários e desenvolvedores. Visite o site oficial do QGIS no endereço www.qgis.org No Brasil o QGIS conta com uma comunidade dedicada ao seu uso, aperfeiçoamento e disseminação. Para saber mais sobre a comunidade, visite o site http://qgisbrasil.org/ Notas [1] Todas as marcas e imagens de hardware, software e outros, utilizadas e/ou mencionadas nesta obra, são propriedades de seus respectivos fabricantes e/ou criadores. A responsabilidade pelo conteúdo descrito no livro é dos autores. O objetivo é disponibilizar aos usuários do aplicativo computacional QGIS 2.18.x um material de referência para suas aplicações práticas e teóricas relacionadas aos dados espaciais, contribuindo no processo de disseminação do seu uso. [2] Este não é um material oficial do QGIS. Ele é baseado nos conhecimentos e práticas dos autores, refletindo, portanto, opiniões particulares. O projeto SIGPampa SIGPampa: aproximando ensino, pesquisa e extensão, é um projeto de pesquisa registrado junto à UNIPAMPA – Universidade Federal do Pampa, Campus Itaqui, RS. Seu objetivo principal é trabalhar com a disseminação do conhecimento sobre cartografia e geotecnologias através da aproximação do ensino, da pesquisa e da extensão universitária. O método de trabalho do projeto está baseado no desenvolvimento e disponibilização de materiais didáticos que de alguma forma possam auxiliar o público em geral na aplicação da cartografia e das geotecnologias em suas atividades quotidianas. Para saber mais sobre o projeto e ter acesso aos materiais desenvolvidos, consulte o endereço http://porteiras.s.unipampa.edu.br/sigpampa/ QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 5 Dedicamos este livro à comunidade internacional do QGIS que, em função do seu dinamismo, nos instiga a contribuir com a disseminação do conhecimento produzido. QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 7 FOREWORD Since its inception in 2002, QGIS has grown to be the most popular open source desktop GIS as well as a strong global community. With users, developers, and supporters all over the world, the aim of the QGIS project is to provide spatial tools for everyone. To achieve this goal, the QGIS community is working hard on initiatives including translations into over 40 languages, numerous local user groups, and a growing pool of learning resources for people with all kinds of backgrounds. It is great to see these efforts being supported by our Brazilian community members creating important resources for our Portuguese-speaking user base. Together we build a future in which everyone can get access to open GIS tools as well as the knowledge required to use them. Happy QGISing! Anita Graser PREFÁCIO Desde a sua criação em 2002, o QGIS tornou-se o SIG desktop de fonte aberta mais popular, contando com uma forte comunidade global. Com usuários, desenvolvedores e apoiadores em todo o mundo, o objetivo do projeto QGIS é fornecer ferramentas espaciais para todos. Para atingir esse objetivo, a comunidade do QGIS está trabalhando intensamente em iniciativas que incluem traduções para mais de 40 idiomas, vários grupos de usuários locais e um crescente conjunto de recursos de aprendizado para pessoas com todos os tipos de origens. É ótimo ver esses esforços sendo apoiados por nossos membros da comunidade brasileira, criando recursos importantes para nossa base de usuários de língua portuguesa. Juntos construiremos um futuro no qual todos podem ter acesso a ferramentas SIG abertas, bem como o conhecimento necessário para usá-las. Feliz QGISing! Anita Graser QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipalSidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 9 O NOSSO CONVITE Nos últimos cinco anos temos buscado organizar um conjunto de elementos que nos auxiliem no processo de ensino-aprendizagem na área das geotecnologias e da cartografia. O QGIS, neste sentido, vem se mostrado a cada dia como a ferramenta que atende as demandas que vem nos sendo apresentadas no ensino, na pesquisa e na extensão. Assim gostaríamos de fazer um convite ao(a) leitor(a): para que venha conosco no processo de construção de documentos cartográficos que tenham por objetivo principal o processo de ordenamento territorial do município, aplicando, para tanto, diferentes técnicas de geoprocessamento com o uso do software QGIS. Escolhemos a delimitação territorial municipal como foco pois entendemos que este material poderá auxiliar as equipes técnicas municipais no desenvolvimento de suas atividades diárias. Assim, buscamos construir, ao longo dos 15 capítulos que compõem este livro, uma trajetória lógica de organização dos dados e execução dos procedimentos técnicos, para que possam ser replicados em outros municípios ou até mesmo em outras análises territoriais como as Unidades de Conservação, por exemplo. A organização dos capítulos se inicia tratando de algumas questões teóricas, buscando remeter o(a) leitor(a) a outras obras já consolidadas, visto que nosso foco não é fazer uma extensa revisão de literatura, mas sim, tratar das aplicações. No capítulo 2, são apresentadas algumas notas breves sobre o QGIS, buscando instrumentalizar o(a) leitor(a) para que possa ter o software devidamente instalado e a sua disposição em seu computador pessoal. Antes de iniciar a discussão sobre a aplicação prática do QGIS propriamente dita, dedicamos um capítulo às bases de dados iniciais que serão necessárias para o acompanhamento das práticas proposta. Entendemos que saber quais os dados estão disponíveis e como ter acesso aos mesmos é importante para que os trabalhos a serem desenvolvidos posteriormente pelo(a) leitor(a) tomem como ponto de partida dados oriundos das instituições responsáveis pela sua produção e disseminação, como é o caso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Serviço Geológico do Brasil (CPRM). Neste capítulo sugerimos ainda uma forma de organização dos dados a partir da qual serão desenvolvidas as atividades práticas propostas nos capítulos seguintes. Nos capítulos 4 a 13, tratamos de toda a organização dos dados e produção dos mapas. Iniciamos pela edição do limite do município, passando pelos dados cartográficos básicos (hidrografia, sistema viário e localidades), pelos mapas de geologia, geomorfologia, pedologia, vegetação, uso da terra, pelo Modelo Digital de Elevação, pelos dados de declividade e pelo tratamento de algumas imagens de satélite para a geração do cálculo do NDVI e da carta imagem. Para que estes mapas possam ser apresentados com a devida caracterização cartográfica necessária, discutimos no capítulo 14, o uso do compositor de impressões, que é a ferramenta disponível no QGIS para a composição final dos mapas. Por sua vez, no capítulo 15, apresentamos algumas anotações que consideramos relevantes a respeito da análise dos dados e da geração de relatórios e memoriais descritivos. Para quem aceitar o nosso convite, desejamos que tenha bons estudos e que a proposta que aqui apresentamos possa auxiliar a cada um e a cada uma nas suas práticas diárias com o uso do QGIS. Os autores. QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 11 SUMÁRIO Capítulo 1 – Algumas questões teóricas 15 1.1 Cartografia e Geodésia 16 1.2 Geoprocessamento 16 1.3 QGIS 16 1.4 Outros materiais 17 Capítulo 2 – Notas sobre o QGIS 23 2.1 Download e instalação 23 2.2 As pastas de trabalho 27 2.3 Os nomes dos arquivos 29 3.4 Os complementos para o QGIS 30 Capítulo 3 – As bases de dados iniciais 33 3.1 O limite municipal 35 3.2 Os limites distritais 36 3.3 As áreas urbanizadas 36 3.4 A hidrografia e o sistema viário 37 3.5 A geologia, a geomorfologia, a pedologia e a vegetação 38 3.6 O uso e cobertura da terra 39 3.7 O MDE e as declividades 39 3.8 Organizando os dados na pasta c:\OTM 41 Capítulo 4 – Definindo os limites do município 43 4.1 Evolução histórica do limite do município de Santo Cristo 44 4.2 Geração do limite municipal em escala 1:50.000 46 1º Passo 46 2º Passo 46 3º Passo 47 4º Passo 53 5º Passo 59 6º Passo 61 7º Passo 63 8º Passo 64 9º Passo 66 10º Passo 71 Capítulo 5 – Construindo o mapa base municipal 73 5.1 Recorte dos dados da hidrografia e do sistema viário 73 1º passo 73 2º passo 75 3º passo 76 5.2 A áreas urbanizadas 77 1º passo 79 12 Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal 2º passo 79 5.3 Os limites distritais 80 1º passo 81 2º passo 82 3º passo 83 4º passo 84 5.4 Localidades e outros pontos de interesse 89 5.4.1 Utilizando a carta topográfica 91 1º passo 91 2º passo 92 3º passo 93 5.4.2 Utilizando plataformas de navegação geográfica on line 97 1º passo 97 2º passo 98 3º passo 98 5.5 Montando o projeto com o mapa base municipal 98 5.5.1 Alteração do nome das camadas para fins de visualização 102 5.5.2 Rotulação e categorização dos dados em formato de ponto 103 5.5.3 Categorização das feições do sistema viário 106 Capítulo 6 – Os mapas de geologia, geomorfologia, pedologia e vegetação 113 6.1 O projeto RADAMBRASIL 113 6.2 Materiais adicionais necessários para as atividades deste capítulo 115 6.3 O mapa geológico 116 1º passo 117 2º passo 118 3º passo 120 4º passo 121 5º passo 122 6.4 O mapa geomorfológico 124 1º passo 124 2º passo 125 3º passo 126 6.5 O mapa pedológico 130 1º passo 131 2º passo 131 3º passo 132 6.6 O mapa da vegetação 133 1º passo 134 2º passo 134 3º passo 135 6.7 Notas sobre a interpretação dos dados mapeados 136 Capítulo 7 – O mapeamento do uso da terra 143 1º passo 145 QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 13 2º passo 145 3º passo 146 4º passo 146 Capítulo 8 – A geração da carta-imagem 151 1º passo 154 2º passo 156 3º passo 158 4º passo 163 5º passo 164 Capítulo 9 – A geração do NDVI no QGIS 165 9.1 O NDVI 165 9.2 O cálculo do NDVI no QGIS 166 Capítulo 10 – O Modelo Digital de Elevação 171 10.1 O MDE a partir das curvas de nível 172 1º passo 172 2º passo 174 3º passo 174 4º passo 176 5º passo 178 10.2 O relevo sombreado a partir do MDE das curvas de nível 178 10.3 O mapa hipsométrico a partir das curvas de nível 180 10.4 O MDE a partir dos dados da missão SRTM 182 1º passo 183 2º passo 184 10.5 O mapa de classes altimétricas 185 1º passo 185 2º passo 187 10.6 Gerando curvas de nível a partir do MDE do projeto TOPODATA 188 10.7 Comparando os MDEs 189 Capítulo 11 – Os dados de declividade 193 11.1 As declividades a partir da Carta Topográfica 194 1º passo 194 2º passo 194 3º passo 196 4º passo 197 5º passo 197 11.2 As declividades a partir dos dados do projeto TOPODATA 199 1º passo 199 2º passo 200 3º passo 201 14 Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Capítulo 12 – Cálculo de áreas no QGIS 203 12.1 Cálculo de área em dados vetoriais 203 1º passo 203 2º passo 204 3º passo 207 12.2 Cálculo de área em dados raster 209 1º passo 209 2º passo 210 Capítulo 13 – O uso da imagem de relevo sombreado 213 13.1 Tratamento inicial da imagem 213 1º passo 213 2º passo 213 13.2 Inclusão da imagem de relevo sombreado nos projetos 214 1º passo215 2º passo 215 Capítulo 14 – O compositor de impressões 219 14.1 Os elementos de identificação externa de um mapa 219 14.2 Elaborando um mapa no compositor de impressões 221 1º passo 221 2º passo 223 3º passo 224 4º passo 225 5º passo 226 6º passo 228 7º passo 230 8º passo 232 9º passo 233 10º passo 234 14.3 Utilizando o modelo em outro mapa 236 1º passo 237 2º Passo 237 Capítulo 15 – Notas sobre a análise de dados e geração de relatório 241 Referências bibliográficas 245 As fontes das figuras 249 Apêndice A – O Mapa Índice do Brasil 251 QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 15 Capítulo 1 Algumas questões teóricas Antes de iniciarmos com as discussões referentes à temática proposta para o presente livro, que se refere a aplicação do QGIS ao ordenamento territorial municipal, cabem alguns comentários acerca das questões teóricas que envolvem o uso e aplicação das geotecnologias. O uso destas ferramentas passa por algumas condições necessárias para sua correta aplicação, quais sejam: Conhecimento sem conhecer as principais bases teóricas da Cartografia, do geoprocessamento, dos SIGs, do Sensoriamento Remoto, da Geodésia, se dificulta a utilização de todo o potencial das geotecnologias, bem como sua correta aplicação, para garantir que os dados que estão sendo gerados realmente representam informações úteis; Prática praticar é a melhor forma de aprender. De posse das bases teóricas necessárias, parte-se para a prática que, por sua vez, abrange o processo de compreensão de como cada ferramenta aplica os fundamentos básicos da assim chamada ciência da geoinformação; Repetição repetir procedimentos, técnicas, análises, sempre de forma crítica, é uma das melhores maneiras de chegar a resultados satisfatórios e que auxiliam na descoberta de novas aplicações das geotecnologias. Além destas condições é necessário tomar cuidado com alguns “vilões” que, muitas vezes, estão presentes em nossa mente: o “eu já sabia disto” e o “isto é óbvio”. Se partirmos deste pressuposto, corremos um grande risco de entrar num caminho que não nos permitirá enxergar as geotecnologias com a complexidade que merecem ser vistas. Isto não significa que devemos considera-las como algo inalcançável, mas sim, como algo que tem largos fundamentos teóricos e técnicos que precisam ser assimilados. Não podemos (nem devemos) ser apenas “apertadores de botões”; precisamos ser conhecedores dos procedimentos que executamos para que possamos fazer as corretas análises das informações geradas. Um equívoco recorrente com o qual se precisa tomar cuidado é a utilização de tutoriais avulsos sobre determinada função em determinado software sem o conhecimento teórico necessário acerca dos conceitos envolvidos que devem orientar os nossos trabalhos. É necessário afastar-se desta lógica de trabalho. É preciso que se tenha conhecimento acerca dos procedimentos adotados, para que assim se consolide a prática das repetições, bem como ocorra a descoberta de novas aplicações com o uso das geotecnologias. Os tutoriais avulsos são 16 Capítulo 1 Algumas questões teóricas importantes desde que não se tornem o fim, mas sim, o meio, ou seja, devem auxiliar o usuário dentro dos conhecimentos que este já tem sobre determinadas práticas e técnicas. Isto posto, cabe-nos aqui decidir por um caminho: 1) apresentar as revisões teórico- conceituais que embasarão os capítulos subsequentes deste livro: não; 2) apresentar uma lista de referências que poderão ser consultadas pelos leitores com o intuito de consolidar seus conhecimentos teórico-conceituais bem como outros materiais que se referem ao QGIS: sim. A nossa escolha pelo segundo caminho se dá em função de que há bibliografias renomadas e que dão a base necessária para que seja possível atingir a condição de conhecimento anteriormente citada. Isto nos permitirá ter mais espaço a ser dedicado neste material para as condições da prática que levarão a repetição. Em função das temáticas, serão apresentados quatro grupos de indicações: o primeiro refere-se a Cartografia e a Geodésia; o segundo, ao Geoprocessamento, que engloba os SIGs e o Sensoriamento Remoto; o terceiro, que trata especificamente do QGIS; o quarto, que trata de outros materiais gerais que podem auxiliar na busca por metodologias de aplicação diversas das geotecnologias. No quarto grupo serão incluídas também referências que tratam de temáticas importantes de análise e levantamento de dados como geomorfologia, pedologia, vegetação e uso do solo, por serem áreas correlatas ao tema do presente livro. Cabe ressaltar que as indicações que serão apresentadas não esgotam às temáticas e são apenas uma escolha feita por nós para que os leitores possam “iniciar” os seus estudos nas temáticas indicadas. 1.1 Cartografia e Geodésia Os primeiros conhecimentos necessários para um bom trabalho na área de geotecnologias, dizem respeito aos fundamentos da Cartografia. Para esta temática, indicamos os materiais listados no quadro 1.1, apresentado no final deste capítulo. 1.2 Geoprocessamento O geoprocessamento, também denominado de geomática por alguns autores, tem uma grande variedade de materiais disponíveis aos leitores, o que torna nossa tarefa de indicar referências bastante complexa. Contudo, partiremos do pressuposto da indicação de materiais mais recentes, considerando sua maior aderência com o estágio atual das plataformas de trabalho. Para esta temática, indicamos os materiais listados no quadro 1.2, apresentado no final deste capítulo. 1.3 QGIS A comunidade de desenvolvedores e usuários do QGIS vem desenvolvendo materiais nas mais diferentes áreas de aplicação com o intuito de popularizar cada vez mais o seu uso. Neste sentido, apresentaremos aqui algumas referências de materiais que certamente auxiliarão o leitor a se aprofundar nas possibilidades e aplicações desta plataforma de trabalho. Para esta temática, indicamos os materiais listados no quadro 1.3, apresentado no final deste capítulo. QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 17 1.4 Outros materiais Considerando a velocidade com que as geotecnologias vêm se desenvolvendo, merecem ser indicadas outras referências para além das aplicações do QGIS, que podem ser utilizadas como fontes de pesquisa para a identificação de métodos e técnicas de aplicação. Da mesma maneira, por tratarmos neste livro da temática do ordenamento territorial municipal, serão indicados materiais que poderão auxiliar na compreensão de como efetuar levantamentos a campo e interpretar às diferentes paisagens para obter mapeamentos com a qualidade desejada. Assim, indicamos os materiais listados no quadro 1.4, apresentado no final deste capítulo, como complementares aos estudos das temáticas vinculadas ao tema central deste livro. Quadro 1.1 – Indicação de materiais bibliográficos referentes aos fundamentos da Cartografia FITZ, P. R. Cartografia básica. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. GRANELL-PÉREZ, M. del C. Trabalhando geografia com as cartas topográficas. Ijuí, RS: Ed. Unijuí, 2004. IBGE. Noções básicas de cartografia. IBGE: Rio de Janeiro, 1999. [1] MENEZES, P. M. L. de; FERNANDES, M. do C.; Roteiro de cartografia. São Paulo: Oficina de Textos, 2013. IBGE. Noções básicas de cartografia: caderno de exercícios. IBGE: Rio de Janeiro, 1999. [2] TULER, M.; SARAIVA, S. Fundamentos de geodésia e cartografia. Porto Alegre: Bookman, 2016. [1] Este material está disponível para download gratuito no site do IBGE, no endereço https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=28595 18 Capítulo 1 Algumas questões teóricas [2] Este material está disponível para download gratuito no site do IBGE, noendereço https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=28595 Por ser um caderno de exercícios, permite ao leitor colocar em prática os conhecimentos básicos referentes à Cartografia que, ao se utilizar as geotecnologias, muitas vezes são relegados a um segundo plano, mas que fazem toda a diferença para que se tenha resultados com a qualidade técnica desejada. Quadro 1.2 – Indicação de materiais bibliográficos referentes ao Geoprocessamento FITZ, P. R. Geoprocessamento sem complicação. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. FLORENZANO, T. G. Iniciação ao sensoriamento remoto. São Paulo: Oficina de Textos, 2011. LANG, S.; BLASCHKE, T. Análise da paisagem com SIG. São Paulo: Oficina de Textos: 2009. LINGLEY, P. A. et al. Sistema e ciência da informação geográfica. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. NOVO, E. M. L. de M. Sensoriamento remoto: princípios e aplicações. São Paulo: Blucher, 2010. SILVA, A. de B. Sistemas de informações geo- referenciadas: conceitos e aplicações. Campinas: UNICAMP, 2003. CÂMARA, G.; et al. Anatomia de sistemas de informação geográfica. Escola de Computação, SBC, 1996. http://www.dpi.inpe.br/gilberto/livro/anatomia.pdf CÂMARA, G. et al. (ed) Introdução à ciência da geoinformação. São José dos Campos: INPE, 2004. http://www.dpi.inpe.br/gilberto/livro/introd QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 19 CASANOVA, M. A. et al. (ed) Banco de dados geográficos. Curitiba, Mundogeo, 2005. http://www.dpi.inpe.br/livros/bdados DRUCK, S.; et al. Análise espacial de dados geográficos. Brasília: Embrapa, 2004. http://www.dpi.inpe.br/gilberto/livro/analise Quadro 1.3 – Indicação de materiais bibliográficos referentes ao QGIS BOSSLE, R. C. QGIS e geoprocessamento na prática. São José dos Pinhais: Edição do Autor, 2015. [3] BOSSLE, R. C. QGIS do ABC ao XYZ. São José dos Pinhais: Edição do Autor, 2016. [3] BRUY, A.; SVIDZINSKA, D. QGIS by example. Birmingham: Packt Publishing, 2015. GRASER, A. Learning QGIS. 3 ed. Birmingham: Packt Publishing, 2016. MENKE, K. Discover QGIS. Chugiak: Locate Press, 2016. WESTRA, E. Building mapping applications with QGIS. Birmingham: Packt Publishing, 2014. [3] Os materiais desenvolvidos pelo Renato Cabral Bossle são de grande qualidade e redigidos de uma forma bastante didática. Em ambos os livros, os capítulos iniciais, apresentam importantes fundamentações sobre geoprocessamento e cartografia, além de detalharem o processo de instalação e configuração do QGIS. 20 Capítulo 1 Algumas questões teóricas Quadro 1.4 – Indicação de outros materiais bibliográficos de apoio FLORENZANO, T. G. Geomorfologia: conceitos e tecnologias atuais. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. GHILANI, C. D.; Wolf, P. R. Geomática. São Paulo: Pearson do Brasil, 2013. IBGE. Manual técnico de geomorfologia. 2 ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. [4] IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira. 2 ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. [5] IBGE. Manual técnico de uso da terra. 3 ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2013. [6] IBGE. Manual técnico de pedologia. 3 ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2015. [7] Biblioteca on-line da Embrapa https://www.embrapa.br/biblioteca Biblioteca on-line do IBGE https://biblioteca.ibge.gov.br/ Anais do XVIII SBSR https://proceedings.galoa.com.br/sbsr Acervo digital do SBSR http://www.dsr.inpe.br/biblioteca/ [4] Este material está disponível para download gratuito no site do IBGE, no endereço https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=281612 [5] Este material está disponível para download gratuito no site do IBGE, no endereço https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=263011 [6] Este material está disponível para download gratuito no site do IBGE, no endereço https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=281615 [7] Este material está disponível para download gratuito no site do IBGE, no endereço https://biblioteca.ibge.gov.br/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=295017 QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 21 Ao longo do texto novas indicações de referências serão apresentadas. Adotamos este método para que o leitor seja induzido ao aprofundamento de determinadas temáticas à medida em que estas são apresentadas. QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 23 Capítulo 2 Notas sobre o QGIS Neste capítulo apresentaremos algumas notas sobre o QGIS. Nosso objetivo não é esgotar as opções referentes ao software, mas sim, dar condições ao leitor para que possa fazer o download e a instalação básica do QGIS. Serão abordados ainda alguns cuidados importantes e necessários para se trabalhar com geotecnologias, os quais se referem aos locais de armazenamento dos arquivos, aos nomes dos arquivos e ao uso de caracteres especiais. Por fim, faremos algumas referências aos complementos que podem ser instalados no QGIS para a execução de procedimentos específicos. 2.1 Download e instalação Ao acessar o site do QGIS, no endereço http://www.qgis.org, o usuário poderá selecionar, inicialmente, o idioma com o qual deseja trabalhar. Para o presente material, trabalharemos em português, facilitando assim a compreensão de quem ainda não está familiarizado com as terminologias das geotecnologias em outro idioma, em especial, o inglês. Para tanto, na página inicial, no canto superior direito da tela, selecione a opção “Português (Brasil)” para que o site seja mostrado em português (figura 2.1). O QGIS é desenvolvido em inglês. As versões disponibilizadas nos demais idiomas são traduções que, de versão para versão, podem sofrer alterações. Em alguns casos, há funcionalidades que poderão aparecer com equívocos de tradução, sendo que todos estão convidados a colaborar para que as traduções sejam cada vez melhores. Para saber como colaborar com o projeto, visite o site da comunidade QGIS Brasil, acessando o endereço http://qgisbrasil.org/ Com o site em português, observe que no canto superior esquerdo são mostradas as versões mais atuais disponíveis: versão 2.18.15 (new LTR), é a versão mais atual e será a nova versão de longa duração (mais estável) a partir do lançamento da versão 3.0 do QGIS; versão 2.14.21 (previous LTR) é a atual versão de longa duração. Mas, qual delas devo instalar? As versões de longa duração tendem a ser mais estáveis pois os erros e falhas vão sendo corrigidos. Contudo, nestas versões, algumas novas funcionalidades podem não estar disponíveis. Estas versões são mais indicadas para usos corporativos ou para quem precisa de maior estabilidade do software. 24 Capítulo 2 Notas sobre o QGIS Por sua vez, as versões mais atuais podem apresentar certa instabilidade, especialmente nas novas funcionalidades que vem sendo implementadas. Para o presente material utilizaremos a versão mais atual, que é a 2.18.15 Las Palmas. Cada nova versão do QGIS recebe, além da numeração típica dos softwares para as suas versões, um nome de batismo, referente a algum ponto geográfico. Alguns exemplos dos nomes das versões do QGIS: versão 2.12.x Lyon, versão 2.14.x Essen e versão 2.16.x Nadebo. Figura 2.1 Para fazer o download do QGIS, selecione a opção “baixar agora” (figura 2.2) e na próxima página (figura 2.3), selecione a versão que deseja adquirir. As opções que são mostradas automaticamente referem-se ao sistema operacional Microsoft Windows®. Caso seu sistema operacional seja outro, selecione as opções correspondentes. Estamos considerando aqui o download do arquivo “Instalador Standalone QGIS Versão 2.18 (64 bits)”. O arquivo ocuparácerca de 400 mb de espaço em seu disco. Após o download o leitor terá a disposição o arquivo conforme demonstrado na figura 2.4. Para instalar o software, clique duas vezes sobre o arquivo de instalação e concorde com os termos dos questionamentos que vão sendo feitos de acordo com a demonstração da figura 2.5. Para maiores informações sobre outras formas de instalação do QGIS, sugerimos que o leitor consulte a documentação do software ou as indicações de Bossle (2016). Ao observar a área de trabalho, o leitor poderá identificar os atalhos demonstrados na figura 2.6. O primeiro, QGIS 2.18, é uma pasta que contém um conjunto de atalhos para diversas funcionalidades do QGIS, como pode ser verificado na figura 2.7. Como todos estes atalhos também podem ser acessados através do botão “iniciar” do sistema operacional (figura 2.8), iremos manter na área de trabalho apenas o atalho para inicializar o QGIS com todas as suas funcionalidades, que é o “QGIS Desktop 2.18.15 with GRASS 7.2.2”. Para fazer este procedimento, acesse a pasta “QGIS 2.18” na área de trabalho, recorte o atalho “QGIS Desktop 2.18.15 with GRASS 7.2.2” e cole-o diretamente na área de trabalho. Após fechar a pasta “QGIS 2.18”, ela pode ser excluída da área de trabalho. QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 25 Figura 2.2 Figura 2.3 Botão “Baixar Agora” 26 Capítulo 2 Notas sobre o QGIS Figura 2.4 Figura 2.5 QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 27 O segundo atalho criado no processo de instalação, GRASS GIS 7.2.2, é o atalho para iniciar o GRASS de forma individualizada. Contudo, ele será utilizado apenas como recurso a partir do próprio QGIS. Se for do interesse do leitor, este atalho poderá ser excluído da área de trabalho. Figura 2.6 Figura 2.7 Figura 2.8 2.2 As pastas de trabalho Para quem está habituado a trabalhar com o sistema operacional Microsoft Windows®, muitas vezes utiliza as estruturas pré-definidas para o armazenamento dos seus arquivos como, por exemplo, a pasta “Documentos” ou até mesmo a “Área de Trabalho”. Contudo, quando iniciamos atividades com o uso de geotecnologias, precisamos acostumar o nosso raciocínio a entender algumas pequenas lógicas que estão associadas às linguagens de programação. 28 Capítulo 2 Notas sobre o QGIS Quando digitamos um texto num editor qualquer ou montamos uma apresentação, incluindo figuras e tabelas, basicamente todos os elementos que utilizamos são incorporados a um único arquivo. Porém, quando trabalhamos com geotecnologias, isto não acontece. Estaremos sempre trabalhando com conjuntos de arquivos que precisam estar devidamente organizados para que os sistemas consigam fazer as operações que a eles solicitamos. Tudo começa pelo local no qual armazenamos os nossos dados. Por que não utilizar a pasta “Documentos” ou a “Área de trabalho”? A pasta “Documentos” que em algumas versões do sistema operacional se chama “Os meus documentos”, está vinculada ao nome de usuário que é utilizado para acessar as contas do sistema operacional. Assim, o acesso pode ser restrito bem como os espaços em branco podem ser entendidos como uma separação de comandos, fazendo com que o QGIS (ou outro programa de geotecnologias) não consiga localizar o destino dos arquivos. Com relação ao uso da “Área de trabalho” as coisas ficam um pouco mais complicadas. Além do fato descrito com relação a pasta “Documentos”, existem caracteres especiais (Á) que podem não ser reconhecido, dificultando assim as atividades. O que devo fazer para armazenar meus arquivos de forma adequada? O ideal é sempre criar uma pasta com nome curto, sem espaços ou caracteres especiais, diretamente no disco rígido do computador (no HD). Se você tiver particionado o HD do seu computador, esta pasta pode ser em qualquer uma das partições. Como este material foi elaborado como um manual que o leitor poderá seguir executando os procedimentos descritos, inicie criando uma pasta na partição c:\ do seu computador, com o nome “OTM”. Assim, você terá a seguinte pasta disponível para executar as atividades: c:\OTM Na figura 2.9, exemplificamos a questão dos múltiplos arquivos com os quais trabalhamos em geotecnologias. Observe o quadro em vermelho na figura; veja que há quatro camadas indicadas: rodovias (estaduais e municipais), imagem do satélite Sentinel 2, magem do satélite Landsat 8 e imagem de Relevo Sombreado. Cada uma destas camadas equivale a um arquivo individualizado, que está armazenado em algum “lugar” do computador e o QGIS, ao ser QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 29 solicitado para recuperá-lo, precisará saber qual é este “lugar”. Assim, todos os arquivos, preferencialmente, devem estar numa pasta referente ao projeto com o qual se está trabalhando. Por isto é que indicamos a criação da pasta c:\OTM, na qual armazenaremos todos os arquivos com os quais trabalharemos até o final do presente material. Ainda na figura 2.9, observe no canto superior esquerdo, junto ao nome QGIS 2.18.15, aparece o nome do projeto “mapa_06”. Este é o nome do arquivo do QGIS, denominado de projeto, no qual são indicados os caminhos e todas as configurações de cor entre outras, para cada uma das camadas (que são os dados propriamente ditos), sendo, portanto, um arquivo de instruções para a importação, organização e exibição de arquivos. Se estivéssemos trabalhando com um editor de textos, por exemplo, provavelmente todos os dados estariam dentro do arquivo “mapa_06” mas, em geotecnologias isto não acontece. Assim, ressaltamos mais uma vez que a organização dos dados é fundamental para o bom desenvolvimento das atividades. Figura 2.9 2.3 Os nomes dos arquivos Da mesma forma como as pastas de trabalho, os nomes atribuídos aos arquivos merecem alguns cuidados. O principal cuidado a ser tomado é com o uso de caracteres especiais e com os espaços em branco. Como na língua portuguesa se utiliza muitas acentuações, temos muitos caracteres especiais que devem ser desconsiderados. Por exemplo, se o leitor tiver um arquivo com dados de população e quiser atribuir este nome ao arquivo, é mais indicado utilizar “populacao", suprimindo os dois caracteres especiais do nome. Alguns exemplos de caracteres especiais: á, à, Á, À, ç, Ç, ã, Ã, â, Â, ó, Ó, É, %, $, &. 30 Capítulo 2 Notas sobre o QGIS Por sua vez, quando se trata dos espaços em branco, a sugestão é substitui-los por “_” ou por “-“. Assim, se o leitor tiver um arquivo contendo os “limites municipais” é preferível que ele seja salvo com o nome “limites-municipais” ou “limites_municipais”. A supressão dos espaços é importante em função da operacionalização de alguns algoritmos que podem compreender o nome de arquivo em duas ou mais palavras como uma tentativa de incluir um comando, o qual não será reconhecido. Assim, criando o nome do arquivo como um bloco único, se tem a tendência de ocorrerem menos problemas no momento das operações de geoprocessamento. 2.4 Os complementos para o QGIS Por ser um software colaborativo, com uma grande rede de desenvolvedores, o QGIS vem se tornando um software com um potencial de aplicação muito vasto. Nem todas as funcionalidades esperadas ou imaginadas estão disponíveis nas versões que são liberadas aos usuários. Muitas das funcionalidades são desenvolvidas por usuários específicos, para aplicações específicas, na forma de complementos (plug-ins) que podem ser adicionados ao QGIS, fazendo com que cada usuário possa fazer uma ampla personalização do software para o seu uso. Ao longo deste material, utilizaremos alguns destes complementos. Faremos referência à necessidade de sua instalação sempre que iniciarmos o uso de um deles. Aqui faremosapenas a indicação de como estes complementos são instalados, tomando como exemplo o “Poinst2One” que pode ser utilizado para gerar um polígono a partir de um conjunto de pontos. Com o QGIS devidamente carregado, acesse o menu Complementos > Gerenciar e Instalar Complementos... (figuras 2.10 e 2.11). No campo buscar, digite o nome do complemento que deseja localizar e instalar (Points2One). Observe que na lista de complementos ficará disponível apenas aquele solicitado (figura 2.11). Selecione o complemento e veja que será apresentada a descrição do mesmo (figura 2.11). Clique sobre o botão “Instalar complemento” para executar a instalação do mesmo. Após completada a instalação, será demonstrada a descrição do complemento com a especificação da versão entre outras informações, sendo também liberados botões para desinstalar e reinstalar o complemento (figura 2.11). Por se tratar de um complemento para trabalhar com dados vetoriais, o mesmo estará disponível no menu Vetor, como demonstrado pela figura 2.12. De maneira geral, todos os complementos são instalados seguindo estes procedimentos. O que pode mudar é a forma como eles são alocados na estrutura do QGIS. Alguns, em função da sua complexidade ou quantidade de ferramentas, estarão disponíveis como menus independentes; outros, por sua vez, poderão ser adicionados a algum dos menus já existentes ou, ainda, poderão estar alocados na caixa de ferramentas, que se encontra no menu Processar > Caixa de ferramentas. Figura 2.10 QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 31 Figura 2.11 Figura 2.12 QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 33 Capítulo 3 As bases de dados iniciais Neste capítulo, apresentaremos as bases de dados que serão utilizadas para gerar os mapeamentos necessários ao ordenamento territorial do município de Santo Cristo, RS, utilizando o QGIS. Para o estado do Rio Grande do Sul, há várias bases de dados oficiais e secundárias disponíveis, as quais permitem fazer uma aplicação da mesma metodologia, com os mesmos dados, para todo o território estadual. Para as demais Unidades da Federação, cabe ao leitor identificar e organizar as bases de dados disponíveis antes de iniciar os processamentos dos dados que serão apresentados no decorrer do presente livro. O Sistema Geodésico Brasileiro e o Sistema Cartográfico Nacional, de acordo com a Resolução PR 1/2005 (IBGE, 2005), passam a adotar o Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas (SIRGAS), em sua realização do ano de 2000, denominada de SIRGAS2000. Como o período de transição para este sistema não poderia ser superior a dez anos, conforme estabelecido pela resolução citada, desde o ano de 2015, todos os dados geodésicos e cartográficos associados ao SGB e ao SCN, devem adotar exclusivamente o novo sistema de referência geodésico. Considerando que as bases de dados disponíveis possuem uma variação temporal da década de 1970 até os dias atuais, há vários sistemas de referência envolvidas como, por exemplo, o SAD69, o Córrego Alegre e o WGS84, além de diferentes projeções cartográficas como a UTM e a LatLong. Isto faz com que os dados a serem utilizados precisem ser analisados e devidamente convertidos para que os trabalhos atendam às exigências normativas da cartografia nacional. O que se observa, ao longo do tempo, é que há profissionais, que por falta de conhecimento, não dão a devida importância para tais parâmetros. Este fato gera imperfeições nos dados gerados, comprometendo assim a qualidade dos resultados dos mapeamentos. Um equívoco também recorrente diz respeito ao uso dos dados no sistema WGS84, que é adotado como padrão nos dados oriundos das constelações GNSS. Mesmo que os valores de conversão entre este sistema e o SIRGAS2000 sejam zero, ao analisarmos os semieixos do elipsóide de ambos os sistemas é possível observar uma pequena diferença. Isto nos remete, mais uma vez, a necessidade da conversão dos dados também entre estes sistemas. Sob o aspecto dos sistemas de coordenadas, considerando o estado do Rio Grande do Sul, são utilizados dois sistemas nas bases de dados a serem utilizadas: o UTM, dado em metros, e o LatLong, dado em graus. Desta forma, é preciso considerar, dependendo da região na qual se está trabalhando, o limite entre os fusos UTM, uma vez que o estado é dividido ao meio pelos 34 Capítulo 3 As bases de dados iniciais fusos 21S e 22S, como pode ser observado na figura 3.1. O fuso 21S conta com meridianos extremos 60ºW e 54ºW, sendo seu meridiano central o 57ºW. Por sua vez, o fuso 22S, conta com meridianos extremos 54ºW e 48ºW, sendo seu meridiano central o 51ºW. Figura 3.1 Sob uma perspectiva que busque atender às necessidades do ordenamento territorial municipal, é preciso refletir sobre quais os dados serão necessários para esta atividade, considerando a unidade territorial selecionada. Desta forma, podem ser apresentados os dados descritos no quadro 3.1, como sendo necessários à atividade que se deseja realizar. Estes dados podem ser considerados indispensáveis, pois nos dão uma noção geral da estrutura da área a ser trabalhada. Oportunamente, serão acrescentados outros dados para os quais o acesso será descrito nos capítulos correspondentes. Quadro 3.1 – Dados necessários ao ordenamento territorial municipal Dado Descrição Limite municipal O conhecimento dos limites do município é fundamental para o início das atividades. É necessário considerar aqui a escala de trabalho para a correta delimitação. Estes procedimentos serão descritos no próximo capítulo. Limites distritais Os limites distritais representam a subdivisão dos municípios em função da estrutura de organização da população e das atividades administrativas. São de fundamental importância para análises mais detalhadas a partir das atividades de uso e ocupação do solo e das potencialidades de cada região. Áreas urbanizadas Pela sua dinâmica, as áreas urbanizadas merecem sempre um destaque diferenciado que, sob o aspecto do ordenamento do território, são tratadas no Plano Diretor e na lei de Uso e Ocupação do Solo Urbano e, em geral, recebem destaque maior que o restante do território municipal. Estas áreas, mesmo que não sejam foco do trabalho em si, devem ser identificadas. Devemos lembrar ao leitor que há uma diferença entre a denominação de áreas urbanizadas e perímetro urbano. A primeira, trata das áreas QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 35 efetivamente ocupadas com estruturas urbanas, ao passo que a segunda se refere à parte do território municipal definida como de uso urbano e que, não necessariamente, esteja consolidada como tal. Hidrografia Os elementos da hidrografia têm grande importância uma vez que determinam vários processos de uso e de ocupação do território, e estão vinculados à gestão ambiental. Da mesma forma como a definição dos limites do município e de outros dados, a hidrografia precisa ser avaliada em função da escala de aplicação do estudo. Sistema viário O sistema viário, que define o sistema de circulação dentro do município e suas conexões para fora do seu território, deve ser avaliado com os mesmos cuidados citados nos dados de hidrografia. Geologia Geomorfologia Pedologia Vegetação Uso e cobertura da terra Optou-se em agrupar a descrição destes cinco elementos em função da sua interdependência. Para uma correta análise do uso do solo (seja atual ou ao longo do tempo), é pertinente que se avalie os dados de geologia, geomorfologia e pedologia. Estas associações permitem determinar as potencialidades e identificar as restrições de uso. Com relação aos dados de vegetação, cabe salientar, que estes se referem a vegetação potencial original, o que pode auxiliar no estudo dasmudanças de uso do solo. MDE O Modelo Digital de Elevação permite gerar dados morfométricos derivados das altimetrias que, quando associado aos elementos anteriormente descritos, permitem refinar as análises. Declividade A declividade é um dado derivado da estrutura das vertentes topográficas e auxiliam na análise das potencialidades e fragilidades do uso do solo. 3.1 O limite municipal O limite municipal é o primeiro dado a ser definido para se dar início às atividades. O IBGE, disponibiliza regularmente, com atualizações periódicas, a Malha Territorial Municipal, compatível com a escala operacional 1:250.000. Estes dados estão disponíveis para todo o território nacional ou por Unidade da Federação, de forma individualizada. O acesso a esta malha pode ser feito através do GEOFTP do IBGE, no endereço ftp://geoftp.ibge.gov.br/ Acessando este endereço o leitor estará no FTP de dados geográficos do IBGE e poderá acessar todas as bases disponibilizadas pelo instituto, como pode ser observado na figura 3.2. Para acessar a Malha Territorial Municipal do Rio Grande do Sul, percorra o seguinte caminho nas pastas do FTP: organização_do_territorio / malhas_territoriais / malhas_municipais / município_2016 / UFs / RS. Ao chegar na última pasta, observe que estarão disponíveis cinco arquivos para download, como pode ser verificado na figura 3.3. 36 Capítulo 3 As bases de dados iniciais Figura 3.2 Figura 3.3 Os arquivos disponíveis representam a estrutura de organização territorial do estado em municípios, microrregiões e mesorregiões. Estes dados podem ser acessados individualmente ou através do arquivo “RS.zip”, que contém todos os demais arquivos da pasta. Para o nosso caso faça o download do arquivo “rs_municipios.zip” e salve-o na pasta c:\OTM criada anteriormente. 3.2 Os limites distritais Os limites distritais são utilizados pelo IBGE no momento do levantamento de dados dos Censos. É a partir dos distritos que ocorre a subdivisão em setores censitários. Para acessar estes limites, parte-se do mesmo endereço mencionando anteriormente (GEOFTP do IBGE) e representado pela figura 3.2. Contudo, o caminho a ser seguido no FTP é: organização_do_territorio / malhas_territoriais / malha_de_setores_censitarios__divisoes_intramunicipais / censo_2010 / setores_censitarios_shp / RS. Ao chegar no último nível do caminho faça o download do arquivo “rs_distritos.zip”. O ano de referência para estes dados é 2010 e os mesmos são compatíveis com os dados da Malha Territorial Municipal de 2016. 3.3 As áreas urbanizadas Como diz o próprio nome, este dado se refere a área urbanizada e não ao perímetro urbano. Os dados das áreas urbanizadas mais atuais disponíveis para o Brasil, são o resultado de um trabalho da Embrapa Gestão Territorial (FARIAS, et al., 2017) que buscou identificar, mapear e quantificar as áreas urbanas do Brasil a partir de técnicas de sensoriamento remoto e SIG. Para ter acesso aos dados, faça o download do arquivo disponível no endereço QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 37 http://www.sgte.embrapa.br/produtos/dados/COT04_Areas_Urbanas_Brasil.zip e salve-o na pasta c:\OTM. Para fins legais, a delimitação da área urbana deve seguir a definição estabelecida pela legislação municipal. Neste caso, deve-se entrar em contato com a prefeitura do município de interesse para ter acesso aos dados. Para o material que está sendo aqui apresentado, utilizaremos apenas os dados do estudo da Embrapa. 3.4 A hidrografia e o sistema viário A melhor escala de disponibilidade dos dados da hidrografia e do sistema viário, para o Rio Grande do Sul, é a 1:50.000. Estes dados são oriundos da restituição aerofotogramétrica realizada na década de 1970, pela 1ª Divisão de Levantamentos, da Diretoria de Serviços Geográficos do Exército Brasileiro, atualmente denominado de 1º Centro de Geoinformação. Na época, estes dados foram disponibilizados em formato impresso, na forma de folhas articuladas. Em 2010, o Laboratório de Geoprocessamento do Centro de Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, através de um projeto de cooperação interinstitucional, disponibilizou a vetorização das 462 folhas da carta topográfica em escala 1:50.000 na forma de base vetorial contínua (HASENACK e WEBER, 2010). Esta base está disponível para download no endereço https://www.ufrgs.br/labgeo/index.php/dados-espaciais/250-base-cartografica-vetorial- continua-do-rio-grande-do-sul-escala-1-50-000. Os dados da base vetorizada estão disponíveis em três sistemas de coordenadas, sendo que, para as nossas atividades, serão utilizados os dados no sistema UTM Fuso 21S (o município de Santo Cristo está localizado na metade oeste do Rio Grande do Sul). Assim, no endereço indicado anteriormente, acesse os dados referentes ao sistema UTM fuso 21 e faça o download dos seguintes arquivos: “hidrografia_linhas_utm21.zip”, “hidrografia_poligonos_utm21.zip” e “sistema_viario_utm21.zip” e salve-os na pasta c:\OTM. Cabe aqui um questionamento: qual a diferença entre folhas articuladas e base contínua? Para quem já trabalhava com cartografia na da década de 1980, deve estar lembrado que o acesso aos dados era apenas em formato analógico, ou seja, impresso. Assim, havia uma restrição em função do tamanho do papel utilizado e também do manuseio de tais documentos. Em função desta restrição surgiu a articulação das folhas das cartas em diferentes escalas para todo o planeta, iniciando-se na escala 1:1.000.000 (compatível com os fusos UTM) e suas subdivisões para as demais escalas. Desta forma, ao se tratar de folhas articuladas em determinada escala, fala-se do conjunto de folhas de uma determinada carta necessárias para o recobrimento de uma dada região. Por sua vez, ao se tratar de uma base contínua, fala-se da integração destes dados de forma única para toda a área de mapeamento, a qual pode ser recortada para as áreas de interesse. Neste último caso, em função dos dados serem tratados em ambiente SIG, há também a carga dos atributos de cada feição no banco de dados, permitindo, assim, consultas espaciais diversas. A diferença entre as duas estruturas, para a escala de referência 1:1.000.000, é demonstrada pela figura 3.4. 38 Capítulo 3 As bases de dados iniciais Figura 3.4 3.5 A geologia, a geomorfologia, a pedologia e a vegetação Para se pensar em qualquer processo de ordenamento territorial, os dados de geologia, geomorfologia, pedologia e vegetação são sempre bastante relevantes. Considerando-se a abrangência territorial do Brasil, é sabido que se ter tais dados disponíveis, em escala de detalhe, é tarefa bastante complexa. Contudo, a partir da década de 1970, foi criado pelo então Ministério de Minas e Energia, o projeto Radam (Radar da Amazônia) que, em função dos bons resultados, a partir de 1975, evoluiu para o projeto Radambrasil. Estes projetos que foram executados entre os anos de 1970 e 1985, objetivaram mapear, através de imagens de radar, dados de geologia, geomorfologia, pedologia e vegetação, na escala operacional de 1:250.000, para todo o território nacional. No segundo semestre de 2017, o IBGE finalizou a sistematização de todos estes dados, ainda na forma de articulação, mas já com carga de atributos em banco de dados para manipulação em SIG, para as quatro temáticas, os quais estão disponíveis para o uso da sociedade. Sob o aspecto da escala operacional dos dados e da articulação para disponibilização, o usuário deve atentar para o fato de que os dados estão na escala 1:250.000 mas a área de abrangência é a da escala 1:1.000.000. Isto se deve em função de que no momento da geração dos dados originais, foram elaborados relatórios descritivos que levam em consideração este recorte. Assim, há a compatibilidade entre o dado cartográfico e o relatório descritivo. Para obter os dados que são de nosso interesse, acesse o GEOFTPdo IBGE no endereço ftp://geoftp.ibge.gov.br/ e acesse a pasta “informacoes_ambientais”. Nesta pasta, há uma pasta para cada uma das quatro temáticas mencionadas. Faça o download do arquivo correspondente conforme descrito no quadro 3.2. Os dados devem ser salvos na pasta c:\OTM. O leitor deve estar se perguntando o que significa e como consigo identificar o nome do arquivo que deve ser utilizado no download, certo? O código SG21 se refere à folha da carta 1:1.000.000 na qual se está trabalhando. Para fazer esta identificação é possível utilizar o Mapa Índice do Brasil, para o qual preparamos uma descrição que está disponível no Apêndice A deste livro. QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 39 Quadro 3.2 – Acesso aos dados de geologia, geomorfologia, pedologia e vegetação Dado Caminho partindo da pasta informacoes_ambientais Arquivo Geologia .../ geologia / levantamento_geologico / vetores / escala_250_mil / recorte_milionesimo sg21_geol.zip Geomorfologia .../ geomorfologia / vetores / escala_250_mil / recorte_milionesimo sg21_geom.zip Pedologia .../ pedologia / vetores / escala_250_mil / recorte_milionesimo sg21_pedo.zip Vegetação .../ vegetacao / vetores / escala_250_mil / recorte_milionesimo sg21_vege.zip 3.6 O uso e cobertura da terra Saber o que está sendo feito e aonde num determinado território, certamente é importante para um processo de ordenamento territorial. Para tanto, os dados de uso e cobertura da terra (que é a denominação adotada pelo IBGE) são necessários. Há, ao menos, duas formas de se obter estas informações: 1) através do processamento de imagens de satélite, para se gerar um mapa de uso, ou, 2) utilizando dados disponibilizados por instituições oficiais, como é o caso do IBGE. Inicialmente, para montar esta nossa base de dados, iremos utilizar dados disponibilizados pelo IBGE e que são compatíveis com a escala 1:100.000. Estes dados estão disponíveis como um mapa de uso e cobertura da terra do Rio Grande do Sul, tendo como referência o ano de 2010. Para ter acesso aos dados faça o download do arquivo “RS_uso_100mil.zip”, disponível no GEOFTP do IBGE, no seguinte caminho: informacoes_ambientais / cobertura_e_uso_da_terra / uso_atual / vetores / unidades_da_federacao / rs / escala_100_mil. Os dados devem ser salvos na pasta c:\OTM. 3.7 O MDE e as declividades Os Modelos Digitais de Elevação, de acordo com Valeriano (2008), são arquivos que contêm registros altimétricos, organizados numa estrutura matricial em linhas e colunas georreferenciadas, como uma imagem com um valor de elevação para cada pixel. Os registros altimétricos devem ser idealmente valores de altitude do relevo para que o MDE seja uma representação efetiva da topografia. A partir dos dados do MDE, além da geração de mapas hipsométricos, é possível extrair outras características morfométricas como a declividade, por exemplo. Para quem trabalhava com estas análises na década de 1990, deve se recordar que estes dados eram gerados a partir das curvas de nível presentes nas Cartas Topográficas, o que fazia com que esta atividade fosse bastante trabalhosa e demorada, por se tratar de dados analógicos. Considerando os dados aos quais se tem acesso para o território do Rio Grande do Sul, iremos demonstrar aos leitores as diferentes possibilidades de trabalho com este tipo de dados, utilizando duas fontes com estruturas de dados distintas: a primeira vetorial e a segunda matricial. O primeiro conjunto de dados a serem utilizados são as curvas de nível vetorizadas a partir das folhas da Carta Topográfica em escala 1:50.000 (HASENACK e WEBER, 2010), que são 40 Capítulo 3 As bases de dados iniciais a mesma base da hidrografia e do sistema viário já descritos anteriormente. Esta base está disponível para download no endereço https://www.ufrgs.br/labgeo/index.php/dados- espaciais/250-base-cartografica-vetorial-continua-do-rio-grande-do-sul-escala-1-50-000. Os dados da base vetorizada estão disponíveis em três sistemas de coordenadas, sendo que, para as nossas atividades, serão utilizados os dados no sistema UTM Fuso 21S (o município de Santo Cristo está localizado na metade oeste do Rio Grande do Sul). Assim, no endereço indicado anteriormente, acesse os dados referentes ao sistema UTM fuso 21 e faça o download do seguinte arquivo: “curvas_de_nivel_utm21.zip” e salve-o na pasta c:\OTM. O segundo conjunto de dados é oriundo do projeto TOPODATA (VALERIANO, 2005), que é o resultado do processamento de dados da missão de radar SRTM. A partir do MDE gerado pela missão SRTM, o projeto TOPODATA processou os dados para todo o Brasil, disponibilizando os mesmos na articulação compatível com as folhas da Carta Topográfica em escala 1:250.000. Além do próprio MDE, estão disponíveis dados de declividade, de orientação das vertentes, de relevo sombreado, entre outras características morfométricas. Para saber mais sobre o projeto TOPODATA, visite o site http://www.dsr.inpe.br/topodata/ e leia os documentos de referência disponíveis. Para saber mais sobre a missão SRTM, visite https://www2.jpl.nasa.gov/srtm/ Para acessar os dados do projeto TOPODATA, visite o mapa interativo disponível no endereço http://www.webmapit.com.br/inpe/topodata/, representado na figura 3.5. Observe que cada retângulo vermelho do mapa equivale a uma folha da escala 1:250.000. Figura 3.5 QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 41 Para acessar os dados necessários às nossas atividades, utilize o mouse para localizar o retângulo que recobre o município de Santo Cristo, como demonstrado na figura 3.6. O retângulo correspondente é o 27_555, no qual aparece o nome da cidade de Santa Rosa, que é a mais representativa da região. Em função do nível de zoom máximo do mapa, o nome de Santo Cristo não é demonstrado. Após identificar o retângulo, clique sobre o mesmo e será aberta uma janela com os dados disponíveis para esta região (figura 3.6). Faça download dos arquivos “Altitude” e “Decliv.(c)”, e salve-os na pasta c:\OTM. Figura 3.6 O arquivo “Decliv.(c)”, é a classificação das declividades em seis classes, de acordo com a proposta da EMBRAPA (SANTOS et al., 2013), utilizada no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Nos próximos capítulos trataremos com mais detalhes desta classificação. 3.8 Organizando os dados na pasta c:\OTM Após termos realizado o download dos dados, é chegada a hora de organizarmos os mesmos para que possamos dar início aos trabalhos. Verifique inicialmente se a sua pasta possui os arquivos conforme demonstrado na figura 3.7. Como todos os dados estão compactados, é necessário descompactá-los. Para tanto, o leitor pode fazer uso do software que lhe convém. Sob o aspecto de organização destes dados, há vários outros elementos a serem considerados. Contudo, a medida que trabalharemos com eles, iremos fazer a sua alocação mais adequada, considerando sempre os cuidados já mencionados no item 2.2 do capítulo 2. 42 Capítulo 3 As bases de dados iniciais Figura 3.7 Os arquivos da geologia, da geomorfologia, da vegetação e da pedologia foram renomeados para facilitar sua identificação no decorrer da realização dos processamentos. QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 43 Capítulo 4 Definindo os limites do município Para apresentar a nossa perspectiva de aplicação do QGIS no ordenamento territorial municipal, selecionamos o município de Santo Cristo (figura 4.1), localizado na região noroeste do estado do Rio Grande do Sul, como sendo nosso laboratório. O município de Santo Cristo foi criado através da Lei Estadual nº 2.602, de 28 de janeiro de 1955 (RIO GRANDE DO SUL, 1955), sendo seu território totalmente desmembrado do município de Santa Rosa.Figura 4.1 Para saber mais sobre o município de Santo Cristo, RS, visite os seguintes sites: https://santocristo.rs.gov.br/site https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/santo- cristo/panorama 44 Capítulo 4 Definindo os limites do município Há dois elementos com os quais devemos nos preocupar ao buscar a definição dos limites territoriais de um município: 1º) é necessário verificar se a base de dados que temos disponível representa a realidade atual deste território e, 2º) devemos avaliar com cuidado qual a escala do dado que está a disposição e qual a escala com a qual desejamos trabalhar. Com relação ao primeiro elemento citado, devemos fazer uma avaliação histórica a partir da data de emancipação do município em questão, para verificar o que aconteceu com o próprio município e seus limítrofes para poder estabelecer que se está trabalhando com a delimitação correta. Com relação ao segundo elemento, se partirmos do pressuposto que utilizaremos o limite disponível na Malha Territorial Municipal do IBGE, da qual fizemos download no capítulo anterior, estaremos trabalhando na escala 1:250.000, o que é uma representação bastante generalizada dos limites. Assim, para termos uma representação em escala mais detalhada, será necessário refazermos esta delimitação, a partir de outros dados, utilizando como guia a Malha Territorial Municipal do IBGE. 4.1 Evolução histórica do limite do município de Santo Cristo Como já mencionamos, o município de Santo Cristo foi criado através da Lei Estadual nº 2.602, de 28 de janeiro de 1955. Após sua criação, houve três fatos que alteraram a sua delimitação: 1) a anexação de novas áreas, de acordo com a Lei Estadual nº 3.702, de 31 de janeiro de 1959 (RIO GRANDE DO SUL, 1959; 2) a emancipação do município de Alecrim, criado pela Lei Estadual nº 4.578, de 09 de outubro de 1963 (RIO GRANDE DO SUL, 1963), e, 3) a emancipação do município de Porto Vera Cruz, criado pela Lei Estadual nº 9.588, de 20 de março de 1992 (RIO GRANDE DO SUL, 1992). A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, através da Comissão de Assuntos Municipais, editou duas publicações que auxiliam na identificação desta evolução territorial: RIO GRANDE DO SUL; ASSEMBLEIA LEGISLATIVA. Evolução municipal do Rio Grande do Sul: 1809 – 1996. Porto Alegre: Assembleia Legislativa, 2001. RIO GRANDE DO SUL; ASSEMBLEIA LEGISLATIVA. Rio Grande do Sul, seus municípios e suas leis de criação. Porto Alegre: Assembleia Legislativa, 2008. É necessário tomar cuidado com o uso deste material pois há equívocos quando comparados com os textos legais. Sugere-se ao leitor buscar sempre as fontes originais, que são as leis de criação etc, para que se possa ter certeza com relação a descrição dos limites. O governo do estado do Rio Grande do Sul, na Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão, mantém a Divisão de Geografia e Cartografia que, dentro de suas atribuições, auxilia no processo de identificação dos QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 45 limites municípios. Maiores informações estão disponíveis em http://planejamento.rs.gov.br/gerenciamento-de- limites-municipais Um instrumento que auxilia na análise histórica dos limites municipais, é a publicação do IBGE referente a Evolução da Divisão Territorial do Brasil, no período de 1872 a 2010 (IBGE, 2011). Além do documento descritivo, estão disponíveis as Malhas Digitais para cada década, o que nos permite um auxílio cartográfico para a análise das legislações. As Malhas Digitais estão disponíveis no GEOFTP do IBGE, podendo ser acessada no seguinte caminho: organização_do_territorio / malhas_territoriais / municipios_1872_1991 / divisao_territorial_1872_1991. Ao acessar o último nível mencionado, o leitor pode acessar as pastas referentes aos que deseja analisar e fazer o download dos dados. No quadro 4.1, apresentamos uma compilação da evolução do limite do município de Santo Cristo, considerando os dados disponibilizados pelo IBGE. Quadro 4.1 – Evolução histórica do limite do município de Santo Cristo A – o município de Santa Rosa, em 1950. [1] B – a primeira delimitação territorial do município de Santo Cristo, com base em dados de 1960. [2] [3] C – o município de Santo Cristo após a criação do município de Alecrim. [4] D – o município de Santo Cristo após a criação do município de Porto Vera Cruz. [5] [1] A área do município de Santa Rosa era de 4.028,32 km². Com sua criação, o município de Santo Cristo foi totalmente desmembrado de Santa Rosa. 46 Capítulo 4 Definindo os limites do município [2] A área do município de Santa Rosa foi reduzida a cerca de 12% da área inicial, pois o mesmo foi dividido em sete municípios. [3] A área do município de Santo Cristo, na sua criação, era de 701,46 km², considerando as anexações de área de 1959. [4] A área do município de Santo Cristo passou a ser de 370,71 km². [5] A área do município de Santo Cristo passou a ser de 366,88 km². Fonte: elaborado pelos autores a partir de IBGE (2011, 2016). Optamos por não descrever aqui todo o processo de download destes dados e a análise detalhada da evolução histórica, visto que nosso objetivo é chamar a atenção do leitor para que tome os cuidados necessários para a delimitação das suas áreas de interesse. Relembramos novamente que a ênfase maior sempre deve ser dada aos textos legais e a sua correta interpretação. Com esta retrospectiva, foi possível visualizar como o território do município evoluiu, permitindo-nos assim passar para a sua delimitação em escala mais detalhada que a da Malha Territorial Municipal do IBGE. Este procedimento, como já mencionado, permitirá gerar mapas mais precisos e compatíveis com outras bases de dados. 4.2 Geração do limite municipal em escala 1:50.000 Tendo em vista que há uma base de dados em escala 1:50.000 disponível para o estado do Rio Grande do Sul, a qual foi descrita no capítulo anterior, será possível gerar um novo limite do município compatível com esta escala. Para executar este procedimento, será utilizado o limite disponível na Malha Territorial Municipal do IBGE (IBGE, 2016), como base para a identificação dos elementos que constituem os limites municipais, em conjunto com a interpretação dos textos legais (RIO GRANDE DO SUL, 1955, 1959, 1963 e 1992). 1º Passo Para uma melhor organização dos arquivos, vá até a pasta de trabalho c:\OTM, e crie uma pasta com o nome “Lim_Santo_Cristo”. É nesta pasta que executaremos os nossos procedimentos. 2º Passo Adicione a camada vetorial “43MUE250GC_SIR”, que está na pasta c:\OTM\rs_municipios. Esta camada contém os limites dos municípios do Rio Grande do Sul, na escala 1:250.000, conforme descrito no capítulo 3. Para adicionar uma camada vetorial ao QGIS, clique sobre o botão “Vetorial”, na janela “Adicionar camada vetorial”, clique sobre o botão “Buscar”, localize o arquivo desejado, clique QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 47 sobre o botão “Abrir” e novamente no botão “Abrir” (figura 4.2), e a camada será mostrada no QGIS (figura 4.3). Figura 4.2 Figura 4.3 3º Passo Como todos os municípios do Rio Grande do Sul compõe o arquivo carregado, é necessário separar o limite do município de Santo Cristo, ou seja, criar um arquivo vetorial que contenha apenas este limite. Quando se conhece o limite, é necessário apenas selecioná-lo e gerar um novo arquivo. Contudo, partiremos do pressuposto de que não sabemos qual dos 1 2 3 4 5 48 Capítulo 4 Definindo os limites do município polígonos se refere ao município de Santo Cristo. Neste caso, utilizaremos uma das ferramentas de seleção do QGIS, que nos permite selecionar uma feição a partir de um determinado valor. Na figura 4.4, está representada a localização da ferramenta que utilizaremos:“Selecionar feição por valor”, a qual também pode ser ativada com a tecla F3. Quando este comando é executado, é mostrada uma janela gerada a partir das colunas da tabela de atributos do arquivo sobre o qual se está trabalhando. Como o nosso interesse é selecionar a feição referente a Santo Cristo, colocaremos este valor no campo “NM_MUNICIP” e clicaremos em “Selecionar feição” (figura 4.5). Veja que uma das feições está agora na cor amarela, ou seja, foi selecionada pelo procedimento executado. A janela de seleção pode ser fechada, mas a seleção será mantida para que possam ser executados outros procedimentos. A cor amarela que é atribuída às seleções de feições no QGIS bem como as cores aleatórias ao carregar as camadas, podem ser configuradas pelo usuário. Por motivos didáticos, optamos em não alterar estas configurações, mantendo o padrão da instalação do QGIS. Com o limite do município de Santo Cristo devidamente selecionado, clique com o botão direito do mouse sobre o nome da camada “43MUE250GC_SIR”, e acesse a opção “Salvar como...” (figura 4.6). Este comando permite que seja salvo um novo arquivo para o qual faremos a indicações de alguns parâmetros. Cabe mencionar que a Malha Territorial Municipal do IBGE está disponível no sistema de coordenadas LatLong e no sistema de referência SIRGAS2000. Para facilitar as atividades que serão desenvolvidas com este material, é preferível que se utilize o sistema de coordenadas UTM, expresso em metros, para facilitar, por exemplo, a quantificação de áreas. Assim, executaremos dois procedimentos com o mesmo comando: 1) extrair o limite do município de Santo Cristo gerando um arquivo que contenha apenas este limite, e 2) alterar o sistema de coordenadas de LatLong para UTM, mantendo o sistema de referência SIRGAS2000. Figura 4.4 QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 49 Figura 4.5 Figura 4.6 O QGIS trata os sistemas de referência e de coordenadas como SRC (Sistema de Referência de Coordenadas). Para cada SRC é definido um código chamado de EPSG (European Petroleum Survey Group) mantido pelo IOGP (International Association of Oil & Gas Producers), através do Geodetic Parameter Dataset. Este esforço da IOGP, reúne os sistemas de coordenadas e de referência geodésica a nível mundial numa única base de dados, atribuindo um código específico a cada um, o que 50 Capítulo 4 Definindo os limites do município permite a fácil identificação bem como os parâmetros de conversão. Para saber mais sobre esta base de dados consulta o site http://www.epsg.org/ A janela do comando “Salvar camada vetorial como ...” (figura 4.7), possui várias funcionalidades e possibilidades de parâmetros a serem considerados. Assim, os parâmetros que devem ser informados estão expressos no quadro 4.2. Os demais parâmetros disponíveis deverão ser mantidos da maneira como apresentados pelo QGIS. Após o preenchimento dos parâmetros solicitados (figura 4.9), pode-se clicar em “Ok” para que o comando seja executado, sendo adicionada uma nova camada vetorial contendo apenas o limite do município de Santo Cristo (figura 4.10). Figura 4.7 QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 51 Quadro 4.2 – Parâmetros para o preenchimento da caixa do comando “Salvar camada vetorial como...” Parâmetro solicitado Informar Observação Formato Shapefile O formato Shapefile foi desenvolvido pela ESRI e é composto por, pelo menos, quatro arquivos que possuem o mesmo nome mas extensões distintas: *.shp – possui as informações geométricas; *.dxf – é a tabela de atributos; *.prj – contém as informações dos sistemas de referência cartográfica e geodésica; *.shx – executa a conexão entre os demais arquivos. File name Santo_Cristo_IBGE_UTM Para informar o nome, clique no botão buscar e navegue até a pasta “Lim_Santo_Cristo”, digite o nome a ser atribuído ao arquivo, e clique em “Salvar”. SRC SIRGAS 2000 / UTM zone 21S Clique no ícone no final da linha deste parâmetro, digite o código 31981 (que é o código do sistema “SIRGAS 2000 / UTM zone 21S”) na caixa de “Filtro”, selecione o sistema desejado e clique em “Ok” (figura 4.8). Caso o leitor não saiba o código EPSG do SRC que será utilizado, a pesquisa deverá ser feita manualmente. Salvar somente feições selecionadas Esta opção deve ser marcada para que seja salva apenas a feição que representa o município de Santo Cristo, uma vez que a mesma foi selecionada anteriormente. Para aprofundar os conhecimentos a respeito do formato Shapefile, indicamos ao leitor que consulte a documentação técnica disponível em ESRI (1998). 52 Capítulo 4 Definindo os limites do município Figura 4.8 Figura 4.9 QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 53 Figura 4.10 4º Passo Antes de executar este procedimento, inicie um novo projeto do QGIS, através do menu Projeto > Novo, clicando em “Descartar” na janela que pergunta “Você quer salvar o projeto atual?”. É importante que o leitor se habitue que, ao “Descartar” o processo de salvamento de um projeto, ele apenas não mantém às configurações de como os dados são apresentados na tela. Os dados em si, que podem estar em diferentes formatos como Shapefile, por exemplo, não serão perdidos. Iniciaremos a geração do novo limite fazendo uma análise da rede hidrográfica, em comparação com o arquivo que geramos no passo anterior. Para tanto, adicione as seguintes camadas vetoriais: “hidrografia_linhas_utm21” que está na pasta c:\OTM\hidrografia_linhas_utm21 e “Santo_Cristo_IBGE_UTM” que está na pasta c:\OTM\Lim_Santo_Cristo. Os procedimentos para adicionar estas camadas ao QGIS são os mesmos executados no 2º passo, o qual deverá ser aqui repetido duas vezes. Após adicionar as camadas ao QGIS, o leitor deverá ter uma representação como a demonstrada pela figura 4.11. A análise que aqui se faz necessária, refere-se à identificação de quais cursos hídricos determinam trechos do limite municipal, para que possam ser salvos num arquivo independente para posterior edição. Para fazer esta análise, aproxime o zoom para a área do município de Santo Cristo, utilizando o mouse ou as ferramentas de zoom disponíveis no QGIS. É importante salientar que para facilitar a atividade, a camada com a hidrografia deve ficar sobre a outra camada. Caso elas estejam invertidas, apenas arraste a camada que está em primeiro lugar na lista para baixo, fazendo assim a inversão (figura 4.12). 54 Capítulo 4 Definindo os limites do município Figura 4.11 Figura 4.12 Como ao carregar camadas vetoriais o QGIS atribui cores aleatórias, muitas vezes é necessário alterá-las para que se tenha um melhor contraste para identificar as feições. Assim, iremos alterar a cor da feição referente ao limite de Santo Cristo para uma tonalidade de verde e a cor da Hidrografia para uma tonalidade de azul. Estas alterações são feitas no QGIS através da janela de propriedades da camada que pode ser acessada clicando duas vezes sobre o seu nome. Iniciaremos pelo limite de Santo Cristo, que é uma camada vetorial do tipo polígono (figura 4.13). Na lateral esquerda da janela de propriedades, há uma lista de opções que permitem diferentes intervenções sobre a camada. No momento, é de interesse a opção “Estilo”, na qual alteraremos a cor para uma tonalidade de verde claro (figura 4.13). Após selecionar a cor, basta clicar em “Ok”. QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal Sidnei Luís Bohn Gass Dieison Morozoli da Silva 55 Figura 4.13 Para a camada vetorial da Hidrografia, procederemos da mesma forma. Contudo, esta é uma camada que contém dados lineares, o que
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