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individual e o trabalhador individual, mas a classe capitalista e a classe
trabalhadora, não o processo de produção da mercadoria isolado, mas
o processo de produção capitalista, em seu fluxo e em sua dimensão
social. Quando o capitalista converte parte de seu capital em força de
trabalho, valoriza com isso seu capital global. Mata dois coelhos com
uma só cajadada. Ele lucra não apenas daquilo que recebe do traba-
lhador, mas também daquilo que lhe dá. O capital alienado no inter-
câmbio por força de trabalho é transformado em meios de subsistência,
cujo consumo serve para reproduzir músculos, nervos, ossos, cérebro
dos trabalhadores existentes e para produzir novos trabalhadores. Den-
tro dos limites do absolutamente necessário, o consumo individual da
classe trabalhadora é portanto retransformação dos meios de subsis-
tência, alienados pelo capital por força de trabalho, em força de trabalho
de novo explorável pelo capital. Esse consumo é produção e reprodução
do meio de produção mais imprescindível ao capitalista, o próprio tra-
balhador. O consumo individual do trabalhador continua sendo, pois,
um momento da produção e reprodução do capital, quer ocorra dentro,
quer fora da oficina, da fábrica etc., quer dentro quer fora do processo
de trabalho, exatamente como a limpeza da máquina, se esta ocorre
durante o processo de trabalho ou durante determinadas pausas do
mesmo. Em nada altera a coisa se o trabalhador realiza seu consumo
individual por amor a si mesmo e não ao capitalista. Assim, o consumo
do animal de carga não deixa de ser um momento necessário do processo
de produção, porque o animal se satisfaz com o que come. A constante
manutenção e reprodução da classe trabalhadora permanece a condição
constante para a reprodução do capital. O capitalista pode deixar
tranqüilamente seu preenchimento a cargo do impulso de autopre-
servação e procriação dos trabalhadores. Ele apenas cuida de manter
o consumo individual deles o mais possível nos limites do necessário
e está muito longe daquela brutalidade sul-americana, que obriga
o trabalhador a ingerir alimentos mais substanciosos em vez de
menos substanciosos.413
É por isso que o capitalista e seu ideólogo, o economista político,
consideram produtiva apenas a parte do consumo individual do tra-
balhador, que é exigida para a perpetuação da classe trabalhadora,
que portanto, de fato, tem de ser consumida para que o capital consuma
MARX
205
413 "Os trabalhadores das minas da América do Sul, cuja ocupação diária (talvez a mais pesada
do mundo) consiste em levar sobre os ombros uma carga de 200 libras de peso, de uma
profundidade de 450 pés à superfície, vivem apenas de pão e feijão; eles dariam preferência
apenas ao pão como alimento, mas seus senhores, havendo descoberto que somente com o
pão não podem trabalhar tanto, tratam-nos como cavalos e os obrigam a comer feijão; o
feijão é relativamente mais rico em fosfato de cálcio que o pão." (LIEBIG. Die Chemie in
ihrer Anwendung auf Agricultur und Physiologie. 1862. Parte Primeira, p. 194, nota.)

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