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a força de trabalho; o que, além disso, o trabalhador possa consumir para seu próprio prazer, é consumo improdutivo.414 Se a acumulação do capital causasse uma elevação do salário e, portanto, um aumento dos meios de consumo do trabalhador, sem consumo de mais força de trabalho pelo capital, o capital adicional teria sido consumido impro- dutivamente.415 De fato: o consumo individual do trabalhador é para ele mesmo improdutivo, pois reproduz apenas o indivíduo necessitado; ele é produtivo para o capitalista e para o Estado, posto que produz a força produtora de riqueza alheia.416 Do ponto de vista social, a classe trabalhadora é, portanto, mesmo fora do processo direto de trabalho, um acessório do capital, do mesmo modo que o instrumento morto de trabalho. Mesmo seu consumo in- dividual, dentro de certos limites, é apenas um momento do processo de reprodução do capital. O processo, porém, faz com que esses ins- trumentos de produção autoconscientes não fujam ao remover cons- tantemente seu produto do pólo deles para o pólo oposto do capital. O consumo individual cuida, por um lado, de sua própria manutenção e reprodução, por outro, mediante destruição dos meios de subsistência, de seu constante reaparecimento no mercado de trabalho. O escravo romano estava preso por correntes a seu proprietário, o trabalhador assalariado o está por fios invisíveis. A aparência de que é independente é mantida pela mudança contínua dos patrões individuais e pela fictio juris417 do contrato. Antigamente, o capital fazia valer, onde lhe parecia necessário, seu direito de propriedade sobre o trabalhador livre, por meio da coação legal. Assim, por exemplo, a emigração de operadores de máquinas estava proibida na Inglaterra, até 1815, sob pena de pe- sada punição. A reprodução da classe trabalhadora implica, ao mesmo tempo, a transmissão e a acumulação da habilidade de uma geração para outra.418 A extensão em que o capitalista conta a existência de tal classe trabalhadora hábil entre as condições de produção a ele perten- OS ECONOMISTAS 206 414 MILL, James. Op. cit., p. 238 et seqs. 415 "Se o preço do trabalho subisse tanto, que apesar do acréscimo de capital não se pudesse empregar mais trabalho, então eu diria que tal acréscimo de capital é consumido impro- dutivamente." (RICARDO. Op. cit., p. 163.) 416 "O único consumo produtivo em sentido próprio é o consumo ou a destruição de riqueza" (ele se refere ao consumo dos meios de produção) “por capitalistas para fins de reprodução. (...) O trabalhador (...) é um consumidor produtivo para a pessoa que o emprega, e para o Estado, mas, falando estritamente, não para si mesmo.” (MALTHUS. Definitions etc. p. 30.) 417 Ficção jurídica. (N. dos T.) 418 "A única coisa da qual se pode dizer que é armazenada e preparada com antecipação é a habilidade do trabalhador. (...) A acumulação e o armazenamento de trabalho hábil, essa importantíssima operação realiza-se, no que se refere à grande massa dos trabalhadores, sem nenhum capital." (HODGSKIN. Labour Defended etc. pp. 12-13.)
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