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Negócio Jurídico processual e calendarização procedimental - Daniel Assumpção- Negócio Jurídico Processual 1. Espécies ▪ Negócios jurídicos unilaterais → Ex. Renúncia ao prazo, desistência da execução ou de medida executiva, desistência do recurso, etc. → Atos de autocomposição unilateral → Apesar de praticados no processo, tem conteúdo material ▪ Negócio processual bilateral → Depende de um acordo de vontade entre as partes → Art. 190 CPC ▪ Negócio jurídico processual plurilateral → Quando a eficácia depende de um acordo de vontade das partes e do juiz → Pode ser realizada também em tribunal → Ex. Calendarização do procedimento (191 CPC) e saneamento compartilhado (357, §3 CPC) 2. Negócios jurídicos processuais típicos ▪ Sempre que a lei prever um negócio jurídico processual de forma expressa, tem-se um negócio jurídico processual típico. ▪ É possível que os requisitos de admissibilidade também estejam previstos de forma específica ▪ Ex. Clausula de eleição de foro (deve-se respeitar os requisitos do art. 63 CPC para ser valido); escolha de mediador ou conciliador; Convenção de Arbitragem. ▪ As condições previstas no art. 190 CPC, não são exigidas nos negócios típicos, que seguem suas próprias regras formais. (ex. eleição de foro segue o art. 63, porém ausência de vulnerabilidade, apesar de não ser requisito especifico do art. 63, é requisito geral, devendo ser aplicado a eleição de foro também) 3. Clausula geral de negócios jurídicos processuais ▪ No NCPC foi criado a generalização do negócio jurídico ▪ Cria-se uma clausula geral de negociação processual, que pode ter como objeto as situações processuais das partes e o procedimento ▪ Se admite tanto nos processos da justiça comum, quanto nos JEC e processo falimentar. ▪ Doutrina defende que o art. 190 criou um novo princípio: Princípio do respeito ao autorregramento da vontade no processo civil. ▪ Não há muita relevância pratica, pois raramente acontece. Objeto do negócio jurídico processual previsto no art. 190 CPC 1. Introdução ▪ Tem dois objetos distintos: As posições das partes e o procedimento ▪ Se tratam de objetos autônomos, de forma que o acordo celebrado entre as partes pode recair sobre um deles ou ambos. 2. Acordo procedimental ▪ As partes podem estipular mudanças no procedimento para ajusta-lo às especificidades da causa. ▪ Ao criar a correlação mudança procedimental-especificidades da causa, o legislador, não consagrou a vontade livre das partes, e sim a vontade justificada. ▪ Trata-se de uma limitação ao poder das partes de modificarem o procedimento, porque se não houver qualquer especialidade na causa que justifique a alteração procedimental, não terá cabimento tal acordo e o juiz deverá anulá-lo. 3. Posições processuais ▪ As partes podem convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais. ▪ Sendo claro que as partes podem negociar suas posições jurídicas, jamais a do juiz. ▪ Não se pode desconsiderar que o processo é instituto de direito público e que a qualidade da prestação jurisdicional é de ordem pública, interessando a toda coletividade e não exclusivamente as partes do processo. Momento ➢ Art. 190 CPC → O negócio jurídico processual pode ser celebrado antes ou durante o processo ➢ Ex. Antes → Arbitragem ➢ Ex. durante → Acordo extrajudicial ou durante a conciliação (não necessita de homologação) Requisitos formais 1. Introdução ▪ O negócio jurídico não depende de homologação do juiz ▪ Art. 200 CPC → O acordo é eficaz independente de ato homologatório judicial ▪ Cabe o juiz controlar a validade do negócio (de oficio ou a requerimento) ▪ Nos termos do art. 190, CPC, o processo deve versar sobre direitos que admitam a autocomposição. 2. Requisitos formais gerais do negocio jurídico ▪ Validade depende dos requisitos do art. 104 do CC → Agente Capaz, Objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei ▪ Os entes despersonalizados podem celebrar negócios jurídicos processuais ▪ A intervenção do MP como fiscal não impede a celebração de negócios ▪ Não admite-se convenção pré-processual oral 3. Direitos que admitam a autocomposição ▪ Art. 190 CPC → O negócio jurídico processual só é admitido em processos que versem sobre direitos que admitam a autocomposição. ▪ Não se confundem direito indisponível e direito que não admite autocomposição. ▪ Os direitos indisponíveis admitem também autocomposição (em regra, não tem como objeto o direito material, mas a forma/modo de cumprimento) ▪ Admite-se convenção processual no processo coletivo, ainda que os direitos difusos e coletivos sejam indisponíveis e o autor da ação seja o MP. 4. Nulidade ▪ Será nulo o negócio processual que não atenda os requisitos formais do art. 104 CC ou os formais específicos do art. 190 CPC ▪ Também se houver vícios sociais e de consentimento e se for simulado. ▪ Aplica-se o art. 166 CC ▪ Dilatação de prazo para sustentação oral nos tribunais deve-se valer da proporcionalidade e razoabilidade. Já deve entender nula no caso de processo simples, pois o prazo legal é suficiente para a exposição oral das razões. ▪ Também, o juiz deve analisar o abuso de direito nas convenções que dilatam prazo para prática escrita 5. Inserção abusiva no contrato de adesão ▪ Cabe ao juiz invalidar o negócio jurídico processual inserido de forma abusiva em contrato de adesão (eventual, não obrigatória) ▪ Depende sua nulidade da existência de abusividade no caso concreto ▪ Ex. Cláusula de eleição de foro – que apesar do juiz poder anular de oficio, dependerá da sua abusividade ▪ Entende-se que havendo expressa reiteração dos termos do acordo em juízo não será caso de anulação (o hipossuficiente ratificar dentro do processo) 6. Vulnerabilidade ▪ Será nulo se o juiz entender que uma das partes o celebrou em situação de vulnerabilidade. ▪ Se entende como vulnerabilidade processual ▪ A vulnerabilidade não é necessariamente causa de nulidade, pois o acordo pode também beneficiar o vulnerável ▪ Enunciado 18 FPPC → Há indícios de vulnerabilidade quando a parte celebra acordo sem assistência técnico-jurídico (e ainda assim tem domínio pleno do direito -ex. juiz; promotor) Limites à liberdade das partes ➢ Art. 190, paragrafo único CPC ➢ Existem diversas outras limitações ➢ Influência da arbitragem (maior liberdade das partes), mas não é adequado colocar o árbitro e o juiz no mesmo patamar. 1. Normas fundamentais do processo ▪ Negócio jurídico processual não pode violar as normas fundamentais do processo ou garantias mínimas ou constitucionais ▪ O negócio não pode afastar os deveres inerentes à boa-fé e cooperação, o que não significa que as partes não possam prever deveres e sanções concernentes ao descumprimento da conversão ▪ Não pode ser objeto de convenção também a publicidade (criar hipóteses de segredo de justiça) ▪ A doutrina parece admitir que a convenção verse sobre renúncia do direito recursal ▪ Pela calendarização é permitido a renúncia do direito a intimação. ▪ Principio da isonomia pode ser objeto de convenção? A limitação tem dificuldades imensas na prática. 2. Normas cogentes ▪ São as impostas pela lei aos sujeitos processuais, sendo irrelevante sua vontade no caso concreto. ▪ Não pode ser objeto de convenção ▪ Ex. admissão de prova ilícita ou não participação do MP ▪ Doutrina entende que há possibilidade de criação de legitimação extraordinária por convenção 3. Desnecessidade e incapacidade de atingir os objetivos previstos em lei ▪ Doutrina possibilita as partes escolherem a liquidação por arbitramento (sem aplicabilidade pratica, pois não pode afastar a espécie de liquidação exigida no caso) 4. Decisão que decreta a invalidade do negócio jurídico processual ▪ O acordo celebrado entre as partes nostermos do art. 190 CPC, não depende de homologação judicial, mas pode ser anulado por decisão judicial ▪ A decisão da negativa pode vim por meio de sentença (cabendo apelação), ou decisão interlocutória (mas não cabe agravo, não podendo ter interpretação extensiva por permissão de agravo da decisão que rejeita convenção de arbitragem) ▪ Decisão interlocutória, no caso, recorre por meio de apelação ou contrarrazões. (CABE MANDADO DE SEGURANÇA, caso o recurso previsto em lei seja incapaz de reverter a sucumbência experimentada pela parte) 5. Casuística (conjunto de casos) ▪ Para o FPPC (Fórum permanente de processualistas civis) São admissíveis: a) Pacto de impenhorabilidade b) Acordo de ampliação de prazos das partes c) Acordo de rateio de despesas processuais d) Despensa de assistente técnico e) Retirar efeito suspensivo do recurso f) Acordo para não promover execução provisória g) Pacto de mediação ou conciliação previa obrigatória h) Previsão de exclusão de audiência de conciliação ou mediação i) Disponibilização previa de documentação j) Previsão de meios alternativos de comunicação das partes entre si k) Realização da sustentação oral l) Ampliar tempo da sustentação oral m) Julgamento antecipado de mérito n) Convenção sobre prova o) Redução de prazos processuais p) Dispensa de caução no cumprimento provisório de sentença São inadmissíveis: a) Modificação da competência absoluta b) Acordo para supressão da primeira instância c) Exclusão do MP d) Vedação do amicus curiae Para o ENFAM (escola de formação dos magistrados) São inadmissíveis: a) Que afetam poderes e deveres dos juízes e as que violem as garantias constitucionais Calendário procedimental ➢ Art. 191 CPC → possibilidade de fixação um calendário para a prática dos atos processuais. ➢ Dispensa intimação das partes para a pratica de ato processual ou realização de audiência cujas datas então no calendário. ➢ Sem atuação prática, pois os juízes teriam prazos para cumprir também 1. Negócio jurídico plurilateral. ▪ Dependem das partes e o juiz ▪ Não podem as partes impor ao juiz, nem o contrário. ▪ Partes são quaisquer sujeitos processuais, precisando da concordância dos terceiros intervenientes e MP ▪ Deverão, os terceiros, anuir, sob pena de inviabilizar o calendário, salvo se o acordo não lhes gerar prejuízo, sendo a anuência dispensada. ▪ Assistente simples não pode ir contra vontade do assistido ▪ Pode ocorrer também em processos do tribunal (2º grau ou originária) 2. Momento de definição do calendário ▪ Não há momento especifico, mas é mais interessante no momento de saneamento ou organização do processo. ▪ Não há possibilidade na audiência de conciliação e mediação ▪ Possível juiz marcar audiência para fixar calendário, mas na prática é difícil 3. Revisão excepcional do calendário ▪ Modificação deve ser justificada pelo juiz ▪ Se o juiz descumprir o calendário, esse se torna ineficaz, devendo criar novo calendário, ou sem calendarização.
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