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DIREITO EMPRESARIAL APLICADO II -DUPLICATA

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
DIREITO EMPRESARIAL APLICADO II
Professora: Roberta Ramos
	
	@professora.robertaramos
	 prof.robertaaramos@gmail.com
	Professora Roberta Ramos
			AVALIAÇÃO 
AV1 - 9,0 (PROVA) + 1,0 (CASOS CONCRETOS)
AV2 - 10,0 (PROVA)
AV3 - 10,0 (PROVA)
EMENTA
Teoria Geral dos Títulos de Crédito. Princípios. Classificação. Atos cambiais: saque, apresentação aceite, endosso, protesto e aval. Títulos de Crédito em espécie: Letra de Câmbio e Nota Promissória. Cheque. Duplicata. Contratos Empresariais. Recuperação Judicial, Extrajudicial e Falência. Legitimidade. Competência. Processamento. Administrador Judicial. Recuperação Extrajudicial e Judicial: conceito, pressupostos, legitimidade ativa e passiva, processamento.  Administrador Judicial. Assembleia de Credores e Comitê de Credores. Plano Especial da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte. Falência: legitimidade ativa e passiva, convoloção, defesas pré-falimentar, sentença, habilitação de crédito. Arrecadação dos Bens e Realização do Ativo; Pagamento dos Credores; Encerramento da Falência; Extinção Obrigações; Crimes Falimentares.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
TÍTULOS DE CRÉDITO
1. Títulos de Crédito: Teoria Geral dos títulos de crédito;
2. Atos cambiais: Saque e emissão; Apresentação, aceite, endosso e aval; Vencimento e pagamento;
3. Protesto e Ações Cambiais;
4. Letra de Câmbio e Nota Promissória;
5. Cheque;
6. Duplicata. 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
CONTRATOS EMPRESARIAIS
7. Contratos Empresariais: características, princípios gerais e espécies;
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
RECUPERAÇÃO JUDICIAL, EXTRAJUDICIAL E FALÊNCIA
13. Falência: Conceito, Princípios, Objetivos, Legitimidade e Pressupostos.
14. Sentença no processo de falência: natureza jurídica, elementos constitutivos, efeitos e recursos. 
15. Ações Incidentais; Liquidação do Ativo e Pagamento do Passivo; Encerramento da Falência; e Crimes Falimentares.
16. Revisão do Conteúdo Programático: Títulos de crédito, Atos Cambiais, Recuperação Judicial, Extrajudicial e Falência. 
ORIGEM DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
ORIGEM DOS MEIOS DE TROCA
ORIGEM ETIMOLÓGICA
HISTÓRIA DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
Período Italiano 
Período Francês
Período Alemão
Período Uniforme – “LUG”
Período atual – desmaterialização 
CONCEITO
ARTIGO 887 DO CC/2002: O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.
Cesare Vivante: “título de crédito como o documento necessário ao exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado”.
ESCADA LEGISLATIVA
LEGISLAÇÃO CAMBIÁRIA
1. LEIS ESPECIAIS; 
2. LEI UNIFORME DE GENEBRA – LUG – Decreto 57.663/1966; 
3. DECRETO 2.044/1908; 
4. CÓDIGO CIVIL
5. FONTES DO DIREITO EMPRESARIAL
CARACTERÍSTICAS CAMBIÁRIAS
NATUREZA EMPRESARIAL
DOCUMENTO FORMAL
BEM MÓVEL
TÍTULO DE APRESENTAÇÃO
TÍTULO EXECUTIVO
TÍTULO LÍQUIDO E CERTO 
EFICÁCIA PROCESSUAL ABSTRATA
OBRIGAÇÃO QUESÍVEL
PRO SOLVENDO
TÍTULO DE RESGATE
TÍTULO DE CIRCULAÇÃO
PRINCÍPIOS DO DIREITO CAMBIÁRIO
PRINCÍPIO DA CARTULARIDADE
“Pelo princípio da cartularidade, a posse do título de crédito é condição para o exercício do direito nele incorporado. O objetivo desta regra principiológica é impedir que alguém se apresente como credor do título, depois de ter negociado o crédito com terceiro, cedendo-o” 
(COELHO, Fábio Ulhoa. Princípios do direito comercial. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 55).
	Em síntese, o princípio da cartularidade nos permite afirmar que o direito de crédito mencionado na cártula não existe sem ela, não pode ser transmitido sem a sua tradição e não pode ser exigido sem a sua apresentação.
Desmaterialização dos títulos de crédito.
Art. 887, § 3º, CC - O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo.
	O processo de desmaterialização dos títulos de crédito é uma consequência natural do desenvolvimento do comércio eletrônico, que exige que repensemos o conceito de documento, o qual não pode mais ser visto apenas como algo materializado em papel.
	Enunciado 462 das Jornadas de Direito Civil: “Art. 889, § 3.º Os títulos de crédito podem ser emitidos, aceitos, endossados ou avalizados eletronicamente, mediante assinatura com certificação digital, respeitadas as exceções previstas em lei.”
INFORMATIVO 502 DO STJ
EXECUÇÃO. DUPLICATA VIRTUAL. PROTESTO POR INDICAÇÃO.
ERESP 1.024.691-PR - REL. MIN. RAUL ARAÚJO - JULG: 22/8/2012.
A Seção entendeu que as duplicatas virtuais emitidas e recebidas por meio magnético ou de gravação eletrônica podem ser protestadas por mera indicação, de modo que a exibição do título não é imprescindível para o ajuizamento da execução, conforme previsto no art. 8º, parágrafo único, da Lei n. 9.492/1997. [...]
LEI Nº 13.775, DE 20 DE DEZEMBRO DE 2018.
	
EMENTA: Dispõe sobre a emissão de duplicata sob a forma escritural; altera a Lei nº 9.492, de 10 de setembro de 1997; e dá outras providências.
ART. 4º: O que deve conter uma duplicata eletrônica.
ART. 7º: É título Executivo Extrajudicial.
Art. 12: Apresentação da Duplicata. 
Art. 12, § 2º: Possibilidade de recusa.
Art. 12, §3º: Possibilidade de protesto.
PRINCÍPIO DA LITERALIDADE
“Os direitos resultantes do título são válidos pelo que nele se contém, mostrando-se inoperantes, do ponto de vista cambiário, apartados enunciativos ou restritivos do teor da cártula”
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, no REsp 1.078.399-MA, julgado em 2/4/2013.
“Pelo princípio da literalidade, só produzem efeitos os atos que constam do teor do título de crédito. Com isto, facilita-se a circulação, porque potenciais adquirentes não precisam fazer investigações sobre eventuais outros negócios jurídicos, que pudessem restringir ou suprimir o crédito; mesmo que existam, como não estão documentados na própria cártula, não produzirão efeitos que impeçam a oportuna cobrança do título” 
(COELHO, Fábio Ulhoa. Princípios do direito comercial. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 55).
PRINCÍPIO DA AUTONOMIA
“Pelo princípio da autonomia das obrigações cambiais, vícios que possam eventualmente comprometer qualquer das relações obrigacionais documentadas no título não se estendem às demais. Também facilita a circulação, porque os potenciais interessados em adquirir o crédito não precisam investigar se todas as relações obrigacionais documentadas no título são válidas e eficazes; mesmo que alguma delas não seja, isto nunca prejudicará o direito de cobrar o título” 
(COELHO, Fábio Ulhoa. Princípios do direito comercial. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 55).
AUTONOMIA, INOPONIBILIDADE, ABSTRAÇÃO
A autonomia cambial, enquanto característica dos títulos de crédito, permite que o portador de boa fé exerça o direito nele contido, independentemente da relação subjacente.
A colocação do Título em circulação por endosso produz o efeito da abstração, uma vez que o título circula desvinculado das relações originárias.
O terceiro de boa fé que recebe o título por endosso tem em seu favor a tutela da inoponibilidade de exceções a ele estranhas.
	A inoponibilidade das exceções pessoais ao terceiro de boa-fé está assegurada pelo art. 17 da Lei Uniforme de Genebra, segundo o qual “as pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao portador exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, a menos que o portador ao adquirir a letra tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor”.
	No mesmo sentido, dispõe o art. 916 do Código Civil que “as exceções fundadas em relação de devedor com os portadores precedentes, somente poderão ser por ele opostas ao portador, se este, ao adquirir o título tiver agido de má-fé”.
AUTONOMIA 
EXCEÇÃO PESSOAL + BOA-FÉ
SOMENTE SE APLICA O PRINCIPIO DA AUTONOMIA SE O TÍTULO CIRCULAR POR ENDOSSO. 
CLÁUSULA À ORDEM: POR ENDOSSO
CLÁUSULA NÃO À ORDEM: POR CESSÃO DE CRÉDITO
EXEMPLIFICANDO
Nota Promissória e autonomia das obrigações:A assinatura falsa faz com que a LUIZA não tenha nenhuma obrigação cambiária (Art. 7º LUG). No entanto, isso não afasta a responsabilidade dos demais participantes. É o princípio da autonomia das obrigações. 
Bernardo
Bruno
Sabrina
Luiza
Bento
Houve um contrato de compra e venda de um veículo entre Bernardo de Bruno. Eles pactuaram a emissão de uma nota promissória pelo comprador. Bernardo emitiu a nota promissória a favor de Bruno. Este, no entanto, não entregou o veículo, deixando de honrar a sua obrigação. No dia do vencimento, Bruno apresenta a nota promissória para Bernardo. Nesse caso, o devedor poderá opor a exceção pessoal do contrato não cumprido, deixando de fazer o pagamento. No entanto, se o título tiver circulado por endosso para Bento, terceiro de boa-fé, não será possível 
Nota Promissória e inoponibilidade das exceções pessoais ao terceiro de boa-fé:
Bernardo poderá deixar de pagar a NP, se Bruno não tiver entregue o veículo.
Bernardo não poderá deixar de pagar a NP ao terceiro de boa-fé, sob a alegação de que Bruno não teria entregue o veículo.
Bernardo
Bruno
Bento
CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
PRÓPRIOS
IMPRÓPRIOS
REPRESENTATIVOS
ABSTRATOS E CAUSAIS
AO PORTADOR
NOMINATIVO
NOMINAL
TÍTULOS EM ESPÉCIE
NATUREZA JURÍDICA:
DIREITO CIVIL: BEM MÓVEL
DIREITO EMPRESARIAL: 
TÍTULO DE CRÉDITO, (ORDEM DE PAGTO)
DIREITO PROCESSUAL CIVIL: 
ESPÉCIE DE TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL
CONCEITO: 
É UM TÍTULO DE CRÉDITO ABSTRATO, FORMAL, COM PARTICIPAÇÃO DE DUAS OU MAIS PESSOAS, SENDO QUE UMA DELAS, DENOMINADA SACADORA, DÁ UMA ORDEM DE PAGAMENTO AO SACADO, PARA QUE ESTE PAGUE UMA DETERMINADA QUANTIA AO BENEFICIÁRIO
LETRA DE CÂMBIO
REQUISITOS ESSENCIAIS
A palavra LETRA;
Ordem de Pagamento;
Sacado
Tomador (que se beneficia da ordem);
Data da Emissão;
Assinatura do Sacador (emitente);
REQUISITOS SECUNDÁRIOS
Na sua ausência, poderão ser supridos pela própria LUG:
Época do Vencimento;
Local de Pagamento (Sacado);
Local de Emissão (Sacador);
LEI UNIFORME DE GENEBRA – ANEXO I
Art. 2º. O escrito em que faltar algum dos requisitos indicados no artigo anterior não produzirá efeito como letra, salvo nos casos determinados nas alíneas seguintes:
A letra em que se não indique a época do pagamento entende-se pagável à vista.
Na falta de indicação especial, o lugar designado ao lado do nome do sacado considera-se como sendo o lugar do pagamento, e, ao mesmo tempo, o lugar do domicilio do sacado.
A letra sem indicação do lugar onde foi passada considera-se como tendo-o sido no lugar designado, ao lado do nome do sacador.
ACEITE
CONCEITO: Declaração unilateral de vontade pela qual uma pessoa aceita uma obrigação cambiária, comprometendo-se a pagar determinada quantia. Trata-se de declaração cambiária eventual e sucessiva.
ACEITE RECUSADO: Ocorrerá o vencimento antecipado da obrigação.
ACEITE MODIFICATIVO: Ocorrerá quando o sacado não acata a ordem nos termos em que ela foi dada, modificando algum requisito da mesma, como por exemplo, o seu vencimento, o lugar de pagamento ou a moeda em que se deva pagá-la. É considerado como recusa do aceite. No entanto, devemos saber que o aceitante irá ficar responsável pelo pagamento da letra. Assim, o portador poderá escolher protestar o título e cobrar imediatamente dos coobrigados ou, deixar de protestar e demandar o aceitante.
ACEITE LIMITATIVO: O sacado irá aceitar apenas uma parte do valor da obrigação. O título deverá ser protestado em relação à parte objeto da recusa para que seja possível cobrar o sacador e os demais coobrigados. 
RECUSA DO ACEITE
ACEITE MODIFICATIVO
RECUSA TOTAL
ACEITE PARCIAL
MODALIDADE DE VENCIMENTOS
A VISTA – Vencimento no ato da apresentação ao Sacado (deve ser apresentada em até 1 ano); 
A CERTO TERMO DE VISTA – Vence no prazo estipulado para depois da vista do Sacado (deve ser apresentada em até 1 ano);
A DIA CERTO – Vencimento no dia determinado (o aceite pode ser buscado até o vencimento);
A CERTO TERMO DE DATA – Vence no último dia do prazo (o aceite pode ser buscado até o vencimento).
APRESENTAÇÃO
- OBRIGAÇÃO QUESÍVEL.
Seja qual for a modalidade de vencimento, a letra deve ser apresentada ao devedor para pagamento.
- PORTADOR LEGÍTIMO.
O tomador ou um endossatário (pode ser endosso translativo ou endosso impróprio).
- DEVEDOR PRINCIPAL.
A apresentação para pagamento deve ser feita ao sacado, que é o devedor principal da letra de câmbio.
- PRAZO.
Na letra à vista, o prazo, em regra, é de um ano. Nas demais letras, a apresentação deve ser feita no dia do vencimento, não se aplicando a parte final do art. 38 da LUG, em razão de reserva feita pelo Brasil.
PRAZO DE RESPIRO
Prazo de respiro é o prazo de um dia dado em virtude da primeira apresentação do título para aceite do sacado. De acordo com o art. 24 da LUG: "o sacado pode pedir que a letra lhe seja apresentada uma segunda vez no dia seguinte ao da primeira apresentação"
PRAZO DE PRESCRIÇÃO
O prazo de prescrição da letra de câmbio é determinado pelo art. 70 da LUG: 
3 anos contra o devedor principal ( sacado), a partir do vencimento;
1 ano contra os codevedores ( sacador e endossante), a partir da data do protesto;
6 meses quando se tratar de exercício de direito de regresso entre codevedores, a partir do pagamamento. 
NOTA PROMISSÓRIA
Introdução.
- Título de crédito com origem histórica no período italiano.
- Difere da letra de câmbio por ser uma promessa de pagamento.
- Muito usado no Brasil, especialmente em financiamentos.
“A nota promissória serve para representar operações típicas de crédito, nas quais é concedido um prazo para pagamento. Hoje em dia, é bem frequente a emissão de notas promissórias em aquisições de imóveis ou de veículos, em prestações. Em todos esses casos, a nota promissória representa a promessa do devedor de honrar a sua obrigação, tendo como vantagem a possibilidade do uso de todos os institutos cambiais, especialmente o endosso e o aval” (TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial. Vol. 2. São Paulo: Atlas, 2017).
Características.
- Tipicidade.
- Formalismo.
- Autonomia/abstração.
- Completude.
- Promessa de pagamento (não há aceite).
		
38
NOTA PROMISSÓRIA
PARTES
REQUISITOS
TÍTULO ABSTRATO
VENCIMENTO
Legislação aplicável.
Art. 77 - São aplicáveis às notas promissórias, na parte em que não sejam contrárias a natureza deste título, as disposições relativas as letras e concernentes: Endosso (artigos 11 a 20); Vencimento (artigos 33 a 37); Pagamento (artigos 38 a 42); Direito de ação por falta de pagamento (artigo 43 a 50 e 52 a 54); Pagamento por intervenção (artigos 55 e 59 a 63); Cópias (artigos 67 e 68); Alterações (artigo 69); Prescrição (artigos 70 e 71); Dias feriados, contagem de prazos e interdição de dias de perdão (artigos 72 a 74);
São igualmente aplicáveis às notas promissórias as disposições relativas as letras pagáveis no domicílio de terceiros ou numa localidade diversa da do domicílio do sacado (artigos 4 e 27), a estipulação de juros (artigo 5), as divergências das indicações da quantia a pagar (artigo 6), as conseqüências da aposição de uma assinatura nas condições indicadas no artigo 7, as da assinatura de uma pessoa que age sem poderes ou excedendo os seus poderes (artigo 8) e a letra em branco (artigo 10).
São também aplicáveis às notas promissórias as disposições relativas ao aval (artigos 30 a 32); no caso previsto na ultima alínea do artigo 31, se o aval não indicar a pessoa por quem é dado entender-se-á ser pelo subscritor da nota promissória.
Estrutura.
Enquanto a letra de câmbio é uma ordem de pagamento, a nota promissória é uma promessa de pagamento.
Sendo assim, são inaplicáveis às notas promissórias as regras sobre aceite (cláusula não aceitável, prazo de respiro, vencimento antecipado por recusa do aceite, entre outras).
Na nota promissória, não existe a figura do sacado, mas apenas as figuras do subscritor (aquele que emitea nota e promete pagá-la, também chamado de emitente ou promitente) e do tomador (aquele em favor de quem a promessa de pagamento é feita, também chamado de beneficiário).
Requisitos essenciais.
Art. 75 - A nota promissória contém:
1 - Denominação "Nota Promissória" inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a redação desse título;
2 - A promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada;
5 - O nome da pessoa a quem ou a ordem de quem deve ser paga;
6 - A indicação da data em que (...) a nota promissória é passada;
7 - A assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor).
Art. 76 - O título em que faltar algum dos requisitos indicados no artigo anterior não produzirá efeito como nota promissória, (...).
* A ausência de requisitos essenciais não invalida o respectivo documento, mas apenas faz com que ele não configure uma letra de câmbio.
41
Cláusula cambiária.
Art. 75 - A nota promissória contém:
1 - Denominação "Nota Promissória" inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a redação desse título;
* Em razão de uma reserva adotada pelo Brasil, aplica-se, quanto à denominação desse título, a Lei Saraiva (Decreto 2.044/1908), que permite o uso da expressão nota promissória “ou termo correspondente, na língua em que for emitida”.
42
Promessa de pagamento.
Art. 75 - A nota promissória contém:
2 - A promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada;
* Não se admite que o cumprimento da obrigação mencionada na letra fique sujeito à implementação de qualquer condição, suspensiva ou resolutiva. No mais, valem as observações já feitas no estudo da letra de câmbio (indexação, juros, moeda estrangeira etc.).
43
Indicação do tomador.
Art. 75 - A nota promissória contém:
5 - O nome da pessoa a quem ou a ordem de quem deve ser paga;
* A exigência de identificação do tomador denota a impossibilidade, pelo menos em tese, de emissão de nota promissória ao portador. Deve-se ressalvar, porém, a possibilidade de emissão de nota incompleta ou em branco.
44
Indicação da data de emissão.
Art. 75 - A nota promissória contém:
6 - A indicação da data em que (...) a nota promissória é passada;
* É imprescindível saber a data de emissão da nota promissória, especialmente para se saber a partir de quando são contados determinados prazos.
45
Assinatura do subscritor.
Art. 75 - A nota promissória contém:
7 - A assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor).
* A identificação do devedor principal – que na nota é o subscritor – deve ser feita com a menção ao número de sua carteira de identidade, do seu CPF, do seu título de eleitor ou de sua carteira profissional (CTPS). Ademais, admite-se que a assinatura seja de procurador com poderes especiais (Decreto 2.044/1908).
46
Requisitos não essenciais.
Art. 75 - A nota promissória contém:
3 - A época do pagamento;
4 - A indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento;
6 - A indicação (...) do lugar onde a nota promissória é passada;
Art. 76 – (...)
A nota promissória em que não se indique a época do pagamento será considerada pagável à vista.
Na falta de indicação especial, lugar onde o título foi passado considera-se como sendo o lugar do pagamento e, ao mesmo tempo, o lugar do domicílio do subscritor da nota promissória.
A nota promissória que não contenha indicação do lugar onde foi passada considera-se como tendo-o sido no lugar designado ao lado do nome do subscritor.
47
Nota promissória a certo termo da vista.
Art. 78 - O subscritor de uma nota promissória é responsável da mesma forma que o aceitante de uma letra.
As notas promissórias pagáveis a certo termo de vista devem ser presentes ao visto dos subscritores nos prazos fixados no artigo 23.
O termo de vista conta-se da data do visto dado pelo subscritor.
A recusa do subscritor a dar o seu visto é comprovada por um protesto (artigo 25), cuja data serve de início ao termo de vista.
* Como a nota promissória não admite aceite, pode-se pensar ela não poderia ser sacada a certo termo da vista. Ocorre que a própria LUG admite a emissão de nota promissória a certo termo da vista, caso em que o título deverá ser levado ao visto do subscritor no prazo de um ano a contar do saque da nota. Após o visto do subscritor, começará então a correr um certo prazo, já estipulado desde a emissão, após o qual considera-se vencido o título.
48
A) NOTA PROMISSÓRIA EM BRANCO: É cediço que a cambial emitida ou aceita com omissões ou em branco pode ser completada pelo credor de boa-fé até a cobrança ou o protesto (Súm. n. 387-STF). REsp 870.704-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 14/6/2011.
B) SÚMULA 504-STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título.
Prazo de Protesto
 A nota promissória possui o mesmo prazo para protesto da letra de câmbio, devendo ser levada a protesto no 1º dia útil seguinte ao vencimento, conforme art. 28 do Dec. Lei 2044/1908.
		
51
PRAZOS DE EXECUÇÃO (PRESCRIÇAÕ) 
DA NOTA PROMISSÓRIA 
EMITENTE:
03 ANOS DO VENCIMENTO
ENDOSSANTES 
01 ANO (PROTESTO OU VENCIMENTO)
AÇÃO REGRESSIVA
06 MESES (PAGAMENTO)
CHEQUE
Introdução.
- Origem que se confunde com a da letra de câmbio.
- Exige a existência de fundos do sacador em poder do sacado.
- É mais um meio de pagamento do que um instrumento de crédito.
“As origens do cheque confundem-se com as da letra de câmbio, da qual ele se distingue apenas pela sua função econômica mais restrita, sendo essencialmente um meio de pagamento e só eventual e transitoriamente instrumento de crédito. É em rigor simples modalidade de letra de câmbio, com a peculiaridade de só poder ser sacado contra determinadas pessoas e sempre à vista.” (BORGES, João Eunápio. Títulos de crédito. Rio de Janeiro: Forense, 1971. p. 156).
“O cheque, salvo quando empregado pelo emitente como mero instrumento de retirada de fundos, é título de crédito, e toda a discussão a respeito da sua natureza jurídica resulta simplesmente do fato de alguns autores confundirem a sua função econômica com a sua estrutura jurídica.” (ROSA JR., Luiz Emygdio F. da. Títulos de crédito. 7. ed. Rio de Janeiro.
52
CHEQUE
CONCEITO
NATUREZA JURÍDICA
PÓS DATADO
PROVISÃO FUNDOS
PRO SOLVENDO
Características.
- Tipicidade.
- Formalismo (modelo vinculado).
- Autonomia/abstração (a jurisprudência relativiza em alguns casos).
- Completude.
- Ordem de pagamento (mas não comporta aceite).
- O sacado é sempre um banco.
- Vencimento sempre à vista (mas na prática se usa muito o cheque pré-datado).
54
Legislação aplicável.
O Brasil adotou a Lei Uniforme do Cheque, incorporando-a ao nosso ordenamento jurídico por meio do Decreto 57.595/1966, e o STF considerou legítima essa forma de incorporação.
No entanto, o Brasil adotou 24 reservas à Lei Uniforme do Cheque, no que se refere às suas regras não essenciais, o que acabou fazendo com que fosse editada a Lei 7.357/1985.
55
Estrutura.
O cheque é uma ordem de pagamento, de modo que sua emissão dá origem a três situações jurídicas distintas: a do emitente (que dá a ordem), a do sacado (que recebe a ordem) e a do tomador (que é o beneficiário da ordem).
Além de o sacado ser sempre um banco (art. 3º), no cheque não existe aceite (art. 6º): o sacado mantém relação contratual com o emitente (contrato de depósito bancário), e somente obedecerá à ordem se houver fundos disponíveis (art. 4º; podem ser decorrentes de outro contrato, como uma abertura de crédito rotativo, por exemplo).
56
Requisitos essenciais.
Art . 1º O cheque contêm:
I - a denominação ‘’cheque’’ inscrita no contexto do título e expressa na língua em que este é redigido;
II - a ordem incondicional de pagar quantia determinada;
III - o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado);
V - a indicação da data (...) de emissão;
VI - a assinatura do emitente(sacador), ou de seu mandatário com poderes especiais.
Parágrafo único - A assinatura do emitente ou a de seu mandatário com poderes especiais pode ser constituída, na forma de legislação específica, por chancela mecânica ou processo equivalente.
Art . 2º O título, a que falte qualquer dos requisitos enumerados no artigo precedente não vale como cheque (...).
* A ausência de requisitos essenciais não invalida o respectivo documento, mas apenas faz com que ele não configure um cheque.
57
Requisitos essenciais: regras importantes.
- Ordem incondicional
Art. 15 O emitente garante o pagamento, considerando-se não escrita a declaração pela qual se exima dessa garantia.
- Quantia determinada;
Art. 10 Considera-se não escrita a estipulação de juros inserida no cheque.
Art. 12 Feita a indicação da quantia em algarismos e por extenso, prevalece esta no caso de divergência. lndicada a quantia mais de uma vez, quer por extenso, quer por algarismos, prevalece, no caso de divergência, a indicação da menor quantia.
- Sacado (banco)
Art. 3º O cheque é emitido contra banco, ou instituição financeira que lhe seja equiparada, sob pena de não valer como cheque.
58
REQUISITOS 
DO CHEQUE
EXPRESSÃO “CHEQUE”
ORDEM INCONDICIONAL
NOME DO BANCO SACADO
DATA DO SAQUE E ASSINATURA DO EMITENTE
NOME BENEFICIÁRIO?
Entendimento do STJ:
A interpretação teleológica do art. 69 da Lei nº 9.069/95 indica que tal dispositivo legal foi editado à época dos denominado “Plano Collor”, tendo por escopo tão-somente possibilitar a identificação, para efeitos fiscais e tributários, dos beneficiários de cheques emitidos com valor superior a R$100,00. - A inexistência de indicação de quem é o beneficiário do cheque não obsta sua cobrança frente ao emitente, pela via judicial, desde que haja plena identificação do favorecido. Recurso especial a que se nega provimento. (Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 01/10/2009, DJe 19/10/2009) 
Requisitos não essenciais.
Art. 1º O cheque contêm:
IV - a indicação do lugar de pagamento;
V - a indicação (...) do lugar de emissão;
Art. 2º (...)
I - na falta de indicação especial, é considerado lugar de pagamento o lugar designado junto ao nome do sacado; se designados vários lugares, o cheque é pagável no primeiro deles; não existindo qualquer indicação, o cheque é pagável no lugar de sua emissão;
II - não indicado o lugar de emissão, considera-se emitido o cheque no lugar indicado junto ao nome do emitente.
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Cheque ao portador.
Art. 8º Pode-se estipular no cheque que seu pagamento seja feito:
I - a pessoa nomeada, com ou sem cláusula expressa “à ordem”;
II - a pessoa nomeada, com a cláusula “não à ordem”, ou outra equivalente;
III - ao portador.
Parágrafo único - Vale como cheque ao portador o que não contém indicação do beneficiário e o emitido em favor de pessoa nomeada com a cláusula “ou ao portador”, ou expressão equivalente.
* Art. 69 da Lei 9.069/1995. A partir de 1º de julho de 1994, fica vedada a emissão, pagamento e compensação de cheque de valor superior a R$ 100,00 (cem REAIS), sem identificação do beneficiário.
** “A interpretação teleológica do art. 69 da Lei n.o 9.069/95 indica que tal dispositivo legal foi editado à época do denominado ‘Plano Collor’, tendo por escopo tão somente possibilitar a identificação, para efeitos fiscais e tributários, dos beneficiários de cheques emitidos com valor superior a R$ 100,00. A inexistência de indicação de quem é o beneficiário do cheque não obsta sua cobrança frente ao emitente, pela via judicial, desde que haja plena identificação do favorecido.” (REsp 908.251/SC)
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Cheque em branco ou incompleto.
Art. 16 Se o cheque, incompleto no ato da emissão, for completado com inobservância do convencionado com a emitente, tal fato não pode ser oposto ao portador, a não ser que este tenha adquirido a cheque de má-fé.
Art. 891. O título de crédito, incompleto ao tempo da emissão, deve ser preenchido de conformidade com os ajustes realizados.
Parágrafo único. O descumprimento dos ajustes previstos neste artigo pelos que deles participaram, não constitui motivo de oposição ao terceiro portador, salvo se este, ao adquirir o título, tiver agido de má-fé.
Súmula 387 do STF. A cambial emitida ou aceita com omissões ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto.
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Endosso no cheque.
- O cheque possui implícita a cláusula à ordem (art. 17).
- Assim como a LUG e o CC, a Lei do Cheque não admite endosso parcial ou condicional.
- Não há mais limites para endosso no cheque (só havia na época da CPMF).
- Também deve ser feito no verso do título e pode ser em branco ou em preto (arts. 19 e 20).
- Conforme a LUG (contrariamente ao CC), o endossante se torna, em regra, codevedor (art. 21).
- Aplica-se a inoponibilidade das exceções pessoais ao terceiro de boa-fé (art. 25).
- Admite-se o endosso-mandato (art. 26) e o endosso-caução (por aplicação do art. 918 do CC).
- O endosso será póstumo se for posterior ao protesto “ou declaração equivalente, ou à expiração do prazo de apresentação” (art. 27).
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Autonomia relativa.
Segundo o STJ, a submissão do cheque ao princípio da autonomia não deve ser entendida de forma absoluta, permitindo-se, em situações excepcionais, que o devedor discuta a causa debendi.
“A autonomia do cheque não é absoluta, permitida, em certas circunstâncias especiais, como a prática de ilícito pelo vendedor de mercadoria não entregue, após fraude notória na praça, a investigação da causa subjacente e o esvaziamento do título pré-datado em poder de empresa de factoring, que o recebeu por endosso” (REsp 434.433/MG).
“A autonomia e independência do cheque em relação à relação jurídica que o originou é presumida, porém não absoluta, sendo possível a investigação da causa debendi e o afastamento da cobrança quando verificado que a obrigação subjacente claramente se ressente de embasamento legal” (REsp 43.513/SP).
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Endosso-quitação.
Art. 18, § 2º Vale como em branco o endosso ao portador. O endosso ao sacado vale apenas como quitação, salvo no caso de o sacado ter vários estabelecimentos e o endosso ser feito em favor de estabelecimento diverso daquele contra o qual o cheque foi emitido.
“Uma peculiaridade, ainda vigente, no que tange ao endosso do cheque, é a existência do endosso-quitação ou endosso-recolhimento, vale dizer, o endosso feito ao sacado vale como quitação do cheque (Lei no 7.357/85 – art. 18, § 2o), salvo se for feito a estabelecimento diverso. É o que ocorre quando se faz um saque de um cheque na boca do caixa. Nesses casos, o beneficiário deverá assinar o título no verso, endossando-o ao banco. Tal endosso, contudo, não visa a transferir o crédito, mas essencialmente a provar que o cheque foi pago” (TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial. Vol. 2. São Paulo: Atlas, 2017).
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Aval no cheque.
- Admite-se o aval parcial (art. 29).
- O sacado não pode ser avalista (art. 29).
- Também deve ser feito, em regra, no anverso do título (art. 30).
- Pode ser feito em preto ou em branco (art. 30, parágrafo único).
- Assim como na LUG e no CC, o avalista é devedor solidário (art. 31).
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O avalista casado precisa de outorga conjugal?
No final de 2016 a 4ª Turma do STJ decidiu que a regra do art. 1.647, III do CC só se aplica aos títulos de crédito atípicos/inominados, apesar de não essa regra se encontrar na parte do Código relativa aos títulos de crédito, e sim na parte referente ao Direito de Família.
“Direito cambiário e processual civil. Recurso especial. Revelia. Efeitos relativos. Aval. Necessidade de outorga uxória ou marital. Disposição restrita aos títulos de crédito inominados ou atípicos. Art. 1.647, III, do CC/2002. Interpretação que demanda observância à ressalva expressa do art. 903 do CC e ao disposto na LUG acerca do aval. Revisão do entendimento do colegiado” (REsp 1.633.399/SP).
“A nosso ver, tal dispositivo atinge todos os títulos de crédito, sejam elestípicos (letra de câmbio, cheque, nota promissória...) ou atípicos. O silêncio das leis especiais sobre o assunto faz com que sejam aplicáveis as regras do Código Civil, pois nos termos do seu artigo 903: “Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código.” Não há disposição diversa de lei especial, logo, o artigo 1.647 atinge todos os títulos de crédito” (TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial. Vol. 2. São Paulo: Atlas, 2017).
Vencimento à vista.
Art. 32. O cheque é pagável à vista. Considera-se não escrita qualquer menção em contrário.
* A despeito de existir alguma discussão sobre a expressão mais apropriada (pré-datado ou pós-datado), é certo que se tornou comum a emissão de cheque com data certa (futura) de pagamento: é uma forma de os empresários concederem crédito aos seus consumidores.
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Vencimento à vista.
Art. 32, parágrafo único. O cheque apresentado para pagamento antes do dia indicado como data de emissão é pagável no dia da apresentação.
* Para o banco sacado, o cheque nunca deixará de ser uma ordem de pagamento à vista, de modo que ele deverá ignorar eventual data futura mencionada no título. No entanto, entre as partes a pré-datação é válida, em respeito à autonomia privada e à liberdade contratual.
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Natureza contratual.
A pré-datação não desnatura o cheque como título de crédito, de modo que ele continua se submetendo às regras e aos princípios do regime jurídico cambial, podendo, por exemplo, ser avalizado e/ou endossado.
No entanto, a pré-datação representa uma clara relação contratual entre o emitente e o beneficiário, gerando direitos e obrigações para eles (mas não para o banco sacado).
* Súmula 370/STJ: “caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado”.
 ** E se a apresentação antecipada foi feita por um endossatário do cheque, e não pelo tomador? Alguém deve responder nesse caso?
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Efeitos da pré-datação quantos ao prazos de apresentação/prescrição.
É possível que a pré-datação seja feita fora do título (extracartular), mas nesse caso ela não produzirá o efeito de alterar os prazos de apresentação e prescrição.
“A emissão de cheques pós-datados, ainda que seja prática costumeira, não encontra previsão legal, pois admitir que do acordo extracartular decorra a dilação do prazo prescricional importaria na alteração da natureza do cheque como ordem de pagamento à vista e na infringência do art. 192 do CC, além de violação dos princípios da literalidade e abstração. Assim, para a contagem do prazo prescricional de cheque pós-datado, prevalece a data nele regularmente consignada, ou seja, aquela oposta no espaço reservado para a data de emissão” (RESP 1068513/DF).
“A pactuação da pós-datação de cheque, para que seja hábil a ampliar o prazo de apresentação à instituição financeira sacada, deve espelhar a data de emissão estampada no campo específico da cártula. Dessarte, a pós-datação extracartular (v.g., a cláusula ‘bom para’) tem existência jurídica, pois a lei não nega validade à pactuação – que terá consequência de natureza obrigacional para os pactuantes (tanto é assim que a Súmula 370/STJ orienta que enseja dano moral a apresentação antecipada de cheque) –, mas restringe a autonomia privada, ao estabelecer que, se não constar no campo próprio referente à data de emissão, não terá eficácia para alteração do prazo de apresentação” (REsp 1423464/SC).
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Emitir cheque pré-datado sem fundos é crime?
Estelionato
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
“A frustração no pagamento de cheque pré-datado não caracteriza o crime de estelionato, seja na forma do caput do art. 171 do Código Penal, ou na do seu § 2º, inciso VI. Isso porque o cheque pós-datado, popularmente conhecido como pré-datado, não se cuida de ordem de pagamento à vista, mas, sim, de garantia de dívida. Ressalva do entendimento do Relator no sentido de que a frustração no pagamento de cheque pós-datado, a depender do caso concreto, pode consubstanciar infração ao preceito proibitivo do art. 171, caput, desde que demonstrada na denúncia, e pelos elementos de cognição que a acompanham, a intenção deliberada de obtenção de vantagem ilícita por meio ardil ou o artifício” (HC 121.628).
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Prazo de apresentação.
Art. 33 O cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar do dia da emissão, no prazo de 30 (trinta) dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e de 60 (sessenta) dias, quando emitido em outro lugar do País ou no exterior.
Parágrafo único - Quando o cheque é emitido entre lugares com calendários diferentes, considera-se como de emissão o dia correspondente do calendário do lugar de pagamento.
* Cheque de mesma praça deve ser apresentado no prazo de 30 dias, e cheque de praça diferente deve ser apresentado no prazo de 60 dias.
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Prazo de apresentação e literalidade.
Para aferir se um cheque é de mesma praça ou de praça diferente, deve-se analisar o local de emissão e o local da agência pagadora, ambos indicados no título: o primeiro é preenchido pelo emitente; o segundo já consta do documento emitido pelo banco.
Se a pessoa está numa cidade, mas ao emitir o cheque escreve nele outro local, será este o local considerado como de emissão do título (princípio da literalidade).
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Reapresentação do cheque.
Como ordem de pagamento à vista, o cheque vence no momento da sua apresentação a pagamento (art. 32).
Caso não existam fundos disponíveis, o sacado não obedecerá à ordem de pagamento constante do cheque, devolvendo o título ao seu credor (tomador ou endossatário).
Após 2 (dois) dias úteis da primeira apresentação, o cheque pode ser reapresentado ao sacado: havendo fundos disponíveis, a ordem de pagamento será obedecida; persistindo a insuficiência de fundos, o cheque será novamente devolvido ao credor, e o emitente sofrerá consequências negativas (inscrição no CCF e impossibilidade de ter novos talões).
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Prazo de apresentação e execução do cheque.
Se o cheque não for apresentado no prazo de apresentação (30 ou 60 dias, conforme o caso), pode ser apresentado enquanto ainda não se tiver consumado o prazo de prescrição, que é de 6 (seis) meses, contados após o término do prazo d apresentação (art. 59).
Caso, porém, o cheque apresentado fora do prazo de apresentação não seja pago pelo sacado por algum motivo legítimo (insuficiência de fundos, por exemplo), o credor perderá o direito de executar eventuais codevedores (art. 47, II).
Em princípio, o credor mantém, nesse caso, o direito de executar o emitente (devedor principal) e seus avalistas (Súmula 600/STF: “cabe ação executiva contra o emitente do cheque e seus avalistas, ainda que não apresentado o cheque ao sacado no prazo legal, desde que não prescrita a ação cambiária”), mas pode, excepcionalmente, perder até mesmo esse direito (art. 47, § 3º – o STJ já decidiu que o ônus da prova é do emitente: REsp 182.639).
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Revogação do cheque (contra-ordem).
Art. 35 O emitente do cheque pagável no Brasil pode revogá-lo, mercê de contra-ordem dada por aviso epistolar, ou por via judicial ou extrajudicial, com as razões motivadoras do ato.
Parágrafo único - A revogação ou contra-ordem só produz efeito depois de expirado o prazo de apresentação e, não sendo promovida, pode o sacado pagar o cheque até que decorra o prazo de prescrição, nos termos do art. 59 desta Lei.
“Ato cambiário pelo qual o emitente pode limitar a eficácia chéquica do título aos 30 ou 60 dias seguintes à emissão” (COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2004, v. 1, p. 449).
* Só o emitente pode fazer a revogação.
** Ainda que feita no prazo de apresentação, só produz efeitos depoisdesse prazo.
*** O emitente deve motivar o ato, mas não cabe ao banco questionar o motivo.
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Sustação do cheque.
Art. 36 Mesmo durante o prazo de apresentação, o emitente e o portador legitimado podem fazer sustar o pagamento, manifestando ao sacado, por escrito, oposição fundada em relevante razão de direito.
§ 1º A oposição do emitente e a revogação ou contra-ordem se excluem reciprocamente.
§ 2º Não cabe ao sacado julgar da relevância da razão invocada pelo oponente.
* O emitente e os legítimos possuidores pode fazer a sustação.
** Pode ser feita no prazo de apresentação e produz efeitos imediatamente.
*** Deve ser fundamentada, mas também não cabe ao banco questionar.
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Regras sobre pagamento do cheque.
- Morte ou incapacidade superveniente do emitente (art. 37).
- Exigência de quitação pelo sacado (art. 38 e art. 18, § 2º).
- Cheque danificado (art. 41).
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Verificação dos endossos.
Art. 39 O sacado que paga cheque ‘’à ordem’’ é obrigado a verificar a regularidade da série de endossos, mas não a autenticidade das assinaturas dos endossantes. A mesma obrigação incumbe ao banco apresentante do cheque a câmara de compensação.
Parágrafo único. Ressalvada a responsabilidade do apresentante, no caso da parte final deste artigo, o banco sacado responde pelo pagamento do cheque falso, falsificado ou alterado, salvo dolo ou culpa do correntista, do endossante ou do beneficiário, dos quais poderá o sacado, no todo ou em parte, reaver a que pagou.
“Controvérsia em torno da obrigação de o banco sacado averiguar a regularidade do endosso, no caso dos autos, verificando a legitimidade do endossante, respondendo por eventual defeito na prestação do serviço. Nos termos do art. 39 da Lei do Cheque, o banco sacado deve verificar a regularidade da série de endossos, obrigação que não se limita apenas ao mero exame superficial das assinaturas e dos nomes dos beneficiários dos títulos, de modo a formar uma cadeia ininterrupta de endossos, que conferiria legitimidade ao portador da cártula. A legitimidade é determinada pelos poderes que o endossante detém, especialmente quando representa uma pessoa jurídica” (REsp 1.837.461/SP).
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MODALIDADES
Cheque especial.
Art. 4º O emitente deve ter fundos disponíveis em poder do sacado e estar autorizado a sobre eles emitir cheque, em virtude de contrato expresso ou tácito. A infração desses preceitos não prejudica a validade do título como cheque.
§ 1º A existência de fundos disponíveis é verificada no momento da apresentação do cheque para pagamento.
§ 2º Consideram-se fundos disponíveis:
a) os créditos constantes de conta-corrente bancária não subordinados a termo;
b) o saldo exigível de conta-corrente contratual;
c) a soma proveniente de abertura de crédito.
* Se o emitente do cheque possui um contrato de abertura de crédito em conta-corrente com o banco, este disponibiliza um valor que pode ser automaticamente usado por aquele, nos termos acordados.
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Cheque visado.
Art. 7º Pode o sacado, a pedido do emitente ou do portador legitimado, lançar e assinar, no verso do cheque não ao portador e ainda não endossado, visto, certificação ou outra declaração equivalente, datada e por quantia igual à indicada no título.
§ 1º A aposição de visto, certificação ou outra declaração equivalente obriga o sacado a debitar à conta do emitente a quantia indicada no cheque e a reservá-la em benefício do portador legitimado, durante o prazo de apresentação, sem que fiquem exonerados o emitente, endossantes e demais coobrigados.
§ 2º O sacado creditará à conta do emitente a quantia reservada, uma vez vencido o prazo de apresentação; e, antes disso, se o cheque lhe for entregue para inutilização.
* O cheque visado é aquele em que o banco confirma, mediante assinatura no verso do título, a existência de fundos suficientes para pagamento do valor mencionado. Segundo a lei, somente pode receber o visto do banco o cheque nominal que ainda não tiver sido endossado. Ao visar o cheque, o banco garante que ele tem fundos e assegura o seu pagamento durante o prazo de apresentação. Com o visto, o banco se obriga a reservar a quantia constante do cheque durante o período de apresentação. É preciso deixar claro que o visto que o banco coloca no cheque não se confunde com um aceite, não implica na assunção de nenhuma obrigação cambial por parte do banco, nem exonera o emitente e eventuais codevedores (endossante, por exemplo) de responsabilidade pelo seu pagamento.
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CHEQUE VISADO
VISADO
Cheque administrativo.
Art. 9º O cheque pode ser emitido:
III - contra o próprio banco sacador, desde que não ao portador.
* O cheque administrativo é aquele emitido por um banco contra ele mesmo, para ser liquidado em uma de suas agências. O banco é ao mesmo tempo emitente e sacado. O cheque administrativo tem exercido uma importante função no mercado, a de conferir segurança a operações com valores altos: primeiro, porque dispensa o pagador de movimentar o alto valor em papel-moeda; segundo, porque o recebedor tem a certeza quase absoluta de que o título será honrado. Afinal, o cheque está sendo emitido por um banco, razão pela qual a chance de esse título não ser descontado por insuficiência de fundos é praticamente igual a zero.
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CHEQUE ADMINISTRATIVO
Cheque cruzado.
Art. 44 O emitente ou o portador podem cruzar o cheque, mediante a aposição de dois traços paralelos no anverso do título.
§ 1º O cruzamento é geral se entre os dois traços não houver nenhuma indicação ou existir apenas a indicação ‘’banco’’, ou outra equivalente. O cruzamento é especial se entre os dois traços existir a indicação do nome do banco.
Art. 45 O cheque com cruzamento geral só pode ser pago pelo sacado a banco ou a cliente do sacado, mediante crédito em conta. O cheque com cruzamento especial só pode ser pago pelo sacado ao banco indicado, ou, se este for o sacado, a cliente seu, mediante crédito em conta. Pode, entretanto, o banco designado incumbir outro da cobrança.
* O cruzamento consiste na aposição de dois traços transversais e paralelos no anverso do título, e tem por objetivo conferir segurança à liquidação de cheques ao portador: feito o cruzamento, o cheque só pode ser pago a um banco ou a um cliente do banco, mediante crédito em conta, o que evita, consequentemente, o seu desconto na boca do caixa. O cruzamento é irretratável (art. 44, § 3º), e o banco que não respeitá-lo responder por perdas e danos (art. 45, § 3º).
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CHEQUE CRUZADO EM BRANCO
CHEQUE CRUZADO EM PRETO
BANCO ITAÚ
Cheque para ser creditado em conta.
Art. 46 O emitente ou o portador podem proibir que o cheque seja pago em dinheiro mediante a inscrição transversal, no anverso do título, da cláusula ‘’para ser creditado em conta’’, ou outra equivalente. Nesse caso, o sacado só pode proceder a Iançamento contábil (crédito em conta, transferência ou compensação), que vale como pagamento. O depósito do cheque em conta de seu beneficiário dispensa o respectivo endosso.
§ 1º A inutilização da cláusula é considerada como não existente.
§ 2º Responde pelo dano, até a concorrência do montante do cheque, o sacado que não observar as disposições precedentes.
* O cheque para ser creditado em conta é aquele que o sacado não pode pagar em dinheiro, assim como ocorre no cheque cruzado. Caso indicada expressamente a conta (menção ao número da conta do beneficiário entre os traços do cruzamento, como é feito na prática), entende-se que o título não pode ser endossado.
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Execução do cheque.
Art. 47 Pode o portador promover a execução do cheque:
I - contra o emitente e seu avalista;
II - contra os endossantes e seus avalistas, se o cheque apresentado em tempo hábil e a recusa de pagamento é comprovada pelo protesto ou por declaração do sacado, escrita e datada sobre o cheque, com indicação do dia de apresentação, ou, ainda, por declaração escrita e datada por câmara de compensação.
§ 1º Qualquer das declarações previstas neste artigo dispensa o protesto e produz os efeitos deste.
§ 2ºOs signatários respondem pelos danos causados por declarações inexatas.
§ 4º A execução independe do protesto e das declarações previstas neste artigo, se a apresentação ou o pagamento do cheque são obstados pelo fato de o sacado ter sido submetido a intervenção, liquidação extrajudicial ou falência.
* Para execução do emitente e seu(s) avalistas(s), o protesto do cheque não é imprescindível. No entanto, para execução dos endossantes e seu(s) avalista(s), o protesto é necessário, mas no caso do cheque ele pode ser substituído pelo carimbo de devolução do banco. Para outros efeitos, porém, como pedido de falência e interrupção da prescrição, o protesto é sempre necessário.
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Prazo do protesto do cheque.
Art. 48 O protesto ou as declarações do artigo anterior devem fazer-se no lugar de pagamento ou do domicílio do emitente, antes da expiração do prazo de apresentação. Se esta ocorrer no último dia do prazo, o protesto ou as declarações podem fazer-se no primeiro dia útil seguinte.
* O protesto do cheque deve ser feito no prazo de apresentação (30 dias: mesma praça; 60 dias: praça diferente). A despeito de alguns tribunais considerarem abusivo o protesto feito após esse prazo, parece-nos que ele é legítimo, apenas não produzindo o efeito de permitir a execução do codevedores (mas produz outros efeitos, como permitir o pedido de falência e a interrupção da prescrição).
“Sempre será possível, no prazo para a execução cambial, o protesto cambiário de cheque, com a indicação do emitente como devedor” (REsp 1.423.464/SC – REsp repetitivo julgado em 2016).
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Prescrição do cheque.
Art. 59. Prescrevem em 6 (seis) meses, contados da expiração do prazo de apresentação, a ação que o art. 47 desta Lei assegura ao portador.
Parágrafo único - A ação de regresso de um obrigado ao pagamento do cheque contra outro prescreve em 6 (seis) meses, contados do dia em que o obrigado pagou o cheque ou do dia em que foi demandado.
“O lapso prescricional previsto no art. 59 da Lei do Cheque (7.357/85) somente tem início a partir da expiração do prazo para apresentação do cheque, independentemente de o credor havê-lo feito em data anterior” (REsp 539.777/PR).
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Prescrição do cheque pré-datado.
“O termo inicial de contagem do prazo prescricional da ação de execução do cheque pelo beneficiário é de 6 (seis) meses, prevalecendo, para fins de contagem do prazo prescricional de cheque pós-datado, a data nele regularmente consignada, ou seja, aquela oposta no espaço reservado para a data de emissão” (REsp 1.068.513/DF – 2ª Seção, julgado em 2012).
Enunciado 40 das Jornadas de Direito Comercial: “O prazo prescricional de 6 (seis) meses para o exercício da pretensão à execução do cheque pelo respectivo portador é contado do encerramento do prazo de apresentação, tenha ou não sido apresentado ao sacado dentro do referido prazo. No caso de cheque pós-datado apresentado antes da data de emissão ao sacado ou da data pactuada com o emitente, o termo inicial é contado da data da primeira apresentação”.
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Interrupção da prescrição.
Art. 204, 1º. A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros.
Art. 60 A interrupção da prescrição produz efeito somente contra o obrigado em relação ao qual foi promovido o ato interruptivo.
“A interrupção em face de um dos devedores do cheque não atinge os demais (Lei no 7.357/85 – art. 60), excepcionando a regra do artigo 204, § 1o, do Código Civil” (TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial. Vol. 2. São Paulo: Atlas, 2017).
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COBRANÇA DE CHEQUE PRESCRITO
Ação de locupletamento.
Art. 61. A ação de enriquecimento contra o emitente ou outros obrigados, que se locupletaram injustamente com o não-pagamento do cheque, prescreve em 2 (dois) anos, contados do dia em que se consumar a prescrição prevista no art. 59 e seu parágrafo desta Lei.
* Trata-se de ação cambial, ou seja, nela o cheque conserva suas características intrínsecas de título de crédito, como a autonomia e a consequente inoponibilidade das exceções pessoais ao terceiro de boa-fé. Segue, todavia, o rito de uma ação de conhecimento, uma vez que com a prescrição o cheque perdeu a sua executividade.
“Pelo pressuposto do enriquecimento sem causa, concluímos que a sujeição passiva compete apenas ao emitente ou aos endossantes do título, que tenham se enriquecido pelo não pagamento. Os avalistas, a princípio, não se enriquecem pelo não pagamento e, por isso, não poderiam ser sujeitos passivos dessa ação, a menos que se provasse o seu locupletamento ilícito” (TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial. Vol. 2. São Paulo: Atlas, 2017).
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Ação causal de cobrança.
Art. 62. Salvo prova de novação, a emissão ou a transferência do cheque não exclui a ação fundada na relação causal, feita a prova do não-pagamento.
* Não se trata mais de uma ação cambial, ou seja, aqui o portador do cheque não se beneficia mais dos predicados decorrentes dos princípios que informam o regime jurídico cambial, como a autonomia do título em relação ao negócio que originou a sua emissão, da qual decorre, logicamente, a inoponibilidade das exceções pessoais ao terceiro de boa-fé. Nessa ação, portanto, o devedor do cheque poderá discutir a causa que o originou e opor quaisquer exceções contra o autor da demanda.
“O avalista não terá qualquer responsabilidade ou legitimidade para tal ação, uma vez que ele não participa do negócio jurídico” (TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial. Vol. 2. São Paulo: Atlas, 2017).
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Ação monitória.
Súmula 299 - É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito.
Súmula 503 - O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula.
Súmula 531 - Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente, é dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.
“Perdendo o cheque prescrito os seus atributos cambiários, dessume-se que a ação monitória neste documento fundada admitirá a discussão do próprio fato gerador da obrigação, sendo possível a oposição de exceções pessoais a portadores precedentes ou mesmo ao próprio emitente do título” (REsp 1.669.968/RO).
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Introdução.
- Título de crédito genuinamente brasileiro.
- Nasceu como instrumento de política fiscal (controle do imposto do selo).
- É título emitido pelo próprio credor (vendedor ou prestador de serviço).
“A duplicata é um título de crédito genuinamente brasileiro, cuja origem remonta ao artigo 219 do Código Comercial que, todavia, permaneceu letra morta na prática do comércio, durante o século XIX. Nesse momento, a duplicata era na verdade a fatura ou conta de um contrato de compra e venda de mercadorias entre comerciantes. Em tal negócio, eram emitidas duas vias da conta, ficando uma com o comprador e outra com o vendedor. Se uma das vias fosse devidamente assinada pela outra parte, a fatura era equiparada aos títulos de crédito, inclusive para fins de cobrança judicial” (TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial. Vol. 2. São Paulo: Atlas, 2017).
DUPLICATA
Características.
- Tipicidade.
- Formalismo (título de modelo vinculado).
- Causalidade (compra e venda mercantil e prestação de serviços).
- Completude (apenas quando tem aceite expresso).
- Ordem de pagamento (aceite obrigatório).
Legislação aplicável.
- Lei 5.474/1968.
Art. 25. Aplicam-se à duplicata e à triplicata, no que couber, os dispositivos da legislação sobre emissão, circulação e pagamento das Letras de Câmbio.
Estrutura.
A duplicata é um título de crédito que se estrutura como ordem de pagamento, mas com uma especificidade importante: quem a emite é o próprio credor, isto é, o vendedor ou prestador de serviços.
Causalidade.
A duplicata é título causal, ou seja, só pode ser emitida para documentar determinadas relações jurídicas preestabelecidaspela sua lei de regência: (i) uma compra e venda mercantil ou (ii) um contrato de prestação de serviços.
Nenhum outro negócio jurídico, portanto, admite a emissão de duplicata. O STJ já decidiu, por exemplo, que é nula duplicata emitida em razão de contrato de leasing.
Leasing. Duplicatas. Protesto. A Turma conheceu em parte do recurso para determinar a sustação ou cancelamento dos protestos das duplicatas enviadas a cartório, por entender que o negócio de leasing não admite a emissão de duplicata, ainda que avençada, razão pela qual não pode tal título ser levado a protesto. (REsp 202.068-SP, Rel. Min. Ruy Rosado, j. 11.05.1999, Informativo 18/1999).
Causalidade.
A causalidade da duplicata não significa a não aplicação do princípio da abstração ao seu regime jurídico. A causalidade da duplicata, portanto, significa tão somente que ela só pode ser emitida nas causas em que a lei expressamente admite a sua emissão.
“Da causalidade da duplicata, note-se bem, não é correto concluir qualquer limitação ou outra característica atinente à negociação do crédito registrado pelo título. A duplicata mercantil circula como qualquer outro título de crédito, sujeita ao regime do direito cambiário. Isso significa, em concreto, que ela comporta endosso, que o endossante responde pela solvência do devedor, que o executado não pode opor contra terceiros de boa-fé exceções pessoais, que as obrigações dos avalistas são autônomas em relação às dos avalizados etc. Não é jurídico pretender vinculação entre a duplicata e a compra e venda mercantil, que lhe deu ensejo, maior do que a existente entre a letra de câmbio, a nota promissória ou o cheque e as respectivas relações originárias. Pontes de Miranda e até mesmo Tullio Ascarelli se preocupam, especialmente, em esclarecer a questão: a circulação da duplicata se opera segundo o princípio da abstração” (COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 455. v. I). 
Causalidade.
“Ainda que a duplicata mercantil tenha por característica o vínculo à compra e venda mercantil ou prestação de serviços realizada, ocorrendo o aceite, desaparece a causalidade, passando o título a ostentar autonomia bastante para obrigar a recorrida ao pagamento da quantia devida, independentemente do negócio jurídico que lhe tenha dado causa” (STJ, REsp 668.682/MG, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, DJ 19.03.2007, p. 355).
“A causalidade da duplicata reside apenas na sua origem, mercê do fato de somente poder ser emitida para a documentação de crédito nascido de venda mercantil ou de prestação de serviços. Porém, a duplicata mercantil é título de crédito, na sua generalidade, como qualquer outro, estando sujeita às regras de direito cambial, nos termos do art. 25 da Lei 5.474/68, ressaindo daí, notadamente, os princípios da cartularidade, abstração, autonomia das obrigações cambiais e inoponibilidade das exceções pessoais a terceiros de boa-fé” (REsp 261.170/SP, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 04.08.2009, DJe 17.08.2009).
“A duplicata mercantil é título de crédito criado pelo direito brasileiro, disciplinada pela Lei 5.474/68, submetendo-se ao mesmo regime jurídico cambial dos demais títulos de crédito, sujeita, portanto, aos princípios da cartularidade, da literalidade e, principalmente, da autonomia das obrigações” (REsp 1102227/SP, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 12.05.2009, DJe 29.05.2009).
“A duplicata mercantil, apesar de causal no momento da emissão, com o aceite e a circulação adquire abstração e autonomia, desvinculando-se do negócio jurídico subjacente, impedindo a oposição de exceções pessoais a terceiros endossatários de boa-fé, como a ausência ou a interrupção da prestação de serviços ou a entrega das mercadorias” (EREsp 1.439.749/RS, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, 2.ª Seção, julgado em 28.11.2018, DJe 06.12.2018).
QUEM PODE EMITIR? A Duplicata poderá ser emitida pelo vendedor da mercadoria ou pelo prestador de serviços, sendo o título de crédito que poderá ser executado em caso de inadimplência do devedor. A emissão da Duplicata é uma faculdade. Não há obrigação em emiti-la. Quem emite a Duplicata é chamado de “sacador”, ao passo que o devedor é denominado por “sacado”. Esse título de crédito é emitido pelo credor (vendedor da mercadoria). 
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EMISSÃO DA FATURA: Observe-se que a Lei de Duplicatas apenas determina a emissão obrigatória da fatura (documento comercial) quando o prazo de pagamento do preço for igual ou superior a 30 dias. Se o prazo é inferior, pode emitir apenas a nota fiscal (documento tributário). Na duplicata de prestação de serviços a emissão da fatura é sempre facultativa. 
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TODA DUPLICATA CORRESPONDE A UMA FATURA - Se houver emissão de uma Duplicata ela deverá corresponder a uma fatura. Lembre-se: Uma só Duplicata não pode corresponder a mais de uma fatura! Cada Duplicata, uma nota fiscal-fatura. 
Art. 2º (...) 	
§ 2º: Uma só duplicata não pode corresponder a mais de uma fatura. 
§ 3º Nos casos de venda para pagamento em parcelas, poderá ser emitida duplicata única, em que se discriminarão tôdas as prestações e seus vencimentos, ou série de duplicatas, uma para cada prestação distinguindo-se a numeração a que se refere o item I do § 1º dêste artigo, pelo acréscimo de letra do alfabeto, em seqüência. 
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A DUPLICATA INDICARÁ SEMPRE O VALOR DA FATURA - 
Art . 3º A duplicata indicará sempre o valor total da fatura, ainda que o comprador tenha direito a qualquer rebate, mencionando o vendedor o valor líquido que o comprador deverá reconhecer como obrigação de pagar. 
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Compra e venda mercantil.
Antes do CC/2002 só eram mercantis os contratos de compra e venda que atendessem a três requisitos, de forma cumulativa: (i) o subjetivo, que exigia que uma das partes fosse comerciante; (ii) o objetivo, que restringia o objeto do contrato a bens móveis ou semoventes; e (iii) o finalístico, que se referia à finalidade circulação de mercadorias. Após o CC/2002, uma compra e venda é considerada mercantil a depender apenas da qualidade de empresário das partes contratantes.
“Toda compra e venda em que comprador e vendedor são empresários chama-se mercantil e é estudada pelo direito comercial. A qualidade da coisa objeto do contrato (sempre uma mercadoria) e a finalidade da operação (circulação de mercadorias) são decorrências desse requisito subjetivo” (COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. Vol. 3. 17ª ed. São Paulo: RT, 2016, p. 69-70).
Fatura.
Art. 1º Em todo o contrato de compra e venda mercantil entre partes domiciliadas no território brasileiro, com prazo não inferior a 30 (trinta) dias, contado da data da entrega ou despacho das mercadorias, o vendedor extrairá a respectiva fatura para apresentação ao comprador.
§ 1º A fatura discriminará as mercadorias vendidas ou, quando convier ao vendedor, indicará somente os números e valores das notas parciais expedidas por ocasião das vendas, despachos ou entregas das mercadorias.
Art. 2º No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata para circulação como efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de título de crédito para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador.
* A despeito da redação do art. 2º, é possível a emissão da duplicata após a emissão da fatura, e é possível a emissão de outros títulos de crédito, como nota promissória ou cheque, porque não são títulos emitidos pelo credor. Nesse sentido: RESP 136.637.
Requisitos essenciais.
Art. 2º, § 1º A duplicata conterá:
I - a denominação "duplicata", a data de sua emissão e o número de ordem;
* A data de emissão é importante, conforme já mencionamos no estudo de outros títulos de crédito, para aferir a capacidade do emitente. E o número de ordem é necessário porque o emitente de duplicatas é obrigatório a escriturar um livro próprio (art. 19).
Requisitos essenciais.
Art. 2º, § 1º A duplicata conterá:
II - o número da fatura;“Em observância ao princípio da literalidade, a aposição de número incorreto da fatura na duplicata invalida o título de crédito, retirando-lhe a exigibilidade executiva extrajudicial” (REsp 1.601.552/PE).
Requisitos essenciais.
§ 1º A duplicata conterá:
III - a data certa do vencimento ou a declaração de ser a duplicata à vista;
* A duplicata admite duas modalidades de vencimento (dia certo ou à vista), mas a não indicação, segundo a maioria da doutrina, não permite presumir que o título é à vista.
Requisitos essenciais.
§ 1º A duplicata conterá:
IV - o nome e domicílio do vendedor e do comprador;
* A importância da indicação do domicílio das partes se dá porque o art. 1º da Lei 5.474/1968 fala em “partes domiciliadas no território brasileiro”.
Requisitos essenciais.
§ 1º A duplicata conterá:
V - a importância a pagar, em algarismos e por extenso;
* Também em virtude de o art. 1º da Lei 5.474/1968 falar em “partes domiciliadas no território brasileiro”, entende-se que na duplicata não é possível a indicação do valor em moeda estrangeira. E caso haja divergência o valor em algarismos e o valor por extenso, prevalece este, por aplicação subsidiária do art. 6º da LUG.
Requisitos essenciais.
§ 1º A duplicata conterá:
VI - a praça de pagamento;
VII - a cláusula à ordem;
* Como todo título de crédito típico/nominado, a duplicata é um título à ordem, podendo ser endossada a terceiros.
Requisitos essenciais.
§ 1º A duplicata conterá:
VIII - a declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-la, a ser assinada pelo comprador, como aceite, cambial;
IX - a assinatura do emitente.
* A assinatura do emitente (ou sacador, que é o vendedor das mercadorias) é imprescindível, mas a assinatura do sacado (comprador das mercadorias) não é: o que é imprescindível é a existência de um campo específico para a posterior realização do aceite.
Requisitos essenciais.
Art. 2º (...).
§ 2º Uma só duplicata não pode corresponder a mais de uma fatura.
“Para que não haja dúvidas sobre o fato de ser a vinculação da duplicata a uma única fatura requisito essencial da duplicata, condição de sua validade para que tenha curso, basta verificar que o art. 1º, § 1º, da Lei 5.474/64 põe entre os seus requisitos a indicação expressa do número da fatura, tendo nesta a sua origem. Como mostra Luiz Emydgio da Rosa e Silva, a ‘vinculação do título à fatura visa a evitar que a duplicata possa corresponder a mais de uma fatura (LD, art. 2º, § 2º) porque cada fatura decorre de uma compra e venda ou de uma prestação de serviços, e a duplicata não pode ser vinculada a mais de um negócio jurídico’. Ora, neste feito, o acórdão deixou claro que uma das duplicatas refere-se a duas notas fiscais e três duplicatas referem-se a três faturas cada uma. Assim, não têm condições de validade, porque ausente requisito essencial” (REsp 577.785).
Aceite na duplicata.
“Aceite é a declaração cambial pela qual o signatário admite a ordem contra ele dada para pagar uma quantia determinada, concordando com os termos do saque e assumindo a qualidade de responsável principal pelo pagamento da letra de câmbio. (...) Sem o aceite na letra de câmbio o sacado não assume obrigação alguma no título, já que não o assinou” (COSTA, Wille Duarte. Títulos de crédito. 2. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2006. p. 161).
* Quando do estudo da letra de câmbio, destacamos esse conceito de aceite, que se aplica também à duplicata, mas com um detalhe importante: enquanto na letra de câmbio o aceite é facultativo, na duplicata o aceite é obrigatório.
Obrigatoriedade do aceite.
Art. 8º O comprador só poderá deixar de aceitar a duplicata por motivo de:
I - avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não entregues por sua conta e risco;
II - vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias, devidamente comprovados;
III - divergência nos prazos ou nos preços ajustados.
* Dizer que o aceite é obrigatório, na duplicata, significa dizer que o credor, desde que cumpridas as suas obrigações contratuais, tem o direito de ver seu crédito materializado num título de crédito. O devedor só pode negar esse direito ao credor se houver descumprimento contratual por parte deste (hipóteses do art. 8º).
Aula 72.2 – Duplicata: aceite
Aceite expresso.
Considerando o fato de que o aceite, na duplicata, é obrigatório, o devedor (comprador) pode se obrigar ao pagamento desse título independentemente de aceitá-lo expressamente. Daí por que se diz que o aceite, na duplicata, pode ser expresso (ordinário) ou presumido (por presunção).
O aceite expresso, como o próprio nome já indica, é aquele realizado no próprio título, no local indicado. Nesse caso, a duplicata se aperfeiçoa como título de crédito sem maiores formalidades.
“A duplicata que ostenta aceite ordinário torna-se título de crédito sem nenhuma especificidade. Aplicam-se-lhe integralmente, nesse caso, as regras do direito cambiário, inclusive no tocante à facultatividade do protesto contra o devedor principal e responsabilidade dos codevedores. Ou seja, a duplicata com aceite ordinário é título executivo extrajudicial contra o sacado e seu avalista, independentemente de se encontrar protestada, ou não (LD, art. 15, I)” (COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 458. v. I).
Aceite presumido.
O aceite presumido ocorre quando o devedor (comprador) recebe, sem reclamação, as mercadorias adquiridas e enviadas pelo credor (vendedor). Nesse caso, ainda que a duplicata não seja aceita expressamente, o simples fato de o devedor ter recebido as mercadorias sem recusa formal já caracteriza o aceite do título, que se diz, portanto, presumido, provando-se pela mera demonstração do recebimento das mercadorias.
“O aceite por presunção decorre do recebimento das mercadorias pelo comprador, quando inexistente recusa formal. Trata-se da forma mais corriqueira de se vincular o sacado ao pagamento da duplicata. Caracteriza-se o aceite presumido, mesmo que o comprador tenha retido ou inutilizado a duplicata, ou a tenha restituído sem assinatura. Desde que recebidas as mercadorias, sem a manifestação formal de recusa, é o comprador devedor cambiário, independentemente da atitude que adota em relação ao documento que lhe foi enviado” (COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 458-459. v. I).
* Para a execução judicial da duplicata com aceite presumido, é necessário o protesto.
Sistemática de remessa e devolução da duplicata.
Como a duplicata é um título emitido pelo credor, a lei estabelece um procedimento de remessa do título para aceite, com posterior devolução ao emitente (arts. 6º e 7º).
A remessa pode ser feita pelo próprio emitente ou por um intermediário (banco, por exemplo). O prazo de remessa é de 30 dias, contados da emissão (se feita por intermediário, o prazo é de 10 dias, contados o recebimento).
O sacado deve devolver a duplicata, aceita ou com a justificativa de recusa do aceite, no prazo de 10 dias. Se a apresentação foi por banco, o sacado pode reter o título e comunicar ao emitente que o aceitou e o reteve (essa comunicação substitui a duplicata no protesto ou execução).
Pagamento antecipado.
Art. 9º É lícito ao comprador resgatar a duplicata antes* de aceitá-la ou antes da data do vencimento.
§ 1º A prova do pagamento é o recibo, passado pelo legítimo portador ou por seu representante com poderes especiais, no verso do próprio título ou em documento em separado*, com referência expressa à duplicata.
§ 2º Constituirá, igualmente, prova de pagamento, total ou parcial, da duplicata, a liquidação de cheque, a favor do estabelecimento endossatário, no qual conste, no verso, que seu valor se destina a amortização ou liquidação da duplicata nele caracterizada.
* Ao contrário do previsto no direito das obrigações e na própria LUG (art. 40), a duplicata admite pagamento antecipado.
** Exceção ao princípio da literalidade.
Pagamento ao endossanteem documento separado.
COMERCIAL E PROCESSUAL. AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO DECLARATÓRIA E CAUTELAR. DUPLICATA ACEITA. ENDOSSO ANTES DO PROTESTO. PAGAMENTO AO ENDOSSANTE EM DOCUMENTO EM SEPARADO. OPOSIÇÃO AO ENDOSSATÁRIO DE BOA-FÉ. INADMISSIBILIDADE. SÚMULA N. 7 DO STJ. INCIDÊNCIA.
I. A jurisprudência desta Corte, centrada na exegese da art. 9º, § 1º, da Lei n. 5.474/1968, entende que a circulação da duplicata impõe ao sacado o dever de pagar ao endossatário o valor representado no título de crédito, descabendo falar-se em recibo em separado do endossante, quando presente a anterioridade do endosso e a inexistência de má-fé na circulação cambial.
(AgRg no REsp 556.002/SP, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 23/03/2010, DJe 26/04/2010)
* Recibos passados por endossantes em documento separado só liberam o devedor se ficar comprovada a má-fé do endossatário ou conluio entre ele e o endossante (REsp 37.907).
Pagamento parcial.
Art. 10. No pagamento da duplicata poderão ser deduzidos quaisquer créditos a favor do devedor resultantes de devolução de mercadorias, diferenças de preço, enganos verificados, pagamentos por conta e outros motivos assemelhados, desde que devidamente autorizados.
* Por aplicação do art. 39 da LUG, “o portador não pode recusar qualquer pagamento parcial”.
Prorrogação do vencimento.
Art. 11. A duplicata admite reforma ou prorrogação do prazo de vencimento, mediante declaração em separado ou nela escrita, assinada pelo vendedor ou endossatário, ou por representante com poderes especiais.
Parágrafo único. A reforma ou prorrogação de que trata este artigo, para manter a coobrigação dos demais intervenientes por endosso ou aval, requer a anuência expressa destes.
* Também ao contrário do que prevê a LUG, a duplicata admite prorrogação de vencimento, e nesse caso mais uma vez se excepciona o princípio da literalidade. Sem anuência expressa de endossantes/avalistas, eles ficam exonerados. 
Juros de mora.
- Se o pagamento for feito com atraso, devem incidir juros de mora, independentemente de previsão expressa no título (conforme mencionamos na aula 69.3, a jurisprudência do STJ entende que a taxa de juros moratórios a que se refere o Código Civil é a SELIC, vedada a acumulação com correção monetária – Temas 99 e 112/STJ).
- Quanto ao momento de incidência dos juros, há uma discussão: eles incidem a partir do protesto (art. 40 da Lei 9.492/1997) ou a partir do vencimento (art. 48 da LUG)? Como o art. 25 da Lei 5.474/1968 manda aplicar a LUG, os juros incidem desde a data do vencimento.
Tipos de protesto.
Art. 13. A duplicata é protestável por falta de aceite, de devolução ou pagamento.
§ 2º O fato de não ter sido exercida a faculdade de protestar o título, por falta de aceite ou de devolução, não elide a possibilidade de protesto por falta de pagamento.
Lei 9.492/1997
Art. 21. O protesto será tirado por falta de pagamento, de aceite ou de devolução.
§ 1º O protesto por falta de aceite somente poderá ser efetuado antes do vencimento da obrigação e após o decurso do prazo legal para o aceite ou a devolução.
§ 2º Após o vencimento, o protesto sempre será efetuado por falta de pagamento, vedada a recusa da lavratura e registro do protesto por motivo não previsto na lei cambial.
Protesto por indicações.
Art. 13, § 1º Por falta de aceite, de devolução ou de pagamento, o protesto será tirado, conforme o caso, mediante apresentação da duplicata, da triplicata, ou, ainda, por simples indicações do portador, na falta de devolução do título.
Lei 9.492/1997
Art. 20, § 3º Quando o sacado retiver a letra de câmbio ou a duplicata enviada para aceite e não proceder à devolução dentro do prazo legal, o protesto poderá ser baseado na segunda via da letra de câmbio ou nas indicações da duplicata, que se limitarão a conter os mesmos requisitos lançados pelo sacador ao tempo da emissão da duplicata, vedada a exigência de qualquer formalidade não prevista na Lei que regula a emissão e circulação das duplicatas.
* O protesto por indicações é realizado quando há a retenção indevida do título por parte do devedor (comprador). Nesse caso, como o credor (vendedor) não está na posse do título, deverá então fornecer ao cartório as indicações deste, retiradas da fatura e do Livro de Registro de Duplicatas de que trata o art. 19 da Lei 5.474/1968.
Protesto por indicações x Triplicata.
Art. 23. A perda ou extravio da duplicata obrigará o vendedor a extrair triplicata, que terá os mesmos efeitos e requisitos e obedecerá às mesmas formalidades daquela.
“É pacífico na jurisprudência que se admitem triplicatas emitidas em razão da não devolução das duplicatas originalmente enviadas ao devedor. Interpretação extensiva do art. 23 da Lei nº 5.474/1968 (Lei das Duplicatas)” (REsp 1.307.016).
Protesto por indicações sem retenção indevida do título.
Na prática, o vendedor sequer emite a duplicata fisicamente, enviando ao banco apenas as informações do negócio. O banco, por sua vez, emite o boleto e encaminha ao devedor. Caso o título não seja pago, o banco envia as informações ao cartório, que lavra o protesto. Esse procedimento é legítimo?
“Embora a norma do art. 13, § 1º, da Lei 5.474/68 permita o protesto por indicação nas hipóteses em que houver a retenção da duplicata enviada para aceite, o alcance desse dispositivo deve ser ampliado para harmonizar-se também com o instituto da duplicata virtual, conforme previsão constante dos arts. 8º e 22 da Lei 9.492/97” (EREsp 1.024.691)
Execução do sacado (devedor principal).
- Duplicata (ou triplicata) aceita:
	Não precisa de protesto ou qualquer outro documento (art. 15, I).
- Duplicata (ou triplicata) não aceita:
	Precisa do protesto e do comprovante de entrega das mercadorias (art. 	15, II – Súmula 248/STJ).
- Ausência de título:
 	Precisa do protesto e do comprovante de entrega das mercadorias (art. 	15, § 2º).
- Ausência de título (aceite por comunicação):
	Basta a comunicação escrita do aceite e da retenção do título (art. 7º, § 	2º).
Execução dos codevedores.
Art. 13, § 4º. O portador que não tirar o protesto da duplicata, em forma regular e dentro do prazo da 30 (trinta) dias, contado da data de seu vencimento, perderá o direito de regresso contra os endossantes e respectivos avalistas.
* Para a execução de codevedores (endossantes e avalistas), é sempre necessário o protesto, que precisa ter sido feito tempestivamente (30 dias). O art. 15, § 1º fala em sacador, mas ele só responde se tiver endossado o título, isto é, na condição de endossante.
Prescrição.
Art. 18 - A pretensão à execução da duplicata prescreve:
l - contra o sacado e respectivos avalistas, em 3 (três) anos, contados da data do vencimento do título;
ll - contra endossante e seus avalistas, em 1 (um) ano, contado da data do protesto;
III - de qualquer dos coobrigados contra os demais, em 1 (um) ano, contado da data em que haja sido efetuado o pagamento do título.
§ 1º - A cobrança judicial poderá ser proposta contra um ou contra todos os coobrigados, sem observância da ordem em que figurem no título.
§ 2º - Os coobrigados da duplicata respondem solidariamente pelo aceite e pelo pagamento.
* Prescrita a duplicata (ou não preenchidos os requisitos para a sua execução), ela pode ser objeto de ação de cobrança (art. 16) ou de ação monitória (AREsp 1.655.610), e nesta caso o prazo para ajuizamento da ação é de 5 anos (art. 206, § 5º, inciso I do Código Civil). 
Duplicata de serviços.
Art. 20. As empresas, individuais ou coletivas, fundações ou sociedades civis, que se dediquem à prestação de serviços, poderão, também, na forma desta lei, emitir fatura e duplicata.
§ 1º A fatura deverá discriminar a natureza dos serviços prestados.
§ 2º A soma a pagar em dinheiro corresponderá ao preço dos serviços prestados.
§ 3º Aplicam-se à fatura e à duplicata ou triplicata de prestação de serviços, com as adaptações cabíveis, as disposições referentes à fatura e à duplicata ou triplicata de venda mercantil, constituindo documento hábil,

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