DISLIPIDEMIAS Alterações no metabolismo dos lipídeos e suas repercussões. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O REVISÃO DA FISIOLOGIA/BIOQUÍMICA INTRODUÇÃO TIPOS DE LÍPIDES • Fosfolipídeos: Importante na formação da mem- brana celular. • Colesterol: Apesar da conotação negativa, o colesterol é importante em muitos pontos, como a formação da membrana celular, precursor para a síntese dos hormônios sexuais, vitamina D e ácidos biliares. • Triglicerídeos: A grande função deles é armazenar e ser fonte de energia pra o corpo. É composto por 3 ácidos graxos + uma molécula de glicerol, a energia é adquirida em situações de jejum, em que uma enzima lipase dos adipócitos quebra os TG em ácidos graxos e glicerol. • Ácidos graxos: É a molécula que serve de fonte de energia, podem ser de diversas formas: o Saturados: Produtos de origem animal (carne vermelha). o Monoinsaturados: Azeite de oliva. o Poli-insaturados: Peixes, salmão. METABOLISMO DOS LIPÍDIOS CONCEITOS GERIAS • Lipídios são gorduras • Gorduras não dissolvem no sangue: Por isso, precisam ser transportadas. • Quem faz esse transporte? As lipoproteínas! Que são compostas por lipídeos + proteínas chamadas apoproteínas. PASSO-A-PASSO DO METABOLISMO DE LIPÍDEOS 1. Você faz a ingestão de uma comida gordurosa 2. A comida vai passando o TGI e chega até o duo- deno como um bolo alimentar cheio de triglicerí- deos (principalmente) 3. Os TG são moléculas grandes, que precisam ser dissolvidas: As lipases pancreáticas fazem essa função e os ácidos graxos vão ser absorvidos pela célula em borda escova intestinal. 4. Na célula intestinal: Ela vai formar novamente as moléculas de triglicerídeos e amontoar numa lipoproteína chamada de quilomícrons. 5. Quilomicrons: Lipoproteínas ricas em TG, formada no intestino e possuem apo B48. (Toda lipoproteí- na contendo apo B tem associação com aumento do risco cardiovascular!!) 6. Na circulação, o quilomícron sofre ação da Lipase Lipoproteica (LPL): Liberando ácidos graxos para armazenar no tecido gorduroso e também nos músculos como substrato alimentar. Esse quilo- micron vai reduzir de tamanho (formando remanescentes dos quilomícrons) e vão bater no fígado conclundo o primeiro ciclo entero-hepático. 7. O fígado vai transformar o quilomícron remanes- cente em VLDL: O VLDL é uma molécula menor, ainda rica em TG, que vai ser liberada na corrente sanguínea agindo da mesma forma que os quilomícrons (LPL agindo, até diminuir). 8. Na corrente, há a formação do IDL: Por ação da LPL, o VLDL vai diminuindo de tamanho até ficar mais denso (maior proporção de proteínas). 9. A lipase hepática converte IDL em LDL: O LDL pode voltar ao fígado para ser reabsorvido. *Todas as lipoproteínas faladas até agora tem ApoB! V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O 10. Entrada do LDL nos hepatócitos: O LDL precisa do receptor de LDL para adentrar os hepatócitos! 11. O LDL vai liberar colesterol para dentro do fígado: No entanto, essa não é a única forma do fígado de adquirir colesterol, ele pode ser produzido interna- mente, com participação da HMG-CoA redutase (enzima que vai ser inibida pelas estatinas). 12. E o HDL: O HDL é uma lipoproteína produzida pelo fígado (80%) e intestino (20%), responsável pelo transporte reverso de colesterol para o fígado. Esse transporte ocorre através de uma enzima chamada LCAT. No entanto,0 o HDL pode seguir uma outra via, a via da CETP, que pega colesterol do HDL e transfere para o LDL e VLDL circulantes. RESUMÃO DO METABOLISMO DOS LIPÍDEOS *LEMBRAR: (Quilomicrons = apoB48), (LDL = apoB100) e (HDL = apoAI e apoAII)! FORMAÇÃO DA PLACA ATEROSCLETÓRICA COMO OCORRE ESSA FORMAÇÃO? 1. Tudo começa com o LDL: O LDL circulante vai atravessar o endotélio dos vasos (seja por uma inflamação, seja pelo estresse de cisalhamento do aumento da pressão arterial) e fiquem no espaço intersticial. 2. O LDL oxida: Começando a produzir uma reação inflamatória, com liberação de citocinas, que vai acarretar na expressão de moléculas de adesão no endotélio (VCAM-1). 3. As moléculas de adesão “seguram” o monócito que está passando na corrente sanguínea: O que vai fazer com que ele pare e atravesse o endotélio para ver o que está acontecendo no interstício. 4. Os monócitos vão fagocitar o LDL: Essa fagocitose muda a conformação dos monócitos, formando a célula espumosa, incapaz de sair do espaço sub- endotelial. 5. As células espumosas atraem células musculares lisas: Que vão migrar da túnica média para o espa- ço subendotelial, secretando colágeno que ajuda a constituir a placa aterosclerótica. 6. Placas estáveis x instáveis: Placas estáveis predo- minam colágeno, possuem uma capa fibrosa espessa, poucas células inflamatórias e núcleo lipídico pequeno. Já as placas instáveis possuem grande atividade inflamatória, forte atividade proteolítica, capa fibrosa fina e núcleo lipídico e necrótico grande. 7. O HDL consegue tirar colesterol das células espumosas e colocar para dentro dele: Quanto menos gordura essas células tiverem, melhor! 8. Evolução da placa aterosclerótica: Em degraus, o paciente passa algum tempo com a placa em 60% e ela dá um salto para 65-70%. As placas ateroscle- róticas tendem a mineralizar-se devido a tipos de citocinas! DISLIPIDEMIAS DOSAGEM LABORATORIAL CONCEITOS IMPORTANTES ANTES DA COLETA • Níveis de colesterol podem variar até 10% de uma coleta para outra e até 25% dos triglicerídeos • “Efeito torniquete”: Passar mais tempo com o torniquete pode subir o colesterol em 5-10%. • Não é necessário jejum para dosagem de coleste- rol e suas frações! • Quando solicitar em jejum: Em TG muito elevado (> 400-440 mg/dL)! MÉTODO DE DOSAGEM • LDL: Equação de Friedewald ou dosagem direta o CT = LDL + HDL + VLDL V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O o VLDL = TG/5 o LDL = CT – HDL – TG/5 (TG até 400) • CT, HDL e TG: Métodos colorimétricos *Se tiver no hospital e o paciente tem TG > 400, sem dosagem direta, o que fazer? Usar o colesterol não- HDL! Que é igual ao CT – HDL. O colesterol não-HDL representa basicamente as lipoproteínas com Apo B. VALORES DE REFERÊNCIA • Colesterol Total: < 190 (CT > 310: Pensar em causas genéticas como hipercolesterolemia familiar). • HDL: > 40 • TG: < 150 (em jejum) ou < 175 (com jejum). • LDL: Depende! Varia de acordo com o risco! o Baixo risco: < 130 (< 160 não-HDL) o Intermediário: < 100 (<130 não-HDL) o Alto: < 70 (<100 não-HDL) o Muito alto: < 50 (< 80 não-HDL) *O alvo do colesterol não-HDL é o alvo do LDL + 30! DOSAGEM DE LIPOPROTEÍNAS • ApoB: Não dosar de rotina! Lembrar que se ela estiver alta, está relacionada com risco CV. • ApoA1: Não dosar também! É cara e não traz informações adicionais. • Lipoproteína A: Ela é uma molécula de LDL + apoA, por isso é similar ao LDL, então aumenta o risco CV e ela é determinada geneticamente. o Em quem dosar? Pacientes com história familiar de DCV precoce ou em hipercoles- terolemia familiar. HOMOCISTEÍNA • O que é? Aminoácido localizado no plasma sanguíneo, relacionada a eventos cardiovasculares • Níveis elevados estão associados a aumento do risco CV • Uso de vitamina B12 e ácido fólico reduzem os níveis de homocisteína • A redução não reduz eventos cardiovasculares • Uso crônico de metotrexate pode elevar os níveis de homocisteína • A dosagem rotineira de homocisteína não é recomendada MARCADORES INFLAMATÓRIOS X ATEROSCLEROSE • Existem dezenas de marcadores inflamatórios: IL- 6, TNF-alfa, etc. •