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Teoria da burocracia - cap 11

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Teoria da burocracia – capítulo 11
A teoria da burocracia desenvolveu-se na administração por volta da década de 1940, em função dos seguintes aspectos:
A fragilidade e a parcialidade da Teoria Clássica e da teoria das relações humanas, ambas oponentes e contraditórias, mas sem possibilitarem uma abordagem global e integrada dos problemas organizacionais.
 A necessidade de um modelo de organização racional capaz de caracterizar todas as variáveis envolvidas, bem como o comportamento dos membros dela participantes, e aplicável não somente à fabrica, mas a todas as formas de organização humana.
O crescente tamanho e complexidade das empresas. Devem executar tarefas específicas e ser dirigidos e controlados.
ORIGENS DA BUROCRACIA
A burocracia é uma forma de organização humana que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos (fins) pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível no alcance desses objetivos. As origens da burocracia remontam a época da Antiguidade.
TIPOS DE SOCIEDADE
Weber distingue três tipos de sociedade:
Sociedade tradicional: Onde predominam características patriarcais e patrimonialistas.
Sociedade carismática: Onde predominam características místicas, arbitrárias e personalísticas.
Sociedade legal, racional ou burocrática: Onde predominam normas impessoais e racionalidade na escolha dos meios e dos fins.
TIPOS DE AUTORIDADE
A cada tipo de sociedade corresponde, para Weber, um tipo de autoridade. “A autoridade significa a probabilidade de que um comando ou ordem específica seja obedecido.” A autoridade representa o poder institucionalizado e oficializado
Autoridade tradicional -> Quando os subordinados aceitam as ordens dos superiores como justificadas, porque essa sempre foi a maneira pela qual as coisas foram feitas. O domínio patriarcal do pai de família, do chefe do clã, o despotismo real representa apenas o tipo mais puro de autoridade tradicional.
Autoridade carismática -> Quando os subordinados aceitam as ordens do superior como justificadas, por causa da influência da personalidade e da liderança do superior com o qual se identificam.
Autoridade legal, racional ou burocrática -> Quando os subordinados aceitam as ordens dos superiores como justificadas, porque concordam com certos preceitos ou normas que consideram legítimos e dos quais deriva o comando. É o tipo de autoridade técnica, meritocrática e administrada.
Weber identifica três fatores para o desenvolvimento da burocracia:
Desenvolvimento da economia monetária: A moeda não apenas facilita, mas racionaliza as transações econômicas.
Crescimento quantitativo das tarefas administrativas do Estado moderno: Apenas um tipo burocrático de organização poderia arcar com a enorme complexidade e tamanho das tais tarefas.
A superioridade técnica do modelo burocrático em termos de eficiência: Serviu como a força autônoma interna para impor sua prevalência. 
CARACTERÍSTICAS DA BUROCRACIA SEGUNDO WEBER
Burocracia é entendido como uma organização onde o papelório se multiplica e se avoluma, impedindo soluções rápidas e eficientes. O leigo deu esse nome de burocracia aos defeitos do sistema e não ao sistema em si mesmo. Para o Weber era ao contrário. Para ele a burocracia é a organização eficiente por excelência. Para conseguir eficiência a burocraca explica nos mínimos detalhes como as coisas deverão ser feitas. Para Weber tem as seguintes características:
Caráter legal das normas e regulamentos
A burocracia é uma organização ligada por normas e regulamentos estabelecidos previamente por escrito. Em outros termos, é uma organização baseada em uma legislação própria que define antecipadamente como a organização burocrática deverá funcionar.
Caráter formal das comunicações
É ligada por comunicações escritas. As regras, decisões e ações são formuladas e registradas por escrito. Daí o caráter formal da burocracia: todas as ações e procedimentos são feitos para proporcionar comprovação e documentação adequada, bem como assegurar a interpretação unívoca das comunicações. 
Caráter racional e divisão do trabalho
Caracteriza-se por uma sistemática divisão do trabalho. Atende a uma racionalidade, isto é, ela é adequada aos objetivos as serem atingidos: a eficiência da organização.
Impessoalidade nas relações 
A distribuição das atividades é feita impessoalmente, ou seja, em termos de cargos e funções e não de pessoas envolvidas. 
Hierarquia da autoridade
Estabelece os cargos segundo o princípio da hierarquia. Cada cargo inferior deve estar sob o controle e supervisão de um posto superior. 
Rotinas e procedimentos padronizados
Fixa as regras e normas técnicas para o desempenho de cada cargo. O ocupante de um cargo – o funcionário – não faz o que deseja, mas o que a burocracia impõe que ele faça.
Competência técnica e meritocracia
É uma organização na qual a escolha das pessoas é baseada no mérito e na competência técnica e não em preferencias pessoais. A seleção, a admissão, a transferência e a promoção dos funcionários são baseadas em critérios de avaliação e classificação válidos para toda a organização e não em critérios particulares. 
Especialização da administração
A burocracia é uma organização que se baseia na separação entre a propriedade e a administração. Os membros do corpo administrativo estão separados da propriedade dos meios de produção.
Profissionalização dos participantes
Caracteriza-se pela profissionalização dos participantes. Cada funcionário da burocracia é um profissional.
 Completa previsibilidade do funcionamento
A consequência desejada da burocracia é a previsibilidade do comportamento dos seus membros. O modelo burocrático de Weber pressupõe que o comportamento dos membros da organização é perfeitamente previsível: todos os funcionários deverão comportar-se de acordo com as normas e regulamentos da organização, a fim de que essa atinja a máxima eficiência possível. 
VANTAGENS DA BUROCRACIA
Weber viu inúmeras razões para explicar o avanço da burocracia sobre as outras formas de associação. As vantagens da burocracia, para Weber, são:
Racionalidade em relação ao alcance dos objetivos da organização.
Precisao na definição do cargo e na operação, pelo conhecimento exato dos deveres.
Apidez nas decisões, pois cada um conhece o que deve ser feito e por quem e as ordens e papeis tramitam através de canais preestabelecidos.
Univocidade e interpretação garantida pela regulamentação específica e escrita. Por outro lado, a informação é discreta, pois é fornecida apenas a quem deve recebê-la. 
Uniformidade de rotinas e procedimentos que favorece a padronização, a redução de custos e erro, pois as rotinas são definidas por escrito.
Continuidade da organização por meio da substituição do pessoal que é afastado. Além disse os critérios de seleção e escolha do pessoal baseiam-se na capacidade e na competência técnica. 
Redução do atrito entre as pessoas, pis cada funcionário conhece o que é exigido dele e quais os limites entre suas responsabilidades as dos outros.
Constância, pois os mesmo tipos de decisão devem ser tomados nas mesmas circunstancias.
Confiabilidade, pois o negocio é conduzido através de regras conhecidas, e os casos similares são metodicamente tratados dentro da mesma maneira sistemática. 
 Benefícios para as pessoas na organização, pois a hierarquia é formalizada, o trabalho é dividido entre as pessoas de maneira ordenada, as pessoas são treinadas para se tornarem especialistas, podendo encarreirar-se na organização em função de seu mérito pessoal e competência técnica. 
RACIONALIDADE BUROCRÁTICA
Uma organização é racional se os meios mais eficientes são escolhidos para a implementação das metas. No entanto, são as metas coletivas da organização e não as de seus membros individuais que são levadas em consideração. 
DILEMAS DA BUROCRACIA
Weber notou a fragilidade da estrutura burocrática, que enfrenta um dilema típico: de um lado, existem pressões de forças exteriores para encorajar o burocrata a seguir outras normas diferentes das da organização e,de outro lado, o compromisso dos subordinados com as regras burocráticas tende a enfraquecer gradativamente. A organização, para ser eficiente, exige um tipo especial de legitimidade, racionalidade, disciplina e limitação de alcance. 
DISFUNÇÕES DA BUROCRACIA
São as consequências imprevistas, MERTON deu o nome de disfunções da burocracia para designar as anomalias de funcionamento responsáveis pelo sentido pejorativo que o termo burocracia adquiriu junto aos leigos no assunto. As disfunções da burocracia são as seguintes:
Internalização das regras e apego aos regulamentos 
Excesso de formalismo e de papelório
Resistência as mudanças
Despersonalização do relacionamento
Categorização como base do processo decisório 
Superconformidade às rotinas e aos procedimentos 
Exibição de sinais de autoridade
Dificuldade no entendimento a clientes e conflitos com o público
O excessivo racionalismo da burocracia, Katz e Kahn salientam que a organização é super-racionalizada e não considera a natureza organizacional e nem as condições circunjacentes do ambiente. 
 As tarefas individuais são mínimas em requisitos criativos, de modo que basta a submissão à autoridade legítima e não há necessidade de identificação com as metas organizacionais.
 As exigências do ambiente sobre a organização são óbvias, de modo que a informação é redundante é pode ser esbanjada, e a organização não precisa utilizar todos os processadores de informação entre seus membros;
 A rapidez na tomada de decisão é importante e cada pessoa envolvida no processo significa custos e riscos organizacionais;
A organização se aproxima de sistema fechado, com requisitos mínimos de mudança do meio.
 
Perrow chama a teoria burocrática de visão “instrumental” das organizações: essas são vistas como arranjos conscientes e racionais dos meios para alcançar fins particulares. Para Perrow a burocratização envolve:
Especialização
Necessidade de controlar as influencias dos fatores externos sobre os componentes internos da organização.
Um ambiente externo imutável e estável. 
Mecanicismo e as limitações da “teoria da máquina”
Esse termo é aplicável aos três modelos que abordam a organização, embora constituída por pessoas, como uma máquina construída para cumprir uma tarefa. 
Especialização das tarefas, para obter eficiência com a subdivisão das operações em seus elementos básicos. 
Padronização do desempenho da função para garantir ausência de erros.
Unidade de comando e centralização da tomada de decisão. A organização não e necessariamente autodirigida, embora concebida como uma máquina.
Uniformidade de práticas institucionalizadas, além da padronização das tarefas. As maneiras de lidar com o pessoal são uniformes.
Não duplicação de função a fim de se garantir a centralização.

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