1 INTRODUÇÃO
Este trabalho apresenta uma discussão sobre os procedimentos dos ensaios
contemplados na norma de classificação de argamassa de assentamento e revestimento.
A classificação nacional das argamassas de assentamento e de revestimento segue a
norma NBR 13 281 - Argamassa industrializada para assentamento de paredes e
revestimento de paredes e tetos - Especificação, da ABNT, publicada em 1995. Como
requisitos de classificação estão nela especificados: resistência à compressão, teor de ar
incorporado e retenção de água, cujos critérios foram adotados segundo os resultados
apresentados pelos produtos disponíveis no mercado no período de redação da norma.
No período que se seguiu após a sua publicação houve modificação da formulação das
argamassas em geral, boa parte em função da disponibilidade de aditivos no mercado
nacional. Os procedimentos de ensaio mostraram-se também não adaptados à nova
realidade, necessitando revisão. Na verdade, a especificação foi redigida visando o
controle de uniformidade do produto, restrito à argamassa industrializada, sem
preocupação com os requisitos de desempenho. Além disso, as argamassas eram
consideradas como de múltiplo uso, sem levar em conta as diferentes condições de
aplicação e uso. A situação atual é diferente pois a indústria já produz cinco tipos de
argamassa com indicações de uso.
Após a publicação da norma foi observado que a classificação obtida através da
metodologia especificada, realizada em laboratório, não corresponde à realidade do
preparo em obra. Em conseqüência, os resultados de laboratório podem não
corresponder aos do controle em obra.
A origem desse problema está nas características das argamassas. Quando a norma foi
redigida, as argamassas industrializadas eram muito próximas das preparadas em obra,
do tipo argamassa mista de cimento e cal, que não tem aumento de incorporação de ar
durante o tempo de mistura, fixado em quatro minutos.
Com o uso dos aditivos, houve uma mudança nas propriedades da argamassa. Dessa
forma, a intensidade da energia na mistura, o tempo de mistura e a velocidade de
rotação da argamassadeira passaram a influenciar o resultado do teor de ar incorporado.
CASALI et al. (2001) ratificam que a mistura em betoneira durante 20 minutos não
consegue atingir o teor de ar incorporado gerado com um tempo de quatro minutos em
laboratório. Este tempo é impraticável em obra, podendo-se contar, no máximo, com um
tempo de 1,5 a 3 minutos, como demonstrado por pesquisadores.
Visando obter subsídios para a revisão da norma nacional, faz-se uma análise
comparativa entre as classificações NBR e MERUC, esta um resultado da longa
experiência do CSTB, Centre Scientifique et Technique du Bâtiment, em certificação de
produtos.
A escolha da recomendação do CSTB vem do reconhecimento de que os franceses
possuem grande experiência na área de argamassas industrializadas, certificando a
qualidade de mais de 200 tipos produzidos naquele país. Deste conhecimento resultou a
classificação segundo a tabela MERUC, cujo nome é composto das iniciais de cinco
propriedades, a saber: