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1
CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DO TEMA E FORMULAÇÃO DO PROBLEMA1
 
Este texto orienta os estudantes quanto aos fatores que devem ser levados em conta na 
escolha do tema do projeto de pesquisa e esclarece os critérios para formular de modo seguro uma 
boa pergunta de partida para o trabalho. 
 
A ESCOLHA DO TEMA DE PESQUISA 
 
A primeira fase do processo de elaboração do projeto de pesquisa é a escolha do tema. 
Segundo Salomon (2000), deve-se levar em conta as próprias inclinações e possibilidades. 
Em primeiro lugar, o tema não deve ser escolhido somente em função da obrigação 
acadêmica, mas selecionado dentre os assuntos que mais interessaram ao estudante ao longo do 
curso. Se não houver um interesse mais profundo pelo tema escolhido, haverá pouca motivação para 
continuar a pesquisa. Neste sentido, o estudante pode levar em conta também o seu interesse 
profissional, escolhendo um tema que tenha relação com seu cotidiano de trabalho. 
Além das preferências, o estudante deve levar em conta também suas competências e 
limitações, observando suas condições para enfrentar a complexidade do tema. Isto pode ser 
verificado com uma leitura inicial sobre o tema que lhe parece mais atraente. Se as questões que 
envolvem o tema estiverem fora de seu perfil intelectual, é bom reconsiderar a escolha. Isto não quer 
dizer que o estudante seja intelectualmente inferior, apenas que sua formação, obtida com as leituras 
e as disciplinas feitas ao longo do curso, está mais adequada a outro tema. 
Sintetizando as idéias anteriores, Eco (2004, p.6) afirma que o fato de o tema responder aos 
interesses do pesquisador e as fontes de consulta estarem ao alcance intelectual do 
pesquisador são “regras óbvias” para a escolha do tema. 
 
FORMULANDO UM PROBLEMA DE PESQUISA 
 
Após a seleção do tema, de acordo com seu gosto e seu perfil intelectual, o estudante inicia o 
segundo passo da elaboração do projeto de pesquisa: a formulação do problema. 
Todos os temas são amplos e contêm várias possiblidades de pesquisa, sendo por isso 
necessário começar a delimitar os aspectos que serão alvos do trabalho. Caso contrário, o 
estudante ficará perdido com a multiplicidade de informações que já foram descobertas sobre o tema. 
A função da delimitação do tema é tornar nítidas as fronteiras entre os elementos que terão maior 
interesse na pesquisa e outros que, embora façam parte do assunto pesquisado, permanecerão de 
fora daquela abordagem específica do trabalho. É importante ir delimitando aspectos do tema até que 
se chegue a uma questão que seja tão específica que possa ser apresentada na forma de uma 
pergunta, que chamamos problema de pesquisa. Portanto, o processo que leva o estudante do 
tema amplo e geral até uma questão específica de pesquisa chama-se formulação do problema. 
 
1 Texto de apoio à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso I do curso de Administração da UNIGRANRIO. 
Elaborado pela professora Vania Martins dos Santos. Duque de Caxias, 2008. 
 2
Percorrer esta trajetória geralmente não é fácil. É bastante natural que, nesta fase incial, 
tenha-se apenas uma vaga noção daquilo que se pretende estudar dentro do tema escolhido. A 
sensação predominante neste momento é a de não ter rumo para iniciar a pesquisa. É importante ser 
paciente para suportar esta ansiedade e ter consciência de que somente trabalhando com afinco é 
possível encontrar um foco de pesquisa dentro do tema. Ao longo deste exercício, a formulação do 
problema é constantemente reformulada, sendo comum que o aluno julgue já ter alcançado a 
delimitação perfeita, enquanto o orientador solicita maior precisão nesta delimitação. 
Para formular um problema de pesquisa, é importante ler sobre o tema de pesquisa, pois boa 
parte da inspiração para formular um problema vem de idéias sugeridas por estudiosos do tema, 
que costumam indicar lacunas ou aspectos daquele assunto que ainda não foram estudados de modo 
suficiente e que podem, justamente por isso, ser o alvo da pesquisa do estudante. Neste caso, o mais 
indicado é ler trabalhos mais recentes. 
A leitura de artigos e de outros estudos já realizados também pode despertar a atenção para 
determinados aspectos cujo estudo pode ser reproduzido no contexto de outra organização, 
enfocando outros setores ou outro conjunto de pessoas. É desnecessário concentrar todos os 
esforços desta fase em encontrar um problema de pesquisa radicalmente inovador. É possível fazer 
um bom trabalho partindo de uma questão já estudada para verificar sua atualidade em um 
contexto diferente. O fato de uma questão já ter sido estudada, não significa que ela esteja totalmente 
esgotada. Ela pode, no mínimo, gerar uma idéia que poderá ser discutida com o professor orientador. 
Por outro lado, é preciso combinar estas fontes de inspiração com o exercício de observar 
constantemente a realidade. Atentos aos fatos, podemos descobrir aqueles ainda não explicados ou 
que contradizem as teorias existentes. Isto se aplica, inclusive, à própria realidade da organização na 
qual o estudante trabalha, quando se defronta com processos que não funcionam adequadamente, 
comportamentos e relações que carecem de explicações, resultados que fogem às expectativas, 
necessidades específicas desta organização ou qualquer aspecto de seu cotidiano que, para ser 
compreendido, mereça um estudo mais aprofundado. 
Trabalhos que, além de estarem de acordo com preferências do estudante, também são 
interessantes para a empresa, costumam ter sua realização facilitada, como por exemplo, no que diz 
respeito ao acesso a dados. 
O professor orientador terá um papel muito importante nesta etapa em que se formula o 
problema de pesquisa. Conversar com outros professores que sejam especialistas na área também 
costuma ajudar bastante. Entretanto, a responsabilidade sobre a escolha final é tarefa do 
estudante. 
 
O QUE É UM BOM PROBLEMA DE PESQUISA? 
 
O problema de pesquisa é, segundo Salomon (2000, p. 154) “uma questão ainda não 
respondida, que se coloca diante do estudioso como um desafio à sua capacidade de encontrar 
soluções”. 
 3
Não existem regras absolutas para a formulação de um problema, mas recomendações 
oferecidas por pesquisadores experientes. Gil (1999) sugere que o problema seja formulado como 
uma pergunta, pois isto facilita a identificação do que se deseja exatamente pesquisar. Por exemplo, 
vamos imaginar um problema formulado do seguinte modo: “as estratégias de marketing na empresa 
Y e a liderança de mercado”. Neste caso, há dois aspectos do problema (também chamados 
variáveis) em questão: estratégias de marketing e liderança de mercado. Contudo, não está claro 
que tipo de relação existe entre estes aspectos. É como se estivessem “soltos” no problema. 
Quando se formula o mesmo problema como uma pergunta – “quais as estratégias de 
marketing que levaram a empresa Y à liderança de mercado?” – a relação entre as variáveis fica 
explícita: estratégias de marketing influenciam na liderança de mercado e o pesquisador quer saber 
exatamente como isso ocorreu naquele caso. Para Köche (1999), os problemas de pesquisa são 
dedicados a investigar como as variáveis estão relacionadas em uma dada realidade. 
 A formulação de uma boa pergunta é fundamental para o projeto de pesquisa. O tempo que 
consumimos para formular uma boa pergunta de partida é sempre compensado nas outras etapas de 
pesquisa, como na seleção das leituras e na coleta dos dados de campo. 
Quivy e Campenhoudt (2003) identificam 3 características de uma boa pergunta de partida: 
ela deve ser clara, pertinente e possível de ser realizada. 
A primeira característica indica que o problema exige uma redação que não complique seu 
entendimento. Neste sentido, recomenda-se que a frase seja curta e objetiva. Os autores sugerem 
que a pergunta seja submetida a um grupo de pessoas, convidando cada uma delas a comentar o 
que entendeuda pergunta. Caso as interpretações sejam as mesmas e correspondam às intenções 
do autor, tem-se um bom indício da clareza da pergunta. 
Além disso, é muito importante que fiquem claros na pergunta os aspectos que se pretende 
investigar. Eles não devem soar vagos ou imprecisos. Por exemplo, quando ser formula a pergunta 
“Qual o impacto das empresas sobre a vida dos habitantes de Duque de Caxias?”, tem-se um 
problema muito vago, dado que são variadas as empresas nesta região e variados também os 
aspectos da vida dos habitantes que podem ser afetados com a existência destas organizações. Este 
problema vai ficando mais claro na medida em que o investigador identifica, por exemplo, um 
determinado projeto social de uma empresa específica, e então avalia seus impactos sobre um 
aspecto específico da população, como a renda ou o nível de escolaridade. É possível tornar mais 
precisa ainda a pergunta, selecionando-se uma parte da população (por faixa etária, renda, sexo, 
etc.). 
Quanto à segunda característica apontada pelos autores, diz-se que um problema de 
pesquisa é pertinente quando sua solução pode gerar novos conhecimentos, preencher lacunas em 
uma área de pesquisa, explorar um aspecto ainda pouco estudado do tema, aplicar uma nova teoria 
sobre realidades já estudadas ou mesmo usar uma nova metodologia de pesquisa. Em todos estes 
casos diz-se que o trabalho possui uma relevância acadêmica. A questão de pesquisa pode também 
ter relevância empresarial e social, na medida em que contribua para o esclarecimento de 
problemas que afetam o homem, a sociedade e as organizações. 
 4
A terceira característica destaca pelos autores diz respeito às possibilidades reais de 
execução da pesquisa. Uma boa pergunta deve ser realista, isto é, adequada aos recursos 
pessoais, materiais e técnicos com os quais o estudante pode contar. Por exemplo, a pergunta “As 
empresas dos países integrantes do Mercosul aumentaram suas vendas após a formação deste 
bloco econômico?”. Como seria possível a um estudante investigar o balanço financeiro de um sem 
número de empresas, dos mais diversos ramos de negócio, localizadas em países diferentes, desde 
o início da formação do Mercosul até os dias atuais? Certamente o tempo de pesquisa e o orçamento 
necessários para a solução desta questão ultrapassariam seus recursos disponíveis. 
É importante, logo de início, verificar a disponibilidade da organização na qual se pretende 
fazer o trabalho de campo. Sem a cooperação desta, é impossível realizar o trabalho. É preciso, 
antes de tudo, negociar o interesse da organização na realização da pesquisa e sua permissão de 
acesso aos dados, isto é, se ela vai permitir que certas pessoas sejam entrevistadas ou certos 
documentos consultados. Dependendo desta negociação, como alerta Roesch (2005), o estudante 
poderá modificar as variáveis do problema, buscar outra organização como fonte de pesquisa ou até 
mesmo reiniciar o processo de formulação do problema. É importante, contudo, evitar mudanças 
freqüentes no problema de pesquisa, pois são muito desgastantes e consomem tempo e esforço 
intelectual. 
Para que uma pesquisa se torne possível de ser realizada, é importante também evitar as 
questões que passam por juízos de valor, pois estes não podem ser resolvidos cientificamente. 
Kerlinger (1979) lembra que um dos primeiros requisitos para elaborar um problema científico é saber 
reconhecer o que não é um problema científico. Juízos de valor do pesquisador não são passíveis 
de verificação empírica, como por exemplo, o que é “melhor” ou “pior”, o que é “certo” ou “errado” 
acerca de determinado problema. Um exemplo de formulação de problema não científico é a 
pergunta “qual a melhor saída para a questão da pobreza?”. A questão da pobreza, é claro, pode ser 
tratada cientificamente, mas é preciso cuidado na definição das variáveis do problema, de modo que 
este possa ser pesquisado segundo métodos reconhecidos na academia. Todo problema científico 
deve envolver variáveis que possam ser observadas ou manipuladas cientificamente, como por 
exemplo: “a política social X de redução da pobreza elevou a renda da comunidade Y?”. Se é 
possível caracterizar a política social em questão e medir a renda da população alvo da pesquisa, 
então ocorrem duas variáveis que podem ser observadas cientificamente. Outra possibilidade é ligar 
um juízo de valor a um grupo específico que o sustente, como, por exemplo, “qual a melhor saída 
para o problema do desemprego na perspectiva de líderes empresariais?”. Neste caso, o pesquisador 
não emitirá seu juízo de valor, mas descreverá os juízos de valor feitos por um grupo que o defende. 
Portanto, formular uma pergunta clara, que traga alguma contribuição para a administração 
e/ou sociedade e que possa ser respondida a partir de dados empíricos, é uma das tarefas essenciais 
do estudante na elaboração de seu projeto de pesquisa. Para finalizar, uma sugestão de Salomon 
(2000, p. 273): “ainda que não se exija do iniciante uma extraordinária contribuição para o progresso 
científico, não se pode conceder-lhe o direito à mediocridade”. 
 
 
 5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ECO, Umberto. Como se faz uma tese. 6. ed. São Paulo: Perspectiva, 2004. 
 
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999. 
 
KERLINGER, F. N. Metodologia da pesquisa em ciências sociais: um tratamento conceitual. São 
Paulo: Ed. da USP, 1979. 
 
KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e prática da 
pesquisa. 16. ed. Petrópolis: Vozes, 1999. 
 
QUIVY, Raymond; CAMPENHOUDT, LucVan. Manual de investigação em ciências sociais. 3 ed. 
Lisboa: Gradiva, 2003. 
 
ROESH, Sylvia Maria Azevedo. Projetos de estágio e de pesquisa em administração. 3. ed. São 
Paulo: Atlas, 2005. 
 
SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia. 9 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

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