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Lei Penal no Tempo e seus Princípios

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Direito Penal I
Prof. Alexandre Leopoldo.
A LEI PENAL NO TEMPO
Como ato jurídico que é a lei penal como qualquer outra nasce, vive e morre, assim como qualquer outra manifestação de vida
Sanção, promulgação, publicação, revogação e vigência ( 45 dias se ausente disposição)- vacatio legis.
Revogação: Derrogação- parcialmente e Ab-rogação- totalmente. Pode ser expressa ou tácita..
EFICÁCIA DAS LEIS TEMPORÁRIAS E EXCEPCIONAIS:
A) Conceito: Leis temporárias, como foi dito, são aquelas que possuem vigência previamente fixada pelo legislador.
Leis penais excepcionais, são aquelas promulgadas em caso de calamidade pública, guerras, revoluções, cataclismos, epidemias, etc.
B) Ultra atividade das leis temporárias e excepcionais.
As leis temporárias e excepcionais não derrogam o princípio da reserva legal, porém não se aplicam a fatos ocorridos antes de sua vigência.
	São ultra ativas, no sentido de continuarem a ser aplicadas aos fatos, praticados durante a sua vigência mesmo depois de sua auto revogação.
O ARTIGO 3º cuida dessa espécie de lei
Assim, a lei excepcional é revogada pela cessação das “circunstâncias que a determinaram” A temporária pelo decurso do “ período de sua duração”. Nos dois casos, temos a auto revogação. Embora auto revogadas, aplicam-se aos fotos ocorridos “ durante sua vigência”.
Ex: Durante uma guerra, cria-se um crime. A realiza a conduta típica. No transcorrer do processo cessa a eficácia de uma lei temporária ou excepcional. O criminoso será condenado? Sim, esse tipo de lei é ultra ativa.
C) Fundamento: Visa a impedir que tratando-se de leis previamente limitadas no tempo, possam ser frustradas as suas sanções por retardamento dos processos por exemplo.
O artigo 3º do Código Penal não é inconstitucional em face do artigo 5º XL da CF que prescreve a retroatividade benéfica
 
O princípio da retroatividade da lei mais benéfica , não obstante constituir mandamento constitucional não é aplicável as leis temporárias e excepcionais.
Passível de impunidade, violando a isonomia.
A situação de perigo temporária faz parte do tipo penal, é uma questão de tipicidade. Ocorrerá porem a retroatividade benéfica quando a lei excepcional ou temporária, posterior abranger não somente o comportamento descrito pela figura típica, mas também as circunstâncias anormais que o tornaram punível ou merecedor de maior punibilidade. Compreendido o problema ser de tipicidade e não de direito intertemporal, conclui-se não ser inconstitucional o artigo 3º.
PRINCÍPIOS DAS IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL
Regra dominante em termos de conflitos de lei penal no tempo, sem a qual não haveria nem segurança e nem liberdade na sociedade, num flagrante desrespeito ao principio da legalidade e da anterioridade da lei. Direito Subjetivo a liberdade e consagração do artigo 5º XL( a lei não retroagirá, salvo para beneficiar o réu)
 RETROATVIDADE DA LEI MAIS BENIGNA
	O princípio da irretroatividade vige somente em relação a lei mais severa, admite-se a aplicação de lei mais benigna
CONFLITOS DE LEIS NO TEMPO
Artigo 2º “ Ninguém pode ser punido por fato que a lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único: A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
As prováveis hipóteses de choques da lei nova com a anterior são
abolitio criminis: A lei nova deixa de considerar crime fato anteriormente tipificado como ilícito penal. ( artigo 107 III). Faz desaparecer todos os efeitos penais, permanecendo os cíveis
Novatio legis incriminadora: A novatio legis incriminadora, ao contrário da abolitio criminis, considera crime fato anteriormente não incriminado. É irretroativa e não pode ser aplicada a fatos praticados antes da sua vigência, segundo o velho aforisma “ nullum crimem sine praevia lege”. O autor do fato não praticou crime.
Novatio Legis in Pejus: Lei posterior, que de qualquer modo agravar a situação do sujeito não retroagirá( artigo 5º XL). Se houver conflitos entre duas leis, a anterior, mais benigna e a posterior mais severa, aplicar-se a mais benigna: a anterior será ultra ativa, por sua benignidade, e a posterior sera irretroativa por sua severidade. Não esquecendo que a lei penal não retroagirá , salvo para beneficiar o réu. Ocorre a ultra atividade da lei antiga.
Novatio legis in mellius: Pode ocorrer que a lei nova, mesmo sem descriminalizar, Dê tratamento mais favorável ao sujeito. Mesmo que a sentença condenatória encontre-se em fase de execução, prevalece a lex mitior que, de qualquer modo, favorecer o agente, nos estritos termos do parágrafo único do artigo 2º do CP.
TEMPO DO CRIME
A fixação do instante em que o crime ocorre é importante para fins de aplicação da lei penal. Especialmente, na determinação da lei vigente no dia do crime (quando há sucessão de leis), na aferição da imputabilidade do agente no momento do crime
Varias teorias disputam o tratamento do tema relativo ao tempo do crime, podendo destacar, entre elas, as seguintes:
Teoria da atividade - tempo do crime será, o da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Para essa teoria , o que importa é o momento da conduta, comissiva ou omissiva, menos que o resultado dela se distancie no tempo.
Teoria do resultado- determina que o crime será, como a sua própria denominação nos está a induzir, o da ocorrência do resultado. Aqui, sobreleva-se a importância do momento do resultado da infração penal.
Teoria mista ou da Ubiqüidade- concede igual relevo aos dois momentos apontados pelas teorias anteriores, asseverando que tempo do crime será o da ação ou da omissão. Bem como o do momento do resultado.
O Código Penal adotou a teoria da atividade, artigo 4º do CP, é o momento da conduta que o sujeito manifesta a sua vontade, inobservando o preceito proibitivo e, assim, rebelando-se contra a norma que caracteriza o ilícito penal. É justamente no momento da prática delituosa que o sujeito demonstra a vontade de concretizar os elementos objetivos do tipo e sobre o qual recai o juízo de censurabilidade
LEI PENAL NO ESPAÇO
LUGAR DO CRIME ( artigo 6º)- locus commissi delicti)
Antes da análise do Princípio da territorialidade é preciso identificar o lugar do crime, observando as teorias que disputam o seu tratamento. Três teorias tem como escopo a determinação do lugar do crime.
Teoria da atividade- lugar seria o da ação ou da omissão, ainda que outro fosse a ocorrência do resultado
Teoria do resultado- despreza o lugar da ação e lugar do crime sera tão somente aquele aonde ocorreu o resultado
Teoria mista ou da Ubiqüidade- Lugar do crime será o da ação ou da omissão, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
Nosso Código adotou a teoria da ubiqüidade, conforme se verifica no artigo 6º do CP.
Com a adoção da teoria da ubiqüidade resolvem problemas há muito tempo apontados pela doutrina, como aqueles relacionados aos crimes a distancia. 
EX: Bomba enviada da Argentina e explode no Brasil. Se um adotasse a do resultado e o outro da atividade, o autor ficaria impune. Resolve o problema da criminalidade internacional
TERRITORIALIDADE (ARTIGO 5º)
Nosso código acolhe o Princípio da territorialidade, pelo qual a lei penal brasileira é aplicada em nosso território, independentemente da nacionalidade do autor e da vítima do delito. A regra não é adotada em caráter absoluto, pois são previstas exceções: há ressalvas deste próprio artigo 5º( convenções tratados e regras de direito internacional) além dos casos especiais de extraterritorialidade penal(artigo 7º). Por isso diz –se que o Brasil adota a Teoria da territorialidade temperada.
A lei penal, em decorrência do princípio da soberania (fundamento desse princípio), vige em todo o território de um Estado politicamente organizado. No entanto, pode ocorrer, em certos casos, para um combate eficaz a criminalidade, a necessidade de que os efeitos da lei penal ultrapassem
os limites territoriais para regular fatos ocorridos além de sua soberania, ou então, a ocorrência de determinada infração penal pode afetar a ordem jurídica de dois ou mais estados soberanos. Surge assim, a necessidade de limitar a eficácia espacial da lei penal, disciplinando qual deve ser aplicada em tais hipóteses.( teoria temperada)
§ 1º Artigo 5º- Considerou para efeitos penais, como extensão do território nacional, as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro aonde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto mar. Esta Segunda parte do artigo significa que onde não houver soberania de qualquer pais, como é o caso de alto mar e o espaço aéreo a ele correspondente, se houver uma infração a bordo de uma aeronave ou embarcação mercante ou de propriedade privada, de bandeira nacional, sera aplicada a lei federal
§ 2º do artigo 5º do CP, determinou também a aplicação da lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves e embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-as aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. O legislador como, como se verifica pela redação do mencionado parágrafo, referiu-se tão somente as aeronaves e embarcações estrangeiras de propriedade privada, haja visto que as de natureza publica ou a serviço de governo estrangeiro são também consideradas como extensão do território correspondente a sua bandeira, tal como previsto no § 1º do artigo 5º do CP, para as aeronaves e embarcações de natureza publica ou a serviço do governo brasileiro.
O parágrafo 2º manda aplicar a lei brasileira as embarcações e aeronaves estrangeiras privadas em certas situações.
Imunidades Diplomátcas
	 As sedes diplomáticas (embaixadas, sedes de organismos internacionais etc.) já não são consideradas extensão do território estrangeiro, embora sejam invioláveis como garantia aos representantes alienígenas. Na convenção de Viena, determina-se que “ os locais da missões diplomáticas são invioláveis, não podendo ser objeto de busca, requisição, embargo ou medida de execução.” Fica assegurada a proteção a seus arquivos, documentos, correspondência etc. incluindo dos consulados, por não pertencerem ao cônsul, mas o Estado a que ele serve.
EXTRATERRITORIALIDADE( ARTIGO 7º)
Como exceção ao artigo 5º este artigo 7º prevê casos especiais de extraterriotorialidade, pela aplicação de outros princípios, como os da defesa, da nacionalidade, da justiça universal e da representação.
Extraterritorialidade incondicionada- São as hipóteses do inciso I( Principio da defesa).
Extraterritorialidade condicionada- Hipóteses do inciso II (Princípios da nacionalidade ou da personalidade), visa a impedir a impunidade de nacionais por crimes praticados em outros países, que não estejam abrangidos pelo critério da territorialidade

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