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INTRODUÇÃO - O objetivo de um tratamento endodôntico é sempre ter sucesso, mas nem sempre é a realidade. “Retratar não é só remover a guta percha” - Remover é apenas uma etapa do retratamento - A reintervenção em endo é um conjunto de etapas que vai promover o sucesso do tratamento etapas 1) 1ª Etapa: acessso - Se vai retratar precisa abrir novamente o canal 2) 2ª Etapa: localizar o material obturador - Para isso muitas vezes vai precisar romper uma coroa, e como rompe? 3) 3ª Etapa: remover a guta percha - Não precisa ter tanta importância, saber os métodos para remover a guta 4) 4ª Etapa: reinstrumentar - Precisa lidar com o canal como se ele nunca tivesse sido instrumentado antes, tudo novamente 5) 5ª Etapa: reobturar - Colocação de um novo material obturador 6) 6ª Etapa: selamento coronario - Fazer a blindagem desse canal, o tratamento é muito importante, mas o selamento coronário é de igual importância - como? com restauração? coroa, pino… 7) 7ª Etapa: proservar - Se é um dente que você já tratou você deve procurar rotas alternativas “O que eu posso fazer diferente para que o tratamento dê certo?” - é um jogo de tentativas, deve-se procurar fazer o que não foi feito - usar outra medicação intracanal, agitar mais a solução irrigadora, instrumentar mais QUAL O ÍNDICE DE SUCESSO DE UM RETRATAMENTO? - é bastante alta, mas não tão alto quanto primeiro tratamento (no tratamento o índice cai um pouco) - depende principalmente de um fator: manter a anatomia do canal - quando a anatomia é alterada, há degrau, transporte, perfuração e você não consegue retomar a anatomia original, vai haver um baixo índice de sucesso do retratamento Quando o paciente vai fazer um tratamento nunca se pode garantir o sucesso do tratamento (você não sabe o que foi feito anteriormente PERGUNTAS A SEREM FEITAS 1) Consegui remover a maior parte do material obturador? - provavelmente aquela guta está contaminada, deixando guta está deixando MO - sempre se esforçar para remover o máximo de guta do canal - fazer sempre radiografias para acompanhar a remoção da guta 2) O forame apical foi localizado? - o alvo do retratamento muitas vezes é instrumentar até o forame, com muita paciência, retomando a trajetória original do canal e eliminando degraus Porção apical não instrumentada 3) Foi possível preparar o canal? - você desceu até o forame e instrumento de forma correta ate o final Se esses três critérios forem atendidos, você terá um alto índice de sucesso CRITÉRIOS NA DETERMINAÇÃO DO SUCESSO ENDODÔNTICO - na endodontia você não obtém sucesso se não proservar, você não pode dizer ao paciente que o caso está resolvido sem acompanhar, principalmente em retratamento - o acompanhamento do caso é necessário para a definição do êxito da terapia - após o tratamento o paciente já sai marcado para retornos clínicos e radiográficos para verificar a eficácia do retratamento - a literatura é muito ampla, varia de 6 meses a 10 anos, não tem um tempo ideal para dizer se houve sucesso - o que fazer no dia a dia clínico em casos clínicos simples: marcar com 6 meses o retardamento avaliar clínico e radiograficamente, no primeiro ano controle semestral, depois o paciente vai anualmente Nem todo paciente volta, há uma relutância do paciente em encontrar tempo para a realização do acompanhamento quando o dente está bem clinicamente. É necessário que o profissional fique recrutando o paciente para que ele volte CRITÉRIOS CLÍNICOS PARA DEFINIR SE O RETRATAMENTO OBTEVE SUCESSO 1) ausência de dor 2) ausência de edema 3) ausência de fístula 4) dentes restaurado ou reabilitado em oclusão SEMPRE ORIENTAR O PACIENTE A RETORNAR PARA ACOMPANHAR CRITÉRIOS RADIOGRÁFICOS - aproximadamente 30% de lesões que existem microscopicamentes não são visíveis por meio da radiografia convencional - às vezes a lesão pode estar se iniciando e não é possível visualizar radiograficamente, não é pq voce não ve lesão que ela não existe - a destruição óssea leva tempo para ser visualizada, por isso precisa acompanhar o paciente anualmente 1) uniformidade do ligamento periodontal 2) ausência de rarefação óssea periapical 3) ausência de reabsorção radicular apical - provavelmente você não vai ter a radiografia do tratamento inicial do paciente e não vai identificar se a lesão regrediu ou não, então radiografa na primeira consulta e compare com 2-3 anos - Radiografia isolada não indica retratamento, se o paciente não tem nenhum sinal clínico, mas radiograficamente apresenta lesão na radiografia e você não tem a radiografia inicial do paciente isso não quer dizer que ele precise de retratamento, pois você não tem como garantir que aquela lesão não está na verdade regredindo Critérios para seleção de casos para retratamento 1) história do caso: - tenha em mente a história do dente, se você não tem, o paciente está começando do zero com você 2) tempo de tratamento anterior: - se você acompanha um paciente que acabou de retratar (6 meses por exemplo), se o dente clinicamente está bom e radiograficamente tem lesão, é pouco tempo para decidir retratar (acompanha mais antes de decidir) - em contrapartida se houver dor, edema, fístula tudo bem retratar 3) sintomas atuais: oclusais ou periodontais - Em caso de dor no dente retratado, checar sempre primeiro a oclusão, pois se a restauração ficar alta mesmo que seja em um ponto, causa dor. - Às vezes também o paciente apresenta um problema periodontal que está ocasionando a dor e não o canal OBS: procure sempre outra alternativa para aquela dor que o paciente está sentindo, checar a oclusão, checar se há problemas periodontais associados 4) canais não retratados - se houver um canal esquecido, o tratamento não terá sucesso - procura a possibilidade haver um canal extra mesmo que habitualmente não tenha 5) fatores redutores de sucesso - pacientes imunossuprimidos, pacientes com neuralgias, que não fazem a reabilitação do dente Critérios na seleção de casos para retratamento 1) quando um exame radiográfico revela obturação endodôntica inadequada de um canal radicular 2) exposição da obturação do canal radicular ao meio bucal por um longo período. - Em dente aberto, com resina infiltrada, amálgama infiltrada, dente fraturado. - Se o paciente ficar com o dente aberto por 3 meses ou mais já é indicado o retratamento do canal 3) quando no exame clínico do dente tratado endodonticamente revelar: persistência de sintomas objetivos, desconforto a percussão e a palpação, fístula ou edema, mobilidade, impossibilidade de mastigação 4) presença de rarefações ósseas em áreas perirradiculares previamente inexistentes, espaço do ligamento periodontal aumenta, maior que 2mm, ausência de reparo ósseo em uma reabsorção perirradicular, aumento de uma área radiotransparente, não formação de nova lâmina dura, evidência de progressão de uma reabsorção radicular 5) dentes que serão submetidos a cirurgia perirradicular (parendodôntica), nos casos em que o canal radicular se apresenta inadequadamente instrumentado e obturado - se foi você que limpou o dente, sabe que está muito bem instrumentado, que nao pode melhorar encaminha direto para cirurgia parendodôntica - se houver alguma coisa que você faria diferente, faz o retratamento CASO CLÍNICO Dente aberto e exposto ao meio bucal há 1 ano, em sintomas clínicos ou radiográficos Aspecto radiográfico: - obturação satisfatória - sem lesão periapical - indicação de pino e coroa RESOLUÇÃO: - Fazer o retratamento, por ter ficado um ano exposto ao meio bucal e haver indicação de pino e coroa, a indicação é retratar pois há risco de comprometer a coroa e o pino futuramente. - O canal foi realizado em duas sessões, após 15 dias de medicação intracanal com hidróxido de cálcio. CASO CLÍNICO E quando não existe possibilidade de acesso ao terço apical? - há um instrumental fraturado impossibilitando esse acesso, é um fatorredutor de índice de sucesso Conduta: - 3 sessões - desobturar, instrumentar até onde pode, obtura novamente, encaminhar para cirurgia, proserva (acompanha) o caso - nesse caso o sucesso do tratamento dependia do acesso ao terço apical que não seria possível por conta do instrumento, como esgotaram as alternativas para o tratamento desse dente, encaminha-se para a cirurgia parendodôntica - na terceira sessão os canais já haviam sido des obturados, então obtura-se novamente e encaminhar para cirurgia Finalização: lesões pós tratamento endodôntico Só tem como saber, se tiver a documentação inicial do paciente 1) emergente ou secundária: quando a lesão estava ausente e se desenvolveu após o tratamento 2) persistente ou refratárias: que persistiram apesar do tratamento 3) recorrentes: que reapareceram tardiamente após terem sido reparadas causas de fracasso endodôntico 1) infecção intrarradicular- maioria dos casos - bactérias unidas em biofilme misto 2) infecção extrarradicular - 6% - as bactérias sairam de dentro do canal e estão colonizando a superfície externa da raiz - por ser por: extensão de uma infecção intra radicular, lesão endoperio ou extrusão de raspas de dentina 3) sobreobturação - extravasamento de guta percha - é muito pouco provável que, na ausência de uma infecção concomitante, a guta percha seja capaz de induzir ou perpetuar uma lesão perirradicular quando extravasados pelo forame apical - o fracasso associado às sobreobturação está relacionado com a presença de uma infecção concomitante 4) infiltração coronária - quando o dente está aberto Causas de dentes extraídos tratados endodonticamente Obs: IMPORTÂNCIA IGUAL DE RETRATAR E REABILITAR Lopes e Siqueira: se o dente está exposto a saliva por mais de um mês e há indicação de pino, pilar de ponte fixa, coroa, deve sempre retratar! 5) Cistos verdadeiros - não há como distinguir de um cisto em bolsa radiograficamente (um cisto verdadeiro é revestido em epitélio e não há comunicação com o canal, então não regride: tratamento é cirurgia) - a conduta é retratar - o cisto em bolsa regride com o retratamento, o verdadeiro não retratamento x cirurgia parendodôntica 1) O dente já foi retratado? - dentes tratados 4 ou 5 vezes são fortes candidatos a cirurgia 2) Você realizou o tratamento anterior? 3) O tratamento está satisfatório? - será que retratar vai mudar alguma coisa? 4) O dente possui pino intrarradicular - muitas vezes a remoção do pino fragiliza as estruturas remoção do material obturador - instrumentos manuais/mecânicos: rotativos/reciprocantes ou limas de aço inoxidável/gates glidden Obs: limas não geram calor, logo necessita de solvente. - térmica: calcadores aquecidos, aparelhos especiais - ultrassom: clearsonic, flatsonic (gera um desgaste seletivo, remove guta mas não desgasta dente) empregar ou não o solvente? Com o emprego de instrumentos acionados mecanicamente não há necessidade do uso de solventes de guta percha, porque o atrito de instrumento contra a guta gera calor suficiente para plastificar-lá, o que permite o avanço no sentido apical e a remoção do material obturador para a câmara pulpar por meio dos canais helicoidais dos instrumentos mecanizados - solventes são citotóxicos quando extravasados por via apical - formam uma camada residual de material obturador aderida as parede dentinárias de difícil remoção - usar sempre em pouca quantidade “o emprego de solvente pode favorecer a ocorrência maior de remanescentes de material nas paredes do canal e no interior dos túbulos dentinários" uso dos ultrassons - é o método mais seguro atualmente de remoção de guta - pontas ultrassônicas devem ser usadas para remover a guta percha das porções cervicais e médias do canal - esse método é mais rápido do que o uso de limas manuais e também ajuda a preservar a anatomia do canal porque os materiais obturadores são removidos com uma perda mínima de dentina
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