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Diarreia do viajante- APG S9P1

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APG S9P1-Diarréia do viajante| Ilana Maria Maia, 4° Período, Medicina.
Diarréi� d� viajant�
Definiçã�
O termo diarréia dos viajantes define um grupo de doenças resultantes da ingestão
de água e alimentos contaminados por agentes infecciosos (bactérias, vírus,
helmintos e protozoários) que causam diarréia através da produção de
enterotoxinas ou da invasão da mucosa gastrointestinal.
Etiologi�
A DV adquire-se pela ingestão de bebidas e/ou alimentos contaminados com fezes.
Alimentos particularmente arriscados incluem carne, peixe ou marisco crus ou mal
cozinhados e fruta ou vegetais crus. Água da torneira, gelo e leite e derivados
não pasteurizados podem associar-se a aumento do risco de DV; bebidas seguras
incluem as engarrafadas (sobretudo as gaseificadas), cerveja, vinho, café ou chá
quentes água fervida e adequadamente tratada com iodo ou cloro. Também o local
de preparação dos alimentos é importante, com risco crescente das casas privadas
para os restaurantes e destes para as vendas de rua.
Os agentes infecciosos são a principal causa de DV. A flora microbiana do tubo
digestivo pode modificar-se de forma rápida e profunda, geralmente contendo
microrganismos com potencial patogênico entérico. Quando o inóculo de
microrganismos patogénicos ingeridos é suficientemente grande para ultrapassar
os mecanismos de defesa do hospedeiro manifesta-se a DV.
Agente� etiológic�
→ As bactérias são a principal causa de diarréia dos viajantes (80 a 90%).
Dependendo do local de destino a Escherichia coli enterotoxigênica (produtora de
toxinas – ETEC) pode ser responsável por 25-50% dos casos, seguida em
frequência por espécies de Shigella, Salmonella e Campylobacter.
→ Os vírus (adenovírus, astrovírus, rotavírus e calicivírus) também têm papel
relevante, podendo causar surtos em navios (norovírus, um dos calicivírus).
→ Dentre os parasitas intestinais a Giardia lamblia é o principal patógeno, e
juntamente com Entamoeba histolytica, Cryptosporidium parvum e Cyclospora
cayetanensis é a causa mais frequente de diarréias mais prolongadas com duração
superior a 14 dias.
As intoxicações alimentares são causadas pela ingestão de toxinas pré-formadas.
Clinicamente cursam com vômitos e diarréia que cessam espontaneamente em 12
horas.
APG S9P1-Diarréia do viajante| Ilana Maria Maia, 4° Período, Medicina.
Fatore� d� risc�
● Condições sanitárias e de higiene locais;
● Destino da viagem;
● Época da viagem, a duração, o estilo de viagem;
● As condições de alojamento e de alimentação;
● Idade (a DV é mais frequente as suas complicações poderão ser mais
graves nos extremos etários);
● Estado de saúde do viajante.
Transmissã�
A maioria dos agentes infecciosos é adquirida através de transmissão fecal-oral,
resultante da contaminação da água e alimentos por dejetos, direta ou
indiretamente. Nos alimentos, a contaminação pode ocorrer antes, durante ou após
o preparo. O armazenamento incorreto de alimentos (ou insumos) em temperaturas
inadequadas (entre 5 e 60 °C) por um período longo de tempo (horas) facilita a
multiplicação dos agentes infecciosos. Idosos, crianças, indivíduos com diminuição
da acidez gástrica, gastrectomizados, portadores de doenças crônicas intestinais e
imunodeficiências têm um risco maior de gravidade da doença.
Manifestaçõe� clínica�
DV caracteriza-se por aumento da frequência das dejecções para pelo menos o
dobro do habitual e por emissão de fezes pastosas ou líquidas. Pode
acompanhar-se de cólicas abdominais, náuseas, vómitos, febre e/ou sangue nas
fezes.
→ DV aguda:
Possui início súbito,descrevendo-se basicamente duas formas de apresentação:
• Aquosa:
Afeta cerca de 60% dos viajantes. O agente mais comum em todo o Mundo
é Escherichia coli enterotoxigênica (ETEC). Caracteriza-se pela emissão de
fezes pastosas ou aquosas, sem sangue.
Sintomas acompanhantes incluem dores abdominais de tipo cólica, náuseas,
vómitos, flatulência, urgência para evacuar, febrícula e mal-estar. O principal perigo
é a desidratação, particularmente nas crianças e nos idosos. A imediata
reposição hídrica e o tratamento antibacteriano precoce são geralmente bem
sucedidos.
• Disentérica:
Muito mais rara, afeta até 15% dos viajantes. Resulta de uma infecção intestinal
mais grave, com invasão da parede, causada por algumas bactérias (como
Shigellaspp.,Salmonella spp., Campylobacterspp.) e, menos frequentemente, por
parasitas (por ex.Entamoeba histolytica). A disenteria caracteriza-se pela presença
de sangue nas fezes com ou sem muco, febre, cólicas abdominais e prostração. Os
episódios de DV geralmente ocorrem durante a viagem ou logo após o regresso
e habitualmente são auto limitados, com duração média de 3 a 5 dias no máx 1
semana.
APG S9P1-Diarréia do viajante| Ilana Maria Maia, 4° Período, Medicina.
→ DV crônica:
Considera-se DV crônica quando os sintomas persistem mais do que um mês.
Este tipo de diarreia pode acompanhar-se de dor abdominal vaga, enfartamento,
náuseas, perda de apetite, cansaço, emagrecimento e febrícula. A DV crônica é
menos frequente e distinta da aguda no que se refere à etiologia e aos fatores
de risco.
A maioria dos casos de DV crónica não é infecciosa. As situações de etiologia
infecciosa são geralmente causadas por parasitas
Complicaçõe�
Um episódio de diarreia do viajante resolve-se
espontaneamente em pouco tempo: existe, contudo, a possibilidade de se prolongar
por
mais tempo que o previsto e transformar-se numa complicação, como:
● Síndrome do cólon irritável;
● Apendicite;
● Artrite reativa;
● Síndrome de Guillain-Barré.
Diagn�tic�
Diagnóstico clínico:
Além de se identificar o tipo de diarreia que o indivíduo tem, devem ser feitas várias
avaliações, nomeadamente a avaliação do doente e do seu grau de desidratação, e
posteriormente testes de diagnóstico que permitirão saber qual o microrganismo
responsável pelo aparecimento da diarreia.
História clínica:
Realização de viagens recentes, nomeadamente a países onde a diarreia do
viajante é mais prevalente, consumo de alimentos crus ou mal cozinhados e águas
não engarrafadas, a caracterização das fezes, como sejam o número de dejecções
APG S9P1-Diarréia do viajante| Ilana Maria Maia, 4° Período, Medicina.
diárias, se há presença de sangue ou muco e se são acompanhadas de sintomas
como vómitos e se fez antibioterapia ou outro tipo de medicação
Exame físico:
É fundamental a realização de um exame físico no indivíduo com diarreia do
viajante de modo a caracterizar a gravidade clínica. A perda rápida de peso,
pressão arterial baixa, taquicardia e presença de febre são alguns dos sinais
averiguados no exame físico e que indicam desidratação devido à grande perda de
água e eletrólitos característica dos episódios diarreicos.
Análise de sinais de desidratação:
No adulto: os sinais de desidratação manifestam-se sobretudo a nível dos fluídos
biológicos, pele, olhos e pressão arterial do doente
Na criança: verificam-se essencialmente as mesmas características que no
indivíduo adulto dando maior ênfase à temperatura corporal e à fontanela no caso
dos lactentes
Exames laboratoriais:
● Exames de fezes;
APG S9P1-Diarréia do viajante| Ilana Maria Maia, 4° Período, Medicina.
Obs: Exames diagnósticos raramente são necessários, mas às vezes, são
realizados exames em amostras de fezes para verificar a presença de bactérias,
vírus ou parasitas.
Tratament�:
O tratamento básico da diarréia do viajante e das intoxicações alimentares consiste
em:
→ Reidratação: que deve ser iniciada o mais precocemente possível. Em casos
leves, a reidratação pode ser feita por via oral, preferentemente com uma solução
reidratante contendo eletrólitos (sais) e glicose, em concentrações adequadas (sais
de reidratação oral). Pode ser ingerida de acordo com a aceitação, com freqüência e
volume proporcionais à intensidade da diarréia. Deve ser alternada com outros
líquidos (água, chá, sopa). A alimentação deve ser reiniciada após trêsa quatro
horas de aceitação adequada da reidratação oral e, nos lactentes, o aleitamento
materno deve ser mantido desde o início.
Obs: Em crianças, devem ser evitados os medicamentos contra vômitos, uma vez
que podem ocasionar intoxicação, com diminuição do nível de consciência e
movimentos involuntários, dificultando a ingestão da solução oral de reidratação.
Além disso, esta medicação é geralmente desnecessária, uma vez que os vômitos
tendem a cessar com o início da reidratação.
→ O uso de medicamentos como antibióticos e antiparasitários, pode estar indicado
(ou não) em casos de diarréia que evoluem com febre, presença de sangue ou pus
e nas que se manifestam por um período de tempo prolongado.
Medicamentos que atuam reduzindo a secreção de líquido da mucosa intestinal
(como o subsalicilato de bismuto) tem início de ação lento, posologia pouco
conveniente (quatro doses por dia), risco de toxicidade associada ao salicilato e,
adicionalmente, podem interferir na absorção de antibióticos (como a doxiciclina).
Os casos mais graves devem ser hospitalizados para hidratação venosa até a
melhora das condições clínicas da pessoa e, tão logo quanto possível, a reidratação
oral deve ser feita simultaneamente.
APG S9P1-Diarréia do viajante| Ilana Maria Maia, 4° Período, Medicina.
Prevençã�:
Referências:
1-ABBAS, Abul K. et al. Robbins patologia básica. Elsevier Brasil, 2008.
2-ANDRÉ, Maria Matilde Miranda Garcia et al. Diarreia do viajante. 2019. Dissertação de Mestrado.
3-DANI, Renato. Gastroenterologia essencial. In: Gastroenterologia essencial. 2006. p. x, 1203-x,
1203.
4-JESUS, João Gilberto de Sá de. Protocolo de diagnóstico e tratamento de síndromes disentéricas
em operações. 2020.
5-MURPHY, Holly et al. Traveler’s diarrhea in Nepal—changes in etiology and antimicrobial
resistance. Journal of travel medicine, v. 26, n. 8, p. taz054, 2019.
6-SILVA, Giselia Alves Pontes da. Gastroenterologia e hepatologia em pediatria: diagnóstico e
tratamento. 2004.

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