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Introdução O que é hemoterapia? Terapia que utiliza sangue total ou seus componentes; Prática da transfusão sanguínea. Doador → receptor Objetivos: - Geral: terapia de reposição → reparar deficiências → manter a vida. - Específicos: Restabelecimento da capacidade de transporte de oxigênio pelo sangue; Recuperação da volemia em casos de perdas agudas de sangue; Restauração da função hemostática; Reparação da concentração plasmática de proteínas; Transferência de imunidade passiva. Indicações clínicas da hemoterapia: Anemia (aguda ou crônica); Hemorragia ou hemólise aguda; Distúrbios de coagulação; Hipoproteinemia. Grupos sanguíneos Marcas genéticas na superfície dos eritrócitos as quais são antigênicas e específicas para cada espécie. Cães: 8 grupos DEA (dog erytrocyte antigen) DEA 1 (subgrupos 1.1 e 1.2) = maior potencial antigênico (1.1 só pode receber de 1.1; 1.2 só pode receber de 1.2). Os anticorpos naturais não ocorrem. DEA 3, DEA 4, DEA 5, DEA 6, DEA 7 (grande potencial antigênico) e DEA 8. Gatos: 3 grupos A, B e AB = todos podem apresentar anticorpos naturais (possível reação na 1ª transfusão). A transfusão de sangue de uma espécie para outra pode levar a graves patologias condicionadas à aglutinação e hemólise dos eritrócitos estranhos à espécie. A diversidade de grupos sanguíneos dos animais e a falta de reagentes dificultam a tipagem e o pareamento. Alternativa à tipificação – Teste de Reação Cruzada Teste de Reação Cruzada: Reduz o riso de reações transfusionais em pacientes sensibilizados (histórico de transfusão ou reação transfusional), com anticorpos naturais ou que necessitem de múltiplas transfusões Detecta incompatibilidades, mas não garante a compatibilidade completa (não avalia leucócitos ou plaquetas) antigenicidade dos leucócitos é rara, mas pode ocorrer. Deve ser feito com sangue fresco. A incompatibilidade é observada em forma de hemólise ou aglutinação (positivo). Reação cruzada principal: 2 gotas de suspensão de hemácias do doador e gotas de pasma do receptor → detecta a presença de anticorpos séricos do receptor contra antígenos eritrocitários do doador Reação cruzada secundária: 2 gotas de suspensão de hemácias do receptor e 2 gotas de plasma do doador → detecta a presença de anticorpos séricos do doador contra antígenos eritrocitários do receptor. Procedimentos pré-transfusionais Seleção dos doadores: Adulto, dócil, clinicamente saudável, vacinado, não obeso, negativo para hemoparasitas e doenças infecciosas em geral, sem histórico de transfusão. Cães: ≥ 25 kg; Ht > 40% e Hb ≥ 13 g/dl Gatos ≥ 5 kg; Ht > 35% e Hb > 11 g/dl Doadores universais: Caninos: DEA 4 e negativo para DEA 1.1, DEA 1.2 e DEA 7. Felinos: não há. Colheita do sangue em cães: Técnica: Veia jugular/assepsia; Material: agulha grosso calibre/equipo transfusão/bolsa transfusão c/anticoagulante; Coleta por gravidade/suave agitação da bolsa. Obs: preenchimento de 75% da bolsa. Volume: 20% da volemia sanguínea (8% PV = volemia L) ou 13 – 17 ml/kg a cada 3 ou 4 semanas. Colheita do sangue em gatos: Técnica: Veia jugular/assepsia; Material: agulha grosso calibre/seringa de 60 ml com 7 ml de anticoagulante; Coleta por sucção e utilização imediata. Volume: 11 – 15 ml/kg a cada 3 semanas. Hemocentros veterinários Conservação: Em recipiente com solução anticoagulante e preservativa combinada. Citrato de sódio 3,8% = usado para colheita de sangue para transfusão imediata (1 ml/10 ml sangue); Citrato ácido dextrose (ACD) e citrato fosfato dextrose (CPD) = preservam o sangue durante 21 dias (10 ml/60 ml sangue). Citrato fosfato dextrose adenina (CPDA 1) = preserva o sangue por 35 dias (10 ml/60 ml sangue). Estocagem: Identificação e data da colheita. Sangue fresco total = pode ser mantido à temperatura ambiente, com agitações suaves, por menos de 8 horas antes da transfusão. Armazenamento = refrigeração (1 a 6° C) por 21 dias. Quando fazer? Severidade dos sinais clínicos; Achados laboratoriais. Qual componente escolher? Tipo de perda e reposição necessária; Disponibilidade. Terapia com componentes Melhor aproveitamento do sangue total; Tratamento específico; Minimiza a ocorrência de reações transfusionais; Evita a sobrecarga circulatória e administração de componente desnecessários. Sangue total: - Fresco: Coletado imediatamente antes da transfusão (até 4-6 horas); Preserva todos os componentes. - Estocado: Armazenado sob refrigeração (1-6°C). Conservado em CPD (21 dias) ou CPDA-1 (35 dias). Fornece hemácias, proteínas plasmáticas e fatores de coagulação estáveis. Indicações: Anemia grave decorrente da perda aguda de sangue; Anemia c/trombocitopenia; Depressão da hematopoiese; Anemia hemolítica grave. Hemorragias ativas; Choque hemorrágico; Cirurgias prolongadas e cruentas. Vantagem → disponibilidade. Cálculo do volume a ser transfundido: Vt = Htde - Htr Htd x 90 ml/kg (cão) ou 60 ml/kg (gato) Vt = volume sanguíneo a ser transfundido (ml) Htde = hematócrito desejado Htr = hematócrito do receptor Htd = hematócrito do doador 20 ml/kg eleva 10% o Ht Concentrado de hemácias: Obtido por centrifugação do sangue fresco total (VG 70-80%). Armazenado sob refrigeração. Conservado em CPD (21 dias) ou CPDA-1 (35 dias). Indicação: anemias decorrentes da perda ou destruição das hemácias sem hipovolemia, ou com risco de sobrecarga circulatória. Hemoparasitoses; Verminoses; Neoplasias; IRC; Anemia hemolítica. Volume: 10 ml/kg (eleva 10% o Ht). Plasma: Plasma fresco ou fresco congelado O plasma fresco é obtido por centrifugação do sangue fresco total e pode ser congelado (-18°C) até 6 horas após a colheita (estocado por até 1 ano). Preserva todos os fatores de coagulação (fresco), proteínas plasmáticas e imunoglobulinas, gorduras, carboidratos e minerais. Indicações: deficiência de fatores de coagulação, hipoproteinemia, hipoalbuminemia, expansão do volume plasmático (hipovolemia) sem anemia concomitante, transferência de imunidade, queimaduras. Volume: 6-10 ml/kg Plasma rico em plaquetas (PRP): Obtido por centrifugação diferencial do plasma fresco. Concentrado de plaquetas (CP): Obtido por centrifugação adicional do plasma rico em plaquetas. Indicação de ambos: pacientes trombocitopênicos com sangramento ativo ou em pré-operatório, e pacientes submetidos à quimioterapia ou radiação. Volume: 5 ml/kg (eleva a contagem plaquetária em 5000 – 10000 pl/mm3). Crioprecipitado: É a porção insolúvel que permanece após o descongelamento parcial do plasma fresco congelado. Estocado a - 30°C por até 1 ano. É rico nos fatores VIII, vWF e fibrinogênio. Indicações: hemofilia, doença de Von Willebrand, deficiência de fibrinogênio, intoxicação por cumarina. Volume: 12-20 ml/kg (em doses repetidas até parar o sangramento). Indicações: Coagulopatias hereditárias; Coagulopatias adquiridas; Hipoproteinemia; Hemofilia; Hepatopatias; CID; Má absorção/gastroenterites; Pré e trans cirúrgico; Doenças de VonWillerbrand; Intoxicação por dicumarínicos; Acidentes com animais peçonhentos; Queimaduras severas; Hipovolemia. Transfusão sanguínea Administração: Sistema de filtro; Aquecimento 37°C banho-maria (exceto PRP); Vias: endovenosa (jugular ou cefálica) /intraóssea/intraperitoneal (absorção baixa); Frequência: Inicial: 4 ml/kg/hora nos primeiros 30 minutos; Posterior: 4-22 ml/kg/hora até no máximo 4h (evitar contaminação). Complicações – reações não imunes: Sobrecarga circulatória; Anormalidades hemostáticas; Anormalidades metabólicas; Transmissão de doenças; Hipotermia; Sepse; Embolia. Complicações – reações imunes: Hemólise (hipotensão e choque agudo, hemoglobulinemia, hemoglobinúria, CID e IRA); Hipersensibilidade do tipo I (edema facial, prurido, urticária, anafilaxia). Tratamento: Interromper a transfusão; Administrar anti-histamínico (difenidramina 1-2 mg/kg) e/ou glicocorticosteróide (predinisona 4 mg/kg); Na anafilaxia: adrenalina, fluidoterapia e glicocorticoide. Pontos a serem considerados na transfusão sanguínea: Exame clínico minucioso, revisão do histórico e de exames laboratoriais; Avaliar o tipo de perda/reposição necessária; Atentar para a profilaxia das reações transfusionais (triagem do doador, adequada colheita, conservação, armazenagem e manipulação do sangue, realização do teste de reação cruzada); Calcular o volume necessário e a frequência de administração; Monitorar o tratamento: verificar os efeitos desejados e detectar as reações transfusionais imunes.
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