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Cultura das Mídias Aula 4

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Cultura das Mídias
Aula 4. Profa. Isabel Spagnolo
Do lúdico à sedução fria.
Jean Baudrillard.
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Jean Baudrillard
Sociólogo, poeta e fotógrafo. Seus estudos sobre o campo da comunicação de massa fazem parte da escola francesa, que nos anos 60 formulou teorias e hipóteses sobre os media.
Baudrillard formulou críticas à sociedade de consumo e aos mass media. É o mais severo crítico da cultura das mídias. 
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O autor era um dissidente da verdade absoluta, acreditando ser essa relativa e trabalhava no campo das hipóteses. 
Outro conceito por ele rejeitado foi o da pós-modernidade. Baudrillard, ao contrário de outros autores, considerava esse conceito inexistente. Ele pensava a sociedade contemporânea a partir do hiper-realismo. 
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Funcionalidade e Ambiência
Funcionalidade e Ambiência são dois conceitos formulados pelo autor nos anos 60. 
Esses dois conceitos são construídos a partir da representação dos objetos em signos e imagens. Para ele, os signos representavam os objetos e esses objetos possuíam uma funcionalidade dentro dos ambientes. 
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Um de seus exemplos para caracterizar as mudanças ocorridas com o hiper-realismo, foi a mobilidade dos objetos na composição dos ambientes. 
Na sala de estar burguesa existia uma rigidez visível nos objetos que compõem o ambiente e sua integração com eles. Todo espaço da casa era dividido e orientado para funções específicas. 
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Hoje, o sofá da sala de estar contemporânea esconde uma cama e essa sala serve também de dormitório. 
A mobilidade, nesse contexto, atinge pessoas e objetos. 
Ainda quanto a representação dos objetos, Baudrillard afirmava que cada objeto adquire sua própria representação
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através do signo.
No hiper-realismo, as representações dos objetos, ou signos passam a combinar. Existe uma equação combinatória e de soma não de objetos em si, mas dos signos. 
Exemplo: a televisão, na composição da sala de estar, serve para a transmissão da
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programação de conteúdos desenvolvidos pelos canais. 
Segundo Baudrillard, o signo que representa a televisão vai se combinar com um outro signo que é o signo da elegância, design moderno. Essa combinação do signo televisão com mais o signo elegância vai resultar num novo 
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signo e numa nova função para o objeto em si. Nesse contexto, o indivíduo estabelece relações não mais com objetos, mas com suas representações, com suas imagens, seus signos. 
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SIGNO TELEVISÃO 
+
 SIGNO ELEGÂNCIA
=
NOVO SIGNO
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É, nesse sentido, que se dá o hiper-realismo, pois nele não há mais diferença entre a realidade e a fantasia. O indivíduo não separa mais esses dois planos, uma vez que ele se relaciona fundamentalmente com a imagem, representação, signo. Esses signos exercem cada vez mais fascínio sobre ele em função do fetiche da mercadoria. 
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Fetiche e reificação são dois conceitos marxistas sobre a inversão da relação sujeito e objeto. 
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Multimídia
Baudrillard refletiu sobre o fim da mídia. Para ele a mídia acabou e hoje existe a multimídia. Somos alcançados por celulares e outros dispositivos da comunicação todo o tempo. 
Sendo assim, somos inseridos numa espécie de jogo combinatório de signos, passando a ocupar um espaço cada vez mais simbólico. 
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Nesse contexto, entramos na esfera da virtualidade que funciona como simulação do real, um plano artificial. 
Nessa virtualidade, percebemos o mundo através das representações ou signos correspondentes ao objeto. 
Para Baudrillard, o virtual potencializa a natureza artificial, simulacional, hiper-real do processo comunicacional. 
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A mídia transformou a comunicação em espetáculo. A massa absorve o espetáculo, mas deixa de lado o conteúdo que se pretendia transmitir. 
Para ele, a era da comunicação virtual é o fim da era da comunicação.
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A transformação da comunicação em espetáculo significa que somos incapazes de viver experiências reais, tudo é vivido antecipadamente de forma virtual: antes de comermos, consumimos a forma dos alimentos nas fotos publicitárias, antes da escolha do candidato nos identificamos com sua campanha na mídia. 
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Sendo assim, tudo passa primeiro pela multimídia. O que vemos é o mundo representado pelos signos, muito antes de termos contato com ele através da experiência. O que apreendemos é o resultado da equação combinatória de signos, combinação essa feita pela lógica da sociedade do espetáculo = ideologia a respeito da origem do mundo e das coisas, produzida pela classe dominante para a classe dominada. 
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A multimídia cria um mundo dentro dessa lógica e nos apresenta como real. Assim como no filme Matrix. A própria Matrix era uma realidade virtual produzida por computadores. 
Olhamos para o resultado da ação combinatória entre os signos e acreditamos que esse resultado é a própria realidade. 
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Para o autor, o virtual como esvaziamento do real é o fim da da comunicação. 
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Composição de Signos – O Jogo Lúdico. 
 Esse jogo de modelos com sua ação combinatória vive num universo dinâmico e móvel que nos leva ao lúdico. Esse lúdico conota o próprio funcionamento das redes, seu modo de investimento e manipulação. Engloba todas as possibilidades de “jogar” com as redes, que evidentemente são não uma alternativa, mas uma virtualidade de
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funcionamento ótimo. 
Exs:
1 – A tv americana com 83 canais = mudar de cadeia, misturar os programas, fazer a própria montagem. 
2 – As salas de bate-papo na internet = o jogo de composição de imagens nessas salas. Jogo da criação de um corpo, de um nome, de uma identidade, de falas e 
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dizeres de alguém construído naquele espaço. 
3 – Orkut e Facebook = a composição do perfil com a escolha de filmes, músicas, cantores, amigos, frases, pensamentos, perguntas formuladas pelo próprio facebook, a postagem de fotos e comentários.
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Também nós entramos na lógica do jogo combinatório, na composição de signos que produzem sempre um novo sentido ao objeto, dentro de um campo simulacional. 
Baudrillard não percebeu o jogo como finalidade para tingir algo, mas o jogo em si e a sedução que exerce sobre o indivíduo. 
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Jogo
O jogo sempre fez parte da vida humana: os jogos esportivos, jogos olímpicos, jogos de dados, cartas, jogos de flippers, jogos nas telas e na televisão – roletrando, roda da fortuna nos programas de auditório, jogos computadorizados. 
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O jogo está presente também na escolha de um detergente no supermercado: as embalagens, as imagens da publicidade, as cores. 
O uso de psicotrópicos e drogas manipula o teclado sensorial do quadro de comandos de neurônios. 
Os jogos eletrônicos funcionam como droga suave na mesma dinâmica. 
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E quando os jogos convencionais são incorporados aos media?
Uma partida de futebol transmitida pela tv: 
A partida de futebol vista dentro do estádio reflete afeto, desafio, encenação, suor, calor, vibração. 
Uma vez transmitida pela tv envolve a modulação: visões em flash-back, câmera
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lenta, miniaturização de grandes planos, ângulos de visão. 
A partida televisionada é um acontecimento televisivo, assim como o Holocausto ou a Guerra do Vietnã. 
É uma imagem do real criada a partir de signos combinatórios. 
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O jogo de xadrex no computador: 
O primeiro é o jogo em si. 
O computador é o lúdico. 
Entenda-se por lúdico, no pensamento do autor, a ausência da liberdade, a morte do afeto e do vínculo, pois essas são obtidas pela experiência e não a partir de uma realidade construída. 
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A multimídia não oferece uma experiência real, mas uma simulação, uma artificialidade que atinge a própria realidade. Essa virtualidade é a própria simulação. 
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TV Americana
Estudos mostraram que a tv a cores nos E.U.A através do seu jogo de cores e sofisticação técnica tornavam a visão das imagens de guerra mais suportáveis aos telespectadores. 
O “mais” criava um efeito de distanciamento lúdico em relação ao fato.
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Uma vez que o virtual cria um esvaziamento do real, esse real vira um
deserto e se instaura a artificialidade na qual predomina o espetáculo. Há uma impossibilidade de experiências humanas.
Acredita-se que a informação produz uma circulação de sentido, mas é o oposto que se verifica. 
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Baudrillard chegou a afirmar que a Guerra do Golfo (1991) não aconteceu. Argumentava que as transmissões televisivas não atestavam a verdade em função da manipulação das imagens. 
A tv simula através de imagens o mundo dos acontecimentos, mascarando a diferença entre o real e o imaginário, entre o ser e a aparência. 
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Esse hiper-real simulado é fascinante, pois é o real intensificado na forma, na cor, tamanho, propriedades. Parece um mundo de sonhos que existe pra nos servir e nos modelar através da publicidade com suas imagens sedutoras e da informação que refaz o mundo a sua maneira, transformando-o em espetáculo. 
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Publicidade
Baudrillard fala no texto A Significação da Publicidade sobre a sociedade de serviços. Para o autor, a função básica da publicidade é persuadir. Nesse sentido, infantiliza os indivíduos através da oferta de produtos que representam serviços. 
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Jornalismo
Ex 1 – Guerra do Kuwait 1990. 
Ex 2 – Guerra do Golfo 1991. Invasão de Bagadá ao vivo pela tv. 
Ex 3 – Guerra do Golfo. Capa da Revista Veja. 
Ex 4 – Guerra do Iraque 2003. Capa da Revista Veja. 
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Ex 5 – Guerra do Iraque – Capa da Revista Veja. 
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