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Personalidade Jurídica da Pessoa Natural

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PESSOA NATURAL
A personalidade jurídica pode ser estudada e analisada a partir de duas perspectivas. A primeira é baseada no modelo clássico de Direito Civil. Nessa concepção, o fundamento da personalidade é a norma jurídica, ou seja, a personalidade jurídica da pessoa natural tem uma concepção normativa, de modo que é o Estado que efetivamente vai conceder e fundamentar a personalidade. Nesse sentido, faz referência à teoria natalista 
Por isso, nessa concepção clássica, normalmente, se associa a capacidade de direito com personalidade, porque capacidade de direito é a aptidão genérica que a pessoa tem de ser titular de direitos e deveres da Ordem Civil. Nessa análise não se pode associar personalidade com o ser humano, porque nem todo ser humano tem personalidade, pois, para que um ser humano tenha personalidade, é preciso que a norma jurídica diga que ele tenha – e isso só ocorre quando ele nascer com vida. Em decorrência disso, o nascituro e o embrião, por exemplo, são entes despersonalizados 
Sob a segunda perspectiva, a personalidade tem como fundamento não a norma jurídica, mas o próprio ser humano. Se for um ser humano, tem personalidade e, dessa forma, a personalidade começa desde a concepção. Nessa nova concepção de personalidade, associa-se a personalidade da pessoa natural ao modelo contemporâneo de Direito Civil constitucionalizado, ou seja, o fundamento da personalidade é o princípio da dignidade da pessoa humana. A personalidade jurídica confere ao sujeito, à pessoa natural e ao ser humano direitos fundamentais e permite que essa pessoa possa reivindicar direitos fundamentais de alta relevância, que os entes despersonalizados não têm. 
ANÁLISE – POSITIVISTA/FORMAL 
• Sujeito de Direito – Gênero; 
• Sujeito de direito com personalidade: Pessoa Humana que nasce com vida e Pessoa Jurídica; 
• Sujeito de direito sem personalidade: ser humano que ainda não nasceu (embrião, nascituro e outros entes despersonalizados); 
• Não se associam ser humano e pessoa. 
• Na visão clássica/positivista a pessoa está associada à personalidade e não se confunde com ser humano que ainda não nasceu com vida; 
• Fundamento da Personalidade: construção jurídica – norma legal 
Por exemplo, nos casos dos nascituros e embriões, como ainda não se enquadraram na concepção normativa de nascimento e vida, eles são seres humanos; porém, sob tal perspectivas, não são considerados pessoas. Podem ser sujeitos de alguns direitos, mas não têm personalidade. 
ANÁLISE – PÓS-POSITIVISTA/MATERIAL 
• Sujeito de direito com personalidade: Pessoa Humana que nasce com vida, ser humano que ainda não nasceu (embrião e nascituro) e Pessoa Jurídica; 
• Sujeito de direito sem personalidade: outros entes despersonalizados. 
Analise da personalidade baseada em valores constitucionais, ou seja, na dignidade da pessoa humana.
Concepção pós-positivista → Sujeitos de direito com personalidade são pessoa humana que nasce com vida, o ser humano que ainda não nasceu, ou seja, o embrião e o nascituro, e a pessoa jurídica. 
Por outro lado, os sujeitos de direito sem personalidade seriam apenas alguns entes despersonalizados específicos, como a massa falida, patrimônio, herança jacente, condomínio, entre outros.
Conclusão 
• Na visão contemporânea/pós-positivista a pessoa está associada à personalidade e a ser humano que ainda não nasceu com vida; 
• Pessoa, ser humano e personalidade são conceitos que se interpenetram; 
• Fundamento da personalidade: ser humano (existencial); 
• Nova dimensão da personalidade da pessoa humana; 
• Efeito da cláusula geral de tutela da dignidade humana e do movimento Pós-Positivista.
A partir dessa visão constitucional, o fundamento da personalidade agora é o próprio ser humano, ou seja, uma questão existencial. Independe de qualquer ordem legal ou de qualquer previsão normativa, de modo que, automaticamente, submete esse ser humano a uma teoria de direitos fundamentais, os quais vão permitir uma proteção muito mais efetiva e intensa.
CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL 
• Personalidade (vinculação a direitos fundamentais); 
• Personalidade como valor intrínseco (princípio) e fundamento inerente à natureza humana; 
• Personalidade transcende a pessoa e permite que o ser humano, ainda que não tenha nascido, reclame direitos fundamentais imprescindíveis para o exercício de uma vida digna; 
• Pós-positivismo: a personalidade se relaciona com a própria concepção de ser humano. 
TEORIAS INÍCIO DA PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL – CAPACIDADE DE DIREITO 
• Capacidade de Direito – Aquisição; 
• Capacidade de Fato – Exercício;
 • Personalidade e capacidade de direito são institutos associados ou dissociados? 
• Direito Civil Clássico e Contemporâneo; 
• A personalidade jurídica é um valor jurídico, que não se esgota na capacidade de ser sujeito de direito, porque está relacionada à essência do ser humano ou a sua natureza. 
A capacidade jurídica se divide em capacidade de direito e capacidade de fato.
Nessa concepção positivista, normativa e clássica de personalidade, há uma associação quase necessária entre personalidade e capacidade de direito, a qual corresponde à aptidão para titularizar um atributo que decorre da personalidade e que permite ao sujeito titularizar direitos e deveres, ou seja, a chamada capacidade de aquisição. 
Associa-se personalidade com capacidade de direito. 
A proposta do Direito Civil Contemporâneo, no qual o fundamento da personalidade é a dignidade da pessoa humana, se separa a personalidade da capacidade de direito. Nessa concepção constitucionalizada, capacidade de direito é apenas um atributo da personalidade, mas não se confunde com a própria personalidade. Como a personalidade tem como fundamento a condição existencial, o Estado apenas reconhece a personalidade e concede a capacidade de direito, porque diferentemente da concepção clássica, não é o Estado que concede a personalidade. 
Deve-se trabalhar a capacidade de direito como um mero atributo da personalidade, relacionar personalidade com questões existenciais e capacidade de direito com relações jurídicas de natureza patrimonial.
 A diferença é que a personalidade é indivisível, ela não pode suportar graduação, limitação ou restrição. Já a capacidade de direito, eventualmente, por ter como fundamento uma questão normativa, pode ser restringida. 
A capacidade de direito dos sujeitos que tem personalidade é genérica e ampla; enquanto a capacidade de direito dos sujeitos de direito sem personalidade é restrita, voltada apenas para as questões que dizem respeito às finalidades institucionais ou funcionais daquele ente despersonalizado, mas não há uma aptidão genérica. 
É possível dizer que a capacidade de direito pressupõe da personalidade, embora, eventualmente, por situações de proteção específica, se permita capacidade de direito para sujeitos de direito sem personalidade. Isso ocorre para que eles possam desenvolver suas funções específicas no âmbito da sua finalidade, mas não poderá adquirir direitos fora do que justifica sua constituição e a sua existência .
Diferenças fundamentais entre Capacidade de Direito e Personalidade – Nova perspectiva (Direito Civil Contemporâneo) 
• Personalidade: relações existenciais – não permite gradação ou divisão. O conceito de personalidade é uno e indivisível; 
• Capacidade jurídica: relações patrimoniais – admite diferentes graus (gradações), de modo que o ente pode ser titular, pessoalmente, ou não, de relações patrimoniais. 
Direito Civil Constitucional (pós-positivista) 
• O ordenamento reconhece a personalidade da pessoa humana e concede a capacidade de direito; 
• Capacidade de direito depende de reconhecimento Estatal, ao passo que a personalidade é inerente à natureza humana (emana do próprio indivíduo); 
• A capacidade de direito decorre do ordenamento jurídico (como realização do valor personalidade). 
• Há sujeitos de direitos que não são pessoas naturais ou jurídicas e, por isso, não têm personalidade.
• Como há sujeitos de direitos que tem aptidão paraser titular de direitos/deveres/ obrigações, mesmo sem ter personalidade, não há como dizer que personalidade é a aptidão genérica para ser titular de relações jurídicas. 
CAPACIDADE DE DIREITO 
• Capacidade de direito (gozo ou aquisição) como atributo que decorre da personalidade; 
• É a aptidão ou potencialidade da pessoa ser titular de relações jurídicas (como sujeito de direito). Portanto, em regra, a capacidade de direito pressupõe a personalidade por ser a projeção deste valor; 
• No entanto, é possível capacidade de direito restrita para entes não personalizados. 
Não existe incapacidade de direito. Eventualmente, o Estado pode criar uma restrição para que o ser humano não titularize determinado direito. Quando se fala em incapaz ou incapacidade, corresponde à capacidade de fato.
Capacidade de direito → Abstrata e genérica. Relacionada à capacidade de fato, de modo que está relacionada à capacidade que todos têm de ser titular de relações jurídicas, direitos e deveres. 
Capacidade de fato → Analisada a partir do mundo concreto, uma vez que ela diz respeito ao exercício de um direito.
• A capacidade de direito é atributo ou qualidade que decorre da personalidade; 
• O CC/02, em seu art. 1º, consagrou o seguinte entendimento: quem tem personalidade também tem capacidade, mas a recíproca não é verdadeira; 
• Nem todo aquele que tem capacidade tem personalidade. 
Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. 
Diferenças 
• Capacidade de Direito x Legitimidade (impedimento circunstancial);
 • Capacidade de Direito (titularidade) x Capacidade de Fato (exercício – poder). 
Aquisição da personalidade civil da pessoa humana – teorias 
• Nascituro e embrião. 
As teorias envolvem justamente a Teoria Natalista e a Teoria da Concepção. Alguns citam uma terceira vertente, chamada de Teoria da Personalidade Condicional, a qual afirma que a personalidade começa desde a concepção – desde que nasça com vida. Além de não possuir uma fundamentação científica consolidada, a perspectiva condiciona a personalidade, porém a personalidade é incondicional. 
Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 
A ideia é de que pessoa sempre está associada à personalidade, pois pessoa é uma concepção normativa, de modo que, quando se fala “a pessoa”, há um sentido técnico. A grande diferença está em uma personalidade jurídica baseada na concepção normativa ou baseada na concepção humano existencial. 
O fato do Código Civil, em seu art. 2º, dizer que a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituros, é a brecha que os concepcionistas têm para defender a tese de que a personalidade, na realidade, começa ou tem início desde a concepção. 
Os direitos do nascituro são reconhecidos independentemente do nascimento com vida. Nesse sentido, o Enunciado nº 1 do CJF: A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como: nome, imagem e sepultura. 
TEORIAS
- Teoria Natalista
- Teoria Concepcionista
- Teoria da Capacidade Condicional
Personalidade Jurídica Formal (direitos da personalidade) e personalidade jurídica material (direitos patrimoniais)
- ADI 3510 STF
A Teoria Natalista foi adotada pelo STF na ADI 3510, que discutiu as pesquisas de células tronco embrionárias. Nesta ocasião, discutiu-se a respeito do art. 5º da Lei de Biossegurança, no qual o dispositivo admite a manipulação de embrião inviável ou viável que está congelado há mais de três anos, desde que haja autorização dos pais.
Hoje, a Teoria Concepcionista tem muitos adeptos, até porque ela integra o movimento pós-positivista e possui relação bem próxima com o Direito Civil Constitucional, onde fundamento da personalidade é a própria condição existencial.
Atenção! A teoria da Concepção defende a tese de que a personalidade da pessoa natural começa desde a concepção. Mesmo defendendo que a personalidade da pessoa natural tem início desde a concepção, pois o fundamento da personalidade é o ser humano, e não a norma, os concepcionistas fazem uma dissociação dentro da teoria. Apesar de prevalecer, a dissociação pode ser considerada indevida, já que ela diz que a personalidade tem início desde a concepção e permite que esse ser humano seja concebido, seja titular e possa plenamente reinvidicar direitos fundamentais existenciais.
Atente-se ao fato de que, para os direitos patrimoniais, mesmo para os concepcionistas, ainda há o condicionamento ao nascimento com vida. 
Assim, para os concepcionistas, o nascituro e o embrião, ou seja, a personalidade desde a concepção, é uma personalidade formal, que diz respeito aos direitos da personalidade e a questões existenciais, mas a personalidade jurídica material, que diz respeito a direitos patrimoniais está condicionada ao nascimento com vida.
A Lei de Biossegurança, n 11.105/2005 é uma Lei totalmente concepcionista porque proíbe a manipulação genética, apesar de admitir que embriões inviáveis e viáveis, que estão congelados há mais de três anos, não serão utilizados. Deste modo, a Lei de Biossegurança protege a vida humana mesmo antes do nascimento.
- STF. ADPF 54/DF. A proteção ao nascituro não afasta a possibilidade de aborto do feto anencéfalo a fim de preservar a dignidade da gestante.
- RE n. 1.120.676/Sce 1.415.727/SC (DPVAT e a discussão dos direitos patrimoniais em favor do nascituro).
Disposições legais que fundamentam a Teoria da Concepção:
- O nascituro titulariza os direitos de ser reconhecido (art. 1609);
– Reconhecimento (perfilhação – caso Glória Trevis – Extradição 783 e Recl. DF 2040), herança, doação, indenização por dano moral, parte processual, alimentos (Lei n. 11804/08), adoção, representação, direito de ter um curador, entre outros.
- O nascituro e o embrião têm direito a ser reconhecidos como filho (direito perfilhação), mesmo antes de nascer com vida;
- Direito a herança (art. 1798 do CC);
- Direito patrimonial a doação, conforme art. 542 do CC;
- Várias decisões do STJ que garantem indenização por dano moral ao embrião e nascituro;
- Parte processual;
- Alimentos gravídicos de acordo com a Lei n. 11.804/2008;
- O direito a um curador previsto no art. 1779 do CC;
- Poder ser adotado e representado.
Capacidade de Fato (Exercício) e Teoria da Incapacidade 
 • Capacidade de Fato → É o poder que o Estado concedo ao sujeito de direito para que ele possa, no mundo concreto (mundo da vida), exercer os direitos subjetivos, potestativos e os deveres que ele titularizou, em razão da capacidade de direito.
 Os direitos devem ser exercidos de acordo com a finalidade e a função atribuída pelo ordenamento jurídico a estes direitos; 
Poder condicionado aos paradigmas constitucionais.
Capacidade de Direito → É estátitca, existe a potencialidade, a aptidão para titulizar direitos e deveres.
• Atuação e controle da finalidade (abuso de direito) → Deve-se conectar a capacidade de fato, por ser dinâmica, a Teoria do Abuso de Direito. No Direito Civil clássico, a pessoa possuía um direito e o exercia da forma como desejava, ou seja, não era submetido a um controle mais rígido, porque se tinha amplo poder e autonomia. Agora, os direitos passam por um controle de merecimento, que é uma filtragem condicional, pois o Direito Civil está pautado em valores sociais constitucionais. Assim, os direitos estão vinculados a uma função ou finalidade imposta pela CF e isso dependerá de como 
Para manter o direito conectado com a finaliade e a função que o justifica, dependerá de como será exercido, ou não, o direito.
Caso esteja exercendo um direito em desacordo com a função e a finalidade, a pessoa estará passível a suportar uma sanção do sistema por um exercício indevido da incapacidade de fato – abuso de poder. 
O poder da capacidade de fato é condicionado aos paradigmas constitucionais: dignidade da pessoa humana, solidariedade social e igualdade substancial.
TEORIA DA INCAPACIDADE
Trata-se de um regimejurídico especial de proteção a vulneráveis específicos (incalapzes);
Diretamente relacionada coma capacidade de fato, pois o Estado restringe o poder. 
Fundamento → ideia de proteção.
O Estado considera incapazes aqueles que são pessoa s vulneráveis. 
Obs. As pessoas com deficiência não são incapazes. 
A idade, por si só, não torna o idoso incapaz.
O CC retrata a incapacidade nos arts. 3º e 4º, senão vejamos:
Art. 3 o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
I - (Revogado) ; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
II - (Revogado) ; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
III - (Revogado) . (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Art. 4 o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
IV - os pródigos.
Parágrafo único.  A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Como se observa, o Código Civil tratou a incapacidade a partir de uma visão abstrata, legal e normativa. No caso concreto, numa visão constitucionalizada, a partir do fundamento da capacidade, se as pessoas inclusas nos arts. 3º e 4º do CC não precisarem de proteção, elas não podem ser consideradas incapazes e não poderão ser submetidas ao regime protetivo.
TEORIA DA INCAPACIDADE → PROTEÇÃO
Capacidade de fato → Poder de exercício;
Incapacidade de fato → Restrição ao poder de ação para fins de proteção.
Causa objetiva – idade (critério biológico);
Causa subjetiva – Enfermidade, que não caracteriza deficiência e que prejudica o discernimento. Ébrios habituais e os viciados em tóxico; aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade e pródigos.
Obs. Na realidade, todos aqueles que estiverem numa situação de vulnerabilidade e neessitarem de proteção, podem ser considerados incapazes. 
Requisito legal – normativo. É o Estado quem vai determinar quem são as pessoas que podem ser submetidas ao regime jurídico da incapacidade e quem será considerado incapaz. 
Excepcionalidade da incapacidade. A capacidade sempre será a regra. 
Positivismo → A excepcionalidade era muito ampla, pois bastava a pessoa estar inserida no rol legal para ser considerada como tal;
Pós-positivismo → Torna-se muito mais restrita, porque para se apurar se determinado sujeito é incapaz, deve ser analisado no caso concreto uma situação de vulnerabilidade específica.
Obs. O CC/2002 adotou, em seus arts 3 e 4, o critério meramente formal, pois ainda retrata o modelo clássico do Direito Civil. Há uma presunção de vulnerabilidade. 
Entretanto, atualemente, deve-se submeter à Teoria da Incapacidade a filtragem e a interpretação de acordo com os valores sociais constitucionais. Deve-se buscar a concretização de situações existenciais para que o objeto do Direito Civil seja alcançado, ou seja, a dignidade da pessoa humana. A análise da incapacidade será concreta.
GRAUS DE INCAPACIDADE
ABSOLUTA → Art. 3º do CC. Regime mais rígido e protetivo.
RELATIVA → Art. 4º do CC. Regime jurídico muito mais flexível.
Ex. O negócio jurídico praticado pelo absolutamente incapaz é nulo; já o do relativamente incapaz é anulável.
Não corre precrição ao absolutamente incapaz. 
INCAPACIDADE E PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos (CAUSA OBJETIVA). 
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: 
I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos (CAUSA OBJETIVA);
II – os ébrios habituais e os viciados em tóxico (CAUSA SUBJETIVA); 
III – aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade (CAUSA SUBJETIVA); 
IV – os pródigos (CAUSA SUBJETIVA). 
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. 
Nos artigos 3º e 4º do CC, não há referência às pessoas com deficiência. Por mais que sejam vulneráveis, não são submetidas ao regime protetivo da incapacidade. Submetem-se ao regime protetivo do Estatuto das Pessoas com Deficiência.
Pessoas com deficiência são CAPAZES.
Deficiência que não afeta o discernimento → Estatuto da pessoa com deficiência.
Deficiência que afeta o discernimento → Preteção pelo Estatudo da Pessoa com Deficiência ou proteção pelo art. 4º, III, do CC.
O Estatuto da Pessoa com Deficiência presume a capacidade e valoriza a pessoa. Neste caso, a vulnerabilidade deve ser demonstrada de forma concreta e objetiva. 
Se for vulnerável → Curatela. Instituto protetivo para deficiente, limitado para atos de natureza meramente patrimonial.
Vulnerabilidade (Lei n. 13.146/2015) 
Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. 
Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: 
I – casar-se e constituir união estável; 
II – exercer direitos sexuais e reprodutivos; 
III – exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; 
IV – conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; 
V – exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e 
VI – exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. 
Art. 84º A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas. 
§ 1º Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a lei (CURATELA ESPECÍFICA ou INTERDIÇÃO). 
§ 2º É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de tomada de decisão apoiada (TDA - é um instituto protetivo menos invasivo que a curatela, pois na curatela, é nomeado um curador e este tem participação mais ativa, a depender da deficiência, então a própria autonomia da pessoa sai prejudicada. No caso da TDA, a pessoa tem autonomia, é apenas um apoio). 
§ 3º A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui medida protetiva extraordinária, proporcional às necessidades e às circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível. 
Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial (CURATELA LIMITADA - PRESERVAÇÃO DA AUTODETERMINAÇÃO EXISTENCIAL). 
§ 1º A definição da curatela não alcança o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto. 
§ 2º A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da sentenças as razões e motivações de sua definição, preservados os interesses do curatelado 
INSTITUTOS PROTETIVOS – TDA E CURATELA
TDA – Tomada de Decisão Apoiada (Enfermos e enfermidade que prejudica o discernimento).
PODER FAMILIAR) Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos: 
VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar; 
(TUTELA) Art. 1.728. Os filhos menores são postos em tutela: 
I - com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes; 
II - em caso de os pais decaírem do poder familiar. 
Art. 1.729. O direito de nomear tutor competeaos pais, em conjunto. Parágrafo único. A nomeação deve constar de testamento ou de qualquer outro documento autêntico. 
Art. 1.730. É nula a nomeação de tutor pelo pai ou pela mãe que, ao tempo de sua morte, não tinha o poder familiar. 
Da Tomada de Decisão Apoiada (TDA): deficiência provoca alguma limitação, mas a pessoa tem o controle da sua vontade (pode expressar a vontade) 
Art. 1.783-A. A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que possa exercer sua capacidade. 
§ 2º O pedido de tomada de decisão apoiada será requerido pela pessoa a ser apoiada, com indicação expressa das pessoas aptas a prestarem o apoio previsto no caput deste artigo (MP e FAMILIARES?) 
Obs.: A TDA é por iniciativa da pessoa. Quem não tem como exprimir e vontade, o instituto protetivo adequado é a curatela. 
§ 1º Para formular pedido de tomada de decisão apoiada, a pessoa com deficiência e os apoiadores devem apresentar termo em que constem os limites do apoio a ser oferecido e os compromissos dos apoiadores, inclusive o prazo de vigência do acordo e o respeito à vontade, aos direitos e aos interesses da pessoa que devem apoiar 
§ 3º Antes de se pronunciar sobre o pedido de tomada de decisão apoiada, o juiz, assistido por equipe multidisciplinar, após oitiva do Ministério Público (INTERVENÇÃO fora da INCAPACIDADE), ouvirá pessoalmente o requerente e as pessoas que lhe prestarão apoio.
§ 9º A pessoa apoiada pode, a qualquer tempo, solicitar o término de acordo firmado em processo de tomada de decisão apoiada. 
§ 10. O apoiador pode solicitar ao juiz a exclusão de sua participação do processo de tomada de decisão apoiada, sendo seu desligamento condicionado à manifestação do juiz sobre a matéria. 
PARTE MATERIAL – TERCEIROS 
§ 4º A decisão tomada por pessoa apoiada terá validade e efeitos sobre terceiros, sem restrições, desde que esteja inserida nos limites do apoio acordado. 
§ 5º Terceiro com quem a pessoa apoiada mantenha relação negociai pode solicitar que os apoiadores contra-assinem o contrato ou acordo, especificando, por escrito, sua função em relação ao apoiado. 
PARTE MATERIAL – PREJUÍZO E DIVERGÊNCIA 
§ 6º Em caso de negócio jurídico que possa trazer risco ou prejuízo relevante, havendo divergência de opiniões entre a pessoa apoiada e um dos apoiadores, deverá o juiz, ouvido o Ministério Público, decidir sobre a questão. 
PARTE MATERIAL – NEGLIGÊNCIA E MP
 § 7º Se o apoiador agir com negligência, exercer pressão indevida ou não adimplir as obrigações assumidas, poderá a pessoa apoiada ou qualquer pessoa apresentar denúncia ao Ministério Público ou ao juiz. 
§ 8º Se procedente a denúncia, o juiz destituirá o apoiador e nomeará, ouvida a pessoa apoiada e se for de seu interesse, outra pessoa para prestação de apoio. 
TOMADA DE DECISÃO APOIADA NO CÓDIGO ARGENTINO (É O QUE MELHOR DEFINE A TDA) 
10. REDE DE PROTEÇÃO (REGIME DA INCAPACIDADE)
PROTEÇÃO DO INCAPAZ – REGRAS ESPECIAIS
• Domicílio – art. 76 (o domicílio do incapaz é chamado domicílio necessário). 
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. 
• Teoria da invalidade dos atos e negócios jurídicos – se realizados pelo relativamente incapazes são anuláveis, se realizados por absolutamente incapazes, são nulos. 
• Prescrição e Decadência – não corre prescrição contra absolutamente incapaz nem decadência, apenas contra relativamente incapaz. 
• Confissão – não há eficácia na confissão de um incapaz 
• Doação e aceitação – o absolutamente incapaz pode ser beneficiado por doação, independentemente de uma aceitação expressa. 
• Depósito – se o depositário se tornar incapaz, o sujeito depositário deve ser substituído, como regra de proteção. 
• Adimplemento – o pagamento feito para o incapaz não tem eficácia, é necessária uma consignação.
 • Responsabilidade civil – o incapaz responde, mas a responsabilidade é subsidiária e mitigada. 
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. 
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem. 
• Teoria da empresa – caso o incapaz seja autorizado a continuar uma atividade empresarial, os bens que ele possuía e que não estejam vinculados àquela atividade, ficam protegidos. 
 Fiador incapaz e substituição. 
Causa subjetiva 
Ao contrário dos menores, aqueles que estão no art. 4º, do Código Civil, bem como os enfermos, podem ser considerados relativamente incapazes, desde que aquelas enfermidades prejudiquem o discernimento. Os enfermos, ao contrário dos menores, são protegidos pela curatela e pela tomada de decisão apoiada. O Código de Processo Civil ainda prevê o procedimento da interdição. Se for feita uma análise clássica, você verá a interdição como possível e, no processo, de interdição se nomeia um curador. Se for feita uma análise constitucionalizada da incapacidade, você perceberá que não se pode mais utilizar a terminologia "interdição", que é estigmatizante e invasiva, e que é contrária à ideia de proteção específica e de valorização da dignidade da pessoa humana, ou seja, uma boa parte da doutrina hoje defende a tese de que as pessoas com deficiência não são interditadas, são submetidas ao procedimento de curatela. A discussão é, se no Código Civil, essas pessoas podem ser interditadas, pois existem as duas correntes. 
INTERDIÇÃO/CURATELA 
Problema 1 – Quem pode ser submetido à curatela? 
(INCAPAZES) Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela: 
I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; 
II - (Revogado);
III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
IV - (Revogado);
V – os pródigos;
PESSOA COM DEFICIÊNCIA — Artigo 84, § 1º, do Estatuto da Pessoa com Deficiência. 
Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas.
§ 1º Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a lei.
Os artigos 1.768 a 1.773, que tratavam do procedimento da curatela foram revogados pelo CC/2015. Hoje, tal procedimento, está disciplinado a partir dos artigos 757 do CPC/2015.
Problema 2 – Quais os limites da curatela dos incapazes e das pessoas com deficiência? 
Aqui não há diferença porque a curatela, em qualquer dessas situações, é absolutamente limitada e específica, ou seja, proporcional à necessidade de proteção. Na sentença, o juiz deve observar um projeto terapêutico individualizado, ou seja, cada processo de curatela deve levar em consideração as circunstâncias e características daquela pessoa específica, sabendo que o sistema hoje permite a curatela compartilhada. 
Problema 3 – CPC 2015 e Estatuto da Pessoa com Deficiência 
A interdição, em relação às pessoas com deficiência, não é mais admitida. Elas são submetidas ao procedimento de curatela. A discussão hoje é restrita aos incapazes do CC, se podem ser interditados ou apenas submetidos ao procedimento de curatela. 
Problema 4 – A curatela e a legitimidade do Ministério Público é residual restrita, concorrente? 
Análise constitucional (mínimo existencial) – deficiência mental ou intelectual inexistência ou inércia dos demais legitimados ou legitimados menores e incapazes 
Quem tem legitimidade para requerer a curatela? 
O CPC disciplina a questão da legitimidade de forma bem ampla, incluindo parentes da pessoa etc. Mas o CPC restringiu, de forma equivocada, a legitimidade do MP para doença mental grave de forma subsidiária. 
Considerando o papel institucional do MP, e principalmente os interesses da pessoa que pode ser submetida a essa curatela, a maioria da doutrinavem ampliando a legitimidade do MP para além daquilo que está previsto no CPC. Dessa forma, o MP pode ter legitimidade para iniciar um procedimento de curatela, não apenas e caso de doença mental grave, mas em outras situações de curatela; não apenas de forma subsidiária, mas de forma concorrente. 
Problema 5 – As interdições de pessoas com deficiência após a vigência da lei 13.146/2015 (Estatuto)? 
Como fica a situação das pessoas que estavam interditadas quando a lei entrou em vigência? 
Considerando essa mudança de paradigma, o que acontece com essas interdições? São levantadas automaticamente, deixam de ser interditadas, ou em cada caso específico deve ser verificado se essas interdições devem ser levantadas. 
Há 3 correntes: 
• Aplicação temporal. – Independentemente de providências para levantamento da interdição, passam a ser capazes.
• Revisão das situações específicas caso a caso (as que prevalecem). 
• Validade em relação a aspectos negociais e patrimoniais – mas não o controle sobre aspectos existenciais 
Problema 7 – Natureza da sentença de interdição e validade dos atos praticados antes da interdição. A questão da boa-fé 
STJ – A sentença de interdição tem natureza constitutiva, caracterizada pelo fato de que ela não cria a incapacidade, mas sim, situação jurídica nova para o incapaz, diferente daquela em que, até então, se encontrava. A sentença de interdição, salvo pronunciamento judicial expresso em sentido contrário, opera efeitos ex nunc. 
Quando já existente a incapacidade, os atos praticados anteriormente à sentença constitutiva de interdição até poderão ser reconhecidos nulos, porém não como efeito automático da sentença, devendo, para tanto, ser proposta ação específica de anulação do negócio jurídico, como demonstração de que a incapacidade já existia ao tempo de sua realização do ato a ser anulado. 
A intervenção do MP, nos processos que envolvam interesse de incapaz, se motiva e, ao mesmo tempo, se justifica na possibilidade de desequilíbrio da relação jurídica e no eventual comprometimento do contraditório em função da existência da parte vulnerável. 
A ausência de intimação do MP, por si só, não enseja a decretação de nulidade do julgado, sendo necessária a demonstração do efetivo prejuízo para as partes ou para a apuração da verdade substancial da controvérsia jurídica.
A partir do novo regramento, observa-se uma dissociação necessária e absoluta entre o transtorno mental e o reconhecimento da incapacidade, ou seja, a definição automática de que a pessoa portadora de debilidade mental, de qualquer natureza, implica na constatação da limitação de sua capacidade civil deixou de existir.
Intervalos lúcidos e benefício de restituição.
O ordenamento jurídico brasileiro não admite os chamados intervalos lúcidos, 
IMPORTANTE! ASSUNTO MUITO COBRADO EM PROVAS:
Os atos praticados por uma pessoa antes de ser submetida a uma interdição ou a uma curatela são válidos? 
Hoje, o STJ e a doutrina dissociam isso corretamente. A natureza jurídica da sentença de curatela ou interdição não repercute nas questões materiais, de modo que a validade ou não dos atos praticados por essa pessoa antes da curatela ou interdição serão analisados à luz do caso concreto, levando em conta os interesses envolvidos, ou seja, da pessoa que foi submetida a um dos procedimentos e do terceiro que eventualmente negociou com ela. A depender da situação específica, da boa-fé desse terceiro, ou não, considera-se, analisando fato material e objetivo, se esse ato ou negócio é válido, ou não. A sentença tem natureza meramente declaratória. 
EMANCIPAÇÃO
Não repercute na vulnerabilidade de uma maneira genérica, apenas permite que uma categoria de vulnerável, que seria submetida ao regime protetivo da incapacidade, não seja mais submetida a este. 
Resumindo: a emancipação permite que uma pessoa considerada incapaz seja considerada capaz. 
Isto não quer dizer que será retirada a condição de vulnerável do sujeito, mas impede que aquele seja submetido ao regime protetivo da incapacidade.
APENAS os menores de idade podem ser emancipados!
Ao ser emancipado, o menor passa a ter capacidade de fato, ou seja, permite que exerça direitos e deveres. 
Porém, não afeta a menoridade. Vira um menor capaz.
A emancipação NÃO antecipa a maioridade!
Continua protegido pelo ECA, mas não será mais submetido ao regime protetivo da incapacidade. 
Enunciado 530 — A emancipação, por si só, não elide a incidência do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Fundamentos da emancipação
Art. 5 o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
Voluntária – Poder Familiar
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
Se há divergência na vontade dos pais (um querendo emancipar, outro não, por exemplo), vai prevalecer a vontade de algum? 
NÃO. Neste caso, sempre que houver divergência em qualquer assunto que diz respeito aos filhos menores entre os pais no exercício do poder familiar, quem vai decidir é uma autoridade judicial. Também acontece isso na emancipação.
Se, por algum motivo, um dos pais estiver ausente, foi destituído do poder familiar ou tiver falecido, o poder familiar tem um só e este tem o poder de emancipar o filho. Para essa emancipação voluntária, por concessão dos pais, é necessário que o filho tenha de 16 a 18 anos. 
Judicial – Tutela
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
 Obs. tal inciso deve ser analisado com outros artigos que tratam do poder familiar e da tutela, senão vejamos:
Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: 
I – por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; (TUTELA) (que é quando não há PODER FAMILIAR) 
Art. 1.728. Os filhos menores são postos em tutela: 
I – com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes; 
II – em caso de os pais decaírem do poder familiar. 
Obs. O tutor não pode formalizar uma escritura e emancipar o tutelado. Na ausência do poder familiar, a emancipação do tutelado necessariamente deve ser submetida a um procedimento judicial de jurisdição voluntária. 
Legal – Fatos da Vida
II - pelo casamento;
Obs. A união estável não emancipa, pois como o instituto retira o sujeito do regime protetivo da incapacidade, a interpretação é restrita.
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
Após a mudança da maioridade de 21 para 18 anos, dificilmente alguém irá assumir um emprego ou cargo público. 
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
Também de difícil ocorrência.
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
Obs. As condições do art. 5º independem de registro, são emancipações impostas pela lei, de modo que são automáticas.
STJ. Emancipação legal — como na hipótese do casamento, capaz de liberar os pais da responsabilidade pelos atos do filho. Emancipação voluntária — que não tem o poder de exoneração, porque é caracterizada como ato de vontade, e não elimina a responsabilidade proveniente da lei.
Assim, a emancipação voluntária, diversamente da operada pela força de lei, não exclui a responsabilidade civil dos pais pelos atos praticados por seus filhos menores. 
EMANCIPAÇÃO necessita de registro?
Art. 9º Serão registrados em registro público: 
II – a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; 
Os pais emancipam o filho, mas se arrependem e queremvoltar atrás. É possível? Não. Todavia, se houver algum vício de origem, ou seja, algum vício relacionado à própria constituição da emancipação (ex.: coação), é possível, no plano da validade, eventualmente, a invalidação da emancipação. 
TEORIA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE DA PESSOA HUMANA
Arts. 11 ao 21 do Código Civil
Teoria Geral
• Fundamento – dignidade da pessoa humana. 
• Finalidade – está diretamente relacionada ao fundamento, ou seja, a tutela de questões existenciais da pessoa humana, a fim de que a pessoa humana tenha dignidade. 
• Fontes – é o próprio ser humano, ou seja, os direitos da personalidade são inatos. Para quem tem uma concepção mais positivista, a fonte é a norma jurídica que vai reconhecer os direitos da personalidade. 
• Tipicidade aberta – significa que os direitos da personalidade tem por objetivo a concretização da dignidade, e não se pode considerar apenas aqueles que estão previstos no sistema jurídico, ou seja, serão direitos da personalidade todos aqueles de natureza existencial que forem necessários para que se possa concretizar a dignidade, ainda que não estejam positivados. 
• Direitos fundamentais – toda a teoria dos direitos fundamentais que você aprendeu na CF será transportada para a teoria geral dos direitos da personalidade, simplesmente porque todo um direito da personalidade é um direito fundamental, embora nem todo direito fundamental seja um direito da personalidade. 
Concepção contemporânea dos Direitos da Personalidade
Princípio da dignidade da pessoa humana – Cláusula geral e fundamento dos direitos que decorrem da personalidade (valor-referência das situações existenciais). Enunciado n. 274 
Art. 11. Os direitos da personalidade, regulados de maneira não exaustiva pelo Código Civil, são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º, inc. III, da Constituição (princípio da dignidade da pessoa humana). Em caso de colisão entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica da ponderação. 
FINALIDADE DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE DA PESSOA HUMANA? 
Proteger a Personalidade: Tutela da Integridade Física, Moral e Intelectual. CONCRETIZAÇÃO DA DIGNIDADE DO SER HUMANO. 
Quem é titular dos direitos da personalidade? 
Toda pessoa humana, basta ser humano para ser titular dos direitos da personalidade, mesmo estrangeiros que venham ao Brasil. É o caráter universal, sem restrição. 
Tipicidade aberta dos Direitos da Personalidade → Direitos positivados e não positivados.
Ex. Direito ao esquecimento – reconhecidos nos julgados do STJ – e a criminalização da homofobia – STF.
Conceito de Direitos da Personalidade → Direitos subjetivos, essenciais, inatos, permanentes e fundamentais para a proteção da dignidade da pessoa humana no seu aspecto físico, moral e intelectual. São situações jurídicas reconhecidas à pessoa, tomada em si e em suas necessárias projeções sociais. 
Direitos essenciais da pessoa humana com o objetivo de resguardar a sua própria dignidade (Orlando Gomes, considerado pela doutrina o melhor conceito, porque é simples e perfeito) 
Objeto dos Direitos da Personalidade Humana 
ATRIBUTOS (e não a própria personalidade) 
Qualidade – projeções físicas e psíquicas da pessoa humana, que não se confunde com a pessoa em si (por exemplo: vida, integridade física, nome, imagem, intimidade, vida privada, honra, liberdade, entre outros). 
FONTES DOS DIREITOS QUE DECORREM DA PERSONALIDADE DA PESSOA HUMANA 
Natural ou positiva? 
(duas correntes de pensamento) 
natural → direitos da personalidade são inatos. 
positiva → é a norma jurídica. 
Obs.: A diferença entre direitos humanos e direitos fundamentais da personalidade é o plano de positivação. 
RELAÇÃO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE DA PESSOA HUMANA COM A TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
FUNÇÃO: Classificação – STATUS – JELLINEK – STATUS PASSIVO (o indivíduo está submetido ao Estado – sujeição – DEVERES E PROIBIÇÕES); STATUS NEGATIVO (direitos de defesa OU DIREITO DE RESISTÊNCIA – mais amplo – conteúdo são as liberdades individuais); STATUS POSITIVO (assegura pretensões positivas – direito a ações estatais); STATUS ATIVO (participação nas atividades políticas). 
• Hoje, DIREITOS DE DEFESA, PRESTAÇÃO e PARTICIPAÇÃO. 
Características
CARACTERÍSTICAS que os distinguem dos demais: 
1 – UNIVERSALIDADE (e a questão dos direitos culturais); 
2 – HISTORICIDADE; 
3 – INALIENÁVEIS; 
4 – IMPRESCRITÍVEIS; 
Pretensão para plena tutela dos Direitos da Personalidade não se submete a nenhum prazo.
Recurso Especial n. 1.715.200/SP: "A violação dos direitos humanos ou dos direitos fundamentais da pessoa humana como a proteção da sua dignidade lesada, pela tortura e prisão por delito de opinião durante o Regime Militar de exceção, enseja ação de reparação ex delicto imprescritível que ostenta amparo constitucional no art. 89, § 39, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. No julgamento do Agravo Interno no REsp 1.710.240/RS, da relatoria do Ministro Francisco Falcão, ocorrido em 8.5.2018 e publicado no DJe 14.5.2018, a Segunda Turma do STJ reafirmou o entendimento de que a prescrição quinquenal, disposta no art. 19 do Decreto 20.910/1932, é inaplicável aos danos decorrentes de violação de direitos fundamentais, que são imprescritíveis, principalmente quando ocorreram durante o Regime Militar, época na qual os jurisdicionados não podiam deduzir a contento suas pretensões". 
A não prescrição das pretensões para plena tutela de direitos de personalidade com a prescrição sim dos danos ou a pretensão para reparação de danos de violação a direito da personalidade. Por exemplo, para plena tutela de um direito da personalidade seu não há prazo, mas se alguém viola um direito da personalidade seu, e isso gere um dano moral, a pretensão para esse dano moral, que tem caráter econômico, prescreve. 
A única exceção (jurisprudência pacífica no STJ), em situações que violem intensamente a dignidade, como a tortura, o STJ tem uma posição, no sentido de que se flexibiliza, não só a ideia de não prescrição para a tutela plena da integridade física do torturado, mas também se considera imprescritível a própria indenização que o mesmo vai buscar em relação à violação de sua integridade física. 
5 – INDISPONÍVEIS e IRRENUNCIÁVEIS. (Artigo 11 do CC)
A limitação voluntária:: Direitos da Personalidade versus Autonomia Privada - “titular consigo mesmo”.
 Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. 
Obs. A irrenunciabilidade e indisponibilidade são relativas, ou seja, deve-se admitir, excepcionalmente, com restrições, a cessão do exercício desses direitos, quando houver uma repercussão patrimonial. A relativatição diz respeito ao exercício e não à própia titularidade.
A disposição não pode ser genérica, permanente e tão intensa que viole o núcleo essencial da dignidade (Enunciados n. 4 e 139). 
Enunciado n. 4 – Art. 11. O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem geral. 
Enunciado n. 139 – Art. 11. Os direitos da personalidade podem sofrer limitações, ainda que não especificamente previstas em lei, não podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular, contrariamente à boa-fé objetiva e aos bons costumes. 
LIMITAÇÃO VOLUNTÁRIA e CONDIÇÕES (não pode se relacionar ao núcleo substancial de um direito; finalidade, direito fundamental concreto e a posição jurídica) GERAÇÕES. 
Absolutos – Um direito que pode ser oponível a todos
- Oponibilidade erga omnes
- Eficácia vertical e horizontal dos direitos fundamentais da personalidade (RE 201819).
Caráter não patrimonial e dano moral (Enunciado n. 444 do CJF – O dano moral indenizável não pressupõe necessariamente a verificação de sentimentos humanos desagradáveis como dor ou sofrimento). 
Extrapatrimoniais – Existenciais. Os direitos da personalidade não são suscetíveis de uma mensuração econômica.
INATOS, VITALÍCIOS E IMPENHORÁVEISInatos – porque a fonte é a própria pessoa humana. 
Vitalícios – permanentes, acompanham a existência humana até a morte. Impenhoráveis – estão fora do comércio jurídico de direito privado, sem possibilidade de submetê-los. 
. AMPLA TUTELA: ARTIGO 12 DO CC 
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. 
Dinâmica dos Direitos da Personalidade
DIREITOS DA PERSONALIDADE do MESMO TITULAR (em confronto) – você titulariza vários direitos da personalidade, e muitas vezes, esses direitos, com você mesmo, estão em conflito. Por exemplo, a liberdade de atuação (é direito fundamental da personalidade), você tem a liberdade de dispor de aspectos patrimoniais da sua personalidade do jeito que você quiser? Não! Então, quando se fala em limitação voluntária dos direitos da personalidade, pelo próprio titular, trata-se de um confronto. 
Nestas outras situações, trabalha-se com titularidades diferentes, que é o que o STF e o STJ fazem todos os dias e como não há direito absoluto, é preciso verificar qual irá prevalecer no caso concreto.
DIREITOS DA PERSONALIDADE e TITULARIDADES DIVERSAS 
DIREITOS DA PERSONALIDADE versus DIREITOS FUNDAMENTAIS 
Obs.: É preciso saber do caso concreto e analisá-lo, dependendo da situação. 
SITUAÇÕES ESPECÍFICAS de "colisão" entre DIREITOS DA PERSONALIDADE x DIREITOS FUNDAMENTAIS (DA PERSONALIDADE OU NÃO) 
LIBERDADE DE IMPRENSA e CLÁUSULA DE MODICIDADE 
Fatos de interesse público, sem extrapolar o direito à crítica, graves e com repercussão social, não caracteriza dano moral. 
MECANISMO DE HARMONIZAÇÃO ENTRE LIBERDADE DE IMPRENSA e DIREITOS DA PERSONALIDADE 
LIBERDADE DE INFORMAÇÃO X INTIMIDADE 
BIOGRAFIAS NÃO AUTORIZADAS – ADI 4815-DF 
Interpretação conforme os artigos 20 e 21 do CC – o sistema brasileiro admite a publicação de biografias não autorizadas
 LIBERDADE DE IMPRENSA x DIREITO AO ESQUECIMENTO 
RESTRINGIR O USO DE FATOS PRETÉRITOS LIGADOS A SI sem qualquer contexto Recursos paradigmas 1.335.153/RJ – Liberdade de informação 
1.334.097/RJ – Esquecimento 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO x DIREITOS DA PERSONALIDADE 
HATE SPEECH – MANIFESTAÇÕES DE PENSAMENTOS ILIMITADAS – DECLARAÇÕES DE ÓDIO, DESPREZO ou INTOLERÂNCIA – É POSSÍVEL? 
CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
• Vida e integridade física (arts. 13 a 15 do CC). 
• Nome (arts. 16 a 19). 
• Intimidade e vida privada (art. 21). 
• Honra e imagem (art. 20 do CC e Súmula 403 do STJ) . 
INTEGRIDADE FÍSICA (ARTS. 13 A 15 DO CC) 
- Proteção do corpo vivo – art 13
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. 
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial. 
A expressão “salvo por exigência médica” é alvo de polêmica, pois, na realidade, existem algumas situações em que a ideia da intervenção médica será flexibilizada. Essa normativa não se pode interpretar de natureza absoluta, porque há várias questões que estão relacionadas à situação. Ou seja, o art. 13 diz basicamente que os direitos da personalidade, em especial aquele que se refere à integridade física, são indisponíveis, salvo por indicação médica. Isso porque, nesse caso, ocorre o conflito de direitos da personalidade do mesmo titular, de um lado vida e, de outro, a integridade física. 
A Lei Especial de Transplantes – Lei n. 9.434/1997 – permite que a pessoa disponha da sua integridade física em favor de terceiros, desde que seja um órgão duplo, que não prejudique a sua saúde e que beneficie a saúde donatário. O art. 13 é um mero desdobramento da característica da indisponibilidade. Esse dispositivo, em várias outras situações, vem sendo flexibilizado, porque há muitas questões de alta relevância que também repercute nas questões existenciais relacionados à integridade física. 
A redução permanente da integridade física, que o art. 13 exige somente quando houver autorização médica, poderia ser flexibilizada em outras situações em que a vida da pessoa não necessariamente esteja em risco, mas outros valores fundamentais da pessoa humana estejam em jogo. Uma das situações ocorre, por exemplo, em esportes em que a integridade física acaba sendo violada, como o boxe. As cirurgias estéticas também são um exemplo, já que a vida da pessoa não está em risco, mas aquilo é relevante para a integridade psicológica. 
A reprodução assistida heteróloga, por exemplo, quando se utiliza material genético de um terceiro, diferente da homóloga, quando se utiliza o material genético do próprio casal. No que diz respeito aos direitos da personalidade, isso pode gerar um conflito, porque aquele que doou o material genético tem direito à intimidade, o anonimato, mas o filho que vai nascer também tem o direito da personalidade, que é o direito à sua identificação genética, não ao vínculo de filiação. Se o filho desejar conhecer a identidade genética para tratar uma doença grave, por exemplo, prevalecerá a integridade genética em detrimento da intimidade do doador do material genético. Porém, se o sujeito desejar conhecer sua identidade genética por mera curiosidade, irá prevalecer a intimidade do doador. 
• Cirurgia de transgenitalização ou de redesignação genital ADI n. 4.275/DF; Interpretação conforme a Constituição e o Pacto de São José da Costa Rica ao art. 58 da Lei n. 6.015/1973, de modo a reconhecer aos transgêneros que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de transgenitalização, ou da realização de tratamentos hormonais ou patologizantes, o direito à substituição de prenome e sexo diretamente no registro civil; 
Sob essa ótica, devem ser resguardados os direitos fundamentais das pessoas transexuais não operadas: 
• à identidade (tratamento social de acordo com sua identidade de gênero); 
• à liberdade de desenvolvimento e de expressão da personalidade humana (sem indevida intromissão estatal); 
• ao reconhecimento perante a lei (independentemente da realização de procedimentos médicos); 
• à intimidade e à privacidade (proteção das escolhas de vida); 
• à igualdade e à não discriminação (eliminação de desigualdades fáticas que venham a colocálos em situação de inferioridade); 
• à saúde (garantia do bem-estar biopsicofísico) e à felicidade (bem-estar geral). 
Consequentemente, à luz dos direitos fundamentais corolários do princípio fundamental da dignidade da pessoa humana, infere-se que o direito dos transexuais à retificação do sexo no registro civil não pode ficar condicionado à exigência de realização da cirurgia de transgenitalização, para muitos inatingível do ponto de vista financeiro (como parece ser o caso em exame) ou mesmo inviável do ponto de vista médico 
Integridade física. Gestação em substituição. Barriga de aluguel. Doadora do útero em favor de terceiro. Situação em que a pessoa doadora do material genético não poderá por motivo médico se submeter a gravidez. Interpretação do art. 13 conforme o princ. da dignidade da pessoa humana. Possibilidade. Apenas nos casos de doadora genética com problemas ou união homoafetiva. Cessão gratuita de útero. Finalidade médica e não estética. Mãe-gestacional: direito a alimentos gravídicos, assistência médica e psicológica. Criança; garantia do registro civil.
- Proteção do corpo morto – art 14
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.
Proteção da integridade física pós-morte. O morto não titulariza direitos da personalidade, pois eles são válidos durante à vida e, a partir da morte, são extintos. 
A pessoa pode dispor para depois da morte de partes do seu corpo. Ou seja, trata questões que envolvem a sua integridade física em vida que só terão efeitos após a morte.
Doação de órgãos. Possível nos casos científicosou altruísmo. Vedada a finalidade economica, conforme art. 199 da CF. 
A manifestação expressa do doador de órgãos em vida prevalece sobre a vontade dos familiares. 
Nos termos do art. 14 do enunciado 277 da Jornada de Direito Civil
Art. 14 - É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. (CÓDIGO CIVIL, art. 14). 
- Autonomia do paciente ou livre consentimento informado – art. 15
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.
Envolve as intervenções médicas.
Necessário informar a pessoa sobre as consequencias de um não tratamento. Princípio do consentimento informado. 
Casos de urgência e emergencia. Sujeito não tem como exteriorizar a sua vontade. Médico tem a obrigação de intervir.
Mesmo sendo caso de risco de morte. É necessário o consentimento do paciente.
Obs. Internação forçada – Lei 10216/2001 – interesse público e perigo evidente à convivência social. Ex. Pessoa com enfermidade muito transmissível. 
Obs. Testemunha de Jeová. Não querem se submeter a transfussão de sangue. A autonomia do paciente vai prevalecer nessas situações.
Testamento Vital – Art 15
É a possibilidade da pessoa de expor em testamento sobre questões terapêuticas. Direito de morrer dignamente.
Ex. Por meio de testamento, pessoa diz que, caso se encontre com enfermidade e não puder expressar o seu consentimento, deseja ou não se submeter a tratamentos terapêuticos.
Negócio jurídico Unilateral, personalíssimo, gratuito, solene e revogável;
Respeito à vontade manifestada pelo paciente. O paciente pode definir os limites terapêuticos a serem adoados em seu tratamento de saúde.
• § 2º do art. 1.857 – são válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial (questões existenciais: diretivas, genético) 
• Eutanásia (morte piedosa), ortotanásia (deixar de prolongar o processo de morte por meios artificiais), distanásia (prolongamento artificial do processo de morte), mistanásia ou eutanásia social e o direito à morte digna. 
Efeitos do término da personalidade. 
• Extinção dos direitos da personalidade e de alguns patrimoniais intransmissíveis, como usufruto, uso, habitação, mandato, entre outros de caráter personalíssimo; 
• Em regra, os direitos patrimoniais são transmissíveis aos herdeiros.
DIREITO À IMAGEM – ART. 20 DO CC
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. 
Flexibilizações. É possível que o titular autorize a divulgação da sua imagem ou a utilização da sua imagem. 
Ex. Imagem de criminoso exposta por interesse público.
Imagem – Tutela tridimensional 
– Imagem retrato – representação pelo aspecto visual – É o pôster/fotografia da pessoa;
– Imagem atributo – qualificativos sociais – identificação social da pessoa;
– Imagem voz – é o timbre sonoro identificador;
– Autonomia – Direito inerente à personalidade.
IMAGEM – QUESTÕES RELEVANTES
• Direito à Imagem pode ser flexibilizada pelo próprio titular (consentimento expresso ou tácito) ou quando em confronto com outros direitos fundamentais (informação/imprensa); 
• Captação da imagem e publicidade da imagem (redes sociais); 
• Imagem – local público e flexibilização (interesse social, sem individualização – é vedada o foco em plano diferenciado); 
• STJ: o uso e a divulgação, por sociedade empresária, de imagem de pessoa física fotografada isoladamente em local público, em meio a cenário destacado, sem nenhuma conotação ofensiva ou vexaminosa, configura dano moral decorrente de violação do direito à imagem por ausência de autorização do titular; 
• Imagem e função social (interesse coletivo na divulgação). 
Obs. STJ. Não se exige a prova inequívoca da má-fé de publicação (“actual malice”), para ensejar a indenização.
Em princípio, tem-se como presumido o consentimento das publicações voltadas ao interesse geral (fins didáticos, científicos, desportivos) que retratem pessoas famosas ou que exerçam alguma atividade pública; ou, ainda, retiradas em local público. Mesmo nas situações em que há alguma forma de mitigação, não é tolerável o abuso, estando a liberdade de expressar-se, exprimir-se, enfim, de comunicar-se, limitada à condicionante ética do respeito ao próximo e aos direitos da personalidade. 
próximo e aos direitos da personalidade. No tocante às pessoas notórias, apesar de o grau de resguardo e de tutela da imagem não ter a mesma extensão daquela conferida aos particulares, já que comprometidos com a publicidade, restará configurado o abuso do direito de uso da imagem quando se constatar a vulneração da intimidade, da vida privada ou de qualquer contexto minimamente tolerável. 
DIREITO À VIDA PRIVADA 
– ART. 21 DO CC
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. 
Vida privada 
• Salvaguarda do conhecimento alheio tudo que diz respeito à esfera íntima – Estão contidos o direito à intimidade e o direito ao segredo; 
• Relativização pelo próprio titular ou em razão de outros direitos fundamentais (redes sociais); 
• Privacidade de pessoas públicas a relativização não é tão intensa quanto a imagem, mas decorre naturalmente do confronto de outros direitos fundamentais, como liberdade de expressão, imprensa etc. (relativização restrita a aspectos da privacidade que diga respeito à vida profissional) – exemplo as biografias não autorizadas; 
• Vida privada e relação com os direitos reais – limitações ao direito de construir; 
• Vida privada e testes admissionais – trabalho? 
Autonomia jurídica (“Círculos Concêntricos”) 
• A privacidade é a esfera mais ampla/larga de um círculo que contém, internamente, o segredo e a intimidade (que é o núcleo desses círculos). Exemplos: 
– Movimentação bancária – segredo;
– Declaração de imposto de renda – segredo;
– Orientação sexual – intimidade;
– Opção religiosa – intimidade. 
• Não é toda a informação privada (privacidade) que é íntima, embora toda a intimidade seja privada; 
• Entre a intimidade e a privacidade repousa o segredo. 
HONRA (SUBJETIVA E OBJETIVA) 
Honra – projeção social, fama, reputação 
• Honra objetiva (externo – coletividade); 
• Honra subjetiva (interno – estima pessoal – autoestima) – relativização e interesse público.
Obs.: O art. 20 do Código Civil trata a honra e a imagem como se fossem direitos conexos e, na realidade, na doutrina e jurisprudência são direitos da personalidade autônomos e independentes. Em algumas situações, quando a imagem for violada, a honra também pode ser, mas não há uma relação necessária entre honra e imagem. 
NOME NO CÓDIGO CIVIL (ARTS. 16 A 19) 
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. 
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. 
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome. 
Término da personalidade da pessoa humana 
• Morte real. 
• Morte presumida (fator risco e fator tempo). 
ART. 6º (MORTE REAL E PRESUMIDA/FATOR TEMPO) 
Morte real → envolve certeza jurídica da morte, através da declaração de óbito.
Morte presumida → A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. 
ART. 7º (MORTE PRESUMIDA/FATOR RISCO) 
Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: 
I – se for extremamenteprovável a morte de quem estava em perigo de vida; 
II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. 
MORTE PRESUMIDA E AUSÊNCIA (arts 22 a 39 do CC)
Ausente = Pessoa que desaparece do seu domicílio e não deixa notícias, nem procurador para tratar de seus interesses. 
Legítimados para iniciar o procedimento de ausência = Qualquer interessado ou MP.
• Fundamento: fator tempo; 
• Morte presumida e ausência (arts. 22 a 39 do CC); 
• Caracterização da ausência e fases da ausência (curadoria dos bens do ausente, sucessão provisória e sucessão definitiva); 
• Legitimidade para requerer a ausência; 
• Ausência e procedimento; 
1ª Fase (Curadoria de Bens). 01 ano. (arts 22 a 25)
O juiz só declara a ausência e nomeia um curador para gerir o patrimônio do ausente.
Dura 01 ano. 
Encerra-se antes se o ausente retorna ou chega notícia de sua morte.
Quem pode ser curador: O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador. 
§ 1 o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo. 
2 o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.
§ 3 o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.
2ª Fase (Sucessão Provisória); 10 anos. (arts. 26 a 36)
Já ocorrerá a sucessão e incia-se o inventário.
Se houver testamento, começa a cumprir. 
Porém, como é provisória, há restriçoes, tais como: restrições de bens; os herdeiros podem emitir na posse após 180 dias, mas a propriedade é mantida com o ausente; 
Os herdeiros necessários para se emitir na posse dos seus quinhões não precisam prestar garantia, eles definem o seu quinhão e emitem a posse. Já para os herdeiros não necessários, para se emitir na posse, precisam prestar garantia, que deve ser o equivalente ao valor de seu quinhão. Se não houver bens para prestar garantias, não poderá emitir na posse. Caberá ao juiz definir quem vai gerir o quinhão, pode ser até outro herdeiro necessário, mas, nesse caso, terá que prestar garantia, porque está administrando um quinhão que não é dele. 
Na segunda restrição, o herdeiro necessário tem direito a 100% dos frutos e rendimentos seu quinhão. Já o herdeiro não necessário só tem direito a apenas 50% e os outros 50% precisam ser capitalizados. O Ministério Público será responsável por fazer essa fiscalização.
 A fase de sucessão provisória dura dez anos .
3ª Fase (Sucessão Definitiva). 
- Já se presume o falecimento do ausente.
- Todas as restrições desaparecem.
Obs. A pessoa só é considerada falecida com a abertura da sucessão definitiva.
SITUAÇÕES JURÍDICAS RELATIVAS AO TÉRMINO DA PERSONALIDADE 
Art. 43 do CPC/1973 – atual artigo 110 do CPC/2015 (morte no curso do processo e sucessão) – o morto não transmite direitos da personalidade, mas os seus sucessores serão habilitados para dar continuidade nos processos, no que tange os direitos patrimoniais. 
Art. 943 do CC/2002 – transmissão do direito à reparação do dano – lesão a direito da personalidade de pessoa viva que falece sem propor a ação, o espólio pode propor a ação no seu nome. O espólio pode propor a ação se ainda não ocorreu a prescrição. A morte do titular não suspende nem interrompe o prazo prescricional. O titular da indenização é o morto. O direito da personalidade não se transmitiu – apenas o direito à reparação. 
Art. 12, Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. 
Obs.: Vale lembrar que que direitos da personalidade não são transmissíveis, mas os direitos patrimoniais decorrentes da violação dos direitos da personalidade são transmissíveis. Com base no art. 943 do Código Civil, herdeiros dessa pessoa podem buscar a reparação em nome do falecido. 
Obs.: Ressalta-se que o morto não titulariza direitos da personalidade, mas os direitos da personalidade que o morto titularizava em vida continuam protegidos mesmo após a morte. Nesse caso, os parentes, em nome próprio, vão defender direito alheio do morto, ou seja, irão buscar a tutela de direitos que o morto titularizava em vida. 
É importante lembrar que o STF já se posicionou com relação ao art. 7º, §6º da LINDB, pacificando o entendimento de que o art. 226, §6º da CF prevalece sobre aquele dispositivo legal, não sendo mais exigível o decurso do lapso temporal de 01 ano para homologar a sentença do divórcio.

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