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Comunicação e Política Aula 2

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Comunicação e Política
Aula 2 
Profa. Isabel Spagnolo.
Texto: O Panoptismo
Michel Foucault.
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Cidade Pestilenta
No século XVII, as cidades atingidas pela peste eram, inicialmente, fechadas. 
Em seguida eram divididas em quarteirões controlados por um intendente. 
Os quarteirões eram, por sua vez, divididos em ruas controladas cada uma por um síndico. 
 
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Cada síndico percorria diariamente uma rua, fazendo a vistoria das casas. Nessa vistoria fazia-se a contagem dos moradores de cada casa e suas condições de saúde. 
Esses relatórios eram entregues ao Intendente, que por sua vez, entregava-os ao Prefeito da cidade. 
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No período da quarentena, todos os moradores eram impedidos de sair às ruas, sendo a comida enviada para suas casas. 
A fuga da cidade era punida com a morte. 
No fim da peste, a divisão era desfeita e a cidade novamente aberta. 
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A diferença entre a cidade pestilenta e a prisão panóptica era a de que, enquanto o modelo de vigilância sobre a cidade era provisório, a vigilância dentro da sociedade disciplinar era permanente. 
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Sociedade Disciplinar
A sociedade disciplinar foi inaugurada pela Revolução Industrial, que instaurou o processo de serialização e dinamização da produção. 
 
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Essa nova sociedade pode ser demarcada entre os séculos XVIII, XIX e primeira metade do século XX. 
Adotou as disciplinas dentro das instituições sociais como forma de controle e docilização dos corpos. Corpos submissos são corpos dóceis, corpos que dizem apenas sim. 
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Para Michel Foucault: “O corpo humano entra numa maquinaria de poder que o esquadrinha, o desarticula e o recompõe. Uma “anatomia política”, que é também igualmente uma “mecânica do poder”... “ela define como se pode ter domínio sobre o corpo dos outros...” “A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos “dóceis”. 
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Disciplina
Para Michel Foucault, disciplina, nesse contexto, significa um conjunto de regras cuja função é o controle do corpo social, funcionando como um novo modelo de poder exercido dentro das instituições disciplinares. 
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Instituições Disciplinares 
Família 
Escola 
Fábrica 
Quartel 
Hospital 
Internato 
Prisão
Igreja 
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Disciplinas
A Arte das Distribuições
O Controle da Atividade
Vigilância
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Arte das Distribuições
“A disciplina procede em primeiro lugar à distribuição dos indivíduos no espaço. Para isso, utiliza diversas técnicas.”
“E em primeiro lugar o princípio da localização imediata ou do quadriculamento. Cada indivíduo no seu lugar; e em cada lugar, um indivíduo”.
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“Importa distribuir os indivíduos num espaço onde se possa isolá-los e localizá-los;...”
“Ela é a condição primeira para o controle e o uso de um conjunto de elementos distintos: a base para uma microfísica de um poder que poderíamos chamar “celular”
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O Controle da Atividade
“O horário: é uma velha herança. As comunidades monásticas haviam sem dúvida sugerido seu modelo estrito.”
“No começo do século XIX, serão propostos para a escola horários como o seguinte: 8,45 entrada do monitor, 8:52 chamada do monitor, 8:56 entrada das crianças e oração...”
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Dentro do controle da atividade, ocorre também um quadriculamento do tempo:
“É expressamente proibido durante o trabalho divertir os companheiros com gestos ou de outra maneira, fazer qualquer brincadeira, comer, dormir, contar histórias ou comédias”;(e o mesmo durante a interrupção para a refeição). 
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“A articulação corpo-objeto: a disciplina define cada uma das relações que o corpo deve manter com o objeto que manipula. Ela estabelece cuidadosa engrenagem entre um e outro.”
Exemplo: “Leve a arma à frente. Em três tempos. Levanta-se o fuzil com a mão direita, aproximando-o do corpo para mantê-lo em frente ao joelho direito...”
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“Consiste em uma decomposição do gesto global...”
“Sobre toda a superfície de contato entre o corpo e o objeto que o manipula, o poder vem se introduzir, amarra-os um ao outro. Constitui um complexo corpo-arma, corpo-instrumento, corpo-máquina.”
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Vigilância
“O Panóptico de Bentham é a figura arquitetural dessa composição.”
“O principio é conhecido: na periferia uma construção em anel; no centro, uma torre; esta é vazada de largas janelas que se abrem sobre a face interna do anel; a construção periférica é dividida em celas, cada uma atravessando toda a espessura da construção; elas têm duas janelas, 
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uma para o interior, correspondendo às janelas da torre; outra, que dá para o exterior, permite que a luz atravesse a cela de lado a lado.”
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“Basta então colocar um vigia na torre central e em cada cela trancar um louco, um doente, um condenado, um operário ou um escolar. Pelo efeito da contraluz, pode-se perceber da torre, recortando-se exatamente sobre a claridade, as pequenas silhuetas cativas nas celas da periferia.”
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“Em suma o princípio da masmorra é invertido; ou antes, de suas três funções – trancar, privar de luz e esconder – só se conserva a primeira e suprimem-se as outras duas. A plena luz e o olhar de um vigia captam melhor que a sombra, que finalmente protegia. A visibilidade é uma armadilha”. 
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“Cada um, em seu lugar... É visto, mas não vê; objeto de uma informação, nunca sujeito numa comunicação.”
“Daí o efeito mais importante do Panóptico: induzir no detento um estado consciente e permanente de visibilidade que assegura o funcionamento automático do poder.”
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“O Panóptico é uma máquina de dissociar o par ver-ser visto; no anel periférico, se é totalmente visto, sem nunca ver; na torre central, vê-se tudo, sem nunca ser visto.”
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Bibliografia:
Foucault, Michel. Vigiar e Punir. Ed. Vozes. Petrópolis, 2002.

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