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Comunicação e Política

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Comunicação e Política
Profa. Isabel Spagnolo. 
Aula1. 
Conceitos: 
Espaço público 
Verdade / Discurso / Poder
Visibilidade
Interação
 
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Ágora = Praça pública grega. 
Segundo Jean Pierre Vernant: 
A Ágora é o espaço no qual se deu o desenvolvimento da atividade da polis a partir de três elementos: 
delimitação entre o público e o privado. 
a palavra como instrumento de poder, argumentação e persuasão. 
o aparecimento do cidadão. 
 
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- O domínio público era demarcado pelos assuntos comuns à coletividade. Espaço da discussão pública. 
 
 
- A palavra como persuasão ou argumentação aparece na medida em que, através dela que se procura a solução para os problemas da cidade. Portanto, um grupo busca convencer o outro de que possui a razão ou a verdade. 
 
 
 
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Conceito de Verdade
Segundo Michel Foucault, não há que se saber se um discurso é verdadeiro ou falso, há que se saber quais são os efeitos de verdade produzidos no interior do discurso. 
Sendo assim, não há como separar um discurso das condições históricas nas quais ele circula. O discurso é também uma prática social. 
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	Exs: Segunda Guerra.
Durante a Segunda Guerra, o grupo social predominante na Alemanha era o Partido Nazista. Hitler chegou ao poder com o discurso do nacionalismo e da supremacia da raça ariana sobre todas as outras. Esse discurso, embora não fosse verdadeiro, foi associado às condições históricas da Alemanha naquele período: alta da inflação, sentimento de inferioridade pela perda da Primeira Guerra, desemprego. Sendo assim, ele não era verdadeiro, mas parecia ser. 
 
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Idade Média
Durante a Idade Média, o grupo social predominante era a Igreja Católica. Ela chegou ao poder com o discurso da salvação através da fé e do trabalho, no momento em que o Império Romano perdia poder político e econômico, sendo necessário estabelecer uma novo grupo e uma nova ordem. Durante séculos esse discurso parecia ser verdadeiro em função das seguintes condições: analfabetismo, censura imposta pela própria Igreja, feudalismo (regime baseado na extração de riquezas da terra).
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Discurso
Para Michel Foucault, o discurso, a verdade e o poder se entrelaçam na medida em que funcionam dentro de uma mesma estrutura. Nesse sentido, a verdade ou os efeitos de verdade só aparecem a partir da existência do próprio discurso. 
 Segundo Foucault, “a psicanálise mostrou que o discurso revela ou oculta o desejo, mas também mostrou que o próprio discurso se transforma em objeto de desejo, pois quando se toma o discurso, se toma o poder.” 
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Poder 
Foucault entende o poder como uma prática social expressa por um conjunto de relações. Temos que pensar o poder não como uma “coisa” que uns tem e outros não, como por exemplo, o pai e o filho, o rei e os súditos, o presidente e seus governados, etc, mas uma relação que se opera entre os pares: o filho que negocia com o pai, os súditos que reivindicam ao rei, os governados que usam dispositivos legais para fiscalizar o presidente. O poder é uma rede formada por mecanismos e dispositivos localizados no cotidiano. 
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O poder e o discurso se constituem em práticas sociais. 
A práxis, ou prática social, é o mundo material social elaborado e organizado pelo ser humano no desenvolvimento de sua existência como ser racional. Este mundo material está em constante movimento, organizando-se e reorganizando-se perpetuamente.
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Portanto, dizer que o poder e o discurso são práticas sociais é o mesmo que dizer que são formas de elaboração do mundo, organização e reorganização de seus elementos. 
Para Foucault, o poder produz também saberes que interferem diretamente na realidade. Esses mesmos saberes são ratificados pelo discurso. 
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Através das relações sociais estabelecidas (relações de poder), são produzidos os discursos. 
O discurso que for validado como verdadeiro interfere nas relações sociais (no mundo) organizando-as e reorganizando-as.
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 Na ágora grega, a criação da política se deu através das relações estabelecidas entre a pequena coletividade de cidadãos pertencentes a elite acima de 21 anos, homens, letrados que dirigiam-se à praça com o objetivo de discutir e resolver o problema da cidade. 
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O poder se dava, nesse contexto, nas relações entre eles e na prática da produção discursiva como formas de reorganização da realidade. 
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Na atualidade, a discussão da vida pública não se dá mais na praça, mas na mídia, uma vez que ela faz a mediação entre o poder público e o cidadão, conferindo visibilidade às questões públicas.
 
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Visibilidade
Tornar visível, segundo J. B. Thompson, é mostrar o que antes era decidido a portas fechadas. As decisões do poder se tornam públicas e visíveis através da mídia. 
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Interação
Para Thompson, uma das diferenças da visibilidade do poder na Ágora e na Mídia é o processo de interação. Para o autor, há três formas de interação:
1 - Interação face a face, de co-presença, no espaço compartilhado. Na ágora grega, os cidadãos compartilhavam o mesmo espaço, estabelecendo uma relação dialógica. 
 
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2 - A interação mediada é feita através de carta, telefone, fax, entre outras. Nessa forma de interação há também o diálogo estabelecido entre o emissor e o receptor. 
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3 - Quase interação mediada foi inaugurada pela imprensa, na Era Moderna. Sua principal característica é a de que o receptor não participa da construção da mensagem. Esse tipo de interação é monológica, pois apenas o emissor fala. É característica dos meios de comunicação de massa. 
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Com o desenvolvimento das novas tecnologias da comunicação, a internet favoreceu ao resgate do tipo de interação dialógica existente na Ágora. 
Atualmente, qualquer pessoa com uma pequena aparelhagem pode produzir conteúdo e publicá-lo na Internet. 
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Meios de Comunicação de Massa
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Com a Internet
Muitos para Muitos.
 
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 Jornalismo Cidadão / Colaborativo ou Participativo
O cidadão toma para si o papel dos mass media. 
O primeiro caso ocorreu com a queda das torres gêmeas em 2001. Muitos cidadãos comuns presenciaram o ataque e conseguiram capturar imagens que nenhum meio de comunicação conseguiu captar. 
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Em 2004 foi o caso da Tsunami no Sul da Ásia. 
Em 2005 foram os atentados em Londres e o Furacão Katrina. 
O uso dessas novas tecnologias pelo cidadão comum criou uma nova realidade a qual os mcm precisam se adaptar. 
A internet é o primeiro meio que deu voz ao público. 
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Segundo Ana Carmen Fachini: “Acredita-se que o jornalismo ciddadão colabora com o trabalho dos jornalistas, pois expressa opiniões, e até mesmo a visão da comunidade, ou seja, complementa o trabalho do jornalista. Essa utilização de produção e transmissão do conteúdo é utilizado cada vez mais pelos media”.
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Exemplos:
No caso do Parceiros do RJ são utilizados moradores das regiões escolhidas, eles são treinados pela emissora para receber as técnicas do fazer jornalístico. São também acompanhados por profissionais da emissora. Sendo assim, entende-se que há uma troca entre jornalismo tradicional e jornalismo cidadão. 
 
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São jovens moradores que mostram a realidade em 8 diferentes regiões do Rio sob perspectiva do próprio morador. 
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Viva Favela – Outro Olhar.
O Viva Favela estimula os moradores das favelas a produzirem vídeos sobre a sua realidade. Alguns vídeos são apresentados em reportagens pela TV Brasil, no quadro Outro Olhar. 
O Viva Favela foi criado em 2001 pelo Viva Rio. O projeto Viva Favela tem como meta a inclusão digital, a democratização da informação e interação social. 
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João Buracão
Criado por um borracheiro de Marechal Hermes, subúrbio do Rio, o boneco é usado como protesto junto ao poder público. 
João Buracão solicitava de forma sarcástica o fechamento de um buraco, naquele bairro. O boneco se tornou conhecido por após ter sido descoberto por um repórter do Jornal Extra. 
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Jornalismo Cívico ou Público.
Nos final dos anos 80 e início dos anos 90, um grupo de professores, editores e jornalistas norte-americanos reuniram-se para repensar o fazer jornalístico em função de uma queda na venda dos jornais que afetavam a relação empresa-consumidor. Segundo eles, a prática jornalística deveria ser mais abrangente no sentido de aproximar a notícia da realidade vivida pelo cidadão.
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Ao indicar a queda ou alta de índices econômicos, a matéria deve mostrar como isso afeta diretamente na vida das pessoas, como isso altera os preços das mercadorias nos supermercados, por exemplo. 
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A diferença entre o jornalismo cidadão e o jornalismo cívico é que enquanto o primeiro solicita o fechamento do buraco, o outro discute a política de colocação de asfaltos nas ruas, como por exemplo, a verba destinada, a distribuição desses valores por áreas da cidade, entre outros. 
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Atividade em sala:
1 – Descreva os elementos constitutivos da atividade política e de que forma eles são resgatados através do jornalismo cidadão.
2 – Dê exemplos de práticas de jornalismo cidadão ou colaborativo. 
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Bibliografia:
FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. Ed Graal. Rio de Janeiro, 2007. 
FOUCAULT, Michel. A Ordem do Discurso. Ed. Loyola, Rio de Janeiro, 2006.
THOMPSON, J. B. A Mídia e a Modernidade. Vozes, Petrópolis, 1999. 
VERNANT, Jean Pierre. As Origens do Pensamento Grego. Difel. Rio de Janeiro, 2002.

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