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Resumo por: Yasmin Barros - @idealizavet @yasminbarro.s Cinomose Definição: doença infecciosa viral, sistêmica, com alta morbidade e mortalidade, que acomete canídeos domésticos e selvagens, além de outros mamíferos, com ocorrência mundial, de especial importância para cães. Família: Paramyxoviridae Gênero: Morbillivírus Espécie: Canine morbilivirus (nomina atual) Canine distemper vírus (CDV) Vírus do sarampo humano Vírus RNA Envelopado Diversas cepas/linhagens com diferentes patogenicidade: evolução genética (vírus RNA tem taxa de mutação maior que os de DNA). No Brasil como tem um número grande de animais infectados, há uma maior replicação, com maior chances de criar novas cepas (mutação), podendo ser mais patogênicas e transmissíveis, isso se baseia a uma falha do protocolo vacinal. Vacinas recombinantes produzem melhor resposta do organismo. Proteínas importantes: de fusão e hemaglutinina, importantes para resposta imune e ligação ao receptor e entrada na célula. Epidemiologia: distribuição mundial Susceptíveis: qualquer idade, mais comum em animais jovens e com protocolo vacinal inadequado Fonte: Aline Santana da Hora Em países que a vacinação é criteriosa e adequada em cães, os principais animais acometidos são os guaxinins. Gatos domésticos e suínos produzem anticorpos contra o vírus (resistência natural), porém não manifestam a doença – informações obtidas a partir de testes experimentais. Os felídeos silvestres não são resistentes. Transposição da barreira do hospedeiro > o vírus passa do hospedeiro principal para hospedeiros não usuais, e essa passagem pode acontecer pelo contato de cães/guaxinins que possuem o vírus. Animais marinhos podem ter cinomose. Furões devem ser vacinados contra o vírus da cinomose. Patogenia: cães com manifestações clínicas ou assintomáticos disseminam o vírus via aerossol, via fômites ou através do contato com secreções respiratórias e excreções (urina), pode disseminar durante 3 a 4 meses após infecção. Em um estudo, mostrou que um cão se manteve disseminando o vírus até 6 meses após cura clínica (17 meses de disseminação). Uma vez que o animal teve contato com a partícula viral, haverá replicação epitélio e macrófagos do trato respiratório superior, ocasionando viremia em células mononucleares causando o primeiro pico febril > destruição massiva de linfócitos (apoptose) > disseminação de órgãos linfoides e o desfecho da infecção vai depender da resposta humoral do animal Fonte: Aline Santana da Hora A resposta imune acontece geralmente após 14 dias de infecção. Se for adequada produz boa quantidade de anticorpos e se torna assintomático pela imunidade celular efetiva ou desenvolve doença inaparente com sinais clínicos leves e com baixa prevalência a sinais de SNC Se a resposta for inadequada, vai ter disseminação em todos epitélios e SNC, ocasionando segundo pico febril. A partir desse momento, se o animal tiver ac ausentes ele vai manifestar doença multissistêmica grave, tendo persistência viral nos tecidos, levando a morte ou recuperação, porém com persistência de sinais de SNC mesmo após recuperação. Se os níveis de ac forem baixos, ocorre doença leve ou inaparente, o vírus é eliminado, mas pode permanecer nos pulmões e pele, após isso ele se recupera, podendo disseminar o vírus até 60 dias. Sinais clínicos: muito variáveis por dependerem de: Cepa viral Idade e do estado imunológico do hospedeiro Infecções concomitantes com outros vírus e bactérias Mais de 50% das infecções por CDV são assintomáticas Sinais oculares, neurológicos, pneumonia, enterite, hipoplasia de esmalte dentário, hiperqueratose de coxins e fucinho, pneumonia, aborto, infertilidade, necrose linfoide e infecções oportunistas Geralmente o animal acometido tem sinais respiratórios, posteriormente gastrointestinais e depois neurológicos (mas não é regra!!) Febre, letargia, inapetência, aumento das tonsilas, vomito, diarreia, desidratação, dermatite pustular, secreção bilateral nasal e ocular, conjuntivite, tosse não produtiva, dispneia Período de incubação: 3 a 6 dias. Infecção bacteriana secundaria: secreção nasal e ocular mucopurulenta; broncopneumonia bacteriana: taquipneia, tosse produtiva, letargia e diminuição do apetite; Bordetella bronchiseptica (infecção secundária mais comum), o CDV pode passar desapercebido Complexo respiratório infeccioso canino: o Bordetella bronchiseptica o Streptococcus equi sub zooepidemicus o Mycoplasma spp o Vírus da influenza canina o Coronavírus respiratório o Vírus da parainfluenza o Adenovírus o Herpesvírus Sinais de envolvimento sistema gastrointestinal: destruição viral do epitélio do trato gastrointestinal Inapetência Vômitos Diarreia Anormalidades eletrolíticas Desidratação Co-infecção com: CPV, CCoV Sinais de envolvimento dermatológico: Dermatite vesicular e pustular em filhotes Hiperqueratose plano nasal e coxins (células basais da pele), geralmente associada com sinais neurológicos Sinais de envolvimento do sistema nervoso Até 30% dos cães com cinomose vão apresentar sinais do SNC Geralmente: 1 a 6 semanas após o início da doença aguda Podem ocorrer mesmo quando a infecção inicial é subclínica Algumas cepas são mais propensas a causar sinais neurológicos Cães podem apresentar apenas sinais neurológicos Sinais progressivos e geralmente não desaparecem Cães que se recuperam frequentemente apresentam déficits neurológicos residuais Manifestações neurológicas: Encefalopatia dos cães jovens Encefalite dos animais adultos Encefalite esclerosante dos animais idosos Encefalopatia pós-vacinal Polioencefalite com corpúsculos de inclusão pelo vírus da cinomose Desmielinização é a principal alteração na histopatologia > alterações na condução nervosa > mioclonias > tremor involuntário de músculos individuais ou grupos musculares Na literatura aind não tem nenhuma outra doença que causa mioclonias em cães, mas não se pode afirmar que seja um sinal patognomonico da cinomose. Encefalopatia dos cães jovens: Idade: até 2 anos Doença sistêmica com infecções secundárias Mioclonias, ataxia, momo até tetraparesia e ocasionais convulsões Encefalite dos animais adultos: Idade: entre 2 e os 6 anos de idade Com ou sem doença sistêmica Apresentam: incoordenação, tetraplegia, epilepsia, inconsciência e convulsões graves nas fases finais de doença. Encefalite esclerosante dos animais idosos: Idade: mais de 6 anos Panencefalite subaguda com perda seletiva do estado mental Sinais semelhantes ao raiva: o Alterações de comportamento: depressão com episódios de agressividade mesmo contra tutor; ataque a objetos; latidos intermitentes; andar obstinado, propulsivo ou atáxico Encefalopatia pós-vacinal: 3 dias a 2 semanas pós-vacinação; Ocorre por suscetibilidade maior do filhote Reativação de um vírus vacinal Comportamento violento e agressivo, ataxia progressiva, paresia, decúbito e morte em poucos dias Polioencefalite com corpúsculos de inclusão: Cães jovens sem histórico de vacinação recente Grande quantidade de corpúsculos de inclusão em neurônios Sinais intermediários entre encefalopatia pós-vacinal e encefalite do cão idoso Sinais oculares: Uveíte leve em cães com encefalomielite Coriorretinite Ceratoconjuntivite seca Ocorre por lesão na glândula lacrimal pelo CDV Transitória ou permanente Pode causar ceratite e úlcera de córnea Ceratite: por lesão direta do vírus Neurite: associado com cegueira súbita > pupilas dilatadas não responsivas Imunossupresão Linfopenia Necrose das células hematopoiéticas Disfunção das células dendríticas Funçãodas células T prejudicada Outras infecções oportunistas associadas com CDV Toxoplasmose Salmonelose: diarreia hemorrágica fatal ou sepse Nocardiose Demodicose generalizada Hemoparasitoses Sinais de acometimento do aparelho locomotor: Cães em fase de crescimento: osteosclerose metafisária em ossos longos Mais comum em raças grandes com 3 a 6 meses de idade Artrite reumatoide: por depósito de imunocomplexos no liquido sinovial Sinais: dor e claudicação Suspeita-se que a osteodistrofia hipertrófica pode estar relacionado com CDV Infecção transplacentária por CDV Infertilidade Natimortos ou aborto Sinais neurológicos em filhotes com menos de 4 a 6 semanas de idade Síndrome do definhamento do neonato Filhotes infectados no útero podem sobreviver: imunodeficiência permanente: lesões em tecidos linfoides Lesões dentais Filhotes infectados antes da erupção dos dentes permanentes Lesões em esmalte, dentina ou raízes dentarias Hipoplasia esmalte + sinais neuro em cão adulto > infecção prévia por CDV Erupção parcial Oligodontia (ausência de muitos dentes) Diagnóstico: Histórico: animal vacinado corretamente? Animal teve contato com outros antes de terminar o protocolo vacinal? Sinais clínicos Linfopenia Trombocitopenia <30.000cls/mcgL decorrente de resposta imunomediada (aumento de ac anti-plaquetários, pela presença da cinomose em precursores das plaquetas) Anemia arregenerativa Corpúsculos de Lents (intracitoplasmáticos) – baixa ocorrência: linfócitos, monócitos, neutrófilo, hemácias e células epiteliais (bexiga, conjuntiva), astrócitos e neurônios Hipoglobulinemia em filhotes infectados pré-natal ou quando neonatos Radiografia pulmonar: Padrão intersticial: começo da infecção Padrão alveolar: infecção secundária bacteriana e broncopneumonia grave Análise LCR: Encefalomielite desmielinizante não-inflamatória e aguda: sem alterações em LCR Encefalomielite crônica: proteína >25g/dL; contagem celular > 10 células com predominância de linfócitos Corpúsculos de Lentz podem ser observados Detecção de antígeno: ELISA ou imunocromatografia, pode ter falso positivo em animais vacinados (até 4 semanas pós-vacinação com vacina vírus vivo atenuado) Se der negativo no teste rápido, solicitar PCR Sensibilidade e especificidade? (não tem trabalhos comparativos com técnicas diferente para diagnóstico) Detecção de anticorpos: Soroneutralização e testes rápidos (ELISA, imunocromatografia) Ac aparecem 10-20 dias pós-infecção Soro Falso positivo: animal vacinado LCR: ac produzidos localmente em cães com acometimento SNC Cuidado com contaminação sangue na coleta Barreira hematoencefálica inflamada: passam ac sistêmicos Mundo ideal: Quantificação de Ac Determinar se o animal está protegido: é necessário vacinar? Aumento 4x em um intervalo de 2-4 semanas: infecção recente Diferenciar se Ac no LCR é por infecção ativa e por passagem na barreira hematoencefálica Infecção ativa SNC: títulos Ac mais altos no LCR que no sangue Cuidado com contaminação de sangue na coleta RT-PCR Sangue, soro, LCR, urina (mais indicada), swab conjuntival, biópsia de pele ou tecidos Falso positivo: vacinação vírus vivo modificado (VVM), 2 dias pós-vacinação até 4 semanas Exceção: vacinas recombinantes – pois é detectado o gene codificador da proteína N do nucleocapsideo, porém nas vacinas recombinantes não tem presença de material genético da proteína N. Teste negativo: não pode descartar infecção Degradação fácil do RNA – se o transporte demorar mais que 72 hrs, deve ser transportada congelado com gelo seco, menos de 72 horas mantem refrigerado. Não havia quantidade de vírus suficiente na amostra Em casos de surto em abrigos: pool de amostras de 5-10 animais aumentam as chances de detecção Pode ser capaz de diferenciar cepas vacinais de cepas de campo Diagnóstico diferencial: Parvovirose canina Outras causas infecciosas de gastroenterite Outras causas de doença respiratória infecciosa canina (tosse dos canis) Raiva Toxinas como chumbo e etileno glicol Corpo estranho gastrointestinal Indiscrição de dieta Meningoencefalite protozoária Infecções fúngicas sistêmicas (criptococose) Shunt causando encefalopatia hepática Tratamento: Ribavirina: In vitro: antiviral contra CDV In vivo: são necessários mais estudos, pois podem causar anemia hemolítica como efeito adversos, alguns estudos mostrar que pode ser contornada com o uso concomitante de DMSO Sinais respiratório leves: podem ter resolução espontâneas sem tratamento Sinais respiratório graves: Hospitalização, fluidos IV, atb: pneumonia secundária, suplementação com O2, nebulização Lavado traqueal para antibiograma Bordetella bronchiseptica susceptível doxiciclina Broncopneumonia grave: ampicilina + fluorquinolona Atenção quanto à nutrição Cães com ceratoconjuntivite seca: lágrima artificial, se for alteração crônica, o tratamento é pro resto da vida do animal Antieméticos em pacientes com quadro de emese Vitamina A: auxilia na recuperação de sinais clínicos do SNC Anticonvulsivantes em pacientes com quadro de convulsão Isolamento Controle Difícil controle quando há cães em elevado contato Sensível: luz UV; aquecimento (50-60°C em 30 minutos); em locais de clima quente não resiste na ausência do hospedeiro, sobrevive menos de 1 dia à temperatura ambiente Dessecamento Detergentes, desinfetantes comuns inativam o vírus Vacinação: Animais vacinados com manifestações por CDV Falhas vacinais: Diversidade de cepas Vacinação na presença de ac maternos Co-infecção por protozoários e agentes imunossupressores Contato com animais infectados durante o período de imunização Conservação e manipulação inadequada das vacinas: vacinas devem ser reconstituídas imediatamente antes do uso até no máximo 1 hora Vacinas de baixa qualidade Fonte: Aline Santana da Hora
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