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Aula 01 - Introdução aos Exames Complementares

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Biomedicina UFPE 
Bioquímica Clínica – 2021.1 
Ana Beatriz Chalegre Pastick 
 
1 
 
Introdução aos exames 
complementares 
- Os exames laboratoriais influenciam em 70% da decisão 
médica. 
- A complexidade da interpretação de exames 
laboratoriais vai além da comparação com valores de 
referência. 
- Os valores de referência são calculados baseados em 
amostragens, portanto o valor de referência de um 
paciente pode ser diferente do da população estudada. 
- Algumas alterações podem acontecer dentro dos valores 
de referência. 
- Ex1: a enzima CKMD é marcadora de infarto, 
entretanto seu valor só altera cerca de 3h após 
o infarto. Um paciente pode ir ao hospital 2h 
depois de sofrer o infarto e o resultado do seu 
exame voltar com quantidade de CKMD dentro 
dos valores de referência, pois ainda não deu 
tempo de o marcador alterar-se no sangue. 
Entretanto, esse número irá aumentar ao longo 
das horas, ultrapassando o valor de referência. 
- Ex2: uma paciente sempre teve a glicemia 
estável, dentro do valor de referência. 
Entretanto, há 3 anos, seus exames apontam 
que esse valor está aumentando, ainda dentro 
do valor de referência. Esse aumento gradativo 
aponta uma tendência a resistência à insulina 
ou ao desenvolvimento da diabetes autoimune 
no adulto. 
- A seleção de exames depende do objetivo clínico 
(diagnóstico, monitoração, prognóstico) e da população 
de pacientes que está sendo analisada. 
- Ex. sobre objetivo clínico: para diagnosticar 
pacientes com infarto, é ideal testes com alta 
sensibilidade. Entretanto, para acompanhar um 
caso ao longo do tempo, de um paciente com 
diagnóstico confirmado, pode ser utilizada a 
Proteína C Reativa (PCR). Esse marcador 
encontra-se aumentada em doenças 
inflamatórias crônicas, logo não é específico, 
entretanto, é um marcador de risco para 
reinfarto. Obs: existem marcadores que servem 
tanto para diagnóstico quanto para 
monitoramento de casos. 
- Ex. sobre população de pacientes (para alguns 
grupos de pacientes, alguns marcadores não 
são indicados): 
- Ex1: Quando o paciente infarta, ele 
tem CK aumentada no sangue, pois é 
uma enzima que participa do 
processo de regeneração do ATP da 
fibra muscular. No infarto a fibra 
muscular rompe, as células morrem e 
são lançadas na corrente sanguínea, 
principalmente a CK, que está 
aumentada. Um paciente internado 
com leptospirose sofre degradação 
das fibras musculares, principalmente 
do gastrocnêmio, dessa forma, há 
elevação dos níveis da CK. Se o 
paciente com leptospirose sofrer um 
infarto, medir os níveis de CK não é 
seguro, porque já vai estar alta devido 
a infecção por leptospira. 
- Ex2: a hemoglobina pode se ligar 
naturalmente às moléculas de glicose, 
portanto, é possível separar as 
hemoglobinas do sangue de um 
paciente diabético e determinar a 
hemoglobina glicada. Quanto maior a 
quantidade de hemoglobina glicada, 
mais glicose havia no sangue. Esse 
exame serve para o monitoramento 
de pacientes diabéticos. Contudo, 
pacientes como anemia hemolítica 
têm hemácias com tempo de vida 
reduzido, logo o tempo para que 
ocorra a glicação da hemoglobina 
também é reduzido, tendo menor 
produção de hemoglobina glicada, 
mesmo que eles também sejam 
diabéticos. 
 
- Descoberta de doenças ocultas: ex: alterações em 
enzimas hepáticas descobertas em exames de rotina; 
exames preventivos como Papanicolau. 
- Prevenção de danos irreparáveis: o diagnóstico precoce 
impede que a doença evolua e prejudique a qualidade 
de vida do paciente. 
- Diagnóstico precoce após o início dos sinais ou sintomas: 
facilita o diagnóstico mais rápido e terapia apropriada, 
em tempo hábil. 
Biomedicina UFPE 
Bioquímica Clínica – 2021.1 
Ana Beatriz Chalegre Pastick 
 
2 
 
- Estimativa da atividade da doença: ex: os testes de 
função hepática determinam os níveis de TGO e TGP, 
permitindo definir se a doença está numa fase crônica 
(TGO > TGP) ou aguda (TGP > TGO) 
- Detecção de recorrência da doença: ex: alteração de 
marcadores tumorais no sangue de pacientes com 
câncer. 
- Monitorização do efeito de terapia: 
- Ex1: para saber se a terapia medicamentosa 
com interferon gama para hepatite está 
funcionando é medida a atividade da enzima 
TGO e TGP, o que irá determinar se ainda está 
ocorrendo morte de hepatócitos. 
- Ex2: um paciente em tratamento de câncer 
pode desenvolver hepatite medicamentosa, 
pois o fígado é responsável pela eliminação de 
xenobióticos, metabolizando as drogas 
administradas. 
- Aconselhamento genético em condições hereditárias 
- Problemas médico-legais: ex: teste de paternidade. 
- O propósito de todos os exames é reduzir a incerteza 
clínica. Uma pessoa com esclera amarelada mostra sinal 
de icterícia, ou seja, impregnação de bilirrubina. 
Entretanto, é necessário saber qual tipo de bilirrubina 
(direta ou indireta) está aumentada e por qual motivo 
isso está acontecendo (ex: anemia hemolítica, problema 
hepático ou extra-hepático). Para diagnosticar essa 
patologia, são necessários hemograma e testes 
bioquímicos 
- Capacidade do exame de detectar pacientes com 
alguma doença específica. 
- Encontra pequenas concentrações do analítico no soro. 
- Detecta testes que deram positivo, portanto, baseia-se 
no grupo de pessoas doentes, os verdadeiros positivo. 
 
𝑺𝒆𝒏𝒔𝒊𝒃𝒊𝒍𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 =
𝒂
𝑵𝟏
 
- a = pacientes doentes em que o teste deu 
positivo 
- N1 = total de pacientes doentes 
- Ex: se tiverem 100 pacientes doentes e 80 testes derem 
positivo, a sensibilidade desse teste é igual a 80%. 
- Falso Negativo: se em um grupo de 10 pacientes doentes, 
3 testes derem negativo, significa que 30% do grupo é 
falso negativo, pois todos os pacientes estão doentes. 
- Quanto maior a sensibilidade menor o número de falso 
negativo. 
- Descreve o grau com que a anormalidade do teste se 
restringe a doença em questão. 
- Testes com alta especificidade garantem que o 
resultado só estará alterado se a pessoa realmente 
estiver doente. 
- Detecta teste que deram negativo, portanto, baseia-se 
no grupo de pessoas não doentes, os verdadeiros 
negativos. 
 
𝑬𝒔𝒑𝒆𝒄𝒊𝒇𝒊𝒄𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 =
𝒅
𝑵𝒐
 
 
- d = pacientes não-doentes em que o teste deu 
negativo 
- N0 = total de pacientes não-doentes 
- Falso positivo: se em um grupo de 10 pacientes doentes, 
3 testes derem positivo, significa que 30% do grupo é 
falso positivo, pois nenhum paciente está doente. 
- Quanto maior a especificidade menor o número de falso 
positivo. 
- Eixo Y: 
- Representa a taxa de verdadeiros positivos 
(sensibilidade). 
- A sensibilidade aumenta de baixo pra cima, de 
0 a 100%. 
- Eixo X: 
- Representa a taxa de falso positivo 
(especificidade). 
- Quanto mais próximo de 100%, menor a 
especificidade, pois maior será a quantidade de 
falso positivos. 
- Quanto mais próximo de 0, maior a 
especificidade. 
- O melhor teste a ser escolhido é o que possui um 
equilíbrio entre sensibilidade e especificidade. Isso 
ocorre quando a curva do gráfico estiver mais próxima 
de 100% do eixo Y (canto superior esquerdo, onde há 
maior sensibilidade e maior especificidade). 
- Quanto maior a área abaixo da curva, melhor o teste, 
pois menor é a distância entre o ponto e o canto 
superior esquerdo do gráfico. 
Biomedicina UFPE 
Bioquímica Clínica – 2021.1 
Ana Beatriz Chalegre Pastick 
 
3 
 
- Um exame pode ter sensibilidade e especificidade de 
95% para determinada doença, porém, se a prevalência 
da doença na população for baixa, maior será a 
proporção de falsos positivos. 
 
 
 
 
 
- Reprodutibilidade: capacidade do laboratório de obter o 
mesmo resultado quando o exame é efetuado 
repetidamente com a mesma amostra. 
- Reprodutibilidade é diferente de repetibilidade. 
Repetibilidade refere-se a fazer um teste em duplicata 
ou triplicata (repetição). A reprodutibilidade diz respeito 
a quando o teste é feito em momentos diferentes e os 
resultados são semelhantes. É possível utilizar-se da 
repetibilidade para testara reprodutibilidade. 
- Nem sempre ao repetir um exame ele irá dar o mesmo 
valor, pois esses testes estão sujeitos a falhas humanas 
e dos equipamentos. Algumas dessas variações são 
aceitáveis e outras não. Estes desvios do valor real são 
geralmente randômicos (distribuição de Gauss). 
- Segundo Gauss, a maioria dos pontos torneiam a média, 
resultando na distribuição normal. 
- O laboratório quase sempre transforma o desvio padrão 
numa percentagem do valor médio, que é o coeficiente 
de variação (CV) e considera o limite aceitável de erro 
= 2 desvios padrão 
- Cálculo do Desvio: 
- Anotar resultados das análises 
- Calcular média dos resultados das análises 
- Subtrair valor encontrado – média 
- Cálculo de Desvio Padrão 
- Elevar cada valor do desvio ao quadrado para 
eliminar sinal 
- Somar o resultado de todos os desvios ao 
quadrado 
- Dividir o resultado pela quantidade de valores 
– 1 
- Calcular a raiz quadrada 
- Coeficiente de Variação (CV) 
- Utilizado para transformar o desvio padrão em 
percentual 
- É o percentual do desvio padrão em relação à 
média 
- O coeficiente de variação permitido é de 5%, 
ou seja, o intervalo de confiança precisa ser de 
95% 
- Se o coeficiente de variação for maior que 5%, 
significa que a confiança é menor que 95% 
- Cálculo do CV 
- Dividir o resultado do desvio padrão 
pela média 
- Multiplicar por 100 
- O objetivo desses testes é saber, dentre diversos 
resultados, qual é o certo e deve ser liberado. 
- Para calcular os Limites Aceitáveis de Erro, o laboratório 
determina o valor de 2 desvios padrão em torno da 
média, considerando cerca de 95% dos dados. 2,5% para 
esquerda estará abaixo do valor padrão e 2,5% para 
direita, acima do valor delimitado. 
- Os laboratórios possuem amostras controle (misturas de 
soro) em que calculam 20 vezes a dosagem de 
determinado analito e calculam média e desvio padrão, 
com os limites aceitáveis de erro de 2 desvios padrão 
acima e 2 desvios padrão abaixo da média. 
- Podem acontecer erros com a amostra controle, mas 
também com a amostra dos pacientes 
- Precisão: um método é preciso quando ao repetir o teste, 
os valores são próximos entre si, com pequenas variações 
(CV e DP baixos) 
- Exatidão: resultado real que deve ser obtido através do 
teste 
- Quanto pior for a reprodutibilidade, maior o desvio 
padrão, consequentemente maior o coeficiente de 
variação (CV) e menor a precisão. 
- Uma boa reprodutibilidade em si não assegura exatidão, 
pois um teste pode ter boa reprodutibilidade e ser 
preciso, entretanto podem ocorrer erros sistemáticos 
Biomedicina UFPE 
Bioquímica Clínica – 2021.1 
Ana Beatriz Chalegre Pastick 
 
4 
 
 
- Hemólise: 
- Coloração: a mudança de cor altera o 
comprimento de onda utilizado para capturar o 
analito na máquina. 
- Constituintes da Hemácia: quando o sangue 
está hemolisado, os constituintes das hemácias 
ficam presentes no soro, resultando em altos 
níveis de potássio, magnésio, lactato (marcador 
de hipóxia) e lactato desidrogenase (marcador 
de problemas hepáticos). 
- O gel separador é importante para poder 
separar as hemácias do soro, impedindo que as 
hemácias consumam os nutrientes do soro e 
continuem realizando suas atividades 
metabólicas. 
- Lipemia 
- Amostra fica esbranquiçada, com aparência 
leitosa 
- Sinal de elevação de triglicerídeos no soro 
- Algumas medicações podem alterar a 
aparência do soro, dando aspecto hemolisado 
ou lipêmico, por exemplo. 
- A alteração na coloração da amostra afeta a 
absorbância, fazendo com que seja detectada 
uma turbidez maior do que a real. 
- Erro de Pipetagem: pode ser aleatório, quando ocorre 
em um único tubo, ou sistemático, quando se repete 
diversas vezes 
- Troca de material de pacientes 
- O uso de faixas normais consiste em admitir que todas 
as pessoas que não demonstram sintomas ou sinais 
clínicos de qualquer doença são normais. 
- O paciente pode ter alterações das faixas normais, mas 
só é afirmado que ele tem a doença se existirem 
sintomas ou sinais clínicos. 
- Problemas com o uso de faixas de referência 
- Pessoas clinicamente normais podem 
apresentar doença subclínica ou não detectada 
e serem incluídas dentro do grupo normal de 
acordo com as faixas normais 
- As faixas normais são, algumas vezes, 
calculadas utilizando um número pequeno de 
valores, para ser estatisticamente confiáveis 
- A população, a partir da qual são obtidas as 
amostras para determinação das faixas 
normais, pode não ser representativa da 
população testada (pode haver diferenças de 
sexo, localidade, raça, idade, dieta etc.) 
- Os valores obtidos por um método analítico 
podem ser inadequadamente utilizados para 
outros métodos. Além disso, também ocorre 
variações com o mesmo método e 
equipamentos diferentes. 
- Dependendo da amplitude da faixa normal, um 
paciente pode ter alterações significativas no 
resultado do exame sem ultrapassar os limites 
normais. 
- Contaminação de amostras; 
- Amostras colhidas sem respeitar os horários ou 
condições determinadas; 
- Vários erros de coleta; 
- Má conservação das amostras; 
- Variações metabólicas normais, sexo, idade, período do 
dia, stress etc.; 
- Efeitos de medicamentos; 
- Repetições desnecessárias de exames; 
- Solicitação de exames desnecessários.

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