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1 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS 17ª EDIÇÃO Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Negócios e Seguros E73r Escola de Negócios e Seguros. Diretoria de Ensino Técnico. Risco e precificação de seguros de danos / Supervisão e coordenação metodológica da Diretoria de Ensino Técnico; assessoria técnica de Frederico Martins Peres. – 4.ed. – Rio de Janeiro : ENS, 2020. 63 p.; 28 cm 1. Risco (Seguro). 2. Seguros – Precificação. 3. Seguros – Danos. I. Peres, Frederico Martins. II.Título 0019-2421 CDU 368.025.6(072) REALIZAÇÃO ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS SUPERVISÃO E COORDENAÇÃO METODOLÓGICA DIRETORIA DE ENSINO TÉCNICO ASSESSORIA TÉCNICA FREDERICO MARTINS PERES – 2020 ILDEBRANDO NERES JUNIOR – 2019 SERGIO RICARDO DE MAGALHÃES SOUZA – 2018 PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS – GERÊNCIA DA ESCOLA VIRTUAL PICTORAMA DESIGN RIO DE JANEIRO 4a EDIÇÃO 2020 É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de partes dele, sob quaisquer formas ou meios, sem permissão expressa da Escola. RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS A ENS, promove, desde 1971, diversas iniciativas no âmbito educacional, que contribuem para um mercado de seguros, previdência complementar, capitalização e resseguro cada vez mais qualificado. Principal provedora de serviços voltados à educação continuada, para profissionais que atuam nessa área, a Escola de Negócios e Seguros oferece a você a oportunidade de compartilhar conhecimento e experiências com uma equipe formada por especialistas que possuem sólida trajetória acadêmica. A qualidade do nosso ensino, aliada à sua dedicação, é o caminho para o sucesso nesse mercado, no qual as mudanças são constantes e a competitividade é cada vez maior. Seja bem-vindo à Escola de Negócios e Seguros. RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS INTRODUÇÃO 7 1. RISCO E PRECIFICAÇÃO 8 RISCO 9 Riscos Seguráveis 11 TRANSFERÊNCIA DE RISCOS 13 Procedimentais 13 Financiamento dos Riscos 14 SUBSCRIÇÃO DE RISCOS 15 Subscritores de Riscos 17 FIXANDO CONCEITOS 1 18 2. CARACTERÍSTICAS DE SUBSCRIÇÃO DOS RISCOS E SEGUROS DE DANOS 20 ATORES NOS SEGUROS DE DANOS 21 FUNÇÕES DA SUBSCRIÇÃO DE RISCOS NOS SEGUROS DE DANOS 21 O Papel dos Atuários e Estatísticos na Concepção, Subscrição e Precificação de Seguros de Danos 23 CARACTERÍSTICAS PARTICULARES DOS SEGUROS DE DANOS 24 CUIDADOS NA SUBSCRIÇÃO NOS SEGUROS DE DANOS 25 RISCOS QUE ENVOLVEM A GESTÃO DOS PRODUTOS 26 FIXANDO CONCEITOS 2 28 SUMÁRIO INTERATIVO RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS 3. ESTUDOS DOS RISCOS, PROBABILIDADES, CONSEQUÊNCIAS E SUAS INFLUÊNCIAS NOS PRÊMIOS 30 CÁLCULO MATEMÁTICO DO RISCO 31 ESTUDO DAS PROBABILIDADES 32 PRÊMIO DE RISCO (PR) OU ESPERANÇA MATEMÁTICA (E) 35 TIPOS DE PRÊMIOS EM SEGUROS 36 Prêmio de Risco (PR) ou Prêmio Estatístico (PE) 36 Prêmio Puro 37 Prêmio Comercial 38 Prêmio Bruto 39 FORMAS DE CONTRATAÇÃO E SEUS IMPACTOS NA PRECIFICAÇÃO 40 FIXANDO CONCEITOS 3 41 4. PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS 43 OBJETIVOS DA PRECIFICAÇÃO 44 COMPONENTES DO PRÊMIO DE SEGURO 45 Sinistros e Despesas de Sinistros 45 Despesas Administrativas e de Comercialização de Seguros 47 Lucro Razoável e Fundo para Contingências 47 A INFLUÊNCIA DE OUTROS FATORES NA PRECIFICAÇÃO 47 Resultados Financeiros 48 Credibilidade 48 PULVERIZAÇÃO DE RISCOS 48 MÉTODOS UTILIZADOS NA PRECIFICAÇÃO 49 Método do Prêmio Puro 49 Método do Índice de Sinistralidade 49 Método do Julgamento 50 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS ESTATÍSTICAS UTILIZADAS NA PRECIFICAÇÃO 50 Método do Ano Apólice (Policy Year Method) 51 Método do Ano Calendário (Calendar Year Method) 51 Método do Ano Acidente (Accident Year Method) 52 Resumo 52 PRECIFICAÇÃO PREDITIVA 53 FIXANDO CONCEITOS 4 56 ESTUDOS DE CASO 58 GABARITO 62 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 63 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS 7 INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO O objetivo dos seguros é repor as perdas. No caso do seguro de danos, essas perdas têm a ver com perdas por acidentes, paralisação das ativida- des econômicas e responsabilidades. Para que as seguradoras possam subscrever os riscos e precificá-los é necessário que conheçam e façam uso de um aparato técnico que envolva o conhecimento atuarial, estatístico, bem como a experiência dos subscri- tores em análise e a avaliação de riscos. Os corretores de seguros que se tornam especializados nos seguros de danos devem ter em comum o conhecimento das melhores opções para seus segurados, as quais passam pela análise dos respectivos produtos ofertados pelas seguradoras e que podem cumprir a função de cobrir as exposições a riscos dos seus segurados, e também por conhecer como eles são construídos e precificados. Não se pretende, com este manual, que os corretores de seguros estejam aptos a precificar seguros, o que não está em suas competências, mas que possam entender as bases conceituais e o passo a passo desse processo e, sobretudo, que compreendam a necessidade de fornecer informações em quantidade e qualidade adequadas aos subscritores, de forma que possam conseguir o melhor custo-benefício para os seus segurados. RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS 8 UNIDADE 101 RISCO e PRECIFICAÇÃO ■ Analisar e avaliar as exposições a riscos. ■ Como funciona o processo de subscrição de riscos. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Identificar as ciências e os atores envolvidos no processo. ■ Quais são os principais pilares da precificação de seguros. ⊲ RISCO ⊲ TRANSFERÊNCIA DE RISCOS ⊲ SUBSCRIÇÃO DE RISCOS ⊲ FIXANDO CONCEITOS 1 TÓPICOS DESTA UNIDADE RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS 9 UNIDADE 1 RISCO Para as empresas, a conquista de seus objetivos tem a ver com o cum- primento da missão e da visão que elas mesmas determinaram para si próprias como, por exemplo, atingir resultados financeiros que permitam remunerar os acionistas, crescer nos mercados em que decidiram traba- lhar, obter reconhecimento dos clientes e da sociedade e até cumprir seu papel social fundamental, que é gerar empregos. Ao longo do caminho, há uma série de obstáculos de origem externa ou interna que podem impedir ou dificultar a conquista desses objetivos. Alguns podem ser gerenciados, e outros não, mas o que importa é que a empresa deve criar formas de proteção dos mais variados tipos e controles. Por exemplo, um dos piores obstáculos que uma empresa pode enfrentar é perder sua reputação e para isso terá de estar, o tempo todo, alerta para situações que em razão de sua ação ou omissão, possam acarretar essa perda de reputação, antecipando-se e agindo no sentido de evitar esse tipo de exposição. Entretanto, há algumas situações acidentais e, por mais que as empresas atuem no sentido da prevenção ou mitigação de suas exposições, ainda assim existe a possibilidade de ocorrerem eventos que podem significar perdas patrimoniais ou até humanas, às quais as empresas deverão fazer frente como, por exemplo, incêndios e explosões, desmoronamentos e muitos outros, com a possibilidade de atingir pessoas dentro e fora das instalações, podendo ser funcionários, clientes ou vizinhos, gerando, no mínimo, a responsabilidade de indenizar. Os bens pessoais e comerciais tais como veículos, residências, armazéns, depósitos, entre outros, são passíveis de causar prejuízo a um terceiro, gerando uma responsabilidade civil ao proprietário. Em alguns casos, são 10 UNIDADE 1 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS situações simples e cotidianas, por exemplo, o vazamento de um aparta- mento que acaba afetando a unidade abaixo ou uma colisão entre veículos. São responsabilidades que geram prejuízos ao proprietário do bem causa- dor do dano e que poderiam ser evitados com a contratação do seguro. Algumas vezes, esses eventos impactam aspessoas de forma significati- va, dando origem até a falecimentos ou situações em que os ferimentos causam lesões incapacitantes de forma definitiva ou temporária. Isso, inva- riavelmente, denota a exposição a riscos de responsabilidade civil, a partir de ações judiciais movidas por terceiros ou funcionários atingidos ou ainda por suas famílias. Outras vezes, nem é necessário que aconteça uma situação especial. As próprias condições de trabalho podem dar origem a acidentes com as pes- soas, havendo a possibilidade, por exemplo, de virem a falecer no percurso entre suas casas e o local de trabalho ou de se acidentarem dentro da empresa. Essas situações estão previstas no Seguro de Acidentes do Tra- balho, que é gerido pelo Governo, mas que não se encerra em si mesmo, podendo ainda caber ao empresário a responsabilidade de indenizar. As empresas têm objetivos expressos em sua missão e em sua visão, mas a ocorrência de acidentes pode impedir que os objetivos estratégicos sejam atingidos. São os riscos que impedem, portanto, que os objetivos das empresas sejam atingidos e é por isso que elas precisam agir no sentido de se pro- tegerem contra eles, o que passa por quatro estágios fundamentais: a per- cepção dos riscos, a análise dos riscos, a avaliação dos riscos e a resposta aos riscos. Percepção dos riscos Trata-se da etapa em que as pessoas, em relação a si mesmas, ou os admi- nistradores de uma empresa passam a entender que há fontes de riscos e uma série de eventos de riscos que podem ocorrer, ou seja, que são possíveis e podem trazer prejuízos. Exemplo: a partir do momento em que uma empresa abre suas portas ela percebe que pode causar danos aos clientes, vizinhos ou até mesmo tran- seuntes, ou seja, os riscos são percebidos. Análise dos riscos Na análise dos riscos, entende-se o porquê de sua probabilidade de ocorrên- cia, quais fatores estão presentes e se os impactos são realmente plausíveis. Exemplo: Quais as causas prováveis de um incêndio? Qual o impacto finan- ceiro, caso ocorra? 11 UNIDADE 1 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS Avaliação dos riscos É o estudo das próprias probabilidades e consequências, dimensionan- do-as em todos seus aspectos e até estabelecendo prioridades para seu tratamento. Exemplo: Ao identificar as causas prováveis de um incêndio, a empresa age no sentido de tratar o risco. Resposta aos riscos De posse desses estudos se faz um esforço para dar resposta aos riscos por meio de planos de ação que ensejam estratégias para tentar eliminar, prevenir ou mitigar os riscos e ainda financiá-los, por meio de retenção financeira das perdas ou pela transferência de riscos, utilizando instrumen- tos financeiros como os seguros, desde que isso seja possível. — Riscos Seguráveis Relembramos que em seguros, o risco para poder ser coberto, precisa ser segurável, o que exige que ele tenha algumas características: Ser possível Para que haja possibilidade de seguro, o risco deve existir, ou seja, deve haver um evento indesejável, uma probabilidade de ocorrên- cia e perdas. Ser futuro Eventos já ocorridos até o momento da realização do contrato não podem ser admitidos como riscos e, portanto, não são seguráveis. Ser incerto O risco deve ser aleatório, ou seja, não se sabe previamente quan- do poderá ocorrer, o que também elimina a intencionalidade. Independer da vontade das partes contratantes O risco deve ocorrer de forma acidental e não intencional, sem que as partes interfiram. Ser oneroso ou resultar de sua ocorrência um prejuízo É necessário que o contratante tenha algum interesse segurável para que ele ou seu(s) beneficiário(s) receba(m) indenização, isto é, a ocor- rência do risco deve comportar uma perda ou prejuízo financeiro. Ser mensurável Se o risco não puder ser medido, a seguradora não poderá estabele- cer um custo adequado para sua aceitação. 12 UNIDADE 1 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS Com essas condições atendidas, poderíamos incluir mais duas: Deve ser de interesse do segurador O segurador deve querer subscrever o risco, ou seja, este deve estar entre os demais riscos que o segurador tem como aceitáveis em seus guidelines de subscrição. Deve ser economicamente viável Seu preço deve ter, ao mesmo tempo, capacidade de gerar contri- buição para a manutenção do mútuo e apreço comercial, ser viável para os segurados. Além disso, o risco quando é segurável, deve cumprir três funções: Social O seguro oferece proteção às pessoas com relação a perdas e danos que possam sofrer no futuro, atingindo elas próprias ou suas propriedades ou bens. Assim, verificamos que uma pessoa que se preocupa em resguardar a si ou seus bens contra os prováveis riscos a que estão expostos em seu dia a dia, adotando medidas de prevenção e contratando seguros, está sendo previdente. A indenização auxilia a própria pessoa ou seus beneficiários a repor as perdas materiais; Redução da Incerteza Na contratação do seguro, sempre há o elemento de incerteza, seja quanto à ocorrência (se acontecerá), seja quanto à época (quando acontecerá). Nos seguros de vida, a incerteza se refere somente à época em que os eventos podem ocorrer. As pessoas contratam seguros para reduzir essa incerteza. As seguradoras medem o efeito das incertezas e o precificam, medem os riscos e precificam os seguros, ofertando, em vários produtos, coberturas para os riscos expostos. Solidariedade É uma característica que se apresenta de diversas formas em nos- so cotidiano, mas em seguros, manifesta-se pelo mutualismo, que é a ação solidária de grupos de pessoas sujeitas aos mesmos ris- cos, as quais se organizam com o objetivo de prestar auxílio umas às outras nas ocasiões em que os riscos se materializam e geram consequências negativas. As seguradoras existem para organizar e administrar o mutualismo. 13 UNIDADE 1 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS TRANSFERÊNCIA DE RISCOS Segundo a ISO 31000 (2009), “o tratamento de riscos envolve a seleção de uma ou mais opções para modificar os riscos e a implementação dessas opções. Uma vez implementado, o tratamento fornece novos controles ou modifica os existentes”. Desse modo, tratar os riscos envolve empreender estratégias para os fins que se pretende atingir. Há riscos positivos e negativos, respectivamente, quando se está pensando em perder ou em ganhar. As estratégias para resposta ou tratamento dos riscos, quando se está com o foco em tratar as perdas, passa por duas vertentes: procedimentais ou financeiras. A primeira tem a ver, como vimos, com ações para eliminar, prevenir ou mitigar os riscos. A segunda, quase sempre em associação com a primeira, tem a ver com o financiamento dos riscos. É importante lembrar que empresas e pessoas apresentam riscos distintos, seja por sua ocupação (no caso de pessoas) seja pela atividade empresa- rial (no caso das empresas), motivo pelo qual seria quase impossível deter- minar um mesmo valor de seguro para empresas e pessoas de diferentes perfis. Cabe ao corretor de seguros ficar atento a essas diversidades e ofertar o seguro de acordo com o risco proposto. — Procedimentais Eliminar o risco Realiza-se por meio da interferência na ocorrência do risco, com intuito de eliminar a probabilidade de que aconteça ou suas res- pectivas consequências, o que raramente se consegue, mas aca- ba contribuindo para se entender melhor o risco, suas fontes, o evento, a probabilidade e as consequências. Prevenir o risco A prevenção é sempre o método mais eficiente para tratar os ris- cos, sobretudo, porque ataca as causas, reduzindo a probabilida- de de ocorrência dos eventos e até suas consequências. Mitigar o risco Realiza-se atenuando os seus efeitos, por meio de uma diversi- dade de ações para reduzir a probabilidade de ocorrência ou o impacto das consequências. 14 UNIDADE 1 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS — Financiamento dos Riscos Retero risco Algumas empresas e até mesmo pessoas têm condições financei- ras para reter os riscos, ou parte deles, e fazer frente às possíveis perdas. É uma espécie de autosseguro que se faz de forma volun- tária. Quando a retenção é imposta, recebe o nome de adoção do risco e é comum quando não se encontram condições de transfe- rência do risco. Transferir o risco Há duas formas de transferência dos riscos: por meio de instru- mento financeiros complexos, que exigem poupança e investimen- to, e por seguros, que é o método mais usual e, quase sempre, economicamente viável. O processo de transferência de riscos se inicia com a tomada de decisão de encontrar opções para transferir os riscos que não se consegue reter para o mercado de seguros, tendo em mente que será necessário pagar por isso, razão pela qual sempre há de se analisar os custos e os benefícios. Dentre as vantagens em contratar seguros, estão, por exemplo: ■ Participar do mútuo, dividindo o impacto e a responsabilidade por possíveis perdas com o segurador, que administra o mútuo em nome de outras pessoas e empresas, as quais, da mesma forma, resolveram aderir, o que permite pagar um prêmio proporcional- mente pequeno, em face da exposição a riscos. ■ Ter o patrimônio pessoal ou empresarial protegido assim como a própria pessoa, suas famílias e os funcionários. ■ O contrato de seguros estabelece tudo o que está ou não coberto, bem como direitos e deveres das partes. ■ Acesso a serviços emergenciais e de conveniência. ■ Substituição de instrumentos bancários de garantia, em condições muito mais acessíveis financeiramente. ■ Minimizar as preocupações financeiras por ações ou omissões que venham causar danos morais ou materiais a terceiros. Na intermediação do processo de transferência de riscos é fundamental que se possa contar com um corretor de seguros devidamente habilita- do, pois será necessário traduzir as exposições a riscos em coberturas de seguros e ofertar às seguradoras, para que essas possam retornar com opções de cotações de seguros e as condições para sua contratação, o que, quase sempre, é muito complicado para as pessoas, mas consiste no dia a dia desses profissionais. 15 UNIDADE 1 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS Cada aspecto visto acima se aplica a todos os riscos, de pessoas e de empresas. Os corretores de seguros têm um papel fundamental no entendimento dos riscos e no recolhimento de informações que possam substanciar a trans- ferência de riscos. SUBSCRIÇÃO DE RISCOS Como as operações das empresas são fontes de riscos e os eventos inde- sejáveis são o incêndio, entre outros acidentes, para que se possa subscre- ver e precificar os seguros, é necessário entender qual é a sua exposição aos riscos, investigando a probabilidade de ocorrerem e as consequên- cias financeiras desses riscos, de forma a analisá-los e avaliá-los para que sejam entendidas quais são as exposições a riscos que podem gerar pre- juízos diretos ou indiretos, perda de capacidade produtiva e ameaças à própria sobrevivência. Cabe ao corretor de seguros entender a demanda de cobertura dos ris- cos da empresa e formatar um plano de seguros que possa, ao mesmo tempo, contemplar todas as necessidades de transferência de riscos de seus clientes, submetendo o plano ao mercado de seguros por meio de seus canais de atendimento comerciais e, eventualmente, por meio dos subscritores. Há um passo a passo que é iniciado quando a oferta chega à seguradora, onde o processo de subscrição de riscos começa para que, posteriormente, ocorra a precificação dos seguros, que se materializa na cotação de segu- ros. Em geral, a oferta de transferência de riscos é avaliada pelos subscri- tores da seguradora para entender suas características, por exemplo, se: ■ o risco é segurável; ■ os valores definidos pelo segurado para cada cobertura estão dentro dos limites da seguradora para o produto de seguro que se está ofertando; ■ se a atividade do empreendimento ou das pessoas está entre aquelas que a seguradora quer subscrever; ■ se há histórico de sinistros. Os cotadores eletrônicos, acessíveis a partir dos portais das seguradoras, quase sempre realizam essas funções sem necessidade de contato físico, porque possuem regras que derivam de decisões, previamente, tomadas pelas seguradoras sobre os riscos que ela quer aceitar e em que condições isso pode ocorrer. A investigação dessas características é realizada com 16 UNIDADE 1 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS base nas informações prestadas pelos corretores de seguros sobre os riscos e as coberturas pretendidas, além de acesso eletrônico aos seus próprios bancos de dados e às regras de subscrição. Na sequência, a seguradora verifica se o que pode ofertar atende ao que foi solicitado, ou seja, se o risco está em conformidade com seus objeti- vos. Ela verifica se precisa alterar algo no que fora solicitado, sobretudo em relação aos valores das coberturas (limitações), condições do seguro (gerais, especiais ou particulares), necessidade de participação obrigatória do segurado e franquias ou se fará recomendações de melhorias das con- dições físicas ou ainda se simplesmente não deseja aceitar o risco. Nos seguros de pessoas em geral, não se inspeciona, salvo em alguns casos muito específicos para seguros de vida e saúde, quando a segu- radora quer perceber in loco as condições de trabalho que podem afetar as pessoas como, por exemplo, no caso de indústrias químicas onde há presença de elementos notadamente nocivos à saúde (hexano, asbestos, entre outros). Mas já é comum que os subscritores façam entrevistas com os segurados para apurar informações e sanar dúvidas, o que ocorre a partir da análise das propostas e das informações ali contidas e a partir da análise da DPS – Declaração Pessoal de Saúde –, que é onde o segura- do fornece várias informações pessoais e também sobre as condições de saúde passadas e atuais. Nos seguros de danos, a inspeção de riscos é um instrumento muito impor- tante e pode ocorrer antes que a seguradora forneça a cotação ou após a entrada da proposta de seguros, fazendo com que ela seja realizada em até 15 dias, que é o prazo fixado na legislação para que a seguradora se manifeste sobre a aceitação ou não dos riscos. Os instrumentos de subscrição também incluem questionários que podem ser de preenchimento obrigatório no momento da cotação (ou antes dela) ou após a seguradora receber a proposta. É comum que, na inspeção de riscos, seja verificado se as informações prestadas são fidedignas ou até mesmo que seja ampliado o conhecimento dos riscos por meio de pergun- tas específicas ou entrevistas. A subscrição de riscos tem alguns pilares: Ofertar a cobertura adequada Significa tentar atender às necessidades dos segurados. Manter padrões de seleção de riscos Significa selecionar riscos que atendem aos objetivos fixados pela seguradora. 17 UNIDADE 1 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS Estabelecer padrões de preço Os subscritores de risco mantêm o padrão de preço, garantin- do que os riscos estejam sendo adequadamente classificados e ajustando os preços do seguro dentro da alçada de competência fixada para esses subscritores, nunca se esquecendo da necessi- dade de que a arrecadação de prêmio seja suficiente para pagar os sinistros e as despesas administrativas e comerciais, mantendo um lucro razoável. Manter um mercado estável Além do preço, as coberturas que são oferecidas em um ano deve- riam se manter disponíveis no ano seguinte. Prestação de serviços Além dos serviços, tradicionalmente, oferecidos aos corretores tais como cotações de seguros, análise de novos negócios e renova- ções, o mercado tem desenvolvido, principalmente, nos Seguros Massificados, serviços assistenciais e emergenciais que podem ser importantes para os segurados. — Subscritores de Riscos Classificam-se ossubscritores de riscos em: subscritores de linha e subs- critores de staff. Os subscritores de linha são responsáveis pelas operações de subscrição no dia a dia, analisando os riscos ofertados às seguradoras e também esta- belecendo as condições para aceitação dos riscos, ajustando, se neces- sário, a precificação por meio de descontos ou agravamentos. Para que possam fazer um bom trabalho de subscrição, necessitam de informações em quantidade e qualidade adequadas. Os subscritores de staff são responsáveis pela construção dos produtos de seguros e dos planos de previdência, decidindo sobre os riscos que podem ser ou não aceitos, pela construção das políticas de subscrição (aceitação, alçadas e operações) e pelo acompanhamento dos resultados de cada produto, corrigindo as taxas, se necessário, ao longo do tempo. Os subscritores de linha e de staff trabalham juntos, cada um em suas funções, para que cada produto de seguros ou plano de previdência se mantenha com resultados positivos e atrativos para os segurados. 18 FIXANDO CONCEITOS RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS FIXANDO CONCEITOS 1 Marque a alternativa correta: 1. São os riscos que impedem que os objetivos das empresas sejam atin- gidos e por isso precisam agir no sentido de se protegerem contra eles, o que passa por quatro estágios fundamentais:. (a) Percepção, análise, avaliação e possibilidade dos riscos. (b) Percepção, análise, avaliação e resposta aos riscos. (c) Percepção, incerteza, análise e resposta aos riscos. (d) Percepção, subscrição, análise e resposta aos riscos. (e) Percepção, subscrição, análise e possibilidade dos riscos. Marque a alternativa correta: 2. Um dos piores obstáculos que uma empresa pode enfrentar é perder sua: (a) Reputação. (d) Produção. (b) Conta bancária. (e) Diretoria. (c) Autonomia. Analise as proposições a seguir e depois marque a alternativa correta: 3. Os riscos, quando são seguráveis, devem cumprir três funções: I) Social. II) Redução da Incerteza. III) Onerosa. Agora assinale a alternativa correta: (a) Somente I é proposição verdadeira. (b) Somente II é proposição verdadeira. (c) Somente I e II são proposições verdadeiras. (d) Somente I e III são proposições verdadeiras. (e) I, II e III são proposições verdadeiras. 19 FIXANDO CONCEITOS RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS Marque a alternativa que preencha corretamente a lacuna: 4. Segundo a ISO 31000 (2009), “o tratamento de riscos envolve a seleção de uma ou mais opções para modificar os riscos e a implementação dessas opções. Uma vez implementado, o tratamento fornece novos __________ ou modifica os existentes”. (a) riscos (b) eventos (c) controles (d) limites (e) apetites Marque a alternativa correta: 5. Nos casos em que a seguradora decide inspecionar os riscos, após receber a proposta, o prazo máximo para que se manifeste sobre aceitar em definitivo os riscos será de: (a) 7 dias (d) 15 dias (b) 10 dias (e) 30 dias (c) 20 dias Analise as proposições a seguir e depois marque a alternativa correta 6. A função da subscrição de riscos é manter alguns pilares tais como: I) Ofertar a cobertura adequada. II) Manter um mercado instável. III) Manter padrões de seleção de riscos. Agora assinale a alternativa correta: (a) Somente I é proposição verdadeira. (b) Somente II é proposição verdadeira. (c) Somente I e II são proposições verdadeiras. (d) Somente I e III são proposições verdadeiras. (e) I, II e III são proposições verdadeiras. RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS 20 UNIDADE 202 ■ Identificar os principais atores do processo de subscrição. ■ Realizar corretamente a subscrição de riscos nos seguros de danos, considerando seus aspectos. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Realizar corretamente a subscrição de riscos com base nas preocupações dos subscritores e nos cuidados envolvidos. ⊲ ATORES NOS SEGUROS DE DANOS ⊲ FUNÇÕES DA SUBSCRIÇÃO DE RISCOS NOS SEGUROS DE DANOS ⊲ CARACTERÍSTICAS PARTICULARES DOS SEGUROS DE DANOS ⊲ CUIDADOS NA SUBSCRIÇÃO NOS SEGUROS DE DANOS ⊲ RISCOS QUE ENVOLVEM A GESTÃO DOS PRODUTOS ⊲ FIXANDO CONCEITOS 2 TÓPICOS DESTA UNIDADE CARACTERÍSTICAS de SUBSCRIÇÃO dos RISCOS e SEGUROS de DANOS RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS 21 UNIDADE 2 ATORES NOS SEGUROS DE DANOS Nos seguros de danos, há sempre os atores: ■ Segurado – pessoa física ou jurídica que contrata o seguro. ■ Seguradora – pessoa jurídica obrigatoriamente constituída sob a forma de sociedade anônima, que assume a responsabilidade pela cobertura dos riscos especificados na apólice, mediante o recebimento do prêmio correspondente. ■ Corretor de seguros – pessoa física ou jurídica que faz a interme- diação da contratação do seguro. FUNÇÕES DA SUBSCRIÇÃO DE RISCOS NOS SEGUROS DE DANOS Há uma série de funções da subscrição nos seguros de danos: Seleção de Riscos e Segurados O processo de seleção de segurados visa evitar que proponentes adquiram os produtos da seguradora por preços e condições que não reflitam suas exposições a perdas, impedindo assim, uma pre- cificação injusta. O processo de seleção de riscos e segurados possibilita às segu- radoras distribuir sua capacidade disponível na busca da pulveriza- ção adequada das exposições a perdas por distribuição geográfi- ca, classe de risco, tamanho dos riscos e ramo de negócios. 22 UNIDADE 2 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS O processo de seleção é dinâmico. Cada risco aceito deve ser monitorado para verificar se continua mantendo as condições que geraram sua aceitação. Isso ocorre por meio do acompanhamento de índices de sinistralidade da carteira de seguros. Vale ressaltar que a seguradora não pode alterar as condições contratuais, mas tem o direito de pedir todas as informações para subscrição dos riscos e, após a emissão da apólice, acompanhá-los ou mesmo chamar corretores e segurados para reuniões, a fim de saber se eventuais sinistros são situações pontuais e se estão sendo tomadas providências para que as exposições estejam sob controle. Medidas de correção podem ser necessárias para segurados com sinistralidade excessiva ou sujeitas à seleção adversa, que passam por revisão de taxas para a renovação dos seguros. O processo bem-sucedido de seleção de segurados cria progra- mas de seguros e processos de gerenciamento de riscos que atraem proponentes com perfil desejado para composição da car- teira da seguradora. Enquadramento dos Riscos O correto enquadramento dos riscos é necessário para determinar sua exposição a perdas e sua correta taxação. Em outras palavras, é necessário que os segurados estejam agrupados corretamente em classes de riscos relativos às suas atividades, que devem ter frequência e severidade de perdas próximas, permitindo a cobran- ça do prêmio adequado que, por sua vez, possibilite o pagamento das perdas incorridas, das despesas operacionais e a obtenção de lucro razoável. Em uma mesma classe de riscos, podem ser construídas subclas- ses de riscos para abrigar características particulares das ativida- des. Em processos maduros, e que têm muitos itens segurados, essas classificações se submetem também às segmentações geo- gráficas, chamadas de região de risco. Dessa forma, por exemplo, um determinado risco pode ter uma taxa no Rio Grande do Sul e outra distinta no Amazonas, em face da influência dos fatores cli- máticos. Também se aplica a avaliação das condições ambientais e até mesmo das condições produtivas, que podem indicar expo- sições mais agravadas. Isso mostra o quanto é desafiador precificar e subscrever riscos no Brasil, pois se trata de um país geograficamente muito extenso e com enorme variação climática 23 UNIDADE 2 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS O enquadramento equivocado de riscos pode implicar a inabilida- de de fazer frente aos sinistros e às despesas administrativas ouà falta de condições de venda de produtos em função do preço inferior dos produtos concorrentes. Determinação da Cobertura Apropriada Embora a competência da determinação da cobertura apropriada para seus segurados seja dos corretores de seguros, o subscri- tor de riscos pode oferecer assistência técnica nessa tarefa. Tal assistência pode variar desde assegurar que as condições cor- retas estejam anexas à apólice até a redação de cláusulas para atender a riscos complexos e únicos. Determinação do Preço Adequado A taxação adequada deve permitir que a seguradora continue a subscrever riscos rentáveis e que seus produtos sejam competiti- vos com os produtos das outras seguradoras. — O Papel dos Atuários e Estatísticos na Concepção, Subscrição e Precificação de Seguros de Danos Os atuários e estatísticos têm papel importante no seguro de danos. São profissionais que, juntos, mensuram e administram os impactos financeiros de riscos futuros, desenvolvem e validam modelos financeiros para guiar a tomada de decisões, são responsáveis pela análise de provisões técnicas (reservas), provisão de sinistros e provisão de prêmios. Utilizam-se de dados históricos (ocorridos) para fazer seus estudos. Em parceria com o subscritor de staff, são responsáveis pela quantificação/ análise de riscos e segmentação de segurados/clientes. Ambos têm como ferramenta de trabalho as probabilidades, um dos fatores que compõem o estudo dos riscos, agregam também os conceitos de incer- teza e chance, são tão antigos quanto as civilizações que nos precederam e encontram aplicações em diversas áreas tais como medicina, loterias e jogos, previsão do clima, finanças e seguros. A atuação desses profissionais em apoio às atividades diretas de subscri- ção é fundamental, sobretudo porque eles detêm o conhecimento de con- ceitos e métodos matemáticos avançados para a determinação de taxas de seguro e do acompanhamento da performance dos produtos, corrigin- do os rumos quando necessário e também no atendimento das práticas advindas da legislação regulatória. 24 UNIDADE 2 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS CARACTERÍSTICAS PARTICULARES DOS SEGUROS DE DANOS As características fundamentais dos seguros de danos são: Forma de Contratação Podem ser contratados de duas formas: Proporcional e Não Pro- porcional. Tanto a contratação a risco total quanto a risco relativo são proporcionais, enquanto a contratação a risco absoluto é não proporcional, como veremos neste manual. Modalidades de Estruturação das Coberturas As garantias nos seguros de danos são estruturadas em garantias básicas e acessórias ou adicionais. Para cada uma delas, deverá ser atribuído um valor que corresponda aos bens móveis e imóveis em risco, segundo as características da própria cobertura (bens não excluídos). Nos seguros de danos, a garantia prometida não pode ultrapas- sar o valor do interesse segurado no momento da conclusão do contrato, sob pena deste perder o direito à garantia, além de ficar obrigado ao prêmio vencido e sem prejuízo da ação penal que, no caso, couber. O risco do seguro compreenderá todos os prejuízos resultantes ou consequentes, ou seja, os estragos ocasionados para evitar o sinistro, minorar o dano ou salvar a coisa. Bens e Riscos O objetivo do seguro de danos é garantir ao segurado, até o limite máximo de garantia e de acordo com as condições do contrato, o pagamento de indenização por prejuízos, devidamente comprova- dos, diretamente decorrentes de perdas ou danos causados aos bens segurados, ocorridos no local segurado, em consequência de risco coberto. Os bens garantidos pelo seguro devem estar especificados na apólice, segundo o endereço de risco. As especi- ficações e as condições da apólice definirão as garantias, os bens e riscos cobertos ou excluídos. 25 UNIDADE 2 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS CUIDADOS NA SUBSCRIÇÃO NOS SEGUROS DE DANOS O principal custo de uma companhia seguradora é o sinistro, e isso faz com que deva existir uma preocupação muito forte na seleção dos riscos que a seguradora venha a assumir. Por exemplo, no segmento de seguro de danos, não é recomendável que uma companhia aceite riscos não padronizados, se a atividade principal a expõe mais ao risco de perdas do que àquele que se poderia esperar. Por exemplo, a aceitação de residências de padrão inferior ou até mesmo ris- cos complexos, de forma massificada. Esses riscos devem ser analisados um a um, de forma tailor made (sob medida) e precificados da mesma for- ma, com todos os cuidados. O subscritor deve estar atento às informações contidas no questionário de avaliação de riscos, que pode ser preenchido pelo proponente (pessoa que deseja contratar o seguro) ou pelo corretor de seguros, desde que as informações sejam prestadas pelo proponente. Com base nas informações prestadas, o subscritor será capaz de identifi- car se o empreendimento pode ser considerado um risco padrão ou não. A subscrição de risco também passa por outras análises, que levam em conta o risco moral, considerando informações variadas. Essas informações são impor- tantes para a análise do risco, pois podem existir indícios ou predisposição de fraude que, se forem, antecipadamente, identificados, certamente poderão evitar problemas futuros. A avaliação do risco de crédito e o cruzamento de informa- ções cadastrais com bancos de dados especializados são de suma importância para avaliar o risco das empresas e de seus sócios, e prevenir possíveis fraudes. A Circular SUSEP 445/2012 dispõe sobre os controles internos específicos para a prevenção e combate dos crimes de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores, ou os crimes que com eles possam relacionar-se, o acompanhamento das operações realizadas e as propostas de operações com pessoas politicamente expostas, bem como a prevenção e coibição do financiamento ao terrorismo. Há uma série de outros cuidados que os subscritores de riscos conhecem bem e que fazem parte dos guias de subscrição que, em alguns casos, são elaborados para cada uma das atividades de risco ou pelo menos para aquelas consideradas mais agravadas. 26 UNIDADE 2 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS RISCOS QUE ENVOLVEM A GESTÃO DOS PRODUTOS Há vários riscos que preocupam os subscritores em relação à gestão dos pro- dutos de seguros, os quais têm a ver com fenômenos que podem alterar o que fora previamente planejado. A ocorrência desses riscos quase sempre ocasiona implicações nos resultados e, por isso é acompanhada de forma contínua. São chamados de riscos de subscrição, sendo eles: Risco de assimetria das informações Risco de aceitação de seleções adversas por ausência de infor- mações fidedignas prestadas pe- los segurados e corretores, e não verificadas pela subscrição. Risco de sinistralidade Risco de perda resultante de alter- ações no nível, tendência ou vola- tilidade das taxas de sinistralidade, em que um crescimento na taxa de sinistralidade leva a um cresci- mento no valor das provisões. Risco de despesas Risco de perda resultante de alterações no nível, tendência ou volatilidade das despesas incor- ridas na prestação de serviços de contratos de seguros ou de resseguros. Risco de catástrofe Risco de perda resultante de incertezas significativas na precifi- cação e hipóteses utilizadas no provisionamento relacionadas a eventos extremos ou não regu- lares. Isso quer dizer que, além dos riscos mais tradicionais, os subscritores devem estar atentos também ao que ocorre no mercado, porque, por exemplo, uma cri- se econômica pode intensificar o movimento de inadimplência, o que altera sen- sivelmente os resultados, assim como novas legislações podem exigir maior alo- cação de capitais e até mesmo impor aumento de taxas, em caso extremo. Os riscos de subscrição são oriundos de uma situação econômica adversa, que contraria tantoas expectativas da sociedade no momento da elabora- ção de sua política de subscrição quanto as incertezas existentes na esti- mação das provisões (Circular SUSEP 253/04). 27 UNIDADE 2 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS Portanto, o controle e o monitoramento dos resultados são uma das ativi- dades importantes que as áreas de subscrição exercem no dia a dia. Vale lembrar que as sociedades seguradoras de seguros de danos devem constituir as seguintes provisões técnicas, quando necessárias: ■ Provisão de Prêmios Não Ganhos (PPNG). ■ Provisão de Sinistros a Liquidar (PSL). ■ Provisão de Sinistros Ocorridos e Não Avisados (IBNR). ■ Outras Provisões Técnicas (OPT). Todas essas provisões, que fazem parte da gestão de seguros, são conse- quências naturais da atividade, mas seu cálculo e seu acompanhamento exigem especialização, e, por isso essas provisões são executadas e supervisionadas pelo Departamento Atuarial da seguradora. É claro que todas essas provisões devem ser previstas na composição dos prêmios, o que também implica conhecimento de todos os detalhes da operação, das próprias carteiras e dos produtos de seguros. 28 FIXANDO CONCEITOS RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS FIXANDO CONCEITOS 2 Marque a alternativa que preenche corretamente a lacuna: 1. A ___________ adequada deve permitir que a seguradora continue a subscrever riscos rentáveis e que seus produtos sejam competitivos com os produtos das outras seguradoras. (a) Sinistralidade. (d) Análise. (b) Cobertura. (e) Avaliação. (c) Taxação. Marque a alternativa correta: 2. Os seguros de danos podem ser contratados de duas formas: (a) Simples e composta. (d) Livre ou condicionada. (b) Direta e indireta. (e) Simples ou ampla. (c) Proporcional e não proporcional. Analise as proposições a seguir e depois marque a alternativa correta: 3. Dentre os riscos que podem estar envolvidos na gestão de seguros de danos pelas seguradoras, podemos citar os de: I) Sinistralidade. II) Despesas. III) Catástrofe. Agora assinale a alternativa correta: (a) Somente I é proposição verdadeira. (b) Somente II é proposição verdadeira. (c) Somente I e II são proposições verdadeiras. (d) Somente I e III são proposições verdadeiras. (e) I, II e III são proposições verdadeiras. 29 FIXANDO CONCEITOS RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS Marque a alternativa que preencha corretamente a lacuna: 4. Os riscos de _______________ são oriundos de uma situação econômi- ca adversa, que contraria tanto as expectativas da sociedade no momento da elaboração de sua política de subscrição quanto as incertezas existen- tes na estimação das provisões (Circular SUSEP 253/04). (a) Incêndio. (c) Mercado. (e) Taxas de juros. (b) Provisão. (d) Subscrição. Marque a alternativa correta: 5. Há possibilidade de ocorrer risco de assimetria das informações quando são aceitos seguros de: (a) Riscos diversos. (d) Lucros cessantes. (b) Danos. (e) Informações adversas. (c) Seleções adversas dos segurados. RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS 30 UNIDADE 303 ■ Entender como os riscos são estudados pelas seguradoras. ■ Saber o que são probabilidades e como são utilizadas para precificar seguros. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Saber como as consequências são medidas e como influenciam a precificação dos seguros. ⊲ CÁLCULO MATEMÁTICO DO RISCO ⊲ ESTUDO DAS PROBABILIDADES ⊲ PRÊMIO DE RISCO (PR) OU ESPERANÇA MATEMÁTICA (E) ⊲ TIPOS DE PRÊMIOS EM SEGUROS ⊲ FORMAS DE CONTRATAÇÃO E SEUS IMPACTOS NA PRECIFICAÇÃO ⊲ FIXANDO CONCEITOS 3 TÓPICOS DESTA UNIDADE ESTUDOS dos RISCOS, PROBABILIDADES, CONSEQUÊNCIAS e suas INFLUÊNCIAS nos PRÊMIOS RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS 31 UNIDADE 3 CÁLCULO MATEMÁTICO DO RISCO A quantificação dos riscos é, muitas vezes, subjetiva, por ser relativamen- te difícil atribuir valores consistentes para estimá-los. Por exemplo, valora- ções sobre informações tais como probabilidades e consequências são, na maioria das vezes, estimadas por pessoas com diferentes origens e personalidades, especialistas ou não, o que remete à incerteza dos valores estimados, em função dessas individualidades. Diz-se que risco ou exposição ao risco significa o produto entre a proba- bilidade de um evento indesejável (negativo) ou desejável (positivo) vir a ocorrer e a magnitude das consequências, ou seja: Risco = Probabilidade de Ocorrência × Magnitude das Consequências Quase sempre, quando se está estudando a probabilidade de algum evento ocorrer, há sempre duas ponderações a fazer: a primeira é que se trata de uma grandeza adimensional. A segunda é que importa estimar a probabili- dade em um determinado espaço de tempo. Desse modo, falar em probabi- lidade no tempo não é nenhum absurdo, sobretudo em seguros, em que a medição de riscos se faz levando em consideração o período de exposição ao risco, que é o período de cobertura da apólice de seguro (quase sempre um ano). Portanto, dizer que há, por exemplo, 1% de probabilidade ao ano de um bem ser perdido é bastante razoável para nosso mercado. Em relação às consequências, para tentar resolver o problema da subjetividade, a solução é fugir das análises qualitativas e tentar quantificar as possíveis perdas em termos financeiros, o que é plenamente possível para os riscos puros. 32 UNIDADE 3 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS Dessa forma, podemos dizer que a proteção das exposições a riscos pode se fazer por meio da transferência de riscos ao mercado de seguros, desde que isso seja justo e economicamente vantajoso para o segurado, pelo princípio do mutualismo. Exemplo Sabendo-se que há uma probabilidade de incêndio estimada em 5% para o próximo ano e que, ocorrendo, pode trazer uma perda de R$ 10.000,00, qual é o risco exposto? Solução: Risco = ? Probabilidade = 5% (0,05) ao ano Consequências = R$ 10.000,00 Substituindo, teremos: Risco = 0,05/ano × R$ 10.000,00 = R$ 500,00, que é a exposição anual ao risco. O exercício acima nos traz uma revelação importante, que você poderá facilmente de- duzir. Imagine que para cobrir a exposição a risco, fosse apresentada uma cotação de seguro no valor de R$ 1.000,00. Obviamente, o proprietário do risco declinaria a oferta, porque seria melhor “correr o risco”, pelo menos em termos financeiros, mas se a ele fosse apresentada uma cotação de seguro de R$ 200,00, provavelmente, perceberia valor agregado e contrataria o seguro. ESTUDO DAS PROBABILIDADES Para definir e estudar as probabilidades, é necessário recorrer a vários con- ceitos importantes da Teoria dos Conjuntos (espaço amostral, evento, con- junto, elemento, subconjunto, conjunto vazio) para que se possa compre- ender seu significado e suas aplicações. I. Espaço das Possibilidades Denomina-se Espaço das Possibilidades ou Espaço Amostral o conjunto de todos os resultados possíveis de um experimento. Representaremos o espaço amostral por S (de space, em inglês). 33 UNIDADE 3 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS Exemplos de experimentos: LANÇAR UMA MOEDA HONESTA uma moeda tem duas faces S = {cara, coroa} LANÇAR UM DADO um dado tem seis lados S = {1, 2, 3, 4, 5, 6} LANÇAR DUAS MOEDAS Espaço amostral permite várias combinações possíveis S = {(cara, coroa), (cara, cara), (coroa, cara), (coroa, coroa)} Em seguros, consideramos que o nosso espaço amostral é dado pela quantidade de itens, seja ela de apólices contratadas seja de segurados potenciais. II. Evento É um subconjunto de um espaço amostral, definindo um resultado bem determinado, que se quer observar. O evento pode ser um único ponto amostral ou uma reunião deles. Exemplo Lançam-se dois dados. Enumerar os seguintes eventos: A: saída de faces iguais; B: saída de faces cuja soma seja igual a 10; C: saída de faces cuja soma seja menor que 2; D: saída de faces cuja soma seja menor que15; E: saída de faces das quais uma é o dobro da outra. O espaço amostral no nosso exemplo é o conjunto de resultados possíveis: S = {(1, 1), (1, 2), (1, 3), (1, 4), (1, 5), (1, 6), (2, 1), (2, 2), (2, 3), (2, 4), (2, 5), (2, 6), (3, 1), (3, 2), (3, 3), (3,4), (3, 5), (3, 6), (4, 1), (4, 2), (4, 3), (4, 4), (4, 5), (4, 6), (5, 1), (5, 2), (5, 3), (5, 4), (5, 5), (5, 6), (6, 1), (6, 2), (6, 3), (6, 4), (6, 5), (6, 6)} Logo, os eventos pedidos são: 34 UNIDADE 3 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS Concluímos que eventos são os resultados que queremos enten- der melhor ou obter, a partir de um conjunto de eventos possí- veis. Os eventos são aleatórios quando não há nenhuma condição externa que interfira diretamente. III. Probabilidade É um número associado à ocorrência de um evento, destinado a medir sua possibilidade de ocorrência, compreendido no intervalo [0,1]. Dessa forma, não existe probabilidade negativa ou maior que 1. Em seguros, estudar as probabilidades é fundamental para que se possa ter ideia do potencial de ocorrência dos eventos e para poder precificá-los. A fórmula matemática para cálculo da probabilidade é: P = número de casos favoráveis / número de casos possíveis Onde: Número de casos favoráveis = eventos Número de casos possíveis = espaço amostral No caso dos eventos descritos no exemplo, as probabilidades de ocorrên- cia seriam iguais a: P(A) = 6/36 = 1/6 – evento possível P(B) = 3/36 = 1/12 – evento possível P(C) = 0/36 = 0 – evento impossível P(D) = 36/36 = 1 – evento certo P(E) = 6/36 = 1/6 – evento possível Podemos concluir que se a probabilidade associada à ocorrência de um evento for igual a zero, o evento é impossível, enquanto, se o resultado for igual a um, dizemos que o evento é certo. Se o resultado estiver compreen- dido entre zero e um, dizemos que se trata de um evento possível. A = {(1, 1), (2, 2), (3, 3), (4, 4), (5, 5), (6, 6)}; B = {(4, 6), (5, 5), (6, 4)}; C = Ø (evento impossível); D = S (evento certo); E = {(1, 2), (2, 1), (2, 4), (3, 6), (4, 2), (6, 3)}. 35 UNIDADE 3 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS PRÊMIO DE RISCO (PR) OU ESPERANÇA MATEMÁTICA (E) A esperança matemática (E) representa o preço matemático, que em segu- ro, chamamos de prêmio de risco ou prêmio estatístico. A esperança matemática é um componente importante na obtenção do valor do prêmio ou da prestação que o segurado paga ao segurador para que este assuma a responsabilidade pela transferência de risco. Seu valor é dado pela multiplicação do ganho esperado pela probabilidade de ganho e pelo fator de desconto financeiro (Vn). PR = E = Q × p × Vn Onde: E = esperança matemática; Q = ganho esperado; p = probabilidade; Vn = fator de desconto financeiro. Exemplo A probabilidade de perda de um automóvel, por sinistro, é de 8% ao ano (0,08). Saben- do-se que esse automóvel vale R$ 40.000,00, calcule o prêmio de risco (PR) sem utilizar o fator de desconto (desprezado). Solução: Prêmio de risco (prêmio para pagar sinistros) é o mesmo que esperança matemática (E). Assim, utilizando a fórmula PR = E = p × Q × Vn, temos que: p = 0,08 Q = R$ 40.000 Vn = 1 (desprezado) Substituindo: PR = E = 0,08 × 40.000 × 1 = R$ 3.200,00 Logo, o prêmio de risco é de R$ 3.200,00. 36 UNIDADE 3 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS TIPOS DE PRÊMIOS EM SEGUROS — Prêmio de Risco (PR) ou Prêmio Estatístico (PE) É importante entender que em seguros, olha-se para o passado a fim de projetar o futuro, e assim o prêmio de risco poderá ser calculado utilizan- do a frequência de sinistros (verificada em uma determinada região, em um determinado espaço de tempo) pela quantidade de unidades expostas, mas no dia a dia de uma seguradora, procura-se entender o que acontecerá com essa frequência a fim de prever sua evolução posterior e assim estimar com mais precisão a probabilidade de ocorrência de sinistros no futuro. Como o prêmio de risco (PR) ou prêmio estatístico (PE) também pode ser definido como esperança matemática, podemos observar o exemplo ante- rior para ilustrar sua definição. Um automóvel no valor de R$ 40.000,00, cuja probabilidade de perda é de 8%, teríamos um prêmio de risco no valor de R$ 3.200,00. Vamos agora aproveitar os dados e conceitos estudados até aqui e transpor- tá-los para uma realidade de análise de carteira de seguros, apresentando formalmente como se dá o cálculo do Prêmio de Risco na prática. Imagine uma carteira totalmente hipotética, conforme simples exemplo a seguir: Exemplo: Imagine uma carteira que no passado apresentou, em determinada região do país, 100.000 veículos segurados de uma determinada categoria Curiosidade A matemática, por vezes, pode parecer complicada quando não se dá sentido prático a ela. Em seguros, é importante conhecer o prêmio de risco para que se possa estabele- cer as taxas a serem acrescidas de outros fatores, a fim de determinar o prêmio comer- cial dos seguros. Imagine que no exemplo anterior, as estatísticas do mercado de seguros de automóveis determinaram que para uma determinada região, a probabilidade de ocorrer um assalto em que o veículo é levado pelos assaltantes é de 8 veículos em cada 100 veículos segura- dos. Isso significa que há uma probabilidade de ocorrência de 8% e ela incide sobre todos os segurados. Para pagar os sinistros e não ter prejuízos, a seguradora terá de aplicar uma taxa de 8% sobre o valor de todos os veículos segurados, a fim de poder fazer frente aos sinistros (imaginando que todos tenham o mesmo valor, por simplificação). Isso quer dizer que ela terá de recolher prêmios de R$ 3.200,00 de cada um dos 100 segurados. 37 UNIDADE 3 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS (itens segurados expostos) em 12 meses e que possuíam individualmente R$ 40.000,00 de valor em risco (todos veículos de mesmo valor por simpli- ficação). A seguradora está analisando o risco de Roubo deste tipo de veículo para a carteira em referência. Esta carteira registrou no tempo estudado 8.000 roubos de veículos, totalizando R$ 320.000.000,00 em indenizações. Como verificamos até a aqui, o Prêmio de Risco representa aquilo que deveria ser cobrado por cada item segurado para arcar com a totalidade daquilo que foi pago em termos de indenização de sinistros para a totali- dade da carteira no tempo (dentro do conceito de mutualismo). Assim, de forma intuitiva, podemos estimar o Prêmio de Risco dividindo-se a totali- dade do que foi pago de indenização pela totalidade de itens expostos da seguinte forma: Prêmio de Risco = Total Indenizado / Nº Itens Expostos Prêmio de Risco = R$ 320.000.000,00 / 100.000 = R$ 3.200,00 Outra forma de obter o Prêmio de Risco se dá pela multiplicação da Fre- quência dos eventos de Roubo pela Indenização Média registrada no tem- po, da seguinte forma: Frequência de Roubo = nº de itens sinistrados / Nº de itens expostos Frequência de Roubo = 8.000/100.000 = 8% Indenização Média = total indenizado / quantidade de indenizações Indenização Média = R$ 320.000.000,00 / 8.000 = R$ 40.000,00 Prêmio de Risco = Frequência X Indenização Média Prêmio de Risco = 8% X R$40.000,00 = R$ 3.200,00 — Prêmio Puro Como o futuro é sempre incerto, adiciona-se ao Prêmio de Risco um carre- gamento de segurança como prevenção para cobrir flutuações inespera- das quanto à sinistralidade futura, por exemplo. No exemplo avaliado até aqui, as condições de segurança na região de atuação podem piorar oca- sionando variações na probabilidade de ocorrência de roubo de veículos, alterando a frequência estimada. É interessante notar que além do fator de ajuste da probabilidade, tam- bém deve-se considerar um fator de incerteza ou de subjetividade. Quanto maior for a incerteza, maior será o valor do fator de incerteza a ser adicio- nado e vice-versa. 38 UNIDADE 3 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS Ao ajustarmos o Prêmio de Risco, obtemos o Prêmio Puro.Portanto, o prêmio puro será igual a: PP (Prêmio Puro) = PR (Prêmio de Risco) X (1 + Carregamento Estatístico) Onde: Carregamento Estatístico = Fator de Ajuste da Probabilidade + Fator de Incerteza Analisando o exemplo anterior do automóvel, cujo prêmio de risco é de R$ 3.200. Caso a seguradora acredite que a probabilidade de roubo desse automó- vel possa aumentar, ela pode acrescentar um carregamento estatístico, no qual acrescentará um percentual ao prêmio de risco. Acrescentando um carregamento de 5% sobre o prêmio de risco no valor de R$ 3.200,00: PP = PR X (1 + C) PP = 3.200 X (1 + 0,05) PP = 3.200 X 1,05 PP = 3.360,00 Logo, o prêmio que seria de R$ 3.200,00 passa a ser de R$ 3.360,00 por conta do carregamento estatístico. — Prêmio Comercial Corresponde ao prêmio puro acrescido do carregamento para as des- pesas da seguradora relativas à comissão de corretagem e às despesas administrativas, incluindo uma margem para lucro. Prêmio Comercial = Prêmio Puro / [1 – (% Comissionamento + % Despesas Administrativas + % Lucro)] 39 UNIDADE 3 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS Exemplo Sabendo-se que o prêmio puro de um automóvel é de R$ 3.360,00, a comissão de corre- tagem é de 15%, o carregamento para as despesas administrativas é de 10% e o lucro é de 5%, calcule o prêmio comercial. Solução: Sabemos que: Prêmio Puro: R$ 3.360,00 % Comissão de Corretagem = 15% % Despesas Administrativas = 10% % Lucro = 5% Total de Carregamentos = 30% Substituindo: PC = 3.360,00 3.360,00 3.360,00 [1 – (0,15 + 0,10 + 0,05)] (1 – 0,30) 0,70 R$ 4.800,00 = = = — Prêmio Bruto É igual ao prêmio comercial acrescido das despesas com impostos (IOF), que incidem diretamente sobre o prêmio comercial. No exemplo anterior, utilizando um IOF de 7,38% (comum para os seguros de danos), teremos: Prêmio Bruto = Prêmio Comercial + Alíquota do IOF = R$ 4.800,00 + 7,38% = R$ 5.154,24 40 UNIDADE 3 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS FORMAS DE CONTRATAÇÃO E SEUS IMPACTOS NA PRECIFICAÇÃO Você já sabe que, dependendo do ramo, os seguros podem ser proporcio- nais ou não proporcionais. Seguros proporcionais Na ocorrência de sinistros, caso a importância segurada seja inferior ao valor do bem, apurado no dia do sinistro (valor em risco), o segurado participa dos prejuízos na mesma proporção daquela insuficiência. Seguros não proporcionais Também chamados de seguros a Risco Absoluto, não estabele- cem a participação do segurado nos sinistros por insuficiência de importância segurada. Podem ser contratados a primeiro, segun- do... enésimo Risco Absoluto. Entenda que nos seguros proporcionais, as formas de contratação das garan- tias básicas podem ser proporcionais, ou seja, nas formas a Risco Total (segu- ros de riscos diversos) e a Risco Relativo (seguros patrimoniais, como os com- preensivos). Já as garantias adicionais ou acessórias são contratadas de forma não proporcional – geralmente a Risco Absoluto. As taxas aplicadas para as contratações não proporcionais, obviamente, são mais elevadas que as para as contratações proporcionais. 41 FIXANDO CONCEITOS RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS FIXANDO CONCEITOS 3 Marque a alternativa que preencha corretamente a lacuna: 1. Em relação às consequências, para tentar resolver o problema da subje- tividade, a solução é fugir das análises ____________ e tentar quantificar as possíveis perdas em termos financeiros, o que é plenamente possível para os riscos puros. (a) Quantitativas. (d) Objetivas. (b) Empíricas. (e) Numéricas. (c) Qualitativas. Marque a alternativa correta: 2. O Prêmio de Risco também é chamado de: (a) Prêmio Bruto. (d) Expectativa Matemática. (b) Prêmio Comercial. (e) Prêmio Net. (c) Esperança Matemática. Analise as proposições a seguir e depois marque a alternativa correta: 3. No cálculo dos prêmios de seguros, existem alguns conceitos importan- tes como: I) O prêmio puro também é chamado de prêmio estatístico. II) Carregamento Estatístico = Fator de Ajuste da Probabilidade + Fator de Incerteza. III) O prêmio comercial corresponde ao prêmio puro acrescido do carrega- mento para as despesas da seguradora relativas à comissão de cor- retagem e às despesas administrativas, incluindo uma margem para lucro. Agora assinale a alternativa correta: (a) Somente I é proposição verdadeira. (b) Somente II é proposição verdadeira. (c) Somente I e II são proposições verdadeiras. (d) Somente II e III são proposições verdadeiras. (e) I, II e III são proposições verdadeiras. 42 FIXANDO CONCEITOS RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS Marque a alternativa que preencha corretamente a lacuna: 4. Nos seguros proporcionais, as formas de contratação das garantias básicas podem ser proporcionais, ou seja, nas formas a Risco Total (segu- ros de riscos diversos) e a Risco Relativo (seguros patrimoniais, como os compreensivos). Já as garantias adicionais ou acessórias são contratadas de forma não proporcional – geralmente a __________. (a) Risco Total (b) Risco Relativo (c) Risco Absoluto (d) Risco Nomeado (e) Risco Operacional RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS 43 UNIDADE 404 ■ Realizar a precificação de seguros conforme seus objetivos e os modos utilizados pelas seguradoras. ■ Aplicar os métodos de precificação adequados a cada situação. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de ■ Há competências que exigem vários conteúdos, isso é comum. ⊲ OBJETIVOS DA PRECIFICAÇÃO ⊲ COMPONENTES DO PRÊMIO DE SEGURO ⊲ A INFLUÊNCIA DE OUTROS FATORES NA PRECIFICAÇÃO ⊲ PULVERIZAÇÃO DE RISCOS ⊲ MÉTODOS UTILIZADOS NA PRECIFICAÇÃO ⊲ ESTATÍSTICAS UTILIZADAS NA PRECIFICAÇÃO ⊲ PRECIFICAÇÃO PREDITIVA ⊲ FIXANDO CONCEITOS 4 TÓPICOS DESTA UNIDADE SEGUROS de DANOS PRECIFICAÇÃO de RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS 44 UNIDADE 4 OBJETIVOS DA PRECIFICAÇÃO O objetivo básico da precificação é o desenvolvimento de taxas de seguros que deverão cobrir adequadamente todos os sinistros e suas despesas, além das despesas administrativas e de angariação de seguros, propician- do ainda para a seguradora, um lucro razoável e fundos para contingências. O processo de precificação é prospectivo, porque as taxas e condições são desenvolvidas e fixadas antes da efetiva transferência de risco. Em função dessa característica prospectiva, devem ser observados os seguin- tes princípios: Princípio 1 A precificação deve refletir as estimativas do valor dos custos futu- ros, pois o sistema de seguros será financeiramente saudável se a precificação propiciar arrecadação suficiente para fazer frente a todos os custos envolvidos. Princípio 2 A precificação deve prever todos os custos associados à transfe- rência de riscos. Para manter a equidade entre todos segurados, todos eles devem contribuir nos custos associados ao processo de transferência de riscos. Devido à incerteza dos custos de transfe- rência de um risco individual, normalmente é utilizada a experiên- cia acumulada de riscos similares, que depois de sua consolida- ção, será assumida como sendo o custo da transferência de risco individual de uma determinada classe de segurados. 45 UNIDADE 4 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS Princípio 3 A precificação deve ser suficiente para cobrir todos os custos associados à transferência de um risco individual. Princípio 4 A precificação deve ter os seguintes atributos: ser razoável, não ser excessiva, ser adequada e não ser injustamente discriminatória. A precificação é desafiadora, porque os custos (sinistros, despesas, lucros e contingências) não são conhecidos quando ela é desenvolvida. Os atuá- rios utilizam diversas técnicas para compensar a incerteza inerente aos futuros custos relacionados aos produtos de seguros. Dessa forma, podemos afirmar que o processo de precificação é “muito mais arte do que ciência”, sendo a avaliação e a experiênciapessoal importantís- simas para o desenvolvimento de sistemas de precificação adequados. COMPONENTES DO PRÊMIO DE SEGURO Para melhor entendimento da precificação de seguros, é importante anali- sar os componentes do prêmio de seguros, que são: ■ Sinistros, despesas de sinistros, desenvolvimento de sinistros e tendências. ■ Despesas administrativas e de comercialização de seguros. ■ Lucro razoável. ■ Fundos para contingências. — Sinistros e Despesas de Sinistros Sinistros Os sinistros são os valores pagos e os valores a serem pagos pela segura- dora, representando geralmente o principal custo da seguradora. Quando se fala em sinistros, devemos ter em mente que além daqueles valo- res já pagos, existem os que ainda não foram pagos, em função dos procedi- mentos necessários de regulação e liquidação de sinistros, e também aqueles que já ocorreram e ainda não são de conhecimento da seguradora. 46 UNIDADE 4 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS Dessa forma, para fins de precificação, devemos considerar: Sinistro incorrido = (sinistros pagos, referentes a perdas em um determi- nado período de tempo) + (sinistros pendentes referentes a perdas em um determinado período de tempo e que ainda serão pagos) + (sinistros que ocorreram, mas ainda não foram avisados – IBNR – Incurred But Not Reported). Despesas de Sinistros As despesas de sinistros são aquelas que decorrem do processo de regu- lação e liquidação dos sinistros. Elas são classificadas em despesas diretas e despesas indiretas. Despesas diretas São aquelas que podem ser atribuídas a um sinistro específico, como, por exemplo, os honorários advocatícios para a defesa em uma reclamação específica de determinado sinistro. Essas despesas diretas, normalmente, são incorporadas ao sinistro incorrido. Despesas indiretas Já as despesas de sinistros indiretas não podem ser atribuídas a um sinis- tro específico como, por exemplo, as despesas associadas ao departamen- to de sinistros da seguradora. Desenvolvimento dos Sinistros Os fatores de desenvolvimento de sinistros são utilizados para ajustar as estimativas das reservas dos sinistros incorridos. A reserva de sinistros a liquidar (obrigação da seguradora no pagamento de sinistros que já ocor- reram) é estabelecida no momento do aviso do sinistro à seguradora. Quando os sinistros são pagos, esse valor é deduzido da reserva de sinis- tros a liquidar. Como as estimativas iniciais dos sinistros a liquidar normalmente sofrem alterações no decorrer do processo de regulação e liquidação dos sinis- tros, a estimativa inicial da reserva de sinistros precisa ser ajustada por meio do fator de desenvolvimento de sinistros. Tendência Como sinistros e despesas de sinistros são compromissos futuros, são necessários ajustes em função de mudanças como inflação, alterações na regulação, alterações no ambiente legal, condições de segurança forneci- das pelo Poder Público, entre outras. 47 UNIDADE 4 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS A análise das tendências deve contemplar a frequência de sinistros (núme- ro de sinistros que ocorrem em um determinado período) e a severidade dos sinistros (valor monetário dos sinistros). — Despesas Administrativas e de Comercialização de Seguros As despesas administrativas e de angariação de seguros abrangem quatro grandes grupos, que são: ■ Despesas de comercialização – consistem, basicamente, nas comis- sões pagas aos corretores de seguros (ou agentes). ■ Outras despesas – consistem nos custos necessários para proces- samento e manutenção da conta (pessoas, instalações, equipa- mentos, infraestrutura, entre outros) bem como custos de serviços associados (inspeção de riscos, serviços de monitoramento, assis- tência ao segurado, entre outros). ■ Impostos, em geral, nos âmbitos municipal, estadual e federal. ■ Contingências diretas da operação. — Lucro Razoável e Fundo para Contingências O lucro razoável se refere ao lucro resultante das operações de subscrição de riscos e não considera os resultados financeiros gerados pelas aplica- ções financeiras. O fundo para contingências se destina a cobrir as perdas que não podem ser adequadamente previstas com base na análise dos dados como, por exemplo, flutuações na frequência ou severidade das perdas, perdas catastróficas, entre outras. A INFLUÊNCIA DE OUTROS FATORES NA PRECIFICAÇÃO Além dos quatro componentes de prêmio já analisados, existem outros fatores que também devem ser considerados na precificação. 48 UNIDADE 4 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS — Resultados Financeiros As seguradoras, pela característica de suas operações, são investidores institucionais e podem obter ganhos financeiros importantes nessa opera- ção quando o mercado assim o permite. Existem importantes fundos administrados pela seguradora, por exemplo, a Reserva de Prêmios Não Ganhos, a Reserva de Sinistros a Liquidar e o IBNR. Os ganhos financeiros advindos da administração desse volume de recur- sos podem, eventualmente: ■ ser utilizados para compensar parcial ou totalmente o resultado desfavorável das operações da seguradora; ■ substituir o terceiro componente do prêmio “lucro razoável e fundo para contingências”. — Credibilidade A credibilidade se refere ao nível de confiança da predição dos valores dos sinistros futuros e é normalmente discutida no contexto da Lei dos Grandes Números. Segundo essa lei, quanto maior o número de unidades de exposição similares e independentes, mais acurada será a predição das perdas futuras. Unidades de exposição similares ou homogêneas são aquelas que têm a mesma expectativa de frequência de perdas e severidade de perdas. PULVERIZAÇÃO DE RISCOS As formas de pulverização de riscos mais utilizadas no mercado de seguros são o resseguro e o cosseguro, já apresentados em outros manuais, e tam- bém a imposição de franquias e de participações obrigatórias dos segurados, fazendo com que eles se tornem mais ativos na gestão de seus riscos para que não tenham de incorrer nessas participações em eventuais sinistros. O estabelecimento de franquias e participações obrigatórias dos segurados (P.O.S.) faz com que o segurado assuma pequenos prejuízos, eliminando pequenos sinistros, geradores de custos administrativos para a seguradora e que elevam os resultados estatísticos envolvidos nos cálculos dos prêmios. 49 UNIDADE 4 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS MÉTODOS UTILIZADOS NA PRECIFICAÇÃO Serão apresentados três métodos utilizados na precificação: ■ Método do prêmio puro. ■ Método do índice de sinistralidade. ■ Método do julgamento. — Método do Prêmio Puro O método do prêmio puro envolve basicamente três passos: ■ Cálculo do prêmio puro. ■ Cálculo dos carregamentos (despesas administrativas, despesas de angariação de seguros, lucro razoável e contingências). ■ Combinação do prêmio puro e dos carregamentos no prêmio por unidade exposta. O cálculo do prêmio puro se refere ao componente da taxa que tem como finalidade o pagamento das perdas e, normalmente, das despesas de sinistros, já acrescido de um carregamento estatístico. Desse modo, o prê- mio puro e os custos dos sinistros futuros são equivalentes, conforme visto na unidade 3. A unidade exposta corresponde à fração da unidade de risco ganha no período em análise. — Método do Índice de Sinistralidade O Método do Índice de Sinistralidade ajusta o prêmio para valores superiores ou inferiores, refletindo as mudanças ocorridas. Na sua forma básica, o método do índice de sinistralidade envolve a com- paração de dois índices de sinistralidade: atual e esperado. O índice de sinistralidade atual corresponde aos sinistros incorridos, dividi- do pelo prêmio ganho durante determinado período de análise. O índice de sinistralidade esperado é aquele projetado com base na expe- riência da seguradora ou nos dados disponíveis do mercado. O cálculo des- se índiceleva em consideração a projeção dos carregamentos das despesas administrativas, despesas de angariação de seguros, lucro razoável e contin- gências. Por exemplo, uma seguradora com carregamentos esperados de 50 UNIDADE 4 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS 40% pode projetar um índice de sinistralidade de 60%, de tal modo que o resultado de sua operação (sem retorno dos investimentos) seja de 100%. A equação utilizada para calcular o novo preço por unidade exposta é: Coeficiente de Ajuste = (índice de sinistralidade atual / índice de sinistralidade esperado) Preço por Unidade Exposta = (coeficiente de ajuste) × (preço por unidade exposta atual) — Método do Julgamento O Método de Precificação por Julgamento é o mais antigo dos três métodos e ainda é usado pelos subscritores em algumas linhas de negócios, por exem- plo, nos Seguros Marítimos e Seguros Aeronáuticos. Esse método é utilizado geralmente onde não existem dados estatísticos suficientes, não sendo possí- vel a aplicação dos métodos anteriormente explanados. No Método do Julgamento, o subscritor utiliza sua experiência e expertise ou procura situações semelhantes possíveis de serem comparadas. ESTATÍSTICAS UTILIZADAS NA PRECIFICAÇÃO Os métodos utilizados na precificação necessitam de dados estatísticos que precisam ser coletados dentro de Métodos preestabelecidos. Por exemplo: ■ Para o Método de Precificação do Prêmio Puro, são necessários os sinistros incorridos, unidades de exposição ganhas e carregamentos. ■ Para o Método do Índice de Sinistralidade, são necessários os sinistros incorridos e os prêmios ganhos. É importante analisar três métodos de coleta de dados estatísticos que pos- suem vantagens e desvantagens. Faz-se necessário entender a metodologia de cada um e por que os métodos podem levar a resultados diferentes. 51 UNIDADE 4 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS — Método do Ano Apólice (Policy Year Method) Esse é o método mais preciso, pois nele ocorre a exata combinação entre sinistros, prêmios e unidades de exposição de determinado grupo segurado. O Método do Ano Apólice considera todas as apólices com início de vigên- cia em um determinado período de 12 meses. Toda movimentação de prê- mios (prêmio original, de endossos, de ajustamentos, de alterações, entre outros) e sinistros (sinistros incorridos e despesas de regulação de sinis- tros) é indexada às apólices do período em análise. A principal desvantagem desse método é o tempo necessário para a cole- ta dos dados estatísticos. Se considerarmos como período de análise o ano 20X1 e uma apólice A com início de vigência no último dia do ano 20X1, teremos a vigência da apólice A transcorrendo no ano 20X2. Se considerarmos o tempo necessário para eventuais avisos de sinistros da apólice A, sua regulação e liquidação, estenderemos o tempo necessário para a coleta dos dados estatísticos para o ano 20X3. Outra desvantagem desse método são as despesas administrativas decor- rentes dos controles necessários para a coleta dos dados estatísticos. Como veremos, os dados estatísticos necessários para os dois métodos apresentados a seguir são obtidos, pelo menos em parte, dos registros contábeis da seguradora. — Método do Ano Calendário (Calendar Year Method) Trata-se do mais antigo e menos preciso método de coleta de dados para fins estatísticos. A principal vantagem desse método é que seus dados são baseados em valores compilados para fins contábeis e, portanto, de fácil e rápida dispo- nibilidade. Os registros contábeis da seguradora não demonstram os sinistros incorri- dos, prêmios ganhos e unidades expostas. Embora não forneça dados exatos, esse método fornece boa estimativa em relação aos prêmios ganhos. O Método do Ano Calendário pode induzir a erros graves na estimativa dos sinistros incorridos. A distorção na estimativa de sinistros incorridos de um determinado ano ocorre em função da alteração da reserva de sinistros que ocorreram em anos anteriores (a alteração pode ocorrer por vários motivos, por exemplo, ações judiciais com resultado desfavorável para a seguradora). 52 UNIDADE 4 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS Outra desvantagem desse método é que os dados contábeis não contêm informações sobre as unidades expostas, as quais deverão ser obtidas por outros meios. — Método do Ano Acidente (Accident Year Method) Esse método é uma conjugação dos outros dois anteriores, combinando parte da exatidão do Método do Ano Apólice com a facilidade e a econo- mia de tempo do Método do Ano Calendário. No Método do Ano Acidente, os prêmios são calculados pelo mesmo Método do Ano Calendário. A diferença se encontra no cálculo dos sinistros incorridos. Eles são con- siderados incorridos se o “acidente” ocorrer no período em análise. Dessa forma, o Método do Ano Acidente evita a maior fonte de erro de avaliação do Método do Ano Calendário, pois os dados dos sinistros não são afetados pelas mudanças nas reservas de sinistros de eventos de ocorrência anterior ao referido período de análise. A desvantagem desse método é que os prêmios e os sinistros incorridos não são atribuídos a um grupo específico de segurados (como ocorre no Método do Ano Apólice). — Resumo Resumidamente, as diferenças entre os três métodos de coleta de dados estatísticos apresentados são as seguintes: a) Método do Ano Apólice: ■ necessita de base de dados estatísticos própria; ■ nesse método, são apurados resultados mais confiáveis, mas o tempo necessário para sua coleta é mais longo. b) Método do Ano Calendário: ■ utiliza os registros contábeis para seu cálculo; ■ os prêmios e os sinistros incorridos não refletem com exatidão o resultado do período em análise. c) Método do Ano Acidente: ■ todos os sinistros ocorridos naquele período são alocados nesse ano, independentemente de sua liquidação; 53 UNIDADE 4 RISCO E PRECIFICAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS ■ não é tão preciso como o ano apólice, mas as indicações para as alterações de taxas são obtidas mais rapidamente e de maneira mais simples quando comparado com o primeiro. PRECIFICAÇÃO PREDITIVA Trata-se de uma nova tendência que está sendo muito estudada e consiste em utilizar dados estatísticos massivos para tomar decisões sobre preços, individualmente. As primeiras experiências estão em curso, e o futuro nos dirá se isso pode trazer sensíveis alterações na forma das seguradas preci- ficarem seus riscos, mas o certo é que nada consegue parar a capacidade do ser humano de buscar novas formas de fazer as coisas, talvez de forma melhor e com menos recursos. A utilização de recursos estatísticos para prever a evolução dos sinistros é cada vez mais utilizada nos seguros de danos, a partir do crescimento das carteiras das seguradoras, e deve produzir resultados interessantes, mais adiante. Vale lembrar que quanto maior for a amostra estatística, menores serão os erros, já que as informações passam a inverter a assimetria da informação, que é um dos principais problemas da precificação. Dentre outras características, falando de: Integração e gestão de dados A quantidade e a qualidade dos dados disponíveis podem deter- minar ou não o sucesso de um processo de precificação. Dados do perfil do cliente (demografia, preferências, histórico de sinistros e reclamações, histórico financeiro, entre outros), dados do mer- cado (informações da concorrência, estratégias de precificação) e dados de outras fontes (como bureaux de créditos integrados em tempo real) agregam valor à precificação. Gerir esses dados e disponibilizá-los no momento certo é o primeiro passo para uma precificação de sucesso. Inteligência analítica em tempo real A simples exploração e a visualização dos dados por meio de softwares analíticos podem ajudar as seguradoras a refinar suas análises, avaliar riscos e definir regras e políticas aplicáveis à pre- cificação. Por outro lado, são
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