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Questões de casos clínicos de Micologia em Microbiologia Veterinária Discente: Jennifer Hoffmann CASO CLÍNICO 1 Josefa, estudante do primeiro semestre de medicina veterinária, ama animais e sensibilizada com as condições de um gato abandonado no lixão de sua cidade, resolveu adotá-lo. Josefa denominou-o de Bob. Após 20 dias em sua casa, Josefa percebeu que Bob apresentava lesões nodulares em várias partes do corpo e dessas lesões saíam um “líquido”. Além disso, algumas lesões apresentavam-se ulceradas. Preocupada, Josefa levou-o ao médico veterinário que, a princípio, recomendou uma ração de boa qualidade e o medicou com antibacteriano. Na consulta, Josefa relatou que Bob tinha contato com outros animais (cães e gatos) no local onde havia sido encontrado. Josefa percebeu que com 15 dias de tratamento, algumas lesões haviam melhorado um pouco, entretanto outras lesões haviam aumentado e haviam aparecido ainda outros nódulos ulcerados em outros locais do corpo do animal. Assim, Josefa resolveu retornar ao veterinário. No veterinário, Josefa, mostrou-se muito preocupada porque o seu cão, Bartolomeu, também estava com lesões ulceradas no corpo as quais apareceram após a chegada de Bob. Nesse momento, o veterinário resolveu fazer um imprint da lesão de Bob, corou com panótico e verificou a citologia através de microscópio óptico. Diante do observado, o veterinário resolveu enviar também uma amostra do material para o Laboratório de Microbiologia para isolamento e identificação microbiana. Figura 1: Bob (gato) e Bartolomeu (cão) Figura 2: Lesões ulceradas próximo à cabeça de Bartolomeu Figura 3: Lesão ulcerada em Bob Figura 4: Citologia do imprint realizado na lesão de Bob após tratamento com antibacteriano. Acerca dos dados acima, responda DETALHADAMENTE cada uma das questões abaixo: 1) Josefa muito preocupada pergunta a você, médico veterinário: * Doutor (a), por que o tratamento inicial com antibacteriano resolveu em parte e não em sua totalidade a doença do meu animal? R: O tratamento com antibacteriano pode apresentar melhora nas lesões, porque pode existir uma infecção secundaria causada por bactérias, que será tradada. Entretanto não possibilitará um tratamento efetivo contra a levedura. O certo para tratar essas leveduras seria entrar com o antifúngico correto para a cura do animal. * Qual a sua suspeita clínica? Explique detalhadamente os questionamentos feitos com Josefa, com base no histórico do animal; patogenia da enfermidade, sintomas e aspectos citológicos. R:A suspeita clínica é de esporotricose. Começando pela espécie do animal, além de ser adotado e que tinha contato com outros animais do lixão, o gato é mais acometido e também apresenta uma maior quantidade de lesões, visto isso o gato Bob transmitiu a doença por contato (mordida e arranhadura) para o cão Bartolomeu. O gato apresentou lesões nodulares com a presença de líquido serosanguinolento (ação do sistema imune contra o microrganismo, que causa o exsudato) e também lesões ulceradas, típicos sinais clínicos da doença causada pelo complexo Sporothrix, que é uma micose subcutânea (acomete primeiro a pele e tecidos subcutâneos). Além disso, com o resultado do imprint, observamos na microscopia as características leveduriforme do microrganismo, também presente dentro de macrófagos. 2)Josefa ainda fez outros questionamentos: * Doutor, o Bartolomeu pode ter pego essa doença de Bob? (Explique para Josefa) Sim, o Bob pode ter transmitido a doença para o Bartolomeu através do contato direto como mordedura, já que o microrganismo pode estar presente na cavidade bucal e causar uma inoculação traumática e também por arranhadura, pois o Bob pode ter os microrganismos presentes nas unhas. * Eu posso pegar essa doença do meu cão e/ou do meu gato? (Explique detalhadamente) Sim, porque a esporotricose é considerada uma zoonose (doença transmitida de animais para humanos). A transmissão vai ocorrer por contato direto com a ferida infectada ou exsudato, e também o hábito de brincar com os animais, principalmente os gatos, pode causar acidentes como mordedura e arranhadura. Em humanos a doença tem como sinal clinico nódulos e abcessos ao longo do trajeto linfático. As lesões podem permanecer no local ou se espalhar. 3) Agora você, como microbiologista: Como você procederia o isolamento e identificação microbiana do microrganismo em laboratório? Explique detalhadamente os processos laboratoriais e comportamento do microrganismo nos meios de cultura para identificação do gênero microbiano. R: A primeira coisa a fazer quando há a suspeita de esporotricose, é realizar o imprint da lesão que o animal apresentar, e solicitar um exame direto. Em seguida a amostra será analisada na microscopia, e deve ser observada a presença de leveduras dentro ou fora dos macrófagos. Em cultura, o microrganismo em sua forma filamentosa (presente em vegetações) deve ser cultivado em Ágar Sabouraud acompanhado por cloranfenicol (é um antibacteriano que vai favorecer o crescimento do fungo e desfavorecer o crescimento de bactérias), ou Ágar Mycosel á 25°C. Então deve observado um crescimento filamentoso branco, como esse fungo apresenta melanina em sua parede celular com o tempo eles irão se tornar colônias mais escuras (enegrecidas). Após esse processo é possível observar através da coloração (panótico, lactofenol azul de algodão ou coloração de Gram) microscopicamente a presença de hifas e conidióforos (aspecto de margarida). Para confirmar o dimorfismo depois de crescer em Ágar Sabouraud, é cultivado novamente em Ágar infusão cérebro coração junto com 5% de sangue de carneiro (é um meio de enriquecimento, que quando adicionado o sangue, se torna um meio que permite o crescimento de microrganismos mais exigentes). Cultivado á 37 °C por 21 dias, deve-se observar leveduras nas amostras as quais formarão colônias mais arredondadas, e na coloração as leveduras vão ter um aspecto oval, arredondadas ou em forma de charutos. CASO CLÍNICO 2 Toddy, felino de 2 anos de idade, chegou para consulta clínica em sua clínica veterinária. A queixa do proprietário era que o animal apresentava alopecia em várias partes do corpo (Figura 1) apresentava alopecia em algumas partes do corpo. Figura 1: Alopecia em partes do corpo de Toddy. Assim, na consulta clínica, observou-se positividade na lâmpada de wood: Diante do observado na consulta, responda: a) Qual a suspeita clínica e como você médico veterinário procederia a coleta de amostra e envio do material para diagnóstico microbiológico? Explique detalhadamente sua conduta. R:A suspeita clinica é de dermatofitose, que tem como sintoma comum a queda dos pelos, representada por lesões avermelhadas, descamativas ou isoladas. Esses microrganismos se alimentam de queratina e infectam a pele, pelo, unhas entre outros locais queratinizados. Para a coleta o profissional deve estar equipado com luvas para prevenir a contaminação. Primeiro passo da coleta é limpar o local lesionado com álcool 70%, depois com a bisturi estéril, realizar uma raspagem nas bordas da lesão e deposita-las em uma lâmina. É importante colocar o material coletado em entre duas lâminas e prender as extremidades com material estéril (fita) e enviar a amostra para o laboratório. A coleta também pode ser feita arrancando os pelos das regiões lesionadas com o auxílio de uma pinça esterilizada e guardada em um recipiente também estéril, depois ser enviada ao laboratório para análise. É importante não deixar essas amostras em contato com o gelo, apenas serão postas na refrigeração. Também é necessário destacar que a coleta só pode ser feita se o animal estiver por no mínimo 7 dias sem tratamento. b) (1,0) Como você, microbiologista procederia o isolamento microbiano e identificaçãoda espécie? (conclua sua identificação de espécie com base na figura abaixo). Explique detalhadamente sua resposta. A: 400X - B: 1000X R: O isolamento deve ser feito em Ágar Sabouraud com cloranfenicol a 25° C em uma estufa bacteriológica por 7 a 30 dias. Em seguida será corado com lactofenol azul de algodão para observação de macroconidios. O crescimento desse microrganismo se dá de forma lenta. O microrganismo identificado na coleta deste caso clinico é o microsporum gypseum que possui macronideo em forma de canoa, com as extremidades arredondadas, com parede fina e presença de até 6 septos.
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